Diante da virtual queda do presidente Viktor Yanukovitch, as regiões da Ucrânia de maior presença russa se mobilizam para lutar por autonomia regional, uma estratégia da Rússia para manter a influência no país. Ontem, o parlamento regional da Crimeia convocou uma sessão extraordinária.
A Crimeia é uma região de maioria russa. Foi doada à Ucrânia em 1954 para marcar os 300 anos de união do país com a Rússia pelo então secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética, o ucraniano Nikita Kruschev.
Na prática, embora a Constituição da URSS permitisse em tese a separação e a independência das repúblicas soviéticas, havia uma expectativa de que isso jamais aconteceria. A história da Ucrânia está intimamente ligada à da Rússia.
O primeiro Estado da história russa é a chamada Rússia Kievana. O primeiro documento da história russa é uma carta de 988 em que Vladimir I, príncipe de Kiev, adota o cristianismo como religião oficial do principado.
Assim, para o nacionalismo russo, a Ucrânia sempre fez parte da Rússia. É parte inalienável do país.
Com o colapso da URSS, em 1991, a Ucrânia declarou uma independência que nunca tinha tido ao longo da história. O Acordo de Minsk, em que Rússia, Ucrânia e Bielorrússia deixaram a URSS, em 8 de dezembro de 1991, foi o golpe definitivo na pátria-mãe do comunismo. Mas os termos do divórcio não eram claros.
Desde o século 18, a Rússia mantinha a Frota do Mar Negro, em Sebastopol, na Crimeia. Um acordo prorrogou o acordo para uso da base naval pela Rússia até 2017. Em 2010, Yanukovitch estendeu o prazo até 2047.
Se a Ucrânia se aproximar do Ocidente, a Frota do Mar Negro será um novo ponto de atrito com a Rússia. Por isso, o parlamento da Crimeia se mobiliza para conquistar autonomia regional.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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