sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Rússia reforça tropas na Ucrânia

Num desafio à revolução que derrubou o presidente Viktor Yanukovich há uma semana, a Rússia reforçou suas tropas na ex-república soviética da Ucrânia com 2 mil soldados, anunciou hoje a agência de notícias France Presse.

Pelo menos 13 aviões de transporte militar Iliuchin-76 na base aérea russa de Gvardskaia, perto de Simferopol, a capital administrativa da república autônoma da Crimeia, uma região ucraniana de maioria russa. Cada um pode levar até 150 soldados.

Mais cedo, milicianos provavelmente ligados à Rússia ocuparam dois aeroportos da Crimeia, na capital e em Sebastopol, onde fica a base naval da poderosa Frota do Mar Negro, controlada por Moscou.

Com base num acordo feito com o Kremlin por Yanukovich em 2010, estendendo o aluguel da base da Frota do Mar Negro até 2042 com prorrogação automática até 2047, a Rússia tem o direito de estacionar até 25 mil soldados, 388 navios e 161 aviões na Crimeia.

Crescimento dos EUA foi menor do que estimado

Numa série de más notícias sobre a recuperação dos Estados Unidos no último mês e meio, o crescimento no quarto trimestre de 2013 foi reduzido de 3,2% para 2,4% na segunda estimativa, principalmente porque a alta no consumo doméstico caiu de 3,3% para 2,6%. Ainda assim, o aumento no consumo foi o maior do ano passado.

Nas últimas semanas, os dados sobre desemprego, vendas no varejo e produção industrial indicam uma fragilidade persistente no momento em que a Reserva Federal (Fed), o banco central dos EUA, reduz o programa de compra de títulos que na prática joga bilhões de dólares e mais em circulação todos os meses.

O fracasso desempenho no fim de 2013 diminui as expectativas de crescimento para este ano.

China denuncia violações de direitos humanos nos EUA

Em resposta ao relatório sobre direitos humanos do Departamento de Estado, o governo da China denunciou hoje uma série de violações dos direitos humanos nos Estados Unidos, inclusive práticas regulares da ditadura militar chinesa.

O documento do Conselho de Estado da China afirma que "outra vez convertido em juiz dos direitos humanos no mundo, o governo dos EUAfaz ataques arbitrários e comentários irresponsáveis sobre quase 200 países e regiões", além de espionar seus próprios cidadãos e de outros países em "uma flagrante violação do direito internacional que transgride seriamente os direitos humanos", como se o regime comunista chinês não fizesse o mesmo.

Outros problemas apontados são o racismo, a discriminação sexual, o assassinato de 11 mil pessoas por ano com armas de fogo e o encarceramento de 80 mil pessoas em celas solitárias, esquecendo-se por exemplo da pena de morte aplicada anualmente a milhares de pessoas na China. Os EUA também aplicam a pena de morte, uma punição cruel e irreparável sujeita a erros judiciais como qualquer decisão.

A ditadura chinesa também apontou o desemprego, que atingiria 21% das famílias de baixa renda, como uma violação dos direitos humanos nos EUA.

Yanukovitch insiste que ainda é presidente

Na primeira entrevista desde que foi derrubado por uma revolta popular há uma semana, o presidente  Viktor Yanukovitch afirmou que foi deposto por "bandidos neofascistas", insistiu que ainda é o líder legítimo da Ucrânia e que as decisões do Parlamento não sancionadas por ele são inválidas.

Em Rostov-sobre-o-Don, na Rússia, que o apoio, Yanukovitch declarou ter sido obrigado a deixar o país para proteger sua vida e disse que não vai concorrer à eleição presidencial de 25 de maio de 2014 porque é ilegítima: "Estou pronto para lutar pelo futuro da Ucrânia", acrescentou, em tom de desafio.

Ucrânia denuncia invasão russa

Com a ocupação dos aeroportos de Sebastopol e Simferopol por homens armados em uniforme militar, o ministro do Interior da Ucrânia, Arsen Avakov, denunciou uma invasão russa. Uma dezena de helicópteros da Rússia sobrevoou o território ucraniano.

A aeroporto de Sebastopol teria sido ocupado por soldados russos da Frota do Mar Negro, baseada na cidade. "São cerca de 300 homens com dois tipos de uniformes militares sem identificação de país. Chegaram no meio da noite. Estão armados com fuzis de assalto AK-47 e fuzis de atiradores", declarou um militar ucraniano.

Ao meio-dia de sexta-feira, cerca de 30 civis patrulhavam o aeroporto de Simferopol, a capital da república autônoma ucraniana da Crimeia, onde a maioria da população é russa.

O presidente interino da Ucrânia, Olexander Turchinov, pediu ao homem-forte da Rússia, Vladimir Putin, para "parar com as provocações". Putin fez carreira dentro da polícia política da União Soviética (KGB) e era chefe do órgão sucessor no governo Boris Yeltsin quando foi nomeado primeiro-ministro.

Inéditas do Led Zeppelin e Eric Clapton vão a leilão

Algumas versões inéditas feitas pelo Led Zeppelin durante a gravação do álbum Physical Graffiti, de 1975, serão leiloados no próximo mês, assim como trechos também inéditos do Eric Clapton's Rainbow Concert não aproveitados no disco original.

Confira trechos das gravações do Led Zeppelin na revista americana Rolling Stone.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Ordens de bens duráveis aumentam nos EUA

As encomendas de bens duráveis à indústria excluindo o setor de transportes cresceram 1,1% em janeiro de 2014 nos Estados Unidos. Foi a maior alta desde maio de 2013, superando as expectativas do mercado, depois de uma queda de 1,9% em dezembro, noticia a agência de notícias Reuters.

Por definição, bens duráveis são produtos industriais com mais de três anos de vida útil, de torradeiras a aviões. Houve aumento nas ordens de computadores, equipamentos eletrônicos e máquinas para a indústria de defesa, e declínio em outras máquinas industriais, equipamentos elétricos e de transportes.

O número de novos pedidos de seguro-desemprego na semana passada subiu acima do esperado, mas essa alta não foi considerada uma tendência no mercado de trabalho. Depois que a nova presidente da Reserva Federal (Fed), o banco central dos EUA, Janet Yellen, atribui a recente fraqueza da economia americana ao rigorosa inverno, o índice amplo da Bolsa de Nova York S&P 500 atingiu novo recorde, fechando em 1.854, com alta de nove pontos.

"Acredito que termos um crescimento de 3,5% neste ano", comentou Jim Paulsen na TV americana especializada em noticiário econômico CNBC, estrategista de investimentos da corretora Wells Capital Management, prevendo que a bolsa continue em alta por algum tempo.

Homens armados tomam aeroporto na Crimeia

Pelo menos 150 homens armados e com uniforme militar tomaram o controle do aeroporto de Simferopol, a capital administrativa da república autônoma da Crimeia, na Ucrânia, informou a agência de notícias russa Interfax.

O grupo está tão bem armado quanto o que tomou mais cedo a sede do parlamento regional e hasteou a bandeira da Rússia. A queda do presidente Viktor Yanukovitch, um aliado de Moscou, não acaba com a influência e a ingerência do Kremlin na ex-república soviética da Ucrânia.

A Crimeia foi incorporada ao Império Russo no século 18, durante o reinado de Catarina II, a Grande (1762-96). Em 1954, para festejar os 300 anos da união entre Rússia e Ucrânia, foi dada de presente à Ucrânia pelo então secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética, Nikita Kruschev. Naquela época, a desintegração da URSS era inimaginável.

Hoje 60% da população da Crimeia é russa e gostaria de fazer parte da Rússia. O homem-forte do Kremlin, Vladimir Putin, manipula essa população para reafirmar o interesse imperial russo e evitar uma derrota total num país que considera parte da esfera de influência de Moscou.

Marmottan expõe 100 obras-primas impressionistas

Para festejar seus 80 anos, o Museu Marmottan Monet, de Paris, reuniu 100 obras-primas de mestres do impressionismo de coleções particulares e, portanto, raramente vistas.

A exposição Os Impressionistas em Privado traça um panorama do movimento com pinturas e esculturas de grandes artistas como Jean-Baptiste Corot, Claude Monet, Berthe Morisot, Paul Cézanne, Camille Pissarrot e Auguste Rodin. Vai até 6 de julho.

Parlamento da Ucrânia indica primeiro-ministro

Com 371 votos a favor, o Parlamento da Ucrânia aprovou hoje a nomeação do ex-ministro da Economia e ex-ministro do Exterior Arseni Yatseniuk pra chefiar o novo governo do país. Ele é ligado à ex-primeira-ministra Yulia Timochenko, libertada no fim da semana passada. Estabeleceu como prioridade o ingresso na União Europeia.

O presidente deposto, Viktor Yanukovitch, que estaria refugiado na Rússia, declarou que ainda é o "presidente legítimo" da Ucrânia. Ele deve dar entrevista coleta amanhã.  O governo russo prometeu garantir a segurança do aliado.

Na região ucraniana da Crimeia, de maioria russa, homens armados invadiram o parlamento regional, hastearam a bandeira russa e pediram "unificação" com o país vizinho, enquanto as Forças Armadas da Rússia fazem manobras militares na vizinhança e seus caças a jato sobrevoam a fronteira entre os dois países.

Desde a guerra contra a ex-república soviética da Geórgia, a Rússia incluiu a defesa e a proteção dos russos no exterior como parte de sua doutrina de segurança nacional.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Obama ameaça com retirada total do Afeganistão

Para pressionar o presidente Hamid Karzai, que até agora frustrou as tentativas dos Estados Unidos de negociar um acordo bilateral de segurança para manter tropas no Afeganistão, o presidente Barack Obama ameaçou hoje realizar uma retirada total das forças americanas do país no fim de 2014.

A ordem agora é preparar uma retirada total, anunciou o secretário da Defesa, Chuck Hagel.

Os EUA invadiram o Afeganistão em outubro de 2001 para punir os responsáveis pelos atentados terroristas de 11 de setembro. É a guerra mais longa da história dos EUA, que gostariam de manter uma força de 5 a 10 mil homens para treinar as forças de segurança do Afeganistão e combater o terrorismo. Em troca, fazem uma série de exigências, a começar por imunidade para seus soldados perante as leis do país.

Rússia mobiliza Forças Armadas perto da Ucrânia

Diante da queda de seu aliado Viktor Yanukovitch na Ucrânia e da revolta da população de origem russa na península da Crimeia, o presidente Vladimir Putin resolveu lembrar o mundo de que a Rússia ainda é uma grande potência militar, convocando manobras de treinamento no Oeste e no Centro-Sul do país para intimidar os rebeldes ucranianos e seus aliados ocidentais.

Cerca de 150 mil soldados, 90 aviões, 120 helicópteros, 880 tanques e 1,2 mil blindados e peças de artilharia participarão das manobras militares. O ministro da Defesa da Rússia, Serguei Choigu, negou qualquer relação com o conflito na ex-república soviética da Ucrânia.

Antes da invadir a ex-república soviética da Geórgia, em 8 de agosto de 2008, a Rússia realizou vários exercícios militares no Norte do Cáucaso. Na Ucrânia, a Rússia já tem militares na Frota do Mar Negro, baseada em Sebastopol.

O secretário de Estado americano, John Kerry, advertiu que qualquer tipo de intervenção militar será inaceitável.

Reino Unido cresceu 1,8% em 2013

O crescimento do produto interno bruto do Reino Unido no ano passado foi ligeiramente reduzido de 1,9% para 1,8% na segunda estimativa, divulgada hoje pelo Escritório Nacional de Estatísticas do país. A taxa de expansão do quarto trimestre foi mantida em 0,7%, de acordo com a expectativa dos economistas.

"O plano do governo funciona, mas a recuperação ainda não está garantida", declarou um porta-voz do Ministério das Finanças.

Um fator importante no crescimento britânico foi o investimento das empresas, sinal de confiança num futuro melhor.

Terroristas pegam prisão perpétua

Dois extremistas muçulmanos britânicos de origem nigeriana foram condenados hoje a prisão perpétua por trucidar o soldado Lee Rigby em 22 de maio de 2013 perto do quartel onde ele servia, no Regimento Real de Fuzileiros, em Londres, informa a televisão pública britânica BBC.

Lee Rigby
Rigby estava de folga. Caminhava pela Wellington Street quando os dois terroristas jogaram o carro em cima dele, desceram armados com facas e um cutelo de açougueiro - e massacraram o soldado. A quem passava, declararam que era uma vingança pelas mortes de muçulmanos pelas Forças Armadas do Reino Unido.

Michael Adebolajo, de 28 anos, pegou prisão perpétua sem direito a recursos no futuro para reduzir a pena. Michael Adebolawe, de 22 anos, terá de cumprir pelo menos 45 anos de prisão em regime fechado.

Durante a leitura da sentença, os dois começaram a gritar e atacar os guardas que os escoltavam. Foram dominados e retirados gritando do tribunal aos gritos de "Alá (Deus) é grande!" Parentes de Rigby choraram. Depois, o juiz lhes pediria perdão por terem suportado a cena.

Quando o juiz afirmou que suas visões extremistas eram "uma traição ao Islã", Adebolawe retrucou: "É mentira!

Morre o guitarrista flamenco Paco de Lucía

O guitarrista espanhol Paco de Lucía, que revolucionou o flamenco, uma música e dança de origem cigana, morreu hoje aos 66 anos de ataque cardíaco em Cancún, no México, noticiou o jornal espanhol El País.

Francisco Sánchez Gómez nasceu em Algeciras, na província de Cádiz, na Andaluzia, no Sul da Espanha, começou a tocar aos cinco anos sem ter estudado música. Nunca aprendeu a ler partituras. Era o maior representante da música flamenca, que popularizou e enriqueceu com influência de outros estilos como o jazz, a bossa nova e os blues.

Confira o show de um dos melhores violonistas do mundo no Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, em 2012.

Bispos e ONGs denunciam repressão na Venezuela

A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) e 22 organizações não governamentais de defesa dos direitos humanos divulgaram notas defendendo o direito de livre reunião e manifestação. Elas denunciaram que ao reprimir os protestos contra o regime chavista policiais e militares violaram os direitos humanos, que a população tem sido vítima de grupos armados paramilitares e que são necessárias investigações independentes sobre todos esses crimes.

"Rechaçamos profundamente o uso da força exercido em algumas manifestações pelos organismos de segurança do Estado, que excederam os limites e produziram consequências irreparáveis. Comprovamos também a situação indefesa da cidadania diante de grupos armados não militares nem policiais que arremeteram contra a população", diz o comunicado da CEV.

Pelo menos 13 pessoas morreram nas manifestações de rua realizadas desde 12 de fevereiro de 2014 em Caracas e outras cidades da Venezuela.

O clero venezuelano adverte que é necessário processar e punir os responsáveis: "A Procuradoria deve investigar esses casos e entregar à Justiça os membros dessas organizações que tenham abusado de sua autoridade. É preciso chegar à verdade. Foi proposta a criação de uma comissão da verdade. Não é para favorecer um setor em detrimento de outro. É para que a Venezuela descubra quem delinquiu e imponha sua pena, seja quem seja. Daí a necessidade de pluralismo na comissão."

Silêncio de países vizinhos avaliza a repressão

A presidente Dilma Rousseff declarou que "a Venezuela não é a Ucrânia", sem esclarecer exatamente onde vê diferenças, e elogiou os programas sociais do chavismo. Enquanto a oposição ucraniana teve o apoio da Europa e dos Estados Unidos, o grito da oposição venezuelana não encontra eco nos governos da América do Sul. As exceções foram os presidentes Juan Manuel Santos, da Colômbia, e Sebastián Piñera, do Chile.

Mercosul, Celac (Comunidade da América Latina e do Caribe) chegaram a considerar crimes atos da oposição em notas insossas que ignoram o compromisso com a democracia e os direitos humanos, a censura repetida a contumaz aos meios de comunicação e outros abusos de poder tolerados em nome do princípio de não intervenção nos assuntos internos de outros países, citado por Dilma.

"Por aqui, cada um só pensa em si mesmo. Assim, não me é estranho o silêncio sobre a Venezuela", comentou o advogado José Miguel Vivanco, diretor para as Américas da organização não governamental Human Rights Watch (Observatório dos Direitos Humanos). "Há algum tempo, o que manda na região é a realpolitik, um pragmatismo total".

Venezuela tem um dos piores índices de homicídios do mundo

A morte da ex-miss, atriz e modelo Monica Spear e seu namorado num assalto na beira da estrada revelou outro problema social que marca o chavismo: a criminalidade e a violência. Em 2013, houve 24.763 mortes violentas na Venezuela.

São 79 mortes para cada 100 mil habitantes, um dos maiores índices de homicídios do mundo. Cerca de 12% das mortes na Venezuela são violentas, uma em cada oito. Desde a primeira eleição de Hugo Chávez, o índice subiu 444%.

Em resposta, Maduro criou uma Grande Missão para a Pacificação, culpou o capitalismo e filmes como O Homem-Aranha por incutir "valores errados" na mente dos jovens. Mas o fracasso é do Estado. Cerca de 95% dos casos ficam impunes. O orçamento para segurança pública é 1% do total.

Neste ambiente de violência e impunidade, surgiram os "coletivos bolivaristas", a ala mais radical do regime, nascida para implantar os programas sociais nos bairros carentes. Esses grupos e as milícias, entre as quais Alex Vive, La Piedrita, Montaraz e Los Tupamaros, atuam sob a conivência e proteção do Exército. Não se conhece seu poder de fogo real.

Maduro agravou herança maldita de Chávez

Há uma sensação de pânico, de salve-se quem puder na economia da Venezuela onde o índice de desabastecimento do Banco Central chegou a 28%. Num país com uma das maiores reservas de petróleo do mundo, faltam dólares, açúcar, carne, leite, farinha de trigo, energia elétrica, papal higiênico e insulina para os diabéticos.

O presidente Nicolás Maduro herdou o caos econômico do comandante Hugo Chávez. Tornou a situação ainda pior. A inflação subiu de 20,1% em 2012, último ano de Chávez, para 56,2% em 2013. Neste ano, pode chegar a 70%. É a maior da América Latina.

Nos 15 anos desde a posse de Chávez, em 1999, a Venezuela faturou US$ 1 trilhão exportando petróleo, mas sua economia está implodindo. O "bolívar forte" perdeu 73% do valor no ano passado. Vale 13 vezes menos no mercado paralelo do que no câmbio oficial.

A resposta do governo é congelar preços e acusar produtores, distribuidores e comerciantes de terem "lucros abusivos". Maduro já limitou o lucro por decreto em 30%.

Com os gastos públicos fora de controle e um crescimento de apenas 1,4% no ano passado, a Venezuela perde cerca de US$ 850 milhões em divisas por mês, numa inacreditável crise cambial num país rico em petróleo com o preço do barril em torno de US$ 100.

"A escassez que sofremos deve ter um agravamento muito importante em curto prazo porque o governo tem dívidas com os empresários, que por sua vez têm dívidas com fornecedores estrangeiros que já estão cortando o suprimento", prevê o economista Ronald Balza, professor da Universidade Católica Andrés Bello. "Este ano se espera uma piora em geral nas condições econômicas."

Se a insatisfação chegar às camadas mais pobres que são a base política do chavismo, o regime vai perder o apoio popular. Se o caos econômico minar a legitimidade do regime perante as Forças Armadas, estará realmente sob ameaça.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Chavismo se apoia nas Forças Armadas

Apesar dos protestos diários nas ruas de Caracas e outras cidades da Venezuela, é improvável uma queda imediata do presidente Nicolás Maduro, ao contrário do que aconteceu na Ucrânia. Nem na tragédia a América Latina é competitiva, lamenta o comentarista político venezuelano Moisés Naím, em artigo no jornal El Nacional.

Nas ruas de Kiev, houve uma batalha sobre as fronteiras da Europa, a segurança energética do continente, o domínio da Rússia sobre as ex-repúblicas soviéticas e o futuro do autoritarismo de Vladimir Putin dentro e fora de seu país. Na Venezuela, está em jogo apenas o chavismo e seu mal definido "socialismo do século 21".

Hugo Chávez Frías era aquele tipo de caudilho maior do que o mundo, lúcido e inteligente, mas arrogante e boquirroto. Estabeleceu uma relação direta das massas que lhe permitiu atropelar constantemente as instituições de sua própria revolução bolivarista.

Seu sucessor, Nicolás Maduro, não tem nem de longe nem a inteligência nem o carisma do comandante morto prematuramente por um câncer que tentou esconder da opinião pública.

Desde que Chávez se afastou para fazer tratamento em Cuba, em dezembro de 2012, a Venezuela é governada por um colegiado. Maduro é a face mais visível do regime. Por trás dele, há outras figuras, com destaque para o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, companheiro de armas de Chávez no fracassado golpe de 4 de fevereiro de 1992 contra o presidente Carlos Andrés Pérez.

Foi Cabello quem escoltou o líder oposicionista Leopoldo López até um tribunal militar. É Cabello que tem maior trânsito entre os militares, que são a base de sustentação do chavismo, especialmente depois da cubanização do regime em 2003, em reação ao golpe contra Chávez de 11 de abril de 2002.

Com uma ajuda anual de US$ 5 bilhões em petróleo, equivalente à que Cuba recebia da extinta União Soviética, o chavismo se tornou o principal sustentáculo da ditadura dos irmãos Castro, grandes interessados portanto em manter o regime venezuelano.

Quando era ministro do Exterior sob Chávez, Maduro era a face moderada, diplomática e conciliadora do chavismo, um homem de diálogo. No poder, talvez inseguro por ganhar a eleição de 14 de abril de 2013 por apenas 1,4% dos votos, ele adotou o estilo confrontacionista de Chávez sem ter a mesma eloquência. Quando fala em "burguesia parasitária" ou "oposição nazifascista", soa como uma retórica vazia.

Para o analista político Omar Noria, citado pelo jornal venezuelano El Nacional, é "alguém que não tem luz própria, um personagem que funciona dentro de uma administração caótica e que frente a essas fraquezas apelou para aumentar a repressão e a intolerância". Neste cenário de violência, Noria acredita que o poder de fato esteja com Cabello.

A incompetência de Maduro fica evidente em medidas como a criação de 111 vice-ministérios, inclusive da Suprema Felicidade, que se somam aos 32 ministérios para formar um formidável aparato democrático de duvidosa eficiência administrativa.

Com a onda de protestos iniciada em 12 de fevereiro de 2014, ressurgiu a liderança de López, ex-prefeito de Chacao, na região metropolitana da capital. Líder do partido Vontade Popular, ele rompeu com a estratégia de diálogo adotada pelo governador Henrique Capriles, candidato derrotado nas duas últimas eleições presidenciais, e convocou a população a sair às ruas, sendo logo atendido por estudantes insatisfeitos com a crise econômica.

Antes do golpe de 2002, Chávez criou as Células Bolivaristas, milícias populares para defender sua revolução. Depois da tentativa de derrubá-lo, cercou-se de assessores militares e de segurança cubanos, promoveu expurgos nas Forças Armadas, fortaleceu e ampliou as milícias e os "coletivos", equivalentes aos comitês de defesa da revolução em Cuba.

Maduro aprendeu com Chávez que os militares são ao mesmo tempo a maior garantia e a maior ameaça à revolução bolivarista. "No atual cenário de efervescência social, as Forças Armadas são o principal sustentáculo do governo Maduro. É um governo militarista e pretoriano, que se apoia nos militares, apesar de ser civil."

Nos primeiros nove meses de governo, Maduro nomeou 368 militares para cargos públicos, inclusive oito ministros e 11 governadores. Os ministros da Economia, do Interior, da Defesa e dos Transportes, e o intendente nacional de preços justos são militares.

Além do aumento de 60% nos soldos, Maduro apoiou a criação de um canal de televisão, um banco, uma construtora e uma processadora de alimentos das Forças Armadas. Há um certo descontentamento com a excessiva influência de Cuba, mas qualquer dissidência ideológica é punida com expurgo.

Se na Argentina uma derrota do kirchnerismo nas eleições de 2015 mudará as condições de governabilidade do país, na Venezuela, a militarização do regime chavista torna qualquer mudança muito mais difícil. As milícias e os coletivos podem reagir em defesa da revolução que desaba sob o peso de uma crise econômica gerada por seus próprios erros e a tentativa de ressuscitar o marxismo no século 21.

Jornal de Uganda expõe 200 homossexuais

Um dia depois da sanção da mais dura lei contra o homossexualismo no mundo inteiro, um jornal de Uganda publicou hoje com manchete de capa uma lista de 200 pessoas de destaque da comunidade gay e lésbica, inclusive alguns que nunca admitiram isso publicamente. Muitos temem ser alvo de violência e pensam em fugir do país, adverte o jornal digital The Huffington Post.

Os Estados Unidos ameaçam reduzir ou cortar a ajuda anual de US$ 470 milhões a Uganda. Para o secretário de Estado americano, John Kerry, ontem foi "um dia trágico para Uganda e para todos os que lutam pelos direitos humanos".

O homossexualismo é crime em Uganda desde o período colonial, quando era definido como "contra a ordem natural". A nova lei aumenta as penas. Transforme ea delito "tocar alguém com a intenção de cometer atos de homossexualidade" e estabele pena de morte para relações homossexuais carnais, sexo com portadores do HIV e a prática repetida de atos homossexuais.

A inspiração para o projeto veio de igrejas evangélicas pentecostais dos EUA.

Boko Haram mata 29 estudantes na Nigéria

Militantes que grupo extremista muçulmano Boko Haram (Não à Educação Ocidental) atacaram e incendiaram uma escola secundária perto de Damaturu, no estado de Yobe, no Norte da Nigéria, matando 29 estudantes, informou a polícia local.

Alguns estudantes morreram queimados. Seus corpos viraram cinza, declarou o comissário de polícia Sanusi Rufai, citando pelo jornal digital The Huffington Post.

Mais de 200 pessoas foram mortas neste mês pela milícia fundamentalista, que luta para impor a lei islâmica a todo o país. Desde 2009, foram mais de 2 mil mortes, aumentando a revolta dos moradores do Norte e Nordeste da Nigéria com a incapacidade do Exército de controlar a situação.

Alemanha cresceu 0,4% em 2013

Graças ao dinamismo do seu comércio exterior, a maior economia da Europa e quarta do mundo cresceu 0,4% no último trimestre de 2013 fechando o ano com expansão de 0,4%, informou hoje o Destatis, o Escritório Federal de Estatísticas da Alemanha.

Depois de ficar estagnada nos primeiros três meses do ano passado, a economia alemã avançou 0,7% no segundo trimestre, 0,3% no terceiro e 0,4% no quarto. As contas públicas fecharam 2013 com saldo positivo de 300 milhões de euros.

O investimento teve alta de 1,4% no trimestre passado, mas o consumo doméstico caiu 0,1%.

Preços de casas têm maior alta nos EUA desde 2005

Com taxas de juros baixas, o setor habitacional do mercado imobiliário dos Estados Unidos, onde começou a Grande Recessão (2008-9) registrou uma alta de preços de 11,3% no quarto trimestre de 2013, na comparação anual, aponta o índice S&P Case-Shiller. Nas 20 maiores regiões metropolitanas do país, a valorização foi de 13,4%.

Em relação a novembro, houve queda de 0,1% em dezembro, indicando uma desaceleração ou acomodação dos preços nos últimos meses atribuída em parte ao rigor do inverno.

Os preços dos imóveis residenciais caíram em média 35% entre 2006 e 2012. Chegaram ao nível mais baixo nesse período no início de 2012. Desde então, subiram 21%, voltando aos níveis de 2004.

Todas as 20 maiores regiões metropolitanas dos EUA tiveram altas na comparação anual no fim de 2013. Em apenas seis, os preços subiram em dezembro. Os maiores ganhos anuais aconteceram em Las Vegas (25,5%), São Francisco (22,6%) e Los Angeles (20,3%).

Outra pesquisa, divulgada ontem pela empresa imobiliária Black Knight Financial Services, apontou uma valorização de 8,4% nos preços dos imóveis dos EUA em 2013, informa o jornal The Wall St. Journal

Israel ataca Hesbolá na fronteira sírio-libanesa

Para evitar qualquer tráfico de armas para a milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus), a Força Aérea de Israel bombardeou durante a noite posições do grupo na fronteira entre a Síria e o Líbano. Foi o primeiro ataque israelense ao Hesbolá no Líbano desde a guerra de 32 dias em julho e agosto de 2006.

A Agência de Notícias Nacional do Líbano confirmou que foi atingida a cidade de Nabi Cheet, do lado libanês, onde há um centro de treinamento e depósito de armas do Hesbolá. O Exército libanês admitiu a violação do espaço aéreo sem falar em ataque, informa a agência de notícias France Presse.

Arqui-inimigo de Israel, o Hesbolá enviou milhares de guerrilheiros para lutar ao lado da ditadura de Bachar Assad na guerra civil da Síria. O regime sírio, por sua vez, fornece armas e outros tipos de ajuda à milícia, que se apresenta como a maior força de resistência contra Israel no Líbano.

Em Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu negou-se a comentar o assunto, dizendo apenas que está fazendo "tudo o que for necessário para a segurança de Israel".

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Uganda sanciona lei que dá prisão perpétua a gays

Apesar da pressão da Europa e dos Estados Unidos, o presidente de Uganda, Yoweri Museveni, assinou hoje uma lei que pune a homossexualidade com penas ainda mais duras, inclusive prisão perpétua, noticiou a televisão pública britânica BBC.

Até mesmo "tocar numa pessoa com a intenção de cometer atos de homossexualidade" será um delito. O crime de "homossexualidade agravada" prevê prisão perpétua por "manter relações com pessoa portadora do HIV", o vírus causador da aids, ou para "criminosos reincidentes". O sexo horal e qualquer relação carnal homossexual também são puníveis com prisão perpétua.

Ao defender a lei, o ditador ugandês criticou o que chamou de "imperialismo cultural do Ocidente", que tentaria impor seus valores à África. Mas o projeto de lei foi produzido e promovido por igrejas evangélicas dos EUA que atuam no país.

O deputado David Bahati, que apresentou o projeto, alegou que "a homossexualidade é algo que pode ser aprendido e esquecido. É simplesmente um mau comportamento que não deve ser permitido em nossa sociedade."

Cinicamente, Museveni, no poder desde 1986, declarou: "Se os EUA, trabalhando com nossos cientistas, conseguirem provar que há pessoas que nascem homossexuais, então mudaremos a lei."

Dos 54 países da África, 38 consideram o homossexualismo um crime. Há poucas semanas, a Nigéria aprovou uma lei para punir casais gays com até 14 anos de cadeia. A lei de Uganda é a mais rigorosa. Museveni corre o risco de perder uma ajuda dos EUA de US$ 400 milhões por ano.

Governo do Egito renuncia

Todos os ministros do Egito pediram demissão hoje, abrindo caminho para a ascensão do comandante das Forças Armadas, marechal Abdel Fattah al-Sissi, à Presidência em eleição prevista para abril. Como vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa, ele precisava se desincompatibilizar

O presidente interino do governo formado pelos militares depois do golpe de 3 de julho de 2013, Adli Mansour, pediu ao primeiro-ministro Hazem el-Beblawi, um pau mandado da era Mubarak (1981-2011), para que continue administrando o país até a nomeação de um novo chefe de governo, informou o jornal egípcio Al-Ahram.

As Forças Armadas, que mandam no Egito desde a queda da monarquia, em 1952, estão tentando criar um governo supostamente civil dominado pelos militares depois de uma breve experiência democrática depois da revolução que derrubou o ditador Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro de 2011. Tanto as eleições parlamentares quanto a presidencial foram vencidas pelo movimento islamita Irmandade Muçulmana, que depois do golpe foi declarado terrorista e ilegal.

Dois anos depois da revolução, os militares estão de volta e mesmo os militantes secularistas que lutaram pela democracia no Egito estão sendo perseguidos pelo renitente Estado policial. Não acredito que os democratas desistam, mas terão fazer outra revolução.

Líder nacionalista hindu critica expansionismo chinês

Numa rara incursão em política externa na campanha eleitoral, o favorito para ser o próximo primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, líder do Partido Bhatatiya Janata (BJP, do inglês), Narendra Modi, exortou a China a abandonar sua "mentalidade expansionista" e trabalhar pelo "desenvolvimento e prosperidade".

"Nenhuma potência da Terra vai tomar sequer uma polegada da Índia", desafiou Modi em comício realizado no fim de semana no estado de Arunachal Pradesh, na Cordilheira do Himalaia, que a China chama de Tibete do Sul e do qual reivindica uma área de 89 mil quilômetros quadrados desde uma guerra entre os dois países, em 1962.

A China respondeu hoje, reafirmando seu compromisso com políticas de cooperação e boa vizinhança: "Acredito que todos vocês saibam que a China nunca travou uma guerra de agressão para tomar uma polegada de terra de outros países, declarou a porta-voz do Ministério do Exterior, Hua Chunying, citando o fato de não ter havido mais guerras na região como "forte evidência de que temos a capacidade de manter a paz lá".

As próximas eleições parlamentares da Índia, a maior democracia do mundo, serão realizadas em vários dias, de 16 de abril a 13 de maio de 2014. O oposicionista BJP é o favorito diante do Partido Congresso.

Ucrânia pede prisão de Yanukovitch por assassinato em massa

O ministro do Interior interino da Ucrânia, Arsen Avakov, decretou hoje a prisão do presidente deposto Viktor Yanukovitch sob a acusação de "assassinato em massa de civis pacíficos" durante os protestos das últimas duas semanas, noticia a revista americana Time. Pelo menos 88 mortes foram confirmadas.

Yanukovitch teria sido visto pela última vez em Sevastopol, na Península da Crimeia, uma região da maioria pró-Rússia onde fica a Frota do Mar Negro, uma das mais importantes da extinta União Soviética. Uma das jogadas da Rússia para manter a influência sobre a Ucrânia é estimular o federalismo.

Em Moscou, o primeiro-ministro russo, Dimitri Medvedev, criticou a Europa e os Estados Unidos por reconhecerem o novo governo, acusando-o de ter nascido de um "motim armado".

Os novos líderes estimam que a Ucrânia precisará de US$ 35 bilhões para não quebrar.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Terrorismo tupiniquim e o desafio democrático

Hoje fui citado na coluna de Merval Pereira, no jornal O Globo, no debate sobre a legislação para combater manifestações políticas violentas. Digo que não se pode graduar as penas de arruaceiros como se fossem da rede terrorista Al Caeda, mas também não dá para ignorar que explodir uma bomba no meio da multidão pode ser enquadrado como terrorismo.

A questão central do terrorismo não está na legitimidade da causa, mas na legitimidade do uso da força. É legítimo usar a força numa sociedade democrática? Quais são os alvos legítimos da violência política?

Em princípio, só em legítima defesa, ou seja, se os manifestantes pacíficos forem atacados pela polícia, têm o direito de se defender, mas não explodindo bombas.

Outro argumento é que a democracia não funciona. De nada adiantaria fazer passeatas e manifestações pacíficas pedindo a melhoria na saúde, educação, transportes e segurança pública. Se não houver quebra-quebra, as autoridades eleitas ignoram as demandas da população. Isto justificaria o uso da força.

No mesmo sentido, quando o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, alega que proibir manifestações violentas vai criminalizar os movimentos sociais, aproxima-se do guru do kirchnerismo, Ernesto Laclau, e sugere que há um "papel revolucionário" para a violência política.

Laclau argumenta que a Constituição e as leis de sociedades conservadoras tendem a congelar o status quo, não contribuindo para resolver os problemas sociais. Daí a necessidade de convocar uma Assembleia Constituinte para "refundar" a sociedade no modelo do bolivarismo de Hugo Chávez.

Uma questão central para a esquerda no mundo pós-Muro de Berlim é se a democracia é um valor em si ou apenas uma etapa ou instrumento para a construção do socialismo, a chamada "democracia burguesa", incapaz de vencer a exclusão social. Nesta caso, oprimidos e explorados teria o direito de combatê-la com violência.

Se é permitido usar a força, é preciso discutir ainda quais são os alvos legítimos da violência política: o Estado e seus agentes, as grandes empresas? E quais os limites para o uso dessa força?

Sob inspiração do movimento antiglobalização, os Black Blocs atacam bancos e grandes empresas capitalistas. Mas como observou o intelectual italiano Umberto Eco, se Karl Marx, o primeiro teórico da globalização, previu que o capitalismo se expandiria pela Terra inteira, é inútil matar presidentes de multinacionais, como faziam grupos radicais como as Brigadas Vermelhas e o Baader-Meinhof nos anos 1970s.

De que adianta atacar bancos? Eles simplesmente vão repassar o prejuízo a seus clientes.

Sinceramente, não vejo como legitimar o uso da força em protestos numa sociedade democrática. A violência afasta das ruas a maioria pacífica, cria situações de caos com batalhas campais nas ruas que acabaram matando o cinegrafista Santiago Andrade. Poderia ter sido qualquer inocente que estivesse andando naquela hora naquele lugar - e isso é intolerável.

Parlamento da Ucrânia nomeia presidente interino

Com 285 votos dos 339 deputados presentes no plenário, o Parlamento da Ucrânia aprovou hoje a indicação de seu presidente, o líder do Partido da Pátria, Olexander Turchinov, como presidente interino do país em substituição a Viktor Yanukovitch, afastado ontem, até a eleição antecipada para 25 de maio de 2014, noticiou a televisão pública britânica BBC.

Turchinov é ligado à ex-primeira-ministro Yulia Timochenko, que saiu ontem da prisão e já anunciou a candidatura a presidente. Ela falou por telefone com a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, e o senador americano John McCain.

O presidente interino prometeu priorizar a integração com a União Europeia (UE), sem descuidar das relações com a Rússia.

Outras duas medidas aprovadas hoje autorizam o Parlamento a indicar e afastar juízes, e abolem o uso de línguas estrangeiras, inclusive o russo, em escolas e prédios públicos.

Talebã matam 20 soldados do Afeganistão

Pelo menos 20 soldados do Exército do Afeganistão foram mortos hoje num ataque de cerca de cem guerrilheiros da Milícia dos Talebã contra um posto de controle militar na província de Kunar, noticiou hoje o jornal indiano The Hindu.

Há uma expectativa que os talebã façam ações espetaculares neste ano de 2014 para abalar a aliança entre o governo afegão e os Estados Unidos, que devem retirar suas forças do país até o fim do ano, deixando apenas um contingente menor para treinar as forças de segurança do Afeganistão e combater o terrorismo.

Os EUA invadiram o Afeganistão em outubro de 2001, em resposta aos atentados de 11 de setembro daquele ano, para punir a rede terrorista Al Caeda, que tinha suas bases no país, sob a proteção do governo dos talebã. A Guerra dos Afeganistão já é a mais longa da história dos EUA. Até 15 de fevereiro de 2014, 2.287 americanos tinham sido mortos no conflito.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Yanukovitch é impedido de deixar a Ucrânia

Depois de ser afastado numa processo de impeachment por um voto unânime do Parlamento, o presidente Viktor Yanukovitch foi impedido de deixar a Ucrânia num avião particular fretado. Os funcionários do aeroporto alegaram falta de documentação para não autorizar a decolagem.

A segurança de Yanukovitch chamou então dois carros blindados e a comitiva deixou o aeroporto. Há informações de que o presidente teria ido para a cidade de Donetsk.

México prende traficante mais procurado do país

Um dos traficantes de drogas mais procurados do mundo, Joaquín El Chapo Guzmán, chefão do Cartel de Sinaloa, foi preso na cidade mexicana de Mazatlán numa operação conjunta das polícias do México e dos Estados Unidos.

Parlamento da Crimeia convoca sessão extraordinária

Diante da virtual queda do presidente Viktor Yanukovitch, as regiões da Ucrânia de maior presença russa se mobilizam para lutar por autonomia regional, uma estratégia da Rússia para manter a influência no país. Ontem, o parlamento regional da Crimeia convocou uma sessão extraordinária.

A Crimeia é uma região de maioria russa. Foi doada à Ucrânia em 1954 para marcar os 300 anos de união do país com a Rússia pelo então secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética, o ucraniano Nikita Kruschev.

Na prática, embora a Constituição da URSS permitisse em tese a separação e a independência das repúblicas soviéticas, havia uma expectativa de que isso jamais aconteceria. A história da Ucrânia está intimamente ligada à da Rússia.

O primeiro Estado da história russa é a chamada Rússia Kievana. O primeiro documento da história russa é uma carta de 988 em que Vladimir I, príncipe de Kiev, adota o cristianismo como religião oficial do principado.

Assim, para o nacionalismo russo, a Ucrânia sempre fez parte da Rússia. É parte inalienável do país.

Com o colapso da URSS, em 1991, a Ucrânia declarou uma independência que nunca tinha tido ao longo da história. O Acordo de Minsk, em que Rússia, Ucrânia e Bielorrússia deixaram a URSS, em 8 de dezembro de 1991, foi o golpe definitivo na pátria-mãe do comunismo. Mas os termos do divórcio não eram claros.

Desde o século 18, a Rússia mantinha a Frota do Mar Negro, em Sebastopol, na Crimeia. Um acordo prorrogou o acordo para uso da base naval pela Rússia até 2017. Em 2010, Yanukovitch estendeu o prazo até 2047.

Se a Ucrânia se aproximar do Ocidente, a Frota do Mar Negro será um novo ponto de atrito com a Rússia. Por isso, o parlamento da Crimeia se mobiliza para conquistar autonomia regional.

Ucrânia liberta ex-primeira-ministra Timochenko

Por decisão do Parlamento da Ucrânia, a ex-primeira-ministro Yulia Timochenko foi libertada hoje depois de ficar presa durante dois anos e meio.

A Joana d'Arc da Revolução Laranja, em 2004-5, foi eleita primeira-ministra em 2005, mas caiu por causa da divisão dos revolucionários. Ela voltou ao cargo de 2007 e 2010, quando disputou a eleição presidencial com seu inimigo Viktor Yanukovitch e perdeu por pequena margem no segundo turno.

Yanukovitch conseguiu condená-la em 2011 a sete anos de prisão por corrupção e abuso de poder, uma acusação que pode ser feita a qualquer líder político ucraniano, num processo considerado viciado politicamente pela União Europeia. Ontem, o Parlamento anulou os artigos que serviram de base para a condenação.

Ao sair da cadeia depois de dois anos e meio, a Dama de Ferro ucraniana declarou num comício que "os heróis nunca morrem", "a ditadura acabou" e "a Ucrânia se livrou de um câncer". Ela agradeceu à massa concentrada na Praça da Independência, no centro de Kiev, como seus "libertadores".

Em telefonema ao secretário de Estado americano, John Kerry, o ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, protestou contra a violência  das ações dos manifestantes antigovernamentais. Na visão do presidente Vladimir Putin a Revolução Laranja e a atual são conspirações do Ocidente para enfraquecer a Rússia.

Exército do Iraque retoma Sulaiman Bek

Depois de uma semana de combates violentos, o Exército do Iraque retomou hoje a cidade de Sulaiman Bek, no Norte do país, tomada parcialmente por extremistas muçulmanos em 13 de fevereiro de 2013. Dezenas de pessoas foram mortas.

O governo anunciou oficialmente que toda a cidade foi libertada dos extremistas muçulmanos do Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que luta em duas frentes, no Iraque e na guerra civil da Síria.

Yanukovitch rejeita impeachment e fala em golpe

Por unanimidade, 328-0, o Parlamento da Ucrânia aprovou hoje o impeachment do presidente Viktor Yanukovitch, responsabilizando pela violência política e as mortes dos últimos dias em confrontos entre manifestantes e a polícia. A próxima eleição presidencial foi antecipada para 25 de maio de 2014.

Apesar do banho de sangue dos últimos dias nas ruas de Kiev, Yanukovitch negou que pretenda renunciar e chamou as decisões da Rada de "golpe".

Além do impeachment, a Rada alterou a Constituição, nomeou um novo primeiro-ministro, aprovou medidas para libertar a ex-primeira-ministra Yulia Timochenko, inimiga política de Yanukovitch condenada em 2011 a sete anos de prisão por corrupção e abuso de poder.

Em entrevista à televisão, na linha do noticiário da TV estatal russa sobre o conflito, o presidente comparou os acontecimentos recentes à invasão da Ucrânia pela Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.

Depois de discutir o assunto com o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon, e o ministro do Exterior da Rússia, Serguei Lavrov, o chanceler da Polônia, Radoslaw Sikorski, afirmou que o novo primeiro-ministro foi eleito legalmente e que não houve nenhum golpe.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Venezuela expulsa CNN

A Venezuela anulou os vistos de trabalho dos jornalistas da rede de televisão americana CNN, horas depois do presidente Nicolás Maduo afirmar que a emissora tinha de "retificar" sua cobertura da crise política no país e "parar de fazer propaganda de guerra".

Rebeldes atacam palácio presidencial na Somália

Militares do grupo fundamentalista muçulmano Al Chababe (Os Jovens) atacaram hoje o palácio presidencial da Somália, em Mogadíscio. Um carro-bomba abriu uma brecha no muro que cerca o prédio por onde passaram atiradores. Eles enfrentaram a força de paz da União Africana.

Pelo menos 15 pessoas morreram. O presidente Hassan Cheikh Mohamud saiu ileso.

OLP pode reconhecer Israel como "Estado judaico"

A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) pode reconhecer Israel como um "Estado judaico", como prevê a proposta dos Estados Unidos para a paz entre árabes e israelenses, mas não nos termos exigidos pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou hoje Nabil Amro, membro do comitê central da OLP.

Os palestinos temem que o reconhecimento leve Israel a expulsar sua população árabe, cerca de 20% do total.

Parlamento da Ucrânia liberta Yulia Timochenko

O Parlamento da Ucrânia (Rada) aprovou a libertação da ex-primeira-ministra Yulia Timochenko, condenada por corrupção e abuso de poder a sete anos de prisão. Sua libertação depende agora da assinatura do presidente do Parlamento e do presidente Viktor Yanukovitch, seu maior inimigo político.

Na mesma sessão de emergência, 332 dos 283 deputados presentes votaram a favor da destituição do ministro do Interior, Vitali Zakharchenko, responsável pelas forças de segurança que atacaram os manifestantes matando mais de cem pessoas nos últimos dias, e restauraram a Constituição de 2004, reduzindo os poderes do presidente.

A União Europeia sempre considerou o processo contra Timochenko como político e injusto. Por este motivo, nenhum líder europeu foi à Ucrânia durante a realização da Copa da Europa de seleções, disputada em 2012.

A Joana d'Arc da Revolução Laranja é uma líder carismática e populista que usa tranças amarradas sobre a cabeça no estilo da princesa Lea da série Guerra nas Estrelas.

A Revolução Laranja impediu a eleição fraudulenta de Yanukovitch em 2004, Timochenko foi primeira-ministra ucraniana de 24 de janeiro a 8 de setembro de 2005, sob a presidência de Viktor Yuchenko, seu aliado na revolução, e sob Yanukovitch, de 18 de dezembro de 2007 a 4 de março de 2010, quando perdeu a eleição presidencial e foi deposta da chefia de governo. Em 2011, foi condenada a sete anos de cadeia.

Hoje a polícia se retirou da Praça da Libertação, onde os manifestantes permanecem acampados.

Venezuela ameaça expulsar a CNN

Depois de acusar a televisão americana CNN de apresentar a crise política na Venezuela como uma guerra civil, o presidente Nicolás Maduro ameaçou ontem bloquear as transmissões da emissora e expulsar suas equipes do país. As redes de TV locais, controladas pelo regime chavista, praticamente não cobrem os protestos em que pelo menos seis pessoas morreram.

"Pedi ao ministro das Comunicações que notifique a CNN de que será aberto um processo administrativo para expulsá-la se não se corrigir. A CNN tem de parar de fazer propaganda de guerra", bradou o sucessor de Hugo Chávez, que a exemplo do caudilho morto culpa os Estados Unidos por todos os problemas venezuelanos.

Maduro acrescentou: "Fico no meu escritório assistindo à CNN 24 horas por dia. É uma programação de guerra. Eles querem mostrar ao mundo que a Venezuela está em estado de guerra civil enquanto as pessoas estão trabalhando".

Na semana passada, o governo obrigou as companhias venezuelanas de TV a cabo de excluir a transmissão da rede colombiana especializada em notícias NTN24, acusando-a de gerar "ansiedade" ao difundir imagens dos protestos da oposição.

As TVs venezuelanas, acusadas (com razão) de apoiar o golpe contra Chávez em abril de 2002, tiveram a licença cassada ou foram vendidas a grupos amigos do regime.

S&P rebaixa nota de crédito da Ucrânia

A agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou a nota de crédito da dívida soberana da Ucrânia de CCC para CCC-, com perspectiva negativa.

Para a S&P, a violenta crise política aumentou o risco de que o governo ucraniano não tenha condições de pagar suas dívidas, sobretudo porque não há garantias de que a Rússia vá dar a ajuda de US$ 15 bilhões prometida pelo presidente Vladimir Putin em novembro de 2013, quando a Ucrânia suspendeu negociações para se associar à União Europeia.

China pede a Obama que não receba Dalai Lama

Diante da iminência de uma visita à Casa Branca do Dalai Lama, líder político e espiritual do Tibete no exílio, o regime comunista da China fez um apelo hoje ao presidente Barack Obama para que não o receba.

A ditadura militar chinesa acusa o Dalai Lama de lutar pela indepenência do Tibete. Na verdade, ele quer apenas a autonomia regional prevista na Constituição do país. Em Beijim, uma porta-voz do Ministério do Exterior chinês ameaçou retaliar, prejudicando quem afetar os interesses chineses.

Para aplacar a ira chinesa, Obama não vai receber o Dalai Lama no Salão Oval da Casa Branca, o escritório do presidente dos Estados Unidos. Será um encontro privado na ala residencial do palácio, sem cobertura jornalística.

As relações bilaterais entre as duas maiores potências mundiais se tornaram mais frias nos últimos anos. Desde a crise financeira mundial iniciada nos EUA, o governo chinês sente-se mais confiante para desafiar a hegemonia americana e pressionar os vizinhos com que tem disputas territoriais.

Para o regime comunista, a questão tibetana é um assunto interno da China. O Tibete foi incorporado à China no século 13, quando ambos eram dominados pelo Império Mongol. Só se tornou independente em 1912, com o colapso do Império Chinês.

Em 1950, depois da vitória da revolução comunista em 1º de outubro de 1949, Mao Tsé-tung mandou o Exército Popular de Libertação invadir e ocupar o Tibete, o que levou dez meses por causa da dificuldade de acesso por falta de estradas.

Durante a campanha de mobilização e endurecimento do regime comunista chamada de Grande Salto para a Frente (1958-61), que causou fome em massa, entre 200 mil e 1 milhão de tibetanos foram mortos.

Depois de uma fracassada revolta contra a campanha chinesa, em 1959, Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama, fugiu para o exílio na Índia e se tornou o principal símbolo da resistência cultural do Tibete contra a assimilação forçada pelo regime comunista. Na Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76), a grande era de radicalização do maoísmo, cerca de 6 mil mosteiros tibetanos foram destruídos.

Desde então, houve várias revoltas contra a ditadura de Beijim, todas duramente reprimidas, a mais recente em 2008, quando pelo menos 80 pessoas foram mortas, segundo o governo tibetano no exílio. A China acusou o Dalai Lama de articular a rebelião, descrita como tentativa de luta pela independência total.

Sem condições de enfrentar a força da ditadura comunista, os tibetanos iniciaram recentemente uma campanha de autoimolações ateando fogo às próprias roupas para se suicidar. De 27 de janeiro de 2009 a 14 de fevereiro de 2013, cerca de cem tibetanos se incendiaram em protesto contra o regime chinês. Pelo menos 78 morreram.

Presidente e oposição fazem acordo na Ucrânia

Depois de uma noite de negociações mediadas pela União Europeia e a Rússia, o presidente Viktor Yanukovitch e três líderes da oposição assinaram um acordo para acabar com a violência política que causou mais de cem mortes nos últimos dias na Ucrânia, noticiou há pouco o jornal The Washington Post. O Ministério da Saúde confirma 77 mortes. Outras 577 pessoas saíram feridas.

O acordo prevê a restauração imediata da Constituição de 2004, que dá ao Parlamento e não ao presidente o direito de indicar o primeiro-ministro e reduz os poderes do chefe de Estado. Um governo de união nacional deve ser formado em dez dias. Em setembro, haverá um referendo sobre uma nova Constituição. As próximas eleições parlamentares e presidencial estão previstas para dezembro.

Como a principal exigência dos manifestantes que há três meses ocupam a Praça da Independência, em Kiev, é a renúncia do presidente, sua total adesão ainda é uma incógnita. O período de nove meses até as eleições também é considerado muito longo, dando a Yanukovitch mais uma chance de manipular a situação.

O presidente tem o apoio da Rússia, que rejeitou o acordo e não assinou-o.

Manifestantes bloqueiam acesso a aeroporto de Kiev

Para impedir os deputados do partido do governo de sair da capital, cerca de 5 mil manifestantes que lutam para derrubar o presidente Viktor Yanukovitch bloquearam a estrada de acesso ao aeroporto internacional Borispil.

Nos últimos dias, os oposicionistas fecharam estradas de ferro para impedir o acesso de reforços às forças de segurança da capital e roubar armas.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Yanukovitch aceita antecipar eleições na Ucrânia

Durante encontro hoje com o presidente Viktor Yanukovitch, os ministros do Exterior da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier; da França, Laurent Faibus; e da Polônia, Radoslaw Sikorski; defenderam a antecipação das eleições como forma de resolver a crise política na Ucrânia. Há pouco, a revista francesa Le Nouvel Observateur disse que ele concordou.

A missão da União Europeia exigiu a reabertura de negociações com a oposição. O chanceler francês deixou claro que altos funcionários ucranianos serão submetidos a sanções internacionais caso a violência não cesse.

Prefeito e deputados abandonam governo na Ucrânia

Diante da escalada da violência e da ameaça cada vez maior de guerra civil na Ucrânia, o prefeito de Kiev, Vladimir Makinko, o deputado Olexander Onischenko e seus aliados deixaram hoje o Partido das Regiões, do presidente Viktor Yanukovitch, para criar seu próprio bloco parlamentar.

Onischenko foi acompanhado pelos deputados Olexander Presman e Yuri Chapovoalov, e pelo general Viktor Tozvadovski.

O prefeito ordenou o reinício das operações do metrô da capital, suspensas pelo governo para dificultar a mobilização dos oposicionistas.

Venezuela reduz acusações a líder da oposição preso

Durante a audiência de apresentação à Justiça da Venezuela do líder oposicionista Leopoldo López, as acusações de terrorismo e assassinato foram retiradas, informou hoje seu advogado. O ex-prefeito de Chacao será denunciado por incêndio criminoso e incitação à violência.

López rompeu nos últimos dias com a estratégia de dialogar com o governo chavista adotada pelo candidato derrotado nas duas últimas duas eleições presidenciais, Henrique Capriles.

A Venezuela vive uma crise econômica sem precedentes para um país riquíssimo em petróleo, com inflação de 56% ao ano, desabastecimento de um quarto dos produtos normalmente encontrados em supermercados, inclusive açúcar, carne, leite e papel higiênico, e um dos maiores índices de homicídios do mundo.

Com as mortes de mais duas mulheres, subiu para seis o total de mortos no conflito nas ruas da Venezuela. Ontem, a Miss Turismo do estado de Carabobo, Génesis Carmona, foi baleada por milicianos chavistas que passaram de moto e atiraram contra um protesto da oposição na cidade de Valência. Outra mulher morreu quando a ambulância que a socorria ficou parada no meio de uma manifestação contra o governo.

O maior problema do regime é que Hugo Chávez foi um caudilho tão dominante e avassalador que nenhuma outra liderança floresceu sob seu comando. Nicolás Maduro, o sucessor indicado por Chávez e Fidel Castro, não tem o carisma nem a inteligência nem o talento político do comandante.

Desde o afastamento de Chávez, em dezembro de 2012, e sua morte em 5 de março de 2013, a Venezuela é governada por um colegiado. A rivalidade entre Maduro e o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, companheiro da Chávez no fracasso golpe militar de 1992, é cada vez mais evidente.

Dilma não mostra interesse em política externa

Sem ter mostrado até agora maior interesse na política externa, a presidente Dilma Rousseff autorizou o Ministério das Relações Exteriores a produzir um Livro Branco com as diretrizes para a diplomacia brasileira baseado numa série de debates com representantes da sociedade civil a serem realizados em Brasília de 28 de fevereiro a 2 de abril de 2014.

Em matéria publicada ontem nO Globo para a qual dei entrevista, critiquei a pouca importância que a presidente dá a questões externas, desperdiçando o capital político acumulado com o ativismo da política externa de Lula e Celso Amorim.

Oposição denuncia mais cem mortes hoje na Ucrânia

Mais de cem pessoas foram mortas hoje em conflitos entre manifestantes e a polícia na Ucrânia, afirmou o chefe do serviço médico dos oposicionistas acampados na Praça da Independência, no centro de Kiev, Dr. Oleg Mussi. Outras 500 pessoas saíram feridas. O Ministério da Saúde admitiu 67 mortes.

Pelo menos 60 policiais foram capturados pelos manifestantes. Seus colegas alegam que têm o direito de usar a força para resgatá-los.

Em artigo publicado no jornal The Wall St. Journal, o intelectual francês Bernard-Henri Lévy defendeu um boicote aos últimos dias da Olimpíada de Inverno de Sóchi como resposta ao homem-forte da Rússia, Vladimir Putin, que apoia o presidente ucraniano, Viktor Yanukovitch.

Depois da trégua anunciada ontem à noite pelo presidente depois de receber líderes da oposição, havia uma expectativa de diálogo em torno das principais reivindicações dos manifestantes. Mas o cessar-fogo desandou e hoje foi o dia mais violento desde o início dos protestos há três, quando a Ucrânia abandonou, sob pressão da Rússia, negociações para se associar a UE.

A pedido de Yanukovitch, o Kremlin mandou um enviado especial a Kiev. Diante do aumento da violência a União Europeia vai impor sanções contra altos funcionários do governo ucraniano considerados responsáveis pela violência.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Facebook paga US$ 19 bilhões pelo WhatsApp

O Facebook revelou hoje à comissão que fiscaliza as bolsas de valores dos Estados Unidos que vai pagar US$ 19 bilhões (R$ 45 bilhões) para assumir o controle total do WhatsApp. É o aplicativo favorito para comunicação pessoal dos jovens e adolescentes que passaram a evitar a troca de mensagens privadas através das redes sociais.

A transação será paga com US$ 12 bilhões em ações do Facebook, US$ 4 bilhões em dinheiro e US$ 3 bilhões em ações e opções que serão dadas aos fundadores e empregados do WhatsApp, noticiou o jornal The Wall St. Journal.

O WhatsApp tem hoje 450 milhões de usuários que enviam torpedos a custo zero. O aplicativo é responsável hoje por quase metade de todas as mensagens desse tipo no mundo inteiro. A cada dia, tem mais um milhão de usuários.

Presidente anuncia trégua na Ucrânia

Depois de receber líderes da oposição, o presidente Viktor Yanukovitch anunciou hoje à noite uma trégua na Ucrânia, recuando da ameaça de chamar o Exército para esmagar os manifestantes que tomaram a Praça da Independência, no centro de Kiev.

Desde ontem, pelo menos 26 pessoas foram mortas em confrontos entre oposicionistas e a polícia.

A oposição exige a renúncia do presidente. Amanhã, uma missão de paz da União Europeia com três ministros do Exterior, da Alemanha, França e Polônia, vai à capital ucraniana em busca de uma solução negociada.

Yanukovitch seria beneficiário de uma fraude na eleição presidencial de 2004, mas uma multidão saiu às ruas na chamada Revolução Laranja, de 22 de novembro de 2004 a 23 de janeiro de 2005. Houve nova eleição. O vencedor foi Viktor Yuchenko.

A corrupção e a divisão dos vitoriosos na Revolução Laranja depois que chegaram ao poder deram uma segunda chance a Yanukovitch. Eleito democraticamente, ele está no poder desde 25 de fevereiro de 2010. Desde então, processou e colocou na prisão a ex-primeira-ministra Yulia Timochenko, derrotada na eleição presidencial.

Rússia adia ajuda de US$ 2 bilhões à Ucrânia

Com sangue nas ruas e o presidente aliado sitiado no palácio, a Rússia adiou para sexta-feira a liberação de uma parcela de US$ 2 bilhões de total de US$ 15 bilhões em créditos à ex-república soviética da Ucrânia.

Em dezembro, depois que a Ucrânia abandonou negociações para se associar à União Europeia, o presidente russo, Vladimir Putin, ofereceu-se para comprar US$ 15 bilhões em títulos da dívida pública ucraniana e deu um desconto de 33% no gás natural que a Ucrânia importa da Rússia.

Diante da revolta popular contra a manutenção da dependência histórica em relação à Rússia, o Kremlin congelou a ajuda no fim de janeiro. Quando a oposição ucraniana foi recebida em Berlim pela primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, Putin resolveu liberar o dinheiro. Agora, segurou de novo.

Missão de paz da UE vai à Ucrânia

Uma missão de paz formada pelos ministros do Exterior da Alemanha, da França e da Polônia vai a Kiev amanhã encontrar o presidente Viktor Yanukovitch antes que a União Europeia (UE) tome uma decisão sobre como agir diante da violência política na ex-república soviética da Ucrânia, onde 26 pessoas foram mortas desde ontem.

Com o aumento da violência e a radicalização das posições, o objetivo maior da UE é evitar uma guerra civil. O governo começa a chamar os manifestantes de terroristas, numa tentativa de deslegitimar o movimento para esmagá-lo.

Os Estados Unidos e a UE ameaçam impor sanções se a repressão aumentar. Durante uma reunião de cúpula da América do Norte com o presidente do México e o primeiro-ministro do Canadá, o presidente Barack Obama fez um pelo ao Exército da Ucrânia para que não saia às ruas.

A oposição exige a queda de Yanukovitch desde novembro, quando ele abandonou, sob pressão da Rússia, negociações para associar a Ucrânia à UE. Nos últimos dias, o conflito se tornou especialmente violento.

Ontem a polícia de choque tentou desalojar manifestantes acampados há meses na Praça da Independência, no centro de Kiev. Foi o pior confronto desde que Ucrânia se tornou independente da União Soviética, em dezembro de 1991.

Cada vez mais autoritária sob o governo de Vladimir Putin, a Rússia tenta recriar o chamado império interior soviético, submetendo as antigas repúblicas da URSS ao controle do Kremlin.

No fundo, a luta é para libertar a Ucrânia do jugo imperialista da Rússia. Se os ucranianos tiverem sucesso, serão um bom exemplo para os russos se livrarem de seu "homem-forte", outra herança maldita do comunismo soviético.

Bomba contra alvo do Irã mata dois em Beirute

Duas pessoas morreram e outras dez saíram feridas com a explosão de uma bomba diante da sede a Agência de Notícias República Islâmica (IRNA, do inglês) em Beirute, no Líbano. A agência ficou sem energia elétrica e conexão com a Internet.

As Brigadas Abdullah Azzam, um grupo extremista muçulmano ligado à rede terrorista Al Caeda, reivindicou a autoria do atentado e ameaçou continuar atacando até que a milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus), apoiada pelo regime fundamentalista iraniano, retire suas forças da guerra civil na Síria.

Rainha pop do Irã defende homossexuais

A rainha da música pop no Irã, Googoosh, exilada desde o ano 2000, tornou-se a primeira celebridade do país a apoiar publicamente os direitos dos homossexuais. No Dia de São Valentim, Dia dos Namorados no Hemisfério Norte, ela divulgou um vídeo no Facebook que mostra um casal de lésbicas, uma relação condenada por suas famílias e pela sociedade iraniana em geral.
Googoosh

"Até agora, a reação foi tremenda", declarou Navid Akhavan, roteirista e diretor do vídeo, assistido por 1,2 milhão de pessoas, citado pelo jornal inglês The Guardian. "Os comentários e mensagens que tenho recebido da comunidade gay, lésbica, transexual e transgênero do Irã provocam lágrimas."

Também houve reações negativas. Akhavan já esperava: "Sabíamos desde o início que o tópico deste vídeo seria extremamente controverso para os iranianos. Por isso, esperávamos reações negativas, mas isso não me incomodou nem a Googoosh."

O diretor acrescentou que decidiu fazer o vídeo diante das humilhações e perseguições sofridas por homossexuais no Irã, que podem ser punidos até com a morte: "Estou muito orgulhoso de ter tido coragem para tomar esta atitude pioneira em defesa dos homossexuais iranianos."

A homofobia é uma política de Estado do regime fundamentalista iraniano. Quando esteve no poder, o ex-presidente linha-dura Mahmoud Ahmadinejad (2005-13) declarou repetidas vezes que não há homossexuais no Irã.

Prisão de brasileiro ligado a Snowden foi legal

O Superior Tribunal de Justiça do Reino Unido considerou legal hoje a detenção do brasileiro David Miranda por nove horas no Aeroporto de Heathrow, em Londres, em 18 de agosto de 2013, com base na lei antiterrorismo. Ele é companheiro do jornalista americano Glenn Greenwald, que divulgou as denúncias de espionagem em grande escala feitas pelo ex-analista da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos Edward Snowden.

Miranda alegou que sua detenção era ilegal e uma violação dos direitos humanos. Mas os juízes consideraram "a medida apropriada às circunstâncias", tendo em vista o risco que o vazamento de segredos de Estado poderia causar à segurança nacional do país. "Seu objetivo era não apenas legítimo, mas urgente", declarou no voto o juiz Peter Openshaw, citado pela televisão pública britânica BBC.

Quando foi detido, David Miranda, de 28 anos, levava arquivos de computador para Greenwald, apreendidos junto com um computador, um telefone celular, cartões de memória e DVDs.

Ao saber da decisão, Greenwald, que mora no Rio de Janeiro, acusou a Justiça britânica de equiparar jornalismo a terrorismo.

Depois de vazar as informações confidenciais, Snowden se refugiou na China e na Rússia, onde recebeu asilo temporário. Entre suas revelações, está a espionagem dos EUA à presidente Dilma Rousseff, entre outros líderes estrangeiros, como a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, François Hollande, e à Petrobrás. Há um movimento para que ele receba asilo permanente no Brasil.

Guarda Nacional Bolivariana ataca oposição venezuelana

Com uma crise econômica sem precedentes e manifestações concorrentes contra e a favor do governo disputando espaço nas ruas diariamente, a Guarda Nacional Bolivariana ataca, espanca, prende e tortura adversários políticos do regime chavista da Venezuela.

As imagens são eloquentes. Um policial dá um chute na cabeça de um oposicionista caído no chão.

O que acontece atrás das câmeras é ainda pior. O jornalista Teodoro Petkoff, do jornal Tal Cual, denuncia abusos sexuais cometidos contra oposicionistas presos como tortura enfiando o cano de um fuzil no ânus de um jovem na cidade de Valência.

Antes de se entregar ontem, o líder oposicionista Leopoldo López gravou um vídeo pedindo que o movimento não recue diante da onda repressiva cada vez mais violenta. Ele deve ser apresentado hoje à Justiça. A oposição convocou uma marcha até o tribunal.

O governo o acusa por terrorismo, homicídio e incêndios criminosos. Mas até onde se sabe, até agora, a violência partiu principalmente do governo e das seis milícias aliadas ao chavismo, que atiram contra multidões de oposicionistas desarmados. Pelo menos quatro pessoas morreram.
A revolta popular acontece em meio a uma profunda crise econômica gerada pelas políticas desastradas do "socialismo do século 21" propalado pelo falecido caudilho Hugo Chávez, que desgovernou a Venezuela de 1999 até a morte, em 5 de março de 2013. Nas ruas, a oposição diz que luta contra um cadáver, o fantasma de Chávez, que continuaria governando a Venezuela.

Sem o mesmo carisma, seu sucessor, Nicolás Maduro, venceu a eleição presidencial de 14 de abril de 2013 por pouco mais de 1% dos votos, apesar do uso maciço da máquina estatal. O candidato oposicionista derrotado, Henrique Capriles, recorreu, mas a Justiça chavista confirmou o resultado oficial.

Desde então, Capriles adotou uma estratégia de diálogo com o governo, rejeitada por oposicionistas mais radicais como López diante da gravidade da crise.

A inflação chegou a 56% ao ano. O dólar vale 13 vezes mais no mercado paralelo. Cerca de 26% dos produtos normalmente encontrados em supermercados estão em falta, inclusive carne, leite e papel higiênico. Há escassez de energia, apagões e falta de dólares num dos países com as maiores jazidas de petróleo do mundo.

E o que fazem o Brasil e seus aliados no Mercosul? Apoiam o regime chavista, ignorando a cláusula democrática que deveria ser respeitada por todos os países-membros do bloco.

Enquanto o governo brasileiro ignora a matança de mais de 130 mil pessoas na guerra civil da Síria, ficando ao lado da China e da Rússia no bloqueio a qualquer tentativa de interferir no conflito em nome do princípio de não intervenção nos assuntos internos de outros países, não tem o menor pudor de tomar partido na Venezuela.

Quem é o responsável: a presidente Dilma Rousseff, o Itamaraty ou o assessor especial Marco Aurélio Garcia, fã incondicional dos regimes bolivaristas que nada tem a ver com o libertador Simón Bolívar, que não era de esquerda?

Cossacos chicoteam Pussy Riot em Sóchi

A banda punk Pussy Riot foi atacada e chicoteada hoje por uma milícia de cossacos que ajuda o governo da Rússia a policiar a Olimpíada de Inverno de Sóchi, informa o jornal inglês The Guardian. Duas roqueiras do grupo, Maria Alekhina e Nadia Tolokonnikova, saíram da prisão recentemente depois de cumprir pena por arruaça e desrespeito à Igreja Ortodoxa por gravarem um vídeoclip anarquista na Catedral do Cristo Salvador, em Moscou.


O grupo se reuniu num restaurante situado a cerca de 30 quilômetros dos locais de prova. De lá, saiu para a rua com roupas e balaclavas coloridas. Tentou fazer uma apresentação rápida, mas foi cercado por uma dúzia de milicianos cossacos, que quebraram um violão, arrancaram as balaclavas e chicotearam os membros da banda.

Quando a polícia chegou, interrogou várias pessoas. Ninguém foi preso.

Os cossacos são um povo do Sul da Rússia que, no século 19, se aliou ao império czarista para ajudar o país a conquistar a região do Norte do Cáucaso, onde fica Sóchi, até hoje assolada por conflitos nas repúblicas da Chechênia, do Daguestão e da Inguchétia, de maioria muçulmana.

A Olimpíada de Sóchi é a grande realização do presidente Vladimir Putin. O custo, de US$ 50 bilhões, a tornou a olimpíada mais cara da história, marcada por denúncias de corrupção e autoritarismo.

Putin está em guerra com a incipiente sociedade civil russa desde que as eleições parlamentares de dezembro de 2011 foram denunciadas como fraudulentas num momento de revolta como a Primavera Árabe. Há o temor de uma nova onda repressiva depois dos Jogos.

Nesse contexto de repressão crescente, a banda punk gravou o clip na catedral de Moscou em 21 de fevereiro de 2012 pedindo o fim da ditadura do homem-forte do Kremlin, oriundo do KGB, a polícia política da extinta União Soviética. Soltas por uma anistia dada por Putin como gesto de boa vontade antes dos Jogos, as roqueiras prometem continuar a luta "por uma Rússia sem Putin".

Grécia tem primeiro saldo em conta corrente desde 1948

A Grécia teve em 2013 um saldo de conta corrente de 1,2 bilhão de euros (US$ 1,64 bilhão), anunciou hoje o Banco da Grécia. Foi o primeiro resultado positivo desde 1948.

Em recessão há seis anos, submetida a um rígido programa de equilíbrio das contas pela troika formada pela União Europeia (UE), o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) por não conseguir honrar suas dívidas, a Grécia registrou um déficit de 4,6 bilhões de euros em 2012.

O saldo positivo foi consequência de um aumento de 2,3% na receita de exportações e uma queda de 4,5% no valor das importações.

No primeiro semestre de 2014, a Grécia ocupa a presidência rotativa da UE. Um dos temas centrais é a criação de uma união bancária para evitar problemas como a crise das dívidas públicas da periferia da Zona do Euro.

Total de mortos em Kiev sobe para 25

O total de mortos no dia mais violento na Ucrânia desde a independência da União Soviética, em dezembro de 1991, subiu para 25, com outras 256 pessoas feridas. Hoje o Ministério da Defesa negou ter convocado o Exército para dispersar os manifestantes, o que poderia agravar ainda mais a situação. A União Europeia ameaça impor sanções ao país.

Sob pressão das ruas para renunciar, o presidente Viktor Yanukovitch pediu aos oposicionistas que isolem os radicais. Ele é aliado ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, o que afastou a Ucrânia de negociações para se associar à União Europeia, em novembro de 2013, gerando a crise.

As Nações Unidas pediram uma investigação independente sobre o conflito de ontem, quando a tropa de choque tentou desalojar os manifestantes acampados na Praça da Independência, no centro da capital.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Argentina vai à Suprema Corte dos EUA para manter calote

A Argentina entrou com recurso hoje na Suprema Corte dos Estados Unidos para anular uma decisão que a obriga a pagar a dívida caloteada em 2001 a fundos que não aceitaram os termos das renegociações realizadas em 2005 e 2010, noticiaram as agências de notícias Bloomberg e Reuters.

Nos grandes centros financeiros, este é considerado o julgamento do século sobre a reestruturação de dívidas soberanas, a renegociação feita quando um país fica sem condições de pagar, decreta a moratória e tenta renegociar com os credores exigindo descontos. Uma decisão negativa na Justiça pode levar a Argentina a novo calote.

Em 14 de janeiro de 2005, no governo Néstor Kirchner, o ministro da Economia argentina, embaixador Roberto Lavagna, renegociou com sucesso 75% dos US$ 82 bilhões de dólares em títulos caloteados na moratória de 26 de dezembro de 2001.

Naquele ano, diante do colapso da dolarização da era Carlos Menem (1989-99), o presidente Fernando de la Rúa caiu e a Argentina deixou de pagar US$ 93 bilhões em dívidas. O desconto obtido por Lavagna foi de 25% a 35% do valor nominal dos papéis.

Numa segunda etapa, já sob Cristina Kirchner, em 11 de agosto de 2010, o total renegociado chegou a 93%. Até hoje o resto não foi acertado, impedindo a Argentina de voltar plenamente ao mercado internacional para vender títulos de sua dívida pública, uma das razões da atual crise econômica do país.

Desde 2005, os fundos de hedge administrados pela empresa Elliott Management Associates tentam cobrar a dívida argentina na Justiça.

No fim de 2012, um tribunal federal de recursos de Nova York aceitou o argumento de que o país não poderia continuar pagando os juros devidos pelos bônus lançados na reestruturação da dívida sem pagar também os credores que não aceitaram o desconto imposto na renegociação. É o caso dos fundos de hegde e de fundos de pensão italianos.

Mulher edita grande jornal saudita pela primeira vez

Num avanço significativo numa das sociedades mais conservadoras do planeta, pela primeira vez uma mulher será editora-chefe de um jornal na Arábia Saudita. Somaya Jabarti era editora executiva. Ela substitui Khaled Almaina na chefia da Saudi Gazette, publicada em inglês na cidade de Jedá.

"Estamos quebrando um telhado de vidro. Espero que vire uma porta", declarou Somaya em entrevista à televisão saudita Al Arabiya citada pelo jornal inglês The Guardian. "É uma dupla responsabilidade. Serão ações que irão se refletir nas outras mulheres sauditas."

Ao anunciar a mudança na chefia da redação, Almaina afirmou que "foi uma questão de mérito, não de genero".

Dos 20 repórteres do jornal, só três são homens, mas até agora a chefia era masculina. "A maioria das repórteres é de mulheres não porque alguma distorção damos preferência a mulheres", acrescentou Somaya Jabarti. "Há mais mulheres interessadas em ser jornalistas. O sucesso não será completo se eu não vir minhas colegas em outras empresas de mídia assumirem cargos de chefia."

No Twitter, muitos usuários comentaram que a Arábia Saudita já tem uma editora-chefe, mas as mulheres ainda não podem dirigir automóveis.

Dívida doméstica tem maior alta nos EUA desde recessão

Com o aumento da confiança na recuperação da economia, os americanos contraíram empréstimos no último trimestre de 2013 num volume não visto desde o terceiro trimestre de 2007, o último em que os Estados Unidos cresceram antes do início da Grande Recessão agravada crise com a falência do banco Lehman Brothers, em setembro de 2008.

As dívidas domésticas, que incluem hipotecas, cartões de crédito, empréstimos pessoais, educacionais ou para compra de carro, cresceram 2,1% ou US$ 241 bilhões de outubro a dezembro do ano passado, chegando a um total de US$ 11,52 trilhões.

Líder da oposição se entrega na Venezuela

O líder do partido oposicionista Vontade Popular, Leopoldo López, entregou-se hoje à Guarda Nacional da Venezuela depois de ser acusado pelo governo de incitar à violência política que causou quatro mortes em manifestações contra e a favor do regime chavista. A quarta morte, de um estudante de 17 anos que foi atropelado, foi confirmada hoje.

"Não tenho nada a esconder", declarou López, um economista de 42 anos formado na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, citado pela agência Reuters. "Estou me entregando a uma Justiça injusta... Que a minha prisão sirva como um alerta para o povo."

A tensão é cada vez maior na Venezuela. Milhares de oposicionistas bloqueiam neste momento importantes avenidas de Caracas. O presidente Nicolás Maduro expulsou do país três diplomatas dos EUA acusando-os de fomentar a revolta nas universidades e articular um golpe de Estado.

López faz parte de setores mais radicais da oposição, que se opõe à estratégia do governador Henrique Capriles, derrotado nas duas últimas eleições presidenciais, de dialogar com os chavistas. O governo parece mais interessado no confronto, para justificar medidas repressivas.

Com a inflação em 56% e 26% dos produtos em falta nos supermercados, apagões, um dos maiores índices de homicídios do mundo e o dólar valendo 13 vezes mais no mercado paralelo do que no câmbio oficial, setores da oposição acreditam que chegou o momento de forçar a renúncia de Maduro, sucessor indicado por Chávez em dezembro de 2012, quando o caudilho venezuelano foi pela última vez a Cuba fazer tratamento para um câncer que o matou em 5 de março de 2013.

Sem o carisma de Chávez, Maduro tenta se sustentar como líder de um movimento cada vez mais dividido por sua própria incompetência em resolver os problemas da Venezuela. Como o ex-motorista de ônibus e líder sindical convertido em presidente pela morte do chefe insiste no discurso antiamericano e na denúncia da oposição como golpista, não há a menor indicação de que o regime esteja disposto a mudar a fracassada política econômica do "socialismo do século 21".

Roqueiras da Pussy Riot são presas em Sóchi

Duas músicas da banda punk Pussy Riot condenadas por gravar um vídeo anarquista dentro da Catedral do Cristo Salvador em Moscou foram presas hoje na cidade de Sóchi, na Rússia, onde se realiza a Olimpíada de Inverno, noticia a revista americana Time.

Maria Alekhina e Nadja Tolokonnikova, libertadas há dois meses graças a uma anistia, planejavam organizar um protesto contra o presidente russo, Vladimir Putin. Foram soltas hoje mesmo.

No Twitter, Tolokonnikova disse que ela e Alekhina caminhavam por uma rua próxima do porto de Sóchi quando foram cercadas por agentes da polícia antiterrorista. A prisão das roqueiras reforça a suspeita de que Putin esteja preparando uma nova onda repressiva contra a oposição.

Ontem, o governo russo proibiu o líder oposicionista Alexey Navalny de visitar Sóchi durante os Jogos de Inverno. À noite, a televisão Rossiya, emissora oficial da olimpíada, apresentou um filme de propaganda travestido como documentário para acusar oposicionistas e ativistas de serem traidores da pátria a serviço dos Estados Unidos, comparados à Alemanha nazista.

Irã e grandes potências retomam negociação nuclear

O Irã, as cinco grandes potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas (EUA, China, França, Reino Unido e Rússia) e a Alemanha retomaram hoje em Viena, na Áustria, as negociações para desarmar o programa nuclear iraniano, sem grande expectativa de sucesso.

Há pouco otimismo. Ontem, o Supremo Líder Espiritual da Revolução Islâmica do Irã, aiatolá Ali Khamenei, declarou que "as negociações nucleares não irão a lugar nenhum", desautorizando os esforços do presidente Hassan Rouhani e do ministro do Exterior, Javad Zarif, mas manteve o compromisso de negociar, dizendo que "o Irã não vai romper aquilo que começou".

Nos próximos três dias, as partes vão discutir o formato das negociações para chegar a um acordo definitivo, depois de um acerto inicial de seis meses para desacelerar o programa nuclear do Irã e abrir espaço para o diálogo.

Os Estados Unidos admitem que "será um processo difícil, complicado e longo", admitiu um negociador não identificado. O governo Barack Obama acredita que a chance de sucesso é de 50%, enquanto o primeiro-ministro linha-dura de Israel, Benjamin Netanyahu, insiste em que o Irã está apenas ganhando tempo para fabricar a bomba atômica.

Conflito na Ucrânia mata mais 21 pessoas

Pelo menos 21 pessoas morreram hoje em confrontos entre manifestantes e a polícia de choque nas ruas de Kiev, a capital da Ucrânia. O governo deu um ultimato à oposição, exigindo o fim da ocupação de um prédio próximo ao Parlamento. A violência explodiu quando manifestantes tentaram invadir a sede do partido do governo.

A onda de protestos começou em novembro, quando o presidente Viktor Yanukovitch, sob pressão da Rússia, abandonou negociações para se associar à União Europeia (UE). Os manifestantes exigem sua renúncia.

Diante do impasse, há o temor de que o presidente chame o Exército para restabelecer a autoridade, agravando ainda mais o conflito.

Extremistas muçulmanos ameaçam turistas no Egito

O grupo radical muçulmano Ansar Beit al-Makdis, baseado na Península do Sinai, advertiu aos turistas estrangeiros que deixem o Egito até 20 de fevereiro. Depois desta data, eles estarão sujeitos a ataques terroristas.

Os jihadistas reivindicaram a responsabilidade pelo atentado a bomba contra um ônibus na cidade turística de Taba em que dois turistas sul-coreanos e um egípcio foram mortos há dois dias.

Com a revolta dos islamitas desde o golpe contra Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, em 3 de julho de 2013, a ditadura militar liderada pelo agora marechal Abdel Fattah al-Sissi enfrenta uma insurgência jihadistas cada vez mais sofisticada.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

ONU denuncia crimes da Coreia do Norte

Fome, tortura, escravidão, assassinatos, sequestros, violência sexual e campos de prisioneiros... Os crimes da ditadura comunista da Coreia do Norte foram comparados hoje aos do nazismo por um relatório das Nações Unidas. A denúncia pode ser apresentada ao Tribunal Penal Internacional.

O regime stalinista norte-coreano refutou as acusações, atribuindo-as a uma conspiração dos Estados Unidos, Japão e União Europeia.

A Comissão de Inquérito da ONU sobre os Direitos Humanos na Coreia do Norte não obteve autorização para entrar no país. Ouviu dissidentes que conseguiram fugir.

"No fim da Segunda Guerra Mundial", quando foram libertados os presos nos campos de concentração nazistas, "muita gente disse que não sabia", lembrou o britânico Michael Kirby, principal relator do documento, citado pela televisão american CNN. "Agora, a sociedade internacional não pode alegar que não sabia. O sofrimento e as lágrimas do povo norte-coreano exigem ação."

É difícil que o Conselho de Segurança da ONU encaminhe as acusações ao TPI, que poderia abrir processo contra a alta cúpula norte-coreana, a começar pelo jovem líder Kim Jong Un. A Coreia do Norte é aliada do regime comunista da China, que a vê como parte de sua área de influência.

Recuperação de Portugal surpreende

O crescimento de 1,6% na comparação anual no fim de 2013 foi o melhor da Zona do Euro. O avanço de 0,5% no último trimestre do ano passado foi o segundo melhor da Eurozona, atrás apenas da Holanda.

Três anos depois de pedir uma ajuda de emergência de 78 bilhões de euros à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional, de passar pela pior recessão em 40 anos, ver o desemprego chegar a 18% e seus jovens mais talentos saírem do país, Portugal é "a nossa estrela do crescimento na Europa", descreveu o economista Christian Schulz, do banco Berenberg, de Londres.

Na sua opinião, a crise obrigou os países da periferia da Eurozona a fazer profundas reformas estruturais e aumentar a competitividade das exportações. "Portugal, e não a Espanha, é a grande surpresa positiva", comenta o economista Ralph Solveen, do banco alemão Commerzbank, citado pelo jornal inglês Financial Times, principal diário econômico europeu.

Se nos 10 anos desde a introdução do euro, a economia portuguesa se estagnou e se endividou, incubando a crise, desde 2010, as exportações cresceram 24,2%, enquanto as importações caíram 5,1%. Pela primeira vez em duas décadas, Portugal teve saldo comercial positivo. As exportações representam hoje 41% do PIB; em 2008, eram 28%.

No último trimestre de 2013, o consumo doméstico voltou a ter um peso positivo no crescimento do produto interno bruto português.

O setor de calçados, que estava deprimido pelo concorrência chinesa, cresceu 28% nos últimos quatro anos. Tem cerca de 1,7 mil empresas, que exportam 98% da produção.

No turismo, o faturamento de 2013 foi recorde, de 9 bilhões de euros, quase 14% do total das exportações.

O preço do ajuste foram 400 medidas tomadas pelo governo conservador para aumentar a competitividade, inclusive cortes de salários, pensões e benefícios sociais. Dezenas de milhares de pequenas empresas quebraram. Muitos trabalhadores jamais vão recuperar seus empregos. A desigualdade social aumentou, mas Portugal sai mais fortalecido para a competição econômica do mundo globalizado.

Agora, o desafio é atrair indústria de alta tecnologia para dar um salto de qualidade que o país ainda está devendo.

Avião da Etiópia sequestrado vai para Suíça

Um avião da companhia aérea Ethiopia Airlines foi sequestrado hoje quando ia da capital do país, Adis Abeba, para Roma, na Itália, e desviado para Genebra, na Suíça, onde o sequestrador se entregou à polícia. Todos os passageiros e tripulantes saíram ilesos.

O sequestrador era o copiloto. Ele assumiu o controle do aeronave quando o piloto foi ao banheiro. Chegando a Genebra, pulou da cabine de comando usando uma corda e se entregou às autoridades suíças e pediu asilo, alegando sentir-se ameaçado na Etiópia. Pode pegar 20 anos de cadeia.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Crescimento do Japão decepciona

A economia do Japão, terceira maior do mundo, decepcionou no quarto trimestre de 2013, crescendo 0,3%, o mesmo ritmo do trimestre anterior, projetando um crescimento anual de 1%. Os economistas esperavam uma aceleração do crescimento para 0,7% no trimestre.

O maior problema foi o fraco crescimento das exportações, que neutralizou o aumento do consumo doméstico e dos investimentos das empresas, observou o jornal inglês Financial Times. A alta de apenas 0,4% nas vendas ao exterior ficou muito abaixo do avanço de 3,5% nas importações.

Como o consumo deve ser afetado por um aumento do imposto de circulação de mercadorias em abril, a expectativa é de um crescimento ainda menor no segundo trimestre de 2014.

Maduro expulsa diplomatas dos EUA da Venezuela

O presidente Nicolás Maduro decretou hoje a expulsão de três diplomatas americanos da Venezuela, acusando os Estados Unidos de participar de uma conspiração golpista para derrubar o governo.

Eles receberam um ultimato para deixar o país em 48 horas por supostamente terem entrado em contato com os estudantes que protestam contra o regime.

Em abril de 2002, durante o governo George W. Bush, os EUA e a Espanha apoiaram uma tentativa de golpe contra o então presidente venezuelano Hugo Chávez que terminou em fracasso.

Acidente soterra centenas de mineiros na África do Sul

Equipes de resgate da defesa civil da África do Sul conseguiram resgatar pelo menos 11 de 30 mineiros que foram contatados depois de um acidente numa mina de ouro abandonada que era explorada ilegalmente na cidade de Benone. Mais de 200 mineiros foram soterrados.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Saudis armam rebeldes sírios com mísseis

Diante do virtual colapso das negociações da conferência de paz conhecida como Genebra II, a Arábia Saudita resolveu fornecer mísseis antiaéreos e antitanque aos rebeldes que lutam contra a ditadura de Bachar Assad, revelou The Wall St. Journal, o jornal mais vendido nos Estados Unidos.

São armas sofisticadas como equipamentos portáteis de defesa antiaérea chineses, com mísseis terra-ar disparados do ombro, e mísseis antitanque guiados terra-terra russos. Se fornecidas em grande quantidade, podem neutralizar a superioridade militar do governo sírio, que possui helicópteros e aviões de combate.

Os Estados Unidos relutam em armar os rebeldes temendo que as armas caiam nas mãos de extremistas muçulmanos. A Arábia Saudita está mais preocupada em evitar uma vitória de Assad, apoiado pelo irã.

Zona do Euro avançou 0,3% no fim de 2013

A economia da Zona do Euro cresceu 0,3% no último trimestre de 2013, projetando um ritmo de expansão anual de 1,1%, num sinal de recuperão.

Exército lança ofensiva no Norte do Iraque

Com helicópteros, tanques e tropas, o Exército do Iraque lançou ontem uma nova ofensiva para retomar a cidade de Sulaiman Pek, ocupado parcialmente nesta semana por rebeldes extremistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante, informou o prefeito da cidade.

Depois de reconquistar parte da cidade na sexta-feira, o Exército enfrentou forte resistência dos jihadistas, que deixaram bombas à beira do caminho e contra-atacaram com franco-atiradores.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

França cresceu 0,3% em 2013

Depois de ficar estagnada no terceiro trimestre, a economia da França cresceu 0,3% no último trimestre de 2013, fechando o ano com expansão de 0,3%, informou hoje o Insee (Instituto Nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos).

No fim do ano passado, o consumo doméstico avançou 0,5% e os investimentos na formação de capital bruto cresceram 0,6%, na primeira alta desde 2011.

Enchente na Inglaterra é sintoma do aquecimento global

As tempestades e enchentes sem precedentes que atingem a Inglaterra são um alerta para os riscos decorrentes do aquecimento global, afirma lorde Nicholas Stern, economista e professor da London School of Economics, informa o jornal inglês The Guardian. Stern foi autor de um relatório de 700 páginas publicado em 2006 a pedido do governo do Reino Unido sobre o impacto econômico da mudança do clima.

Mais de 500 microrregiões da Inglaterra estão em estado de alerta para inundações; em 23, a situação é considerada muito grave, noticia a televisão pública britânica BBC.

O Relatório Stern advertiu que, se nada for feito, o agravamento do efeito estufa terá um custo anual de 5% do produto mundial. Se todos os impactos diretos e indiretos forem computados, essa perda pode chegar a 20%. Recentemente, Stern declarou que acredita ter sido otimista: a realidade é muito pior.

Em artigo publicado hoje no Guardian, o economista destaca que os sete anos mais quentes e os cinco anos com mais chuva da história do Reino Unido foram registrados desde o ano 2000. As chuvas deste inverno são as maiores desde 1776, quando a estatística começou a ser feita.

"Se não cortarmos as emissões [dos gases que aquecem a atmosfera], a temperatura pode crescer quatro graus centígrados ou mais acima dos níveis da era pré-industrial até o fim do século", escreveu Stern. Uma grande mudança climática "poderia causar uma migração em massa de centenas de milhões de pessoas das áreas mais afetadas. Isto levaria ao conflito e à guerra, não à paz e à prosperidade."

Na sua opinião, "a inação só pode ser justificada se tivermos uma grande confiança em que os riscos do aquecimento global são pequenos. Não é o que nos ensinam 200 anos de ciência climática. Os riscos são enormes."