terça-feira, 30 de setembro de 2008

China prende 27 no escândalo do leite

A polícia do Norte da China prendeu 27 suspeitos de envolvimento na adulteração de leite com melamina, uma substância usada na fabricação de plástico.

Cerca de 53 mil crianças ficaram doentes, com pedras e outros problemas nos rins. Pelo menos quatro morreram.

O inquérito que levou às prisões foi realizado na província de Hebei, onde fica a fábrica da empresa Sanlu, uma das maiores indústrias de laticínios chinesas. Lá, foi dado o alarme de que havia leite em pó e fórmulas para bebês contaminadas.

Diversos produtos chineses foram tirados de venda em vários países. Em Hong Kong, que faz parte da China mas tem um governo autônomo, foram encontrados chocolates feitos na China com leite adulterado.

Obama e McCain votam amanhã pacotão da crise

O líder da maioria democrata no Senado dos Estados Unidos, Harry Reid, recebeu autorização para agendar para amanhã a votação do novo projeto para sanear o sistema financeiro americano e controlar a crise internacional.

Os dois senadores que disputam a Casa Branca, Barack Obama e John McCain, anunciaram que estarão lá para votar a favor. Eles se juntaram ao presidente George W. Bush para pressionar o Congresso, já que um dos dois vai receber a herança maldita de Bush.

Tumulto em templo mata 168 na Índia

Um boato sobre queda de um muro provocou tumulto e correria durante uma festa religiosa hindu num templo de difícil acesso, situado dentro de um forte perto da cidade de Jodpur, no estado do Rajastão, no Noroeste da Índia. Pelo menos 168 pessoas morreram e outras 150 ficaram feridas.

Mais de 25 mil devotos tentatam chegar ao templo Chamunda Devi, do século 15, que fica no Forte Mehrangarh, no alto de uma montanha, quando a tragédia ocorreu. Houve um barulho, empurra-empurra, pânico e correria. A polícia só chegou depois para socorrer os feridos.

Os mortos e feridos foram levados para um hospital em Jodpur.

Era o primeiro dia da Navaratri (literalmente, Nove Noites, em sânscrito), uma festa religiosa hindu de nove dias.

Bush faz novo apelo ao Congresso dos EUA

Em pronunciamento esta manhã, antes da abertura da Bolsa de Valores de Nova Iorque, o presidente George Walker Bush advertiu o Congresso que "a crise se agrava a cada dia" e, sem uma ação decisiva, "será longa e dolorosa".

O mercado reagiu positivamente. No momento, o Índice Dow Jones, que mede o desempenho das 30 principais ações da Bolsa de Nova Iorque, sobe mais de 230 pontos.

Mais cedo, as bolsas da Ásia, que abriram em forte queda, recuperaram parte das perdas do dia.

Como hoje e amanhã, o Congresso estará parado por causa das festividades do ano novo judaico, um novo projeto não chegará ao parlamento americano antes de quinta-feira.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Câmara dos EUA rejeita pacotão de Bush

Por 228 a 205, com 133 votos contra de deputados republicanos, a Câmara dos Estados Unidos rejeitou hoje o plano de US$ 700 bilhões do governo George W. Bush para tirar o país da crise, causando pânico nos mercados financeiros internacionais.

Dois terços dos deputados do Partido Republicano votaram contra Bush, negando-se a apoiar um plano que custará centenas de bilhões de dólares aos cofres públicos, enquanto os rebeldes democratas querem mais proteção a quem está ameaçado de perder a casa nova.

Os democratas acusaram os republicanos de não cumprir o acordo fechado na madrugada de domingo. Já os republicanos culparam a presidente da Câmara, deputada Nancy Pelosi, dizendo que ela fez críticas muito duras à política econômica de Bush ao encaminhar a votação, rompendo assim com o acordo bipartidário.

Na Casa Branca, ao receber o presidente da Ucrânia, Victor Iuchenko, Bush insistiu em que algum plano substancial terá de ser aprovado. O secretário do Tesouro, Henry Paulson, voltou a negociar com os congressistas e pediu urgência, antes de um colapso ainda maior no setor financeiro.

Depois de mais um fracasso em suas tentativas de tirar proveito político da crise enquanto nega estar fazendo isso, o candidato republicano à Casa Branca em 4 de novembro, senador John McCain, responsabilizou seu oponente, senador Barack Obama, e aliados de fazerem política com o plano.

Bolsas desabam no mundo inteiro

Com a incerteza diante do plano para tirar os Estados Unidos da crise, as bolsas de valores caíram desde que o mercado abriu. Na Ásia, Tóquio registrou baixa de 1,23% e Hong Kong de 4,3%.

Na Europa, o dia começou mal por causa da estatização banco Fortis pela Bélgica, Holanda e Luxemburgo, de uma sociedade de poupança e empréstimo britânica, a Bradford & Bingley, e de socorro a bancos na Islândia e Dinamarca.

Com a queda do plano americano, as bolsas desabaram. Londres e Paris caíram mais de 5%, Frankfurt, na Alemanha, mais de 4%.

Em Wall Street, o Índice Dow Jones caiu imediatamente 400 pontos e, no final do dia, 777 pontos, a maior queda em pontos em um dia e a maior percentual (6,98%) desde a Segunda-Feira Negra, 19 de outubro de 1987.

Extrema direita avança na Áustria

Dois partidos de extrema direita tiveram juntos quase 30% nas eleições parlamentares de domingo, 28 de setembro de 2008, na Áustria. Os partidos tradicionais perderam votos.

Pelas projeções dos resultados iniciais, a expectativa é que o Partido Social-Democrata caia de 35% para 30%, enquanto o Partido Popular (conservador) baixou de 34% para 26%.

domingo, 28 de setembro de 2008

Correia vence referendo constitucional no Equador

Em mais um passo para implantar "o socialismo do século 21", o presidente Rafael Correa venceu hoje o referendo para aprovar uma nova Constituição no Equador. As pesquisas de boca-de-urna indicam uma vitória do Sim por 70% a 25%.

Será a 20ª Constituição do Equador, que teve três presidentes derrubados nos últimos dez anos.

Entre outras coisas, a nova carta permite a reeleição de Correa até 2017, amplia os poderes do presidente, reduz os poderes do Congresso e do Exército, legaliza a união homossexual e proíbe a existência de bases militares estrangeiras no país.

O Equador tem uma base americana em Manta, mas o acordo vence em 2009 e o presidente Correa já avisou os Estados Unidos de que não será renovado.

Partidos e candidatos aprovam plano nos EUA

Os líderes dos dois grandes partidos no Congresso dos Estados Unidos anunciaram na madrugada deste domingo, 28 de setembro de 2008, que chegaram a um acordo para aprovar o plano de US$ 700 bilhões para tirar o país da crise econômica.

A proposta, que deve ser votada nesta segunda-feira na Câmara e quarta-feira no Senado, tem o apoio dos dois principais candidatos à Casa Branca na eleição de 4 de novembro, os senadores Barack Obama e John McCain.

sábado, 27 de setembro de 2008

Pelosi anuncia acordo sobre plano nos EUA

A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, a deputada Nancy Pelosi, anunciou hoje à noite que os líderes dos Partidos Republicano e Democrata chegaram a um acordo para aprovar o plano de salvação da economia americana.

O acordo chegou a ser anunciado durante a semana. Durante uma reunião do presidente George Bush com os dois candidatos à Casa Branca e os líderes do Congresso na Casa Branca, na quinta-feira, a bancada republicana na Câmara, temendo uma derrota ainda maior do que a prevista nas eleições de 4 de novembro, se recusou a aprovar qualquer projeto que usasse dinheiro público para salvar empresas da Wall Street.

Do lado democrata, Pelosi sempre deixou claro que a oposição concorda com o plano porque a crise exige uma solução urgente, mas é um plano do secretário do Tesouro de Bush, Henry Paulson, para enfrentar uma crise surgida no governo Bush.

Assim, o preço político a ser pago por aprovar um plano que pode custar US$ 700 bilhões ao contribuinte americano, US$ 2.333 por pessoa, precisa ser dividido entre os partidos.

Astronauta faz primeiro passeio chinês no espaço

Zhai Zhigang é o mais novo herói nacional da China. Quarenta e três anos depois do soviético Alexei Leonov e do americano Edward White, ele se tornou o primeiro astronauta chinês a passear no espaço fora da nave.

O feito foi celebrado pelo presidente Hu Jintao como mais um grande salto do povo chinês rumo à liderança mundial no desenvolvimento científico e tecnológico.

Carro-bomba mata 17 na capital da Síria

Um carro-bomba com 200 quilos de explosivos matou pelo menos 17 pessoas hoje em Damasco. O terceiro grande atentado em menos de um ano na Síria, governada com dureza por uma ditadura militar, ocorreu perto de um santuário xiita e de um posto policial no caminho do aeroporto da capital.

Nenhum grupo reivindicou a autoria do atentado. As autoridades sírias suspeitas de extremistas muçulmanos salafistas ligados ideologicamente à rede Al Caeda.

O governo sírio apóia a milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus) e abriga a direção política do Movimento de Resistência Islâmica, o Hamas. Mas massacrou um levante dos seus fundamentalistas na cidade de Hama, em 2 de fevereiro de 1982, matando entre 10 e 25 mil pessoas.

Paul Newman morre de câncer aos 83 anos

Um dos mitos do cinema, o ator americano Paul Newman, morreu hojede câncer aos 83 anos.

Uma das maiores estrelas de Hollywood, fez mais de 50 filmes, foi corredor de automobilismo e criou uma linha de produtos alimentares de onde tirava dinheiro para financiar sua instituição beneficente. Ganhou um Oscar de melhor ator por A Cor do Dinheiro.

McCain tem pequena vantagem no primeiro debate

Ao ser mais agressivo e incisivo, tentando posar como o veterano de guerra experiente enquanto acusava o adversário de não entender a realidade, o senador republicano John McCain levou uma vantagem no primeiro debate presidencial com o senador democrata Barack Obama, realizado ontem à noite na Universidade do Mississípi em Oxford.

Obama esteve bem, mas foi um pouco indeciso. Os dois candidatos se acusaram mutuamente de falta de julgamento para ser presidente dos EUA. McCain foi incisivo e direto, tentando explorar a inexperiência de seu oponente com uma frase que repetiu várias vezes: "O senador Obama parece que não entende ou não percebe..." Foi professoral e arrogante, sugerindo que o oponente é inexperiente para governar o país.

Para a estratégia do medo usada pelo Partido Republicano para ganhar eleições acusando os democratas de serem fracos em defesa, talvez dê resultado, tentando se colocar no lugar do eleitorado americano.

O debate era sobre política externa e defesa, mas começou pela crise econômica, que Obama atribuiu a oito anos de políticas fracassadas do governo republicano de Bush. McCain disse que a maneira de superar a crise é cortando os gastos públicos. Acusou Obama de ser um dos senadores que mais aumentam gastos e de fazer propostas que custariam US$ 800 bilhões.

Obama insistiu que McCain estava errado quanto à guerra no Iraque, dizendo que seria uma vitória rápida e fácil, que havia armas de destruição em massa, que os americanos seriam libertadores e que não havia um histórico de conflito entre sunitas e xiitas. McCain respondeu que Obama não reconhece o sucesso da estratégia de aumento de tropas.

O candidato democrata também foi duro. Repetiu sua tática de apresentar McCain como a continuação da desgraçada era de George Walker Bush, que começou com os atentados de 11 de setembro e terminou com a pior crise econômica desde a Grande Depressão (1929-39). Obama acusou a ideologia econômica ultraliberal republicana dos últimos oito anos pela crise financeira que ameaça empregos, salários, pensões e aposentadorias.

Num balanço final, para os analistas, McCain levou uma pequena vantagem por ser mais agressivo, incisivo e direto, contando com sua maior experiência de herói de guerra que passou quase seis anos preso no Vietnã. Mas pesquisas realizadas durante o debate indicam que o público preferiu Obama, por causa da crise econômica.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Alemanha prende suspeitos de terrorismo

Dois comandos da polícia da Alemanha invadiram hoje de manhã um avião da empresa aérea holandesa KLM no aeroporto de Colônia e prenderam dois suspeitos de terrorismo, um somaliano e um alemão de origem somaliana. A polícia encontrou no apartamento deles o que poderiam ser notas de suicídio.

A imprensa alemã disse que os dois suspeitos, identificados apenas como Abdirazak B. e Omar D., iriam de Amsterdã para Uganda e de lá para o Paquistão, onde entrariam para a União da Guerra Santa Islâmica.

Putin oferece cooperação nuclear a Chávez

Em sua ofensiva para restaurar o poder imperial das eras czarista e soviética, o primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, ofereceu hoje cooperação nuclear ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Durante a visita a Moscou, Chávez assinou acordos de cooperação energética e para realizar manobras militares conjuntas no Mar do Caribe, provavelmente em novembro.

Com a renda do petróleo, o caudilho venezuelano está reequipando suas Forças Armadas. Desde 2005, já comprou da Rússia caças a jato, tanques e rifles de assalto Kalachnikov no valor de US$ 4,4 bilhões.

Agora, estaria interessado em sistemas de defesa antiaérea, blindados e mais aviões de combate.

ONU pede solução para leite chinês contaminado

As Nações Unidas pediram hoje uma ação conjunta para retirar a melamina da cadeia alimentar e restaurar a confiança do consumidor nos produtos lácteos chineses, abalado por um escândalo de contaminação. Pelo menos quatro crianças morreram das 53 mil que ficaram doentes, com pedras nos rins

Em nota conjunta, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização para Agricultura e Alimentos (FAO, do inglês) declararam que "a segurança alimentar é de responsabilidade exclusiva das autoridades públicas", mas "a indústria de alimentos também deve ser responsável por garantir uma oferta de alimentos sadios ao consumidor", especialmente crianças e bebês.

Correa deve vencer plebiscito no Equador

Milhares de partidários do presidente Rafael Correa participam em Guaiaquil, a maior cidade equatoriana, do comício de encerramento da campanha do sim para o plebiscito constitucional de domingo. As pesquisas indicam uma vitória do sim por algo entre 57% e 60%.

A nova Constituição do Equador, de estilo chavista, dará poderes especiais ao presidente, instituindo um “hiperpresidencialismo” em nome da criação de “um novo modelo de sociedade baseado nos princípios de solidariedade, justiça e bem-estar para todos”.

Para Polibio Ceballos, diretor de um instituto de pesquisa, a oposição não tem líder nem organização.

Washington Mutual é maior falência bancária nos EUA

O banco Washington Mutual, que era o maior financiador da casa própria para o cidadão americano, é mais uma vítima da crise. Sob o peso dos papéis podres acumulados na crise iniciada no mercado de crédito hipotecário, afundou e foi fechado.

Seus ativos foram comprados pelo banco J P Morgan Chase, que já tinha abocanhado o banco de investimentos Bear Sterns há seis meses.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

UE proíbe alimentos infantis da China

A Organização Mundial de Saúde (OMS) criticou hoje a governo chinês pelo escândalo do leite e a União Européia (UE) proibiu a venda de alimentos infantis fabricados na China. "A contaminação deliberada de produtos para consumo de crianças é especialmente deplorável", declararam a OMS e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), duas agências da ONU.

Diversos países africanos, da Costa do Marfim, no Oeste, à Tanzânia, no leste, suspenderam a importação de produtos chineses possivelmente contaminados por leite e derivados. Na Ásia, a Coréia do Sul e as Filipinas fizeram o mesmo.

Pelo menos 53 mil crianças chinesas ficaram doentes dos rins e quatro morreram por terem bebido leite contaminado com melamina, uma substância usada na fabricação de plásticos e, no caso, para fraudar o leite, diluindo-o em água e misturando melamina para dar a impressão de maior conteúdo protéico.

Um fiscal brasileiro explicou que o conteúdo protéico é medido pela presença de nitrogênio no leite. Assim, a mistura com outras substâncias frauda o resultado do teste, dando a falsa impressão de que o produto contém proteínas na quantidade exigida pela lei.

A primeira morte aconteceu em 1º de maio. Mas só recentemente a Sanlu, empresa que está no centro do escândalo, admitiu a contaminação. Os funcionários locais do Partido Comunista encarregados de levar o problema ao governo central também falharam.

Um problema do desenvolvimento chinês sob um regime ditatorial do Partido Comunista é a falta de participação da sociedade civil organizada por conta própria na defesa do consumidor e na proteção ao meio ambiente. É falta de democracia.

China lança terceiro vôo espacial tripulado

No terceiro vôo espacial tripulado da China, a nave Shenzhou VII partiu hoje da base de lançamentos de Jiuquã, em meio ao deserto, na província de Gansu. Sua tripulação vai realizar o primeiro passeio espacial fora da nave de um astronauta chinês.

A nave entrou em órbita 20 minutos depois, para júbilo do presidente Hu Jiantao, presente no centro espacial. Hu descreveu o sucesso do lançamento como "outro grande feito do povo chinês na sua escalada rumo ao pico da ciência e da tecnologia mundial".

O chefe da missão, astronauta Zhai Zigang, é o novo herói chinês. Piloto da força, ele é apresentado pela agência oficial de notícias Nova China como um dos cinco filhos de uma família pobre do Nordeste do país. A mãe vendia sementes de melão fritas para financiar seus estudos

Como é uma grande jogada de propaganda, a mídia oficial chinesa não pára de dar detalhes da missão. Os três astronautas terão 80 opções de comida a bordo da Shenzhen VII, inclusive kung-pao, uma galinha apimentada especial.

Embora o governo chinês afirme que seu programa espacial tem objetivos puramente científicos e tecnológicos, os Estados Unidos e o Japão ficaram preocupados desde que a China destruiu um satélite meteorológico obsoleto com um míssil, no ano passado.

O primeiro passeio foi feito pelo soviético Alexei Leonov em 18 de março de 1965. Ele ficou 12 minutos no espaço. Em 3 de junho, a façanha foi igualada pelo americano Edward White, que morreria no acidente da Apolo I, em 1967.

Agora, é a vez da China. O primeiro passeio espacial chinês está previsto para sábado.

Plano americano ainda está no limbo

Depois de um anúncio no início da tarde de que os dois grandes partidos tinham chegado a um acordo no Congresso para aprovar o plano de US$ 700 bilhões para tirar os Estados Unidos da crise econômica, a negociação emperrou no final da tarde.

A bancada republicana na Câmara, que precisa enfrentar as eleições de 4 de novembro, resiste em dar um cheque em branco a um governo desastroso comandado por um presidente extremamente impopular.

O Partido Democrata tentou chegar a um acordo antes que o candidato republicano à Casa Branca, senador John McCain, aparecesse para bancar o grande líder que participaria das negociações para resolver a crise, colocando-se acima dos partidos.

Com a jogada eleitoreira de McCain, tentando tirar partido de uma crise que devolveu a liderança nas pesquisas a Obama, numa aposta de alto risco, o plano americano foi para o limbo.

As negociações recomeçam amanhã às 11h30 em Washington, 12h30 pelo horário de Brasília.

Bush: US$ 700 bilhões ou dilúvio econômico

Num discurso catastrofista feito agora há pouco pela televisão, o presidente George Walker Bush fez uma chantagem emocional com o Congresso e o povo dos Estados Unidos, ao declarar que "toda a nossa economia está em perigo. Ele afirmou que a alternativa ao seu plano de US$ 700 bilhões é uma calamidade econômica, com "uma longa e dolorosa recessão" para a maior economia do mundo.

Bush convocou os dois candidatos com chances na eleição presidencial de 4 de novembro, os senadores Barack Obama e John McCain, para um encontro hoje na Casa Branca. Ambos prometeram cooperar acima das divergências partidárias para superar a crise.

Ao se dirigir ao povo americano para justificar o plano, o presidente declarou que, como republicano, acredita no livre mercado, "mas o mercado não está funcionando". Ele advertiu que o país está à beira do "pânico financeiro" e pintou um quadro assustador: "Outros bancos podem quebrar, perto da sua casa. A queda na bolsa vai diminuir o fundo de pensão da sua aposentadoria. Mais mutuários vão perder suas casas. Haverá menos empregos."

Os deputados e senadores resistem a dar um cheque em branco desse valor para esse que é um dos piores governos da História dos EUA, com um dos presidentes mais impopulares.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Taro Aso é novo primeiro-ministro do Japão

O novo líder do Partido Liberal-Democrata, o ex-chanceler Taro Aso, foi eleito hoje pelo parlamento para governar o Japão. Com ampla maioria na Câmara, ele precisou anular a decisão do Senado, onde o controle é da oposição.

Católico e conservador, Aso tem 68 anos e fala português. Ele morou em São Paulo na juventude, trabalhando para uma empresa da família.

Para se legitimar, o novo primeiro-ministro terá de convocar eleições parlamentares que podem ser realizadas daqui a um mês, em 26 de outubro.

Equador não quer pagar o BNDES

Depois de ocupar militarmente as instalações da construtora brasileira Norberto Odebrecht e de proibir a saída de seus diretores do país, sob acusação de tentativa de suborno, o presidente do Equador, Rafael Correa, ameaçou hoje não pagar a dívida contraída com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar a construção da hidrelétrica de São Francisco.

O governo equatoriano alega que a obra tem diversos problemas estruturais. A empresa os atribuiu a uma erupção vulcânica não-prevista pelo projeto do governo.

É mais um gesto prepotente e arbitrário da chamada esquerda revolucionária da América Latina, que pretende recriar o socialismo no século 21, sob a liderança do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. O discurso do presidente da Bolívia, Evo Morales, na Assembléia Geral da ONU, dizendo que se trava em seu país em embate entre capitalismo e socialismo, foi apenas mais uma declaração de princípios.

Correa está em plena campanha para o plebiscito do próximo domingo. Quer aprovar uma nova Constituição que amplia seus poderes. Em vez de recorrer à Justiça, como seria legítimo e democrático num Estado de Direito, para processar a empresa por suas supostas atividades ilegais e tentativas de suborno, preferiu jogar para as câmeras e para o eleitorado.

Sem querer criar uma crise internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou em Nova Iorque, onde participa da reunião anual da Assembléia Geral das Nações Unidas, que acredita ser possível chegar a um entendimento numa conversa direta com Correa. O Itamaraty espera que a situação se acalme depois da votação no Equador.

Obama abre vantagem de nove pontos

A crise econômica joga a favor do candidato do Partido Democrata à Casa Branca. Na última pesquisa de opinião, contratada pelo jornal The Washington Post e da rede de televisão ABC, o senador Barack Obama teve 52% das preferências, contra 43% para o senador republicano John McCain.

FMI estima prejuízo da crise em US$ 1,3 trilhão

O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima em US$ 1,3 trilhão o prejuízo total da crise financeira iniciada no mercado de crédito hipotecário para clientes de segunda linha nos Estados Unidos, revelou hoje o diretor-geral Dominique Strauss-Kahn. A previsão anterior era de US$ 1,1 trilhão.

Tesouro limita salário de executivos da crise

Em uma concessão à oposição democrata, que tem maioria na Câmara e no Senado, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, concordou em limitar as indenizações para os altos executivos das empresas que receberem ajuda do governo para sair do buraco.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

FBI investiga empresas falidas com a crise

O Birô Federal de Investigações (FBI), a polícia federal dos Estados Unidos, abriu inquérito para investigar possíveis fraudes em quatro grandes empresas destruídas pela crise financeira americana: as megaempresas quase-estatais Freddie Mac e Fannie Mae, a seguradora AIG e o banco de investimentos Lehman Brothers.

Estudante mata dez colegas na Finlândia

Todo de preto e de balaclava, Matti Saari invadiu a Escola de Hotelaria de Kauhajoki e fez o que prometera fazer em vídeos colocados no YouTube: matou dez colegas e se suicidou.

Na véspera, a polícia da pacata cidade do interior da Finlândia interrogara o estudante de 22 anos sobre os vídeos postados na Internet, mas não viu motivo para revogar sua licença para portar armas de fogo.

Como foi o segundo massacre desse tipo em menos de um ano na Finlândia, o primeiro-ministro Matti Vanhanen reconhece que é hora de realizar um amplo debate nacional sobre a legislação que permite portar armas.

Ministros sul-africanos protestam contra golpe branco

Quatorze ministros da África do Sul descontentes com a renúncia do presidente Thabo Mbeki, forçado a deixar o cargo pelo partido do governo, pediram demissão ontem. Entre os demissionários, estão o ministro das Finanças, Trevor Manuel, e seu vice, o que deixa a maior economia africana sem comando.

É a pior crise política no país desde o fim do regime segregacionista do apartheid, em 1994. Mas o secretário-geral do Congresso Nacional Africano negou hoje que sua decisão de afastar o presidente eleito sete meses antes do fim do mandato tenha criado qualquer problema.

Por trás da decisão, está o novo presidente do CNA, Jacob Zuma, que derrotou Mbeki na disputa pela liderança do partido no final do ano passado. Zuma era vice-presidente e fora afastado por Mbeki por corrupção.

Quando a Suprema Corte anulou os processos de corrupção de pesavam sobre ele, e um juiz insinuou que o Executivo usou sua força política para denunciá-lo, Zuma partiu para dar o troco.

Foi um golpe de Estado branco. Para o arcebispo Desmond Tutu, ganhador do Prêmio Nobel da Paz 1984 pela luta contra o apartheid, ao colocar o partido na frente do Estado, o CNA transformou a África do Sul numa "república de bananas".

China acusa Sanlu de encobrir escândalo do leite

O governo da China acusou hoje a empresa que está no centro do escândalo de contaminação do leite servido a crianças e bebês de encobrir o escândalo. Pelo menos 53 mil crianças tiveram problemas renais e quatro morreram.

A primeira morte aconteceu em 1º de maio, mas só na semana passada o problema foi oficialmente admitido pela empresa e pelo governo central de Beijim. Funcionários do Partido Comunista, que governa o país, também foram acusados de não passar a informação ao Comitê Central.

Enquanto os pais fazem fila para examinar seus filhos nos hospitais para crianças da China, começam a circular petições para uma grande onda de ações judiciais de indenização pelos danos, às vezes irreparáveis.

Senador considera plano de Paulson inaceitável

O Congresso dos Estados Unidos se nega a dar um cheque em branco de US$ 700 bilhões para o governo de um presidente extremamente impopular como George W. Bush e prestes a deixar o cargo, em 20 de janeiro de 2008.

Para o senador democrata Christopher Dodd, presidente da comissão de Bancos do Senado, assim como foi enviado pelo Executivo, o projeto de salvação da economia dos EUA é "inaceitável".

O secretário do Tesouro, Henry Paulson, e o presidente da Reserva Federal (Fed), o banco central americano, Ben Bernanke, foram ao Capitólio defender o pacotão. Enfrentaram forte resistência dos senadores.

Afinal, oito dias atrás, o banco Lehman Brothers pediu concordata depois que sua venda não foi apoiada pelo Tesouro e pelo Fed com o argumento de que não seria mais usado dinheiro público para salvar empresas falidas.

Agora, Paulson quer administrar um fundo de US$ 700 bilhões para comprar papéis podres e assim limpar a sujeira que está sufocando o mercado financeiro. Quando os balanços forem limpos, acrescentou Bernanke, esses bancos e instituições financeiras poderão voltar a captar capital privado e a operar normalmente, oferecendo empréstimos a pessoas e empresas.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Tutu: "África do Sul virou república de bananas"

O arcebispo Desmond Tutu, ganhador do Prêmio Nobel da Paz 1984 pela luta pacífica contra o regime segregacionista do apartheid, acusou hoje a atual liderança do Congresso Nacional Africano de transformar o país numa "república de bananas" ao derrubar o presidente Thabo Mbeki sete meses antes do final do mandato.

Mbeki anunciou sua renúncia no domingo, 21 de setembro de 2008, agradecendo à nação pela oportunidade de servir no partido de Nelson Mandela, depois de perder o apoio do CNA. No final do ano passado, ele perdera a eleição para a liderança do partido para o ex-vice-presidente Jacob Zuma, afastado por Mbeki por suspeita de corrupção num negócio de compra de armas.

Bolsa de Nova Iorque volta a desabar

Com a incerteza do mercado quanto ao sucesso do plano de US$ 700 bilhões para salvar o sistema financeiro dos Estados Unidos, o Índice Dow Jones, da Bolsa de Valores de Nova Iorque, caiu hoje mais de 370 pontos (3,3%), fortalecendo uma tendência de baixa que vinha da Europa e no momento atinge as bolsas da Ásia.

Petróleo tem maior alta num dia e vai a US$ 120

Diante da incerteza com o plano para salvar o mercado financeiro dos Estados Unidos, o preço do barril de petróleo teve sua maior alta num dia, de cerca de 16%. É um sinal de que os investidores estão procurando um refúgio seguro, neste caso, produtos primários como ouro e petróleo.

Tesouro pede urgência ao Congresso dos EUA

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, pediu urgência ao Congresso na aprovação das medidas para salvar o mercado financeiro da atual crise a um custo de US$ 700 bilhões para os cofres públicos americanos.

Entre as novidades, a Reserva Federal (Fed), o banco central americano, autorizou ontem à noite os bancos de investimentos sobreviventes, Goldman Sachs e Morgan Stanley, a se transformarem em bancos regulamentados, como os bancos comerciais, que oferecem contas correntes a seus clientes.

É a maior reforma no centro financeiro de Wall St. desde a Grande Depressão (1929-39).

Esses bancos de investimentos eram as antigas corretoras de valores, as empresas que faziam a intermediação das aplicações em bolsas.

Como não recebiam depósitos populares, eram escassamente regulamentados. Estão no olho do furacão. Seu antigo modelo de negócios foi tragado pela crise.

domingo, 21 de setembro de 2008

Partidários de Mbeki podem fundar novo partido

Os aliados do presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, revoltados pela maneira como ele foi pressionado a renunciar pelo Congresso Nacional Africano (CNA), devem romper com o partido histórico que liderou a luta contra o regime segregacionista do apartheid e fundar um novo partido.

Em pronunciamento feito hoje em cadeia nacional de televisão, Mbeki explicou as razões de estar entregando o cargo sete meses antes do fim ao Parlamento da África do Sul. Foi um discurso sem mágoa e sem ressentimento, em que agradeceu a oportunidade de poder ter servido à nação e ao partido de Nelson Mandela, Albert Lutuli, Oliver Tambo e outros heróis.

Sob seu governo, a África do Sul atingiu taxas de crescimento razoáveis, mas a distribuição da renda piorou. O combate à aids foi negligenciado, inclusive por causa de declarações do presidente que associavam a doença mais à miséria do que ao vírus da imunodeficiência humana (HIV).

Em política externa, Mbeki é acusado de ter apoiado durante uma década as arbitrariedades do presidente Robert Mugabe, que levaram o vizinho Zimbábue a uma profunda crise, com uma inflação hoje em 40.000.000% ao ano.

A maior crítica da oposição interna em seu próprio partido era que Mbeki teria se convertido numa espécie de stalinista de mercado. Distante da realidade social do país, incapaz de se comunicar com o povo e o partido, ele não teria feito o suficiente para resgatar da miséria a grande maioria negra sul-africana, longamente massacrada pelo domínio da minoria branca, que durou três séculos e acabou em 1994, com a eleição de Nelson Mandela.

Quando a Suprema Corte anulou os processos por corrupção contra o ex-vice-presidente Jacob Zuma, afastado por corrupção, Zuma contra-atacou. Ele já tinha derrotado Mbeki na eleição para a liderança do CNA no final do ano passado. Só esses processos por corrupção num negócio de compra de armas o afastavam da presidência do país.

Agora, o parlamento pode até antecipar a eleição e Zuma garantiu a candidatura pelo CNA. Ele não conseguiu provar sua inocência. O processo foi anulado por erros de procedimentos da polícia na investigação. Um dos juízes revelou que houve pressões do Executivo para incriminá-lo.

Zuma não é inocente por causa disso. Já se apoderou da máquina do partido e do governo. A queda do presidente hoje foi uma espécie de golpe de Estado branco. O partido cassou o mandato do presidente.

Escândalo do leite atinge 13 mil crianças chinesas

O Ministério da Saúde da China revelou neste domingo que o número de crianças doentes por terem tomado leite contaminado subiu para quase 13 mil. É mais um escândalo a abalar a qualidade da produção industrial chinesa.

Sem democracia, a China, país que mais cresce no mundo, carece de um sistema regulatório eficiente, de fiscalização e de movimentos de defesa do consumidor.

Uma menina de três anos que ficou doente em Hong Kong já recebeu alta. Foi o primeiro caso fora da chamada China continental.

O governo de Hong Kong declarou que foi encontrada melamina, a substância responsável pelo envenenamento do leite, em produtos da multinacional Nestlé. A empresa nega.

Primeiro-ministro de Israel renuncia

O primeiro-ministro Ehud Olmert, indiciado por corrupção, apresentou hoje sua renúncia ao presidente de Israel, Shimon Peres. Ele tinha prometido fazer isso assim que seu partido Kadima escolhesse um novo líder. Na semana passada, o Kadima elegeu a ministra do Exterior, Tzipi Livni, para substituí-lo.

Olmert fica no cargo interinamente até Livni conseguir formar um novo governo. Se não conseguir, haverá eleições antecipadas.

No momento, o favorito é o ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, líder do partido linha-dura Likud, de onde saiu o Kadima, em 2005, por iniciativa do então primeiro-ministro Ariel Sharon, preocupado em criar um partido para negociar um acordo de paz definitivo com os palestinos.

sábado, 20 de setembro de 2008

Chávez expulsa defensores dos direitos humanos

Em mais uma atitude prepotente e arbitrária, a Venezuela expulsou dois diretores da organização não-governamental Human Rights Watch (Vigília dos Direitos Humanos).

Horas antes, José Miguel Vivanco, diretor regional da ONG, e David Wilkinson haviam apresentado um relatório denunciando o desrespeito à liberdade de imprensa, o fim da separação entre os poderes e a intolerância política que marcam os últimos 10 anos desde a vitória de Hugo Chávez na eleição presidencial de 1998.

Ambos tinham entrado na Venezuela com vistos de turista. Isso os impedia de exercer atividades políticas. Foi a desculpa usada pelo chavismo para expulsá-los. Os dois foram detidos e levados diretamente para o aeroporto

Pior foi o argumento do ministro da Informação da Venezuela. Ele acusou a ONG de ser aliada na luta dos Estados Unidos contra o governo venezuelano e de criar um clima propício a uma suposta tentativa de golpe denunciada pelos aliados do presidente na campanha para as eleições municipais venezuelanas. Alguns oficiais foram presos.

É típico de governos autoritários usar a suposta ameaça de inimigos externos para submeter a oposição interna, acusando-a de estar a serviço do inimigo. O presidente dos Estados Unidos, George Walker Bush, e seu Partido Republicano também fazem isso. No seu estilo caubói, tem mais semelhanças do que o caudilho venezuelano desconfia.

A Human Rights Watch não poupado críticas ao governo Bush na sua guerra contra o terrorismo, marcada por tortura, seqüestro, desaparecimento de pessoas e detenções ilegais. Para a propaganda chavista, isso pouco importa.

Em entrevista à GloboNews, Vivanco disse que nunca havia sido expulso de país algum dessa maneira. Ele foi colocado em um vôo da Varig para São Paulo. Só soube qual seria seu destino ao embarcar.

Bush pede US$ 700 bilhões ao Congresso

O governo George Walker Bush vai pedir US$ 700 bilhões ao Congresso dos Estados Unidos para comprar os títulos hipotecários e outras dívidas incobráveis que sobrecarregam o sistema financeiro americano, provocando a atual crise econômica mundial.

A proposta está no plano anunciado ontem para salvar o mercado financeiro dos EUA. Os detalhes estão sendo acertados neste fim de semana numa negociação com o Congresso, que terá de aprovar as novas leis e autorizar um aumento da dívida pública nominal do governo americano de US$ 10,5 trilhões para US$ 11,2 trilhões. Uma primeira versão do projeto chegou hoje aos jornalistas.

Bush pediu urgência ao Congresso para aprovar as medidas antes da próxima sexta-feira, quando começa o recesso parlamentar nos EUA. Mas a oposição democrata, que tem maioria na Câmara e no Senado, exige ajuda também para quem corre o risco de perder a casa própria, na base da pirâmide social.

Só os tubarões de Wall Street têm direito a ajuda de emergência do governo federal?

Terrorista mata 57 em hotel no Paquistão

Um caminhão-bomba destruiu o Hotel Marriot em Islamabad, a capital do Paquistão, no início da noite de hoje pela hora local, matando pelo menos 57 pessoas e ferindo outras 230. O hotel, de uma cadeia americana, muito freqüentado por estrangeiros, pegou fogo e ameaça desabar.

Horas antes, o novo presidente paquistanês, Assif ali Zardari, viúvo da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, fazia seu primeiro discurso no Parlamento. As principais suspeitas recaem sobre fundamentalistas muçulmanos alinhados ideologicamente com a rede terrorista Al Caeda.

Há um ano e dois meses, depois do ataque do Exército ao complexo da Mesquita Vermelha de Islamabad, tomada por extremistas muçulmanos, que matou pelo menos 153 militantes, os chamados talebã (estudantes das madrassás, as escolas que só ensinam o Corão) do Paquistão declararam guerra ao Estado paquistanês.

Desde então, cerca de 70 pessoas foram mortas em atentados terroristas no país, inclusive a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, assassinada num atentado terrorista em 27 de dezembro de 2007, quando fazia campanha para voltar ao poder. Seu Partido Popular Paquistanês (PPP) ganhou a eleição e o primeiro-viúvo, um ex-playboy acusado de corrupção, acabou se tornando presidente.

Único país muçulmano com armas nucleares, o Paquistão é hoje a principal frente na guerra dos Estados Unidos contra o jihadismo, o terrorismo dos fundamentalistas muçulmanos.

Na sua fronteira incerta com o Afeganistão, estariam refugiados os principais líderes da rede terrorista Al Caeda, o saudita Ossama ben Laden e o egípcio Ayman al-Zawahiri, e da milícia dos Talebã, que governou o Afeganistão de 1996 a 2001 com apoio paquistanês. Foi derrubada pela invasão americana de outubro de 2001 para vingar os atentados terroristas de 11 de setembro daquele ano.

Mais tarde, o presidente Zardari, falando em cadeia nacional de televisão, declarou que "o terrorismo é um câncer que precisa ser estirpado" da sociedade paquistanesa.

Presidente da África do Sul renuncia

Sob pressão de seu próprio partido, o Congresso Nacional Africano (CNA), o presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, anunciou hoje sua renúncia ao cargo. Mbeki foi acusado pela Justiça de interferir no processo por corrupção contra o ex-vice-presidente Jacob Zuma.

No final do ano passado, Zuma derrotou Mbeki na disputa pela liderança do partido. Desde então, a única coisa que afastava Zuma da vitória na eleição presidencial do ano que vem era a denúncia por corrupção num negócio de compra de armas.

Há poucas semanas, a Justiça anulou os processos contra Zuma e acusou Mbeki de pressionar o tribunal. A partir daí, a ala pró-Zuma do CNA passou a exigir a renúncia do atual presidente.

Mbeki, que pertenceu ao Partido Comunista da África do Sul, é criticado por ter se tornado um stalinista de mercado. Desde o tempo em que era vice-presidente de Nelson Mandela, aplicava um receituário econômico ortodoxo para reafirmar a posição do país como maior potência econômica africana.

A contrapartida foi a falta dos investimentos sociais necessários para resgatar a maioria negra humilhada e empobrecida por séculos de regime segragacionistas. Zuma promete pagar essa dívida social.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Chávez cutuca Bush pela megaestatização

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, não perdeu a chance para pegar no pé do presidente George W. Bush por causa de megaestatização dos ativos podres nos Estados Unidos. Perto do pacote anticrise de Bush, disparou Chávez, as estatizações na Venezuela são pequeninas.

Bush justifica abandono da ideologia liberal

Os Estados Unidos trocaram a ideologia pelo pragmatismo.

Um dos presidentes mais conservadores da história americana, George Walker Bush precisou explicar hoje a maciça intervenção econômica de seu governo nos mercados financeiro e imobiliário como necessária para "restaurar a confiança", "um fator humano essencial" para a recuperação da maior economia do mundo.

Depois de pregar o liberalismo econômico durante oito anos, este governo republicano prepara-se para empenhar até US$ 1 trilhão, pela estimativa inicial, na limpeza das sujeira nos mercados imobiliário e financeiro.

Como disseram com ironia alguns deputados republicanos ultraconservadores, "bem-vindos à República Socialista Soviética dos Estados Unidos. Os camaradas George Bush, Ben Bernanke e Henry Paulson os saúdam".

Governo dos EUA vai ficar com dívidas incobráveis

Na maior intervenção desde a Grande Depressão (1929-39), o governo dos Estados Unidos vai criar uma instituição para absorver as dívidas incobráveis e limpar o balanço das empresas em dificuldades nos setores habitacional e financeiro. O total de ativos podres é estimado inicialmente entre US$ 500 bilhões e US$ 1 trilhão.

A medida precisa ser “suficientemente grande para ter impacto”, declarou o secretário do Tesouro, Henry Paulson. Ele alegou que a crise atual ameaça poupanças, aposentadorias, casas e empresas. Assim, a alternativa seria muito pior para o contribuinte americano.

O secretário argumentou que a crise não será resolvida se não for eliminada a causa principal, a crise no mercado imobiliário, que ele atribuiu a empréstimos dados e tomados irresponsavelmente no início da década.

O plano começou a ser conhecido ontem, depois de uma reunião de Paulson, o presidente do banco central americano (Federal Reserve), Ben Bernanke, e o presidente da Comissão de Valores Mobiliários americana, Chris Cox, com líderes no Congresso. Tem quatro pontos:
1. Aumentar o financiamento do mercado de crédito para compra da casa própria.
2. Aumentar o financiamento de novos empréstimos para construção e compra de casas.
3. Remover as dívidas incobráveis que estão bloqueando novas operações financeiras.
4. Criar uma nova estrutura regulatória para o mercado financeiro porque a atual está “ultrapassada”.

A notícia provocou euforia nos mercados do mundo inteiro, mas os economistas se perguntam de onde virá tanto dinheiro. O governo americano terá de emitir títulos para se financiar.

A exemplo do que fez a Autoridade de Serviços Financeiros do Reino Unido, a CVM americana suspendeu temporariamente as operações de short selling, no caso, para 799 ações.

Nas operações de short selling, o jogador toma emprestado ações de empresas em queda e vende logo todo o lote para acelerar essa queda, na esperança de recomprar as ações a preço mais baixo na hora de pagar a dívida.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Mulheres serão maioria no parlamento em Ruanda

A Frente Patriótica de Ruanda, que venceu a guerra civil de 1994, liderada pelo atual presidente, Paul Kagame, elegeu 42 dos 53 deputados, mas a grande novidade é que será o primeiro país do mundo com maioria feminina no parlamento.

Além das 20 deputadas eleitas pelo voto direto, o peculiar sistema eleitoral de Ruanda reserva 24 cadeiras a serem preenchidas em escolha indireta para mulheres.

Kagame venceu a guerra civil que provocou o genocídio de 800 mil pessoas, cometido pelo Exército hutu em retirada. Na sua opinião, todos os ruandeses devem contribuir para a pacificação do país, "mas as mulheres fazem isso melhor do que os homens".

Elas teriam também o papel de serem porta-vozes das ruas, da base da sociedade.

Reino Unido proíbe 'short selling'

A Autoridade de Serviços Financeiros da Grã-Bretanha proibiu a operação especulativa conhecida no mercado como short selling.

Nos Estados Unidos, a Comissão de Valores Mobiliários quer fazer o mesmo, pelo menos temporariamente, e o procurador-geral do estado de Nova Iorque, Andrew Cuomo abriu inquérito para investigar se a short selling foi responsável pela quebra do banco Lehman Brothers e da seguradora AIG.

Short selling é uma jogada em que o especulador toma por empréstimo ações de empresas que estão em baixa, vende todo o lote de ações na expectativa de que o preço baixe.

Compra, então, a mesma quantidade de ações, agora com preço menor. Paga a dívida e embolsa a diferença.

Esse tipo de tacada enfraquece mesmo empresas saudáveis, como é o caso do banco Morgan Stanley, que revelou lucros acima da expectativa do mercado na terça-feira mas perdeu 25% do valor no dia seguinte.

Bancos centrais injetam mais US$ 180 bilhões

Os bancos centrais dos países ricos injetaram hoje mais US$ 180 bilhões nos mercados financeiros para conter a crise de crédito provocada pelo colapso de grandes instituições financeiras nos Estados Unidos.

Na Ásia, a Bolsa de Tóquio chegou a cair ao nível mais baixo em três anos, reagindo depois da intervenção dos bancos centrais.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Tzipi Livni lidera partido do governo de Israel

A ministra do Exterior de Israel, Tzipi Livni, pode ser a segunda mulher a governar Israel, depois da primeira-ministra Golda Meir (1969-74).

Tzipi Livni ganhou hoje a eleição interna do partido Kadima (Avante) para suceder o primeiro-ministro Ehud Olmert, indiciado por corrupção. Para ser primeira-ministra, precisa formar uma coligação que aprove seu nome na Knesset, o parlamento israelense.

O atual governo tem como líderes o Kadima e o Partido Trabalhista, liderado pelo ex-primeiro-ministro Ehud Barak, que não esconde seu desejo de voltar ao poder.

Quando o escândalo envolvendo Olmert se tornou incontrolável, Barak ameaçou retirar o apoio dos trabalhistas ao governo. Isso forçaria a realização de uma nova eleição.

No momento, o favorito nas pesquisas é o ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, do partido linha-dura Likud, que é contra a criação de um Estado palestino independente nos territórios ocupados por Israel.

Tzipi Livni está comprometida com o processo de paz com base na fórmula de dois países independentes, Israel e a Palestina, dividindo o território histórico da Palestina.

Seu maior rival no Kadima, o ex-ministro da Defesa e dos Transportes Shaul Mofaz, é um linha dura. Está mais preocupado com o desenvolvimento de armas atômicas pelo Irã.

Olmert fica no cargo até o parlamento aprovar a formação de um novo governo. Ele foi acusado de receber US$ 140 mil de um empresário americano, além de passagens aéreas usadas em seu próprio benefício. Ainda tenta negociar a paz com os palestinos para melhorar sua posição na História.

GM lança carro elétrico

A General Motors, maior fabricante mundial de automóveis, sob risco de perder a liderança para a japonesa Toyota, apresenta seu primeiro carro elétrico, o Volt, como sua salvação e seu futuro.

Rússia suspende operações na Bolsa de Moscou

Depois de uma queda de 10%, a Bolsa de Valores de Moscou suspendeu suas atividades pelo segundo dia seguido, temendo um colapso do mercado, já bastante abalado desde a invasão da ex-república soviética da Geórgia pela Rússia em 8 de agosto de 2008.

Leia mais sobre a crise russa, a pior desde o colapso de agosto de 1998.

Bancos europeus temem ser próximos alvos

A Bolsa de Valores de Frankfurt, na Alemanha, abriu em alta hoje por causa do resgate do AIG pelo banco central dos Estados Unidos. Logo começou a cair porque a crise voltou as atenções para o risco dos bancos europeus. No momento, está em baixa de 1,75%.

O banco inglês Barclays acabou comprando por uma barbada, apenas US$ 1,75 bilhões, o setor de investimentos do Lehman Brothers, que está em liquidação judicial.

Também no Reino Unido, o HBOS (Halifax Bank of Scotland) está negociando sua venda para o Lloyds para não quebrar, depois de forte desvalorização de suas ações.

Bolsas da Ásia têm altos e baixos

As bolsas de valores de Tóquio e Seul fecharam em alta hoje, enquanto HK e Xangai caíram, pressionadas também pelo escândalo do leite contaminado na China.

Leia mais em The Wall St. Journal.

Governadores bolivianos aceitam negociar

Apesar da prisão do governador do departamento de Pando, Rafael Fernández, acusado pelo governo central de genocídio e de contratar pistoleiros para atacar um grupo de índios, os outros governadores de oposição da Bolívia concordaram em retomar o diálogo com o presidente Evo Morales.

A decisão foi tomada pelo mais poderoso de todos, Rubén Costas, governador de Santa Cruz, o departamento mais rico do país, depois de se encontrar em Santa Cruz de la Sierra com o governador de Tarija, Mario Cossío, que negociou em nome da oposição com o vice-presidente Álvaro García Linera.

Eles esboçaram um acordo para incluir na nova Constituição proposta por Morales a questão das autonomias regionais. Mas presidente decretou estado de sítio em Pando, depois de 30 mortes, é certo, prendeu o governador e convocou os movimentos sociais para fortalecer sua posição de negociação.

O problema de Morales é a inflexibilidade na negociação. Não que a oposição esteja disposta a fazer concessões. O que mais faz falta mesmo é a tradição democrática, transigência de ambas as partes na negociação, num país com a História marcada por 193 golpes de Estado.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Rebeldes atacam no Delta do Rio Níger

No seu maior ataque em dois anos, os rebeldes do Movimento de Emancipação do Delta do Rio Níger atacaram ontem um oleoduto da Shell e um campo de petróleo explorado pela Chevron, na principal região produtora da Nigéria.

O Exército nigeriano nega que tenha havido qualquer sabotagem, mas os rebeldes, que lutam por uma melhor distribuição da renda do petróleo e querem expulsar os estrangeiros da região, prometem novos ataques.

Fed dá US$ 85 bilhões para salvar AIG

A Reserva Federal, o banco central dos Estados Unidos, vai dar US$ 85 bilhões para salvar a maior seguradora do mundo, American International Group (AIG), revelou agora há pouco o jornal The New York Times.

Em troca, o Fed ficaria com 80% das ações.

Ontem, quando o colapso do banco Lehman Brothers agravou a crise do AIG, o Tesouro e o Fed tentaram negociar um empréstimo de bancos privados. Teriam pedido ao Goldman Sachs e ao Chase para que emprestassem de US$ 70 bilhões a US$ 75 bilhões ao AIG. Sem o aval do governo, os bancos privados decidiram não correr o risco.

Hoje, o governo preferiu assumir toda a responsabilidade. Como o Tesouro deixara o banco Lehman Brothers pedir concordata na segunda-feira, havia um temor de que o AIG também quebrasse. Mas a empresa foi considerada grande demais para falir.

Oposição diz que diálogo "agoniza" na Bolívia

O diálogo entre o governo e a oposição na Bolívia "não está morto mas agoniza", advertiu hoje o governador do departamento de Tarija, Mario Cossío, representante dos governadores que lutam por autonomia regional nas negociações com o presidente Evo Morales.

As conversas foram suspensas por causa da prisão do governador do departamento de Pando, que faz fronteira com o estado brasileiro do Acre. Leopoldo Fernández é acusado de genocídio. Ele é suspeito de contratar pistoleiros que teriam massacrado 16 índios em Pando na semana passada.

Cossío responsabilizou o governo pelo fracasso no diálogo ao decretar estado de sítio em Pando, onde soldados do Exército prenderam Fernández hoje.

Em La Paz, o presidente defendeu a prisão e convocou os movimentos sociais para fortalecer sua posição negociadora. Morales alega que de nada adianta fazer um acordo, se ele não for acatado por todas as partes.

O primeiro presidente indígena da História da Bolívia convocou um referendo para aprovar, em 7 de dezembro, uma nova Constituição com o objetivo de implantar o socialismo, reduzir a miséria e dar cidadania à maioria indígena.

Ontem, Morales recebeu apoio de uma reunião de cúpula de emergência da União das Nações da América do Sul (Unasul), criada há quatro meses em Brasília. Mas parece que a medida o tornou mais relutante em fazer concessões.

General Petraeus deixa comando no Iraque

O general David Petraeus deixa hoje o comando militar dos Estados Unidos no Iraque com a fama de ter ajudado a reduzir a violência e iniciar a estabilização do país depois da invasão americana de março de 2003. Ele assume o Comando Central das Forças Armadas dos EUA, que inclui o Oriente Médio.

Quando chegou ao Iraque, no início de 2007, o país estava à beira da guerra civil, com ataques e contra-ataques entre xiitas e sunitas.

Bolsas têm mais um dia de cão

Depois do colapso do Lehman Brothers, o quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos, as bolsas da Ásia que não abriram ontem por causa de feridos sofreram hoje o impacto da crise americana.

A Bolsa de Tóquio caiu 4,9% e a de Seul, 6,1%. Sídnei e Cingapura, que funcionaram normalmente na segunda-feira, caíram pouco mais de 2%.

Essa onda de baixa chegou também à Europa, derrubando as bolsas, que neste momento registram quedas de 3% a 4%.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Barril de petróleo cai para US$ 95,71

Com a expectativa de queda no consumo por causa da crise econômica, o preço do barril de petróleo caiu 6% nesta sexta. Na Bolsa Mercantil de Nova Iorque, a cotação baixou para US$ 95,71.

Depois do fechamento do mercado, na negociação eletrônica, o preço caiu ainda mais, para pouco mais de US$ 94 por barril.

Citi recomenda ações do Brasil

O Citigroup, maior banco dos Estados Unidos, rebaixou hoje a recomendação de compra de ações de empresas do México e aconselhou a aquisição de papéis de empresas brasileiras dos setores financeiro, de telefonia e de matérias-primas.

Depois das sucessivas quedas na Bolsa de Valores de São Paulo, os preços se tornaram ainda mais atraentes.

Unasul tenta pacificar a Bolívia

A reunião de cúpula da União de Nações da América do Sul (Unasul) realizada nesta segunda-feira, 15 de setembro de 2008, em Santiago do Chile para discutir uma solução ao conflito político na Bolívia, terminou após seis horas de reunião com o apoio unânime ao governo constitucional boliviano, rejeitando qualquer tentativa de divisão do país.

Por conenso, os nove presidentes presentes em Santiago aprovaram a Declaração do Palácio de La Moneda. Uma comissão aberta a todos os países da Unasul será presidida pelo Chile, que ocupa a presidência rotativa do bloco. Vai acompanhar o processo de negociação iniciado em La Paz.

No texto, os líderes da região dão "seu mais pleno e decidido apoio ao governo constitucional do presidente Evo Morales, cujo mandato foi ratificado por ampla maioria".

O documento é assinado pelos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; da Argentina, Cristina Kirchner; da Bolívia, Evo Morales; do Chile, Michelle Bachelet; da Colômbia, Álvaro Uribe; do Equador, Rafael Correa; do Paraguai, Fernando Lugo; do Uruguai, Tabaré Vázquez; e da Venezuela, Hugo Chávez; e pelo ministro das Relações Exteriores do Peru, que representou o presidente Alan García, único chefe de Estado ausente.

Falência do Lehman Bros derruba bolsas

O pedido de concordata do Lehman Brothers, quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos, com dívidas de mais de US$ 613 bilhões, derrubou hoje os mercados financeiros no mundo inteiro. As bolsas de Nova Iorque (-4,4%) e São Paulo (-7,2%) tiveram seu pior dia desde os atentados de 11 de setembro de 2001.

A situação foi agravada pela notícia de que o American International Group (AIG), a maior seguradora do mundo, pediu um crédito especial à Reserva Federal (Fed), o banco central dos EUA, no valor de US$ 40 bilhões, e pela queda de 1,1% na produção industrial americana em agosto.

Na Ásia, os bolsas de Tóquio, Hong Kong e Xangai não abriram por causa de feriados na China e no Japão. Mas Sídnei, na Austrália, e Cingapura, começaram a evidenciar o pânico dos investidores

Durante uma reunião de emergência para evitar o colapso de mais uma megaempresa americana, a delegacia regional do banco central dos EUA em Nova Iorque pediu aos bancos Chase e Goldman Sachs que dêem empréstimos no valor de US$ 70 a 75 bilhões para recompor o capital do AIG, abalado pela crise financeira americana.

Em Washington, o presidente George Bush declarou que a preocupação do governo é com a saúde do sistema financeiro como um todo. Ele manifestou confiança na recuperação em longo prazo do mercado financeiro dos EUA.

Na campanha eleitoral, o candidato republicano, senador John McCain, elogiou o governo por não ter usado dinheiro público desta vez. Sua vice, a governadora Sarah Palin, culpou Washington pela falta de regulamentação e repetiu seu mantra de que "a mudança está a caminho", uma jogada para roubar o slogan da campanha do senador democrata Barack Obama.

Por sua vez, Obama declarou que não culpava McCain, mas "a filosofia econômica dos governos republicanos dos últimos oito anos" pela especulação financeira e pela falta de regulamentação que levaram à crise atual.

Exército da Bolívia ocupa Cobija

O Exército da Bolívia ocupou esta noite a cidade de Cobija, capital do departamento de Pando, onde o presidente Evo Morales decretou estado de sítio depois de conflitos entre governistas e oposicionistas que causaram 30 mortes. Há uma ordem de prisão contra o governador do departamento (equivalente a um estado brasileiro), Leopoldo Fernández, por não cumprir o estado de sítio.

É a primeira que o Exército boliviano entra em ação desde 2003, quando a chamada Guerra do Gás provocou a queda do presidente Gonzalo Sánchez de Losada.

Leia mais no jornal espanhol El País.

Morales teria pedido ajuda à Unasul

O próprio presidente da Bolívia, Evo Morales, teria pedido à presidente do Chile, Michelle Bachelet, a convocação de uma reunião de cúpula de emergência da União das Nações da América do Sul (Unasul), diante do temor de um golpe de Estado na sexta-feira à noite.

Naquele dia, o comandante do Exército, general Luis Trigo, advertiu que as Forças Armadas não iriam tolerar uma intervenção estrangeira, rechaçando o apoio militar do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. O general ameaçou intervir no conflito interno para manter a ordem, acabar com a violência política, e proteger prédios públicos e instalações de gás e petróleo.

Pelo menos 30 pessoas morreram na Bolívia nos confrontos de rua dos últimos dias entre partidários do Movimento ao Socialismo, do presidente Morales, e da oposição que luta por autonomia regional em cinco dos nove departamentos do país.

O presidente Lula estaria insatisfeito com a polarização provocada pela crise interna boliviana e a expulsão dos embaixados dos Estados Unidos da Bolívia e da Venezuela, e pela rejeição de Morales da oferta de mediação brasileira. Vai ao encontro, mas há uma preocupação de que Chávez e Morales tentem incluir referências aos EUA que não interessam à maioria dos outros países do subcontinente. A exceção é Rafael Correa, do Equador, aliado de Chávez e Morales.

Lehman Brothers pede concordata

O quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos realmente quebrou. Sem conseguir compradores, apesar do envolvido direto do governo americano, através do Tesouro e do banco central, o banco Lehman Brothers pediu concordata, anunciou agora há pouco a BBC World News.

Depois de 158 anos de atividade, de sobreviver a duas guerras mundiais e à Grande Depressão (1929-39), o banco Lehman Bros. caminha para a liquidação judicial.

A notícia deve assustar ainda mais os investidores, que não vêem a crise no mercado financeiro americano chegar ao fundo do poço. Os bancos de investimentos de Wall St. estão pagando com a vida pela bolha no mercado de crédito hipotecário.

Bancos de Wall St. lutam pela sobrevivência

O quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos, Lehman Brothers, quebrado e sem conseguir interessados em comprar sequer sua parte mais saudável, e pode pedir concordata ainda hoje. Para evitar o mesmo destino, o terceiro maior banco de investimentos americano, Merrill Lynch, negociou sua venda ao Bank of America por US$ 44 bilhões.

Na tarde de domingo, 14 de setembro de 2008, uma tentativa de salvar o Lehman Bros. com uma solução de mercado fracassou, quando o banco Barclays, do Reino Unido, desistiu do negócio.

Meses atrás, o secretário do Tesouro, Henry Paulson, negociou um acordo com US$ 30 bilhões de empréstimos com dinheiro público para que o Chase comprasse o quebrado Bear Stearns.

Há duas semanas, o governo assumiu o controle dos dois giantes do mercado de crédito hipotecário dos EUA, Fannie Mae e Freddie Mac, que garantem negócios de US$ 5,3 trilhões.

Desta vez, foi taxativo ao negar o uso de dinheiro público para salvar o Lehman Bros. Mas a expectativa é que o banco central dos EUA coloque à disposição dos bancos uma linha de crédito de cerca de US$ 70 bilhões aos bancos.

O jornal The Wall St. Journal, porta-voz do centro financeiro de Nova Iorque, já admite que apenas dois grandes brancos americanos independentes sobreviverão: Goldman Sachs e Morgan Stanley.

Para agravar ainda mais a crise financeira americana, a gigantesca seguradora American International Group estaria tentando levantar dinheiro no mercado, inclusive com a venda de seus próprios ativos, por necessitar de até US$ 40 bilhões.

domingo, 14 de setembro de 2008

Sarah Palin é a "grande esperança branca"

A fraqueza intelectual e a falta de experiência da governadora do Alasca, Sarah Palin, ficaram evidentes na sua primeira grande entrevista desde que foi indicada candidata à Vice-Presidência dos Estados Unidos daqui a 51 dias.

Assim, uma possível explicação para seu sucesso é que o eleitorado branco de classe média descontente com o candidato do Partido Republicano, senador John McCain, precisava de uma boa desculpa para ficar contra o senador mulato Barack Obama, candidato do Partido Democrata, que pode ser o primeiro afrodescendente a chegar à Casa Branca.

Neste sentido, Sarah pode ser considerada a "grande esperança branca", como observou o colunista Mario Diment no jornal argentino La Nación.

O colunista parte da história de Jack Johnson, o primeiro negro a se sagrar campeão mundial de boxe na categoria peso-pesado, em 1908. Antes, os negros eram proibidos de competir nessa categoria.

Imediatamente, os americanos racistas passaram a procurar um lutador capaz de restaurar a supremacia. Depois de vários fracassos, o ex-campeão Tim Jeffries, que se aposentara sem derrotas, foi convencido a voltar ao ringue como a grande esperança branca. Seus segundos jogaram a tolha no final da luta, depois de duas quedas, para evitar um humilhante nocaute.

Agora, é a vez de Sarah Palin.

Numa descarada manipulação da realidade, Obama, filho de um pai africano que o abandonou e de uma mãe americana pobre, é apresentado pela propaganda republicana como um privilegiado que estudou numa universidade de elite, Harvard, como se não tivesse chegado lá por seus próprios méritos.

Por outro lado, Sarah Palin é pintada como a defensora dos valores tradicionais de deus, pátria e família, a mãe de cinco filhos que equilibra trabalho e vida pessoal, a evangélica que adora armas de fogo e acredita que deus está do lado dos soldados americanos em guerra. O objetivo é fazer com que as mães americanas de classe média baixa ou pobres, as mães do Wal-Mart, a rede de supermercados que compete com preços baixos.

É a glorificação da inexperiência e do antiintelectualismo como estratégia para ganhar eleições. Não é muito diferente do que fizeram os presidentes George Walker Bush e Luiz Inácio Lula da Silva na sua irresistível ascensão.

Lula nasceu pobre, realmente lutou para vencer na vida e fez carreira política num partido de esquerda. Isso lhe dá uma empatia natural com os excluídos que são uma parcela importante da sociedade brasileira.

Suas políticas sociais e a manutenção da política macroeconômica dos governos de Fernando Henrique Cardoso melhoraram a vida das camadas mais pobres da população, o que se traduz nas pesquisas de opinião.

Bush e Palin são conservadores que prometem cortes de impostos para os ricos e acusam os democratas de planejar aumentos de impostos para todos. Como prefeita e governadora do Alasca, ela lutou por 200 emendas parlamentares ao orçamento para ganhar dinheiro público. Seu partido a apresenta como uma rebelde que vai desafiar a burocracia de Washington.

Dentro desta estratégia de iludir o eleitorado, mentindo como Bush mentiu ao justificar a guerra do Iraque, em seu discurso de aceitação da candidatura, o senador McCain disse com falsa ironia que não via a hora de "apresentá-la a Washington". Falava como se a mulher que se descreveu como "um pitbull de batom" não fosse conhecedora dos lobbies e corredores escuros da capital americana que levam à liberação de verbas do Tesouro dos EUA.

Por ironia e falsidade, a burocracia de Washington é um dos alvos favoritos das campanhas eleitorais nos EUA, como se os principais candidatos e os grandes partidos que os representam não fossem frutos desse sistema político. No caso do Partido Republicano, é uma jogada para fazer campanha posando de oposição.

Mas o pior de tudo é o culto da ignorância e do despreparo como virtude, como se bastante o conceito religioso de "missão" para saber o que é certo ou errado nos negócios de Estado.

Governo da Bolívia anuncia acordo com oposição

O governo do presidente Evo Morales anunciou neste domingo ter chegado a um acordo de princípios para incluir a autonomia regional reivindicada por cinco dos nove departamentos do país na nova Constituição.

As negociações vão continuar, mas a batalha nas ruas dos departamentos governados por autonomistas não pára e já ameaça provocar a intervenção do Exército para controlar a ordem interna do país.

Chile convoca Unasul para discutir crise boliviana

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, convocou uma reunião de emergência da União das Nações da América do Sul (Unasul) para discutir, na segunda-feira, a crise na Bolívia e oferecer ajuda ao país para solucionar o conflito entre o governo do presidente socialista Evo Morales e a oposição que luta por autonomia regional para os departamentos mais ricos do país.

sábado, 13 de setembro de 2008

Ike deixa 4 milhões de texanos sem luz

O furacão Ike perdeu força no continente, depois de chegar aos Estados Unidos a 177 quilômetros por hora ontem à noite, deixando 4 milhões de pessoas sem energia elétrica.

Atentados matam 18 na capital da Índia

Pelo menos 18 pessoas morreram em Nova Déli, a capital da Índia, numa série de atentados reivindicados pelos Mujahedin da Índia, um grupo extremista muçulmano.

Talebã matam governador no Afeganistão

Uma bomba colocada à beira da estrada matou o governador da província de Logar, no Afeganistão, Abdullah Wardak. A milícia dos Talebã (Estudantes) reivindicou a autoria do atentado.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Morales decreta estado de sítio em Pando

Depois de nove mortes em confrontos entre partidários do seu Movimento ao Socialismo e da oposição que luta por autonomia regional, o presidente da Bolívia, Evo Morales, decretou estado de sítio no departamento de Pando, no Norte do país.

Exército da Bolívia rejeita ajuda de Chávez

Em um recado claro e direto ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, o comandante do Exército da Bolívia, general Luis Trigo, advertiu que as Forças Armadas não vão tolerar nenhuma intervenção militar estrangeiras. Chávez ofereceu ajuda a Morales em caso de tentativa de golpe ou de guerra civil.

O general também alertou os manifestantes para que parem com atos de violência, ataques a prédios públicos e a instalações de petróleo e gás. Caso contrário, o Exército será obrigado a intervir.

Ike chega esta noite aos EUA a 160 km/h

Cerca de 3 milhões de americanos que vivem na orla do Golfo do México fugiram do furacão Ike. A tempestade chega esta noite ao estado americano do Texas com ventos de 160 quilômetros por hora, ameaçando provocar uma maré alta de até seis metros acima do normal.

O serviço nacional de meteorologia advertiu que, quem mora em casas de até dois andares, deve procurar um lugar seguro porque enfrentar o furacão seria "morte certa".

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Chávez denuncia golpe e expulsa embaixador dos EUA

Em apoio à Bolívia, o presidente Hugo Chávez expulsou da Venezuela o embaixador dos Estados Unidos e chamou de volta o representante venezuelano em Washington.

Horas antes, Chávez tinha anunciado que vários oficiais golpistas foram presos sob a acusação de tramar um golpe militar e de tentar matá-lo.

EUA expulsam embaixador da Bolívia

Em retaliação porque o presidente Evo Morales declarou o embaixador americano persona non grata, expulsando-o da Bolívia sob a acusação de apoiar grupos de oposição separatistas, os Estados Unidos expulsaram o embaixador boliviano em Washington, alegando que seu representante não estava interferindo nos assuntos internos do país mais pobre da América do Sul.

Governo e oposição chegam a acordo no Zimbábue

Os termos de um acordo anunciado ontem entre o governo e a oposição no Zimbábue ainda não foram revelados. Mas tudo indica será a aplicada a mesma fórmula usada no início do ano no Quênia para acabar com outra crise gerada por fraude eleitoral cometida pelo governo: o presidente Robert Mugabe vai continuar no cargo, enquanto o líder da oposição, Morgan Tsvangirai, será indicado primeiro-ministro, um cargo a ser criado.

Morales expulsa embaixador dos EUA

Em meio à maior crise política em dois anos e meio de governo, o presidente Evo Morales decretou ontem a expulsão do embaixador dos Estados Unidos na Bolívia, Philip Goldberg, insinuando que ele é um dos responsáveis por uma tentativa de dividir o país.

Goldberg trabalhou na independência do Kossovo e Morales juntou as duas coisas.

Sem que o governo boliviano apresente indícios concretos da participação americana na conspiração oposicionista, fica difícil de julgar a atitude do presidente da Bolívia. Afinal, a independência do Kossovo foi resultado de uma violenta campanha de repressão deflagrada pelo ditador sérvio Slobodan Milosevic e não de uma conspiração internacional para enfraquecer a Sérvia.

Oposição boliviana ataca gasoduto que serve Brasil

O fornecimento de gás boliviano ao Brasil foi reduzido 3 milhões de metros cúbicos diários ontem, cerca de 10% do total, por causa de um ataque de oposicionistas contra o gasoduto em Villamontes, no departamento de Tarija, responsável por 85% da produção do produto na Bolívia.

Esse ataque ocorreu em meio a uma onda de protestos violentos nos cinco departamentos (o equivalente a estados no Brasil). Eles lutam por autonomia regional em relação ao governo central do presidente Evo Morales, com bloqueio de estradas e ataques a prédios públicos e instalações de petróleo e gás.

A oposição exige o repasse do Imposto Direto sobre Hidrocarbonetos para os departamentos produtores, que Morales está usando para dar pensão a idosos, e rejeita a Constituição, pedra fundamental do projeto socialista do presidente.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou nota lamentando os episódios de violência e desejando que o diálogo político seja prontamente restabelecido na Colômbia. A diplomacia brasileira tenta mediar o conflito, mas a radicalização de ambas as partes e a crescente violência da oposição tornam um acordo cada vez mais difícil.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Petróleo cai para US$ 102,38 em Nova Iorque

Apesar da ameaça do furacão Ike às plataformas de exploração e às refinarias de petróleo do Golfo do México, o preço do barril do tipo West Texas Intermediate caiu para US$ 102,38 na Bolsa Mercantil de Nova Iorque, diante da expectativa de queda no consumo com a desaceleração da economia mundial.

Mais tarde, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) anunciou um corte de 500 mil barris na sua produção diária, de cerca de 28 milhões de barris, aparentemente para evitar que o preço caia abaixo de US$ 100.

Ações do banco Lehman Brothers caem 45%

O colapso de uma negociação com um grupo da Coréia do Sul alimentou a expectativa de falta de liquidez no quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos, Lehman Brothers.

Suas ações perderam 45% do valor hoje, puxando para baixo a Bolsa de Nova Iorque. O índice Dow Jones caiu 2,43%, praticamente eliminando os ganhos da segunda-feira, quando subira 2,58%.

A aposta contra indica que o mercado acredita que o banco não teria o apoio do governo. O Tesouro acaba de assumir o controle dos dois gigantes do mercado imobiliário do país, Fannie Mae e Freddie Mac, poderá gastar US$ 200 bilhões no saneamento do setor de crédito hipotecário.

Ditador não vai à festa da Coréia do Norte

O Querido Líder Kim Jong Il foi o grande ausente da festa de 60 anos de fundação da República Popular Democrática da Coréia, mais conhecida como Coréia do Norte, último país do mundo sob um regime stalinista linha-dura. Tudo indica que Kim esteja doente.

Em Washington, o governo dos Estados Unidos informou que o ditador norte-coreano pode ter sofrido um acidente vascular-cerebral, mas os americanos não vêem sinais de uma luta pelo poder em Pionguiangue.

Kim Jong Il sucedeu ao pai, o Grande Líder Kim Il Sung, fundador da Coréia do Norte, em 1948, quando foi oficializada a divisão do país, que já existia na prática desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Morales se reúne com comando do Exército da Bolívia

O presidente Evo Morales está reunido a portas fechadas com seu ministério e os comandantes do Exército e da Polícia Nacional da Bolívia. Eles examinam medidas para acabar com a violência em Santa Cruz de la Sierra e outras regiões do país governadas pela oposição.

Morales fez uma reforma ministerial ontem à noite. Trocou cinco ministros e declarou que está aberto ao diálogo para resolver a crise entre o governo central e cinco departamentos que lutam por autonomia regional.

Não foi suficiente para conter a fúria dos oposicionistas do departamento de Santa Cruz, o mais rico da Bolívia.

Desde a manhã de hoje, os autonomistas enfrentam a Polícia e o Exército numa verdadeira batalha campal nas ruas de Santa Cruz de la Sierra. A oposição tomou a Empresa Nacional de Telecomunicações, a Receita Federal e o Instituto Nacional de Reforma Agrária da Bolívia.

Os oposicionistas também ocuparam aeroportos nos departamentos de Bêni e Pando, e a Superintendência de Hidrocarbonetos do departamento de Tarija, responsável por 85% da produção de gás da Bolívia. Eles ameaçaram cortar o fornecimento para o Brasil e a Argentina.

Em nota distribuída hoje à tarde, a Petrobrás informa que até o momento não houve nenhuma interrupção no recebimento de gás boliviano.

Sarah Palin energiza campanha de McCain

Com a escolha da governadora do Alasca, Sarah Palin, para candidata a vice-presidente, a chapa do Partido Republicano para a eleição presidencial de 4 de novembro nos Estados Unidos cresceu nas pesquisas.

Em pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Gallup, o senador John McCain obteve 50% das preferências contra 46% para o candidato do Partido Democrata, senador Barack Obama. É mais um sinal do impacto positivo do Furacão Sarah.

McCain e sua vice estão fazendo comícios juntos, ao contrário do previsto, e atraindo muito mais gente do que McCain conseguia sozinho.

Preocupado, Obama vai se encontrar com Bill Clinton para discutir a estratégia da campanha, num sinal de crise. Bill pode dizer que Obama deveria ter escolhido Hillary Clinton para vice. Mas agora é tarde.

O Partido Democrata depende agora da mídia, que pode revelar a verdadeira face de Sarah Palin, uma ultraconservadora que recorreu a lobistas para receber mais emendas parlamentares para seu estado mas se apresenta como campeã da luta contra a burocracia e a corrupção.

Netanyahu defende ação contra o Irã

É um "imperativo categórico" impedir que o Irã tenha armas atômicas, e isso só será possível se o regime fundamentalista iraniano se sentir ameaçado militarmente, declarou hoje o ex-primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu, líder da oposição direitista e favorito para as próximas eleições israelenses.

Bush reduz força no Iraque e aumenta no Afeganistão

O presidente George W. Bush anunciou hoje que até fevereiro, quando ele terá deixado o cargo, mais 8 mil soldados americanos voltarão do Iraque, resultado do sucesso da estratégia de reforço das tropas adotada no início do ano passado. Mais 4,5 mil soldados serão enviados para a guerra no Afeganistão.

Apesar da redução do contingente no Iraque, Bush vai sair do governo deixando 138 mil soldados americanos no Iraque, 8 mil a mais do que no início do reforço.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Rússia promete mais uma vez sair da Geórgia

Durante encontro com uma missão da União Européia chefiada pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, o presidente Dimitri Medvedev garantiu mais uma vez que as forças russas que invadiram a ex-república soviética da Geórgia serão retiradas em até 10 dias após a chegada de 200 observadores da União Européia. Eles serão encarregados de monitorar o cessar-fogo.

Sarkozy insistiu que em uma semana não haverá mais postos de controle militar dos russos em Senaque e no porto de Pôti, Géorgia, e dentro de um mês todas as forças russas devem sair do território georgiano, com exceção das províncias rebeladas da Abcásia e da Ossétia do Sul, onde posavam como força de paz da Comunidade de Estados Independentes, que reúne as ex-repúblicas soviética.

O presidente francês propôs ainda a realização de uma conferência internacional sobre o futuro das províncias rebeldes. Medvedev foi inflexível, reafirmando o reconhecimento apressado da suposta independência da Abcásia e da Ossétia do Sul, que na prática foram anexadas pela Federação Russa.

Como as promessas, sempre feitas por Medvedev, nunca são cumpridas, reforça-se a suspeita de que o verdadeiro poder por trás do trono ainda é Vladimir Putin, agora oficialmente primeiro-ministro da Rússia

Bolsas sobem com intervenção no mercado imobiliário

O mercado internacional reagiu positivamente à intervenção do governo dos Estados Unidos nas duas maiores empresas do setor imobiliário do país. Freedie Mac e Fannie Mae não fazem empréstimos diretos aos compradores de casa própria; financiam e dão garantias de crédito a bancos e instituições que emprestam aos mutuários.

No domingo, o secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, anunciou que o órgão regulador está assumindo o controle das duas companhias quase-estatais para evitar um agravamento ainda maior da crise na maior economia do mundo.

O Tesouro americano pode aplicar até US$ 200 bilhões para salvar Freddie Mac e Fannie Mae. Vai comprar ações preferenciais das duas empresas e títulos de crédito hipotecário emitidos por elas.

Hoje, a porta-voz da Casa Branca garantiu que, assim que as empresas forem saneadas, a maior preocupação será recuperar o dinheiro público.

A medida foi aprovada pelo mercado internacional, a começar pelas bolsas de valores da Ásia, onde Tóquio subiu 4,1%. Na Europa, Londres teve alta de quase 4%. Em Nova Iorque,o Índice Dow Jones se valorizou em 2,58%, com destaque para ações de bancos e instituições financeiros, com a exceção de Fannie Mae e Freddie Mac, que perderam mais de 80% do valor.

Assassinato de africano causa violência no Sul da Espanha

O assassinato de um jovem senegalês de 28 anos, morto no sábado ao se meter numa briga entre imigrantes africanos e ciganos, deflagrou uma onde de protestos em Roquetas del Mar, no Sul da Espanha, no fim de semana.

Revoltados, os africanos tocaram fogo em latas de lixo e carros. Eles jogaram pedras e garrafas na polícia, e bombas incendiárias no apartamento onde moram os suspeitos pelo crime.

A violência continuou no domingo à noite. Pelo menos oito africanos foram mortos. Um terço dos moradores de Roquetas del Mar é de imigrantes que procuram trabalho no vibrante setor agrícola da região de Almería.

domingo, 7 de setembro de 2008

Polícia de Israel indicia Olmert por corrupção

A polícia de Israel decidiu indiciar criminalmente o primeiro-ministro Ehud Olmert por corrupção. Ele é suspeito de ter recebido indevidamente US$ 140 mil de um empresário americano para campanhas eleitorais e usado-os em benefício próprio.

Olmert tentou minimizar a importância da notícia, alegando que a decisão cabe ao procurador-geral.

EUA encampam Fannie Mae e Freddie Mac

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, revelou hoje o plano do governo para salvar as duas maiores empresas do mercado imobiliário, Fannie Mae e Freddie Mac, quase-estatais que davam empréstimos e ofereciam garantias aos bancos e instituições que financiavam a casa própria para os compradores.

As duas empresas serão encampadas pelo órgão regulador e o Tesouro americano vai comprar as ações preferenciais. O Tesouro também vai comprar títulos de crédito hipotecário emitidos por Fannie Mae e Freddie Mac. Além disso, vai abrir uma linha de crédito de seus fundos depositados na delegacia regional de Nova Iorque da Reserva Federal, o banco central dos EUA.

MPLA vence em Angola com mais de 80%

O Movmento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que governa o país desde a independência, venceu as eleições parlamentares da última sexta-feira, as primeiras desde 1992, quando a União Nacional pela Independência Total de Angola (Unita) rejeitou o resultado e a guerra civil recomeçou.

Agora, mais uma vez, a Unita denunciou fraude generalizada. A votação foi caótica na sexta-feira e o governo ganhou, como acontece na maioria dos países africanos. A alternância no poder, uma das características importantes da democracia, é mais a exceção do que a regra.

sábado, 6 de setembro de 2008

Greve na Boeing custa US$ 120 milhões por dia

Os operários da empresa aeronáutica Boeing decidiram parar as máquinas em Seattle, nos Estados Unidos, em uma greve que deve custar US$ 120 milhões por dia à companhia.

A Boeing apresentou uma oferta de contrato coletivo de trabalho rejeitada por 87% dos trabalhadores.

Furacão Ike ameaça Cuba e Golfo do México

A tempestade tropical Hanna chegou hoje à costa Leste dos Estados Unidos, provocando fortes chuvas nos estados da Carolina do Sul e da Carolina do Norte, depois de matar cerca de 500 pessoas ao passar como um furacão pelo Haiti.

O Haiti e Cuba preparam-se agora para o furacão Ike. Com ventos de 215 km/h, tornou-se um furacão de categoria 4. Pode voltar à categoria três, mas ainda assim seria muito perigoso. Ele passaria por toda a ilha de Cuba no domingo, rumo ao Golfo do México.

Viúvo de Benazir é eleito presidente do Paquistão

O primeiro-viúvo, Assif Ali Zardari, herdeiro político da ex-primeira-ministro Benazir Bhutto, foi eleito hoje indiretamente presidente do Paquistão. Ele substituirá o ex-ditador Pervez Musharraf, que renunciou no mês passado para escapar de um processo de impeachment.

Playboy na juventude, Zardari ganhou a sorte grande ao casar com a jovem e bela herdeira de um dos grandes heróis paquistaneses, Zulfikar Ali Bhutto, presidente (1971-73) e primeiro-ministro (1973-77), executado em 1979 por uma das tantas ditaduras militares da história do país.

Benazir foi a primeira mulher a chefiar o governo de um país muçulmano. Durante seu governo, Zardari era conhecido como Sr. 10%, por causa da comissão que cobrava para intermediar negócios com o Estado paquistanês.

Ele chegou lá por mais uma sucessão de erros e tragédias. Há um ano, ninguém cogitaria esse resultado final.

Como o Paquistão é o único país muçulmano com armas nucleares, os Estados Unidos têm muito medo que grupos terroristas islâmicos tenham acesso a bombas atômicas. O general Musharraf era considerado pelo governo americano um guardião confiável do arsenal nuclear paquistanês.

Os EUA articularam uma transição para a democracia em que Musharraf seguiria na presidência e Benazir seria a primeira-ministra. Mas para garantir sua terceira eleição indireta, o general decretou estado de emergência e afastou 60 juízes, inclusive o presidente da Suprema Corte.

Benazir chegou ao país e foi obrigada a atacar o general, extremamente impopular por causa do estado de emergência, na campanha eleitoral. Foi assassinada por radicais muçulmanos, os chamados talebã paquistaneses, em 27 de dezembro de 2007.

Era a chance para Zardari. Ele aproveitou.

Em dezembro, ele declarou que não aspirava cargos: "Sou como Sonia Gandhi", disse, comparando-se com o viúva do primeiro-ministro indiano Rajiv Gandhi.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Condoleezza Rice encontra Kadafi na Líbia

Depois de 55 anos, um chefe da diplomacia dos Estados Unidos visita a Líbia. É um marco na reaproximação dos dois países, grandes inimigos durante a Guerra Fria.

A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, chegou hoje a Trípoli, primeira escala de uma viagem pelo Norte da África. Ela foi recebida pelo ministro do Exterior líbio, Abdel-Rahman Chalgan. Em conversa com os jornalistas durante o vôo, Rice declarou que a visita indica que os EUA não têm inimigos permanentes.

O dirigente máximo da Líbia, Muamar Kadafi, era um dos arquiinimigos dos americanos durante a Guerra Fria, quando o presidente Ronald Reagan (1981-89) o chamou de "cachorro louco do Oriente Médio". A Líbia fica na região do Magreb, no Norte da África. Como é um país árabe e muçulmano, geopoliticamente é ligado ao Oriente Médio.

Kadafi era acusado de apoiar o terrorismo e de tentar desenvolver armas de destruição em massa. Depois de um atentado terrorista contra uma discoteca freqüentada por soldados americanos na Alemanha, Reagan ordenou o bombardeio da Líbia. Na noite de 14 para 15 de abril de 1986, o palácio de Kadafi foi atacado e uma filha adotiva dele morreu.

Em 21 de dezembro de 1988, um Boeing 747 da companhia aérea americana explodiu no ar sobre Lockerbie, na Escócia, matando 270 pessoas. As suspeitas iniciais recaíam sobre grupos palestinos apoiados pela Síria e o Irã. Mas dois agentes líbios foram acusados.

Os EUA só concordaram em reatar as relações diplomáticas depois que a Líbia concordou em indenizar os herdeiros das vítimas. Em troca, os EUA vão compensar a Líbia pelo bombardeio de 1986.

Angola volta às urnas depois de 16 anos

Pela primeira vez desde 1992, os angolanos foram às urnas nesta sexta-feira, 5 de setembro de 2008, para eleger um novo parlamento. Na eleição anterior, a União Nacional pela Independência Total de Angola (Unita) não aceitou a vitória do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que governa o país desde a independência de Portugal, em 1975.

A eleição de 1992 provocou o reinício da guerra civil, que só terminou em 2002, com a morte do líder da Unita, Jonas Savimbi.

Mais uma vez, o MPLA e a Unita são favoritos, e o partido do governo vai ganhar na certa. A diferença é que, com a paz, Angola é hoje o país que mais cresce na África. Superou a Nigéria e passou a ser o maior produtor de petróleo do continente.

Obama critica falta de propostas dos republicanos

Com a oficialização das candidaturas dos grandes partidos à Presidência dos Estados Unidos, a campanha pega fogo na sua reta final.

O senador Barack Obama, do Partido Democrata, foi logo contra-atacando os republicanos: "Eles falaram muito da biografia de McCain, que todos nós respeitos, e falaram muito de mim sem muito respeito", alfinetou.

Já o senador John McCain insistiu em que ele é o candidato mais preparado para trabalhar com os dois partidos, acima dos conflitos tradicionais, em benefício do povo americano.

McCain se define como um lutador

Em tom calmo e sereno, o sendor John McCain aceitou ontem à noite a indicação do Partido Republicano para concorrer à Presidência dos Estados Unidos, apresentando-se como um herói de guerra que precisou lutar muito para vencer na vida, um rebelde e independente que nunca se rendeu ao partido nem aos grupos de interesse (lobbies) e que não trabalha para si próprio mas para o povo americano.

Foi um discurso muito diferente do tiroteio verbal disparado pela primeira mulher candidata a vice-presidente numa chapa republicana. A governadora Sarah Palin atacou duramente o candidato democrata à Casa Branca, senador Barack Obama.

McCain defendeu sua postura em relação à invasão do Iraque, na verdade um erro cometido a partir de uma mentira, mas não citou nem uma vez o nome do presidente George Walker Bush, limitando-se a falar que apoiou o presidente na guerra contra o terrorismo.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Clube de Paris cobra mais US$ 1,2 bi da Argentina

O Clube de Paris, uma organização formada por países ricos, agradeceu à Argentina pelo pagamento de US$ 6,7 bilhões de dívidas atrasadas desde o colapso da dolarização, no final de 2001. Mas disse que ainda faltam US$ 1,2 bilhão para liquidar a dívida argentina com a instituição.

Há dois dias, a presidente Cristina Kirchner, sob pressão da crise econômica interna e da falta de crédito externo, a não ser da Venezuela de Hugo Chávez, anunciou o pagamento total da dívida com as reservas cambiais do Banco Central da Argentina. Mas os números do clube são diferentes, informou o secretário-geral, Xavier Musca.

No dia 15, os membros do Clube de Paris vão examinar o caso.

Furacão Hanna mata 136 no Haiti

A passagem do furacão Hanna pelo Haiti, na terça-feira, causou a morte de pelo menos 136 pessoas. A cidade de Gonaïves e seus arredores foram totalmente alagados pela chuva torrencial que acompanhou o furacão.

Houve resgates heróicos com helicópteros e pequenos barcos a motor realizados pela força de paz das Nações Unidas, comandada pelo Brasil.

Em Gonaïves, os flagelados tiveram de andar com água pela cintura. Eles se queixaram de falta de ajuda do governo haitiano, que prometeu medidas depois de uma grande enchente que matou 3 mil pessoas em 2004.

Medo da recessão derruba bolsas de valores

As fracas vendas no varejo nos Estados Unidos e o aumento do desemprego esperado para amanhã, quando o Departamento do Trabalho divulga suas últimas estatísticas, aumentaram o medo de que a crise econômica americana se transforme numa recessão mundial e derrubaram as bolsas de valores em todo o mundo.

Na Ásia, os investidores temem que a queda no consumo na maior economia do mundo prejudique as exportações asiáticas para o mercado americano. Esse pessimismo contaminou a Europa e chegou a Wall Street.

Resultado: as bolsas de Nova Iorque e Tóquio caíram 3% e Londres, 2,5%/.

Argentina queimam trem na Grande Buenos Aires

Diante dos atrasos sucessivos e da quebra de trens, passageiros atacaram três estações da província de Buenos Aires e tocando fogo em um trem na estação de Castelar, em Morón, na periferia da capital argentina.

Eram seis da manhã quando o trem começou a ter problemas. Ele parou totalmente perto da estação de Castelar, já atrasado, por volta de 8h, quando foi incendiado e atacado a pedradas. A polícia tentou proteger o trem, mas teve de se proteger das pedras com escudos. Sete vagões foram totalmente destruídos pelas chamas.

Um secretário municipal de Morón considerou o protesto violento mas espontâneo, provocado pelo péssimo serviço oferecido para companhia de trens. Já o governo federal argentino alegou que a ação foi orquestrada por um grupo radical de esquerda chamado de Pólo Operário.

Em declaração à imprensa argentina, o Pólo Operário afirmou que não esteve lá mas gostaria de ter estado.

Oposição boliviana aumenta bloqueio de estradas

O auto-intitulado Conselho Nacional pela Democracia (Conalde) decidiu intensificar o bloqueio de estradas nos cinco departamentos da Bolívia que fazem oposição ao governo central do presidente Evo Morales: Santa Cruz, Bêni, Chuquissaca, Pando e Tarija. Também ameaçou cortar o gás exportado pela Bolívia para a Argentina e o Brasil.

A decisão foi tomada depois de uma noite de batalha campal em Trinidad, no departamento de Bêni, onde manifestantes a favor de Morales, quase todos indígenas, foram atacados e expulsos do centro da cidade. Houve ataques claramente racistas distribuídos pelas agências internacionais de televisão.

O ministro do Governo, Alfredo Rada, condenou os atos de violência e os bloqueios de estrada afirmando que eles não têm a aprovação da maioria do povo boliviano.

Furacão Sarah Palin sai atirando

Com um discurso bastante agressivo e muito bem escrito, não por ela, naturalmente, a governadora do Alasca, Sarah Palin, honrou sua biografia de sócia da Associação Nacional do Rifle. Ao aceitar a indicação do Partido Republicano para ser candidata a vice-presidente dos Estados Unidos na chapa liderada pelo senador John McCain, o Furacão Sarah, como foi apelidada pela mídia americana, saiu atirando para todos os lados.

O principal alvo o candidato democrata, senador Barack Obama, descrito como inexperiente e fraco para comandar os EUA em tempo de guerra, como insistem em dizer os republicanos, embora a luta contra o terrorismo não possa ser confundida com uma guerra.

Sarah prometeu ainda combater a rede terrorista Al Caeda e descreveu a invasão do Iraque como um desígnio de Deus, para delírio de uma platéia composta por conservadores brancos, muitos de chapéu de caubói neste grande rodeio para as câmaras que é a Convenção Nacional do Partido Republicano. Ela também é contra as políticas sociais propostas pelo Partido Democrata porque aumentariam impostos e as "ordens emanadas de Washington" e disparou contra a mídia que questionou sua experiência e liderança.

Como uma governadora do Alasca que o Partido Republicano quer nos convencer que enfrentou interesses estabelecidos na burocracia local, Sarah Palin quer agora reformar Washington, curiosamente apresentada na campanha presidencial americana como o grande demônio a ser combatido.

Antes dela, o ex-prefeito de Nova Iorque Rudolph Giuliani, que posou como presidente dos EUA em 11 de setembro de 2001, mas não conseguiu bater McCain nas eleições prévias republicanas, passou aquela mensagem de medo terrível, de um novo fantasma que só McCain pode afastar.

A convenção republicana não pára de repetir que McCain é um herói de guerra. Ele foi prisioneiro no Vietnã. Curiosamente, em reportagem da TV americana CNN feita em Hanói, o diretor de prisão e a enfermeira que o tratou disseram que preferem se lembrar do candidato republicano como um homem que superou os ressentimentos e lutou para restabelecimento de relações diplomáticas entre os ex-inimigos.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Manter multilateralismo é desafio para o Brasil

A defesa do multilateralismo e a integração sul-americana são os maiores desafios da diplomacia, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, na abertura do seminário que festejou os 10 anos do Centro Brasileiro de Relações Internacionais no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, em 2 de setembro de 2008.

O chanceler brasileiro defendeu sua decisão de priorizar as negociações de liberalização comercial da Organização Mundial do Comércio (OMC), alegando que este é um foro internacional multipolar por excelência. As Nações Unidas são dominadas pelas grandes potências com direito de veto no Conselho de Segurança e as outras instituições econômicas internacionais - o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial - têm voto ponderado, com mais peso para os países ricos.

Amorim ainda tem uma última esperança de que seja possível chegar a um acordo na Rodada Doha da OMC até o final de setembro. Se não der, a conclusão da rodada ficará adiada por alguns anos, com risco de aumento do protecionismo e fragmentação do sistema multilateral de comércio.

Com a mudança de governo nos Estados Unidos, o embaixador acredita serem necessários dois a três. Neste período, podem surgir outras prioridades.

“A OMC é fundamental para nossa busca do multilateralismo”, declarou. “Essa é uma política de todos os governos brasileiros. O multilateralismo é a expressão de uma multipolaridade”.

Para o chanceler, a ONU tem “um papel inspiracional”. Sem negar a importância de grandes eventos como a Cúpula da Terra, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), Amorim observa que o único órgão mandatório é o Conselho de Segurança, onde as grandes potências têm poder de veto.

“A OMC, ainda que imperfeita, tem mecanismos de solução de controvérsia”, argumentou o chanceler. “As ações de implementação de suas decisões lhe dão um poder que outras organizações internacionais não têm.”

Na sua visão, a política externa deve ter um “caráter universalista”, no sentido de melhorar as relações com todos os outros países.

Só neste ano, lembrou o ministro, o presidente Lula foi duas vezes à Ásia. A crescente importância internacional do Brasil traz cada vez mais desafios: “A presença do Brasil é requisitada.”

Amorim rejeitou no dia seguinte a acusação do governador de São Paulo, José Serra, de que a política externa do governo Lula fracassou ao não fechar novos acordos comerciais.

“O Brasil nunca deixou de buscar a abertura de mercados em outras areas”, sustentou o ministro. “O primeiro memorando de entendimento com a União Européia foi feito no governo Itamar. Quando estivemos perto de um acordo, o setor agrícola brasileiro considerou a abertura insuficiente”.

Na sua opinião, “as principais distorções do comércio internacional, como os subsídios agrícolas, só podem ser resolvidos na OMC, através de um acordo conjunto. Se queremos valorizar o sistema multilateral, a OMC é importante. Se não conseguirmos chegar a um acordo em comércio, em segurança, o que dizer de outras questões, como mudança do clima…”

Com a fragmentação do sistema multilateral, “ficaremos sujeitos a ações unilaterais”, profetizou. “Sem a ONU, algumas ações internacionais seriam impossíveis, como a missão de paz no Haiti, uma nova forma de missão de paz, com ênfase no desenvolvimento social.”

A integração sul-americana é importante porque “eu moro aqui”, resumiu o chanceler brasileiro: “A idéia de que a gente pode se isolar… Pode haver algum descolamento mas, do ponto de vista mais amplo, é uma necessidade, um desdobramento do Mercosul. O Brasil não pode mais ficar limitado ao Cone Sul.”

Amorim entende que o Conselho de Defesa recebeu “excessiva exposição midiática”, mas festejou: “É a primeira vez em 200 anos que temos um tratado assinado por toda a América do Sul.” E defende “uma integração lastreada em fatos reais e na prática comercial. A América do Sul comprou 20% das nossas exportações e 93% das exportações de manufaturados; os EUA, menos de 15%”.

Este esforço de integração “coincide com o aprofundamento da democracia depois de um ciclo de ditaduras, com ressentimentos em relação a potências externas”.

O ministro contou que passa três a quatro horas por dia ao telefone para falar dos problemas da região: “O remédio não é se retrair, é organizar nossa região. A solução do conflito Colômbia-Equador foi uma rara resolução da OEA (Organização dos Estados Americanos) aprovada por consenso com o apoio dos EUA”.

A própria OMC é um exemplo para Amorim: “Antes os EUA e a Europa se reuniam, depois chamavam o Japão e o Canadá. Hoje, o Brasil e a Índia estão no centro das negociações. O Brasil está lá também por sua capacidade de articulação política e diplomática, sua luta por justiça social e sua seriedade econômica.”

• Na mesa redonda sobre O Brasil na América Latina, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, sustentou que diversos países do subcontinente não terão condições de se desenvolver sem a ajuda dos vizinhos maiores e mais ricos. Ele antevê um futuro com o mundo dividido em blocos.

Imigrantes ilegais chegam mortos nas Canárias

Um barco com imigrantes africanos ilegais chegou hoje ao Sul da ilha Grande Canária, uma possessão espanhola no Oceano Atlântico, próxima à costa da África. Pelo menos 13 estavam mortos, informam as autoridades da Espanha.

Ataque tenta matar primeiro-ministro paquistanês

O carro do primeiro-ministro do Paquistão, Youssuf Reza Gillani, foi atacado a tiros e ficou com duas marcas de balas. Não ficou claro que se ele estava no carro ou seria buscado no aeroporto quando aconteceu o atentado.

A suspeita recai especialmente sobre grupos terroristas muçulmanos como os que mataram, em 27 de dezembro de 2007, a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, que fazia campanha eleitoral para voltar ao poder.

É mais um sintoma da crônica instabilidade do Paquista, o único país muçulmano com armas atômicas, refúgio dos líderes da rede terrorista Al Caeda e da milícia dos Talebã (Estudantes).

Desde julho do ano passado, quando o governo atacou o complexo da Mesquita Vermelha em Islamabad, onde havia várias madrassás, as escolas corânicas que formam radicais, os jihadistas declararam guerra ao Estado paquistanês. Investem contra escolas militares, quartéis, líderes políticos e o chefe de governo.

Ex-democrata apóia McCain e ataca Obama

Em um discurso estarrecedor, o senador Joe Lieberman, candidato a vice-presidente dos Estados Unidos pelo Partido Democrata na chapa liderada por Al Gore, deu total apoio ao senador republicano John McCain, criticou Barack Obama e disse que fazia isso porque "coloca o país acima do partido".

Lieberman apoiou a invasão do Iraque e manteve seu apoio. Quando os democratas reconquistaram a maioria na Câmara e no Senado, nas eleições intermediárias de 2006, a luta contra a guerra foi seu principal tema. O partido negou a candidatura a Lieberman. Ele concorreu como independente e ganhou.

Esse longo ressentimento contra o Partido Democrata foi destilado ontem à noite de forma estudada e cruel, seguindo o ritual das convenções nacionais para indicar candidatos à Casa Branca. Antes de mais, são grandes espetáculos de televisão para tentar conquistar os indecisos ou mesmo mobilizar os ativistas que não estejam muito ligados na campanha. São um grande show.