Ao ser mais agressivo e incisivo, tentando posar como o veterano de guerra experiente enquanto acusava o adversário de não entender a realidade, o senador republicano John McCain levou uma vantagem no primeiro debate presidencial com o senador democrata Barack Obama, realizado ontem à noite na Universidade do Mississípi em Oxford.
Obama esteve bem, mas foi um pouco indeciso. Os dois candidatos se acusaram mutuamente de falta de julgamento para ser presidente dos EUA. McCain foi incisivo e direto, tentando explorar a inexperiência de seu oponente com uma frase que repetiu várias vezes: "O senador Obama parece que não entende ou não percebe..." Foi professoral e arrogante, sugerindo que o oponente é inexperiente para governar o país.
Para a estratégia do medo usada pelo Partido Republicano para ganhar eleições acusando os democratas de serem fracos em defesa, talvez dê resultado, tentando se colocar no lugar do eleitorado americano.
O debate era sobre política externa e defesa, mas começou pela crise econômica, que Obama atribuiu a oito anos de políticas fracassadas do governo republicano de Bush. McCain disse que a maneira de superar a crise é cortando os gastos públicos. Acusou Obama de ser um dos senadores que mais aumentam gastos e de fazer propostas que custariam US$ 800 bilhões.
Obama insistiu que McCain estava errado quanto à guerra no Iraque, dizendo que seria uma vitória rápida e fácil, que havia armas de destruição em massa, que os americanos seriam libertadores e que não havia um histórico de conflito entre sunitas e xiitas. McCain respondeu que Obama não reconhece o sucesso da estratégia de aumento de tropas.
O candidato democrata também foi duro. Repetiu sua tática de apresentar McCain como a continuação da desgraçada era de George Walker Bush, que começou com os atentados de 11 de setembro e terminou com a pior crise econômica desde a Grande Depressão (1929-39). Obama acusou a ideologia econômica ultraliberal republicana dos últimos oito anos pela crise financeira que ameaça empregos, salários, pensões e aposentadorias.
Num balanço final, para os analistas, McCain levou uma pequena vantagem por ser mais agressivo, incisivo e direto, contando com sua maior experiência de herói de guerra que passou quase seis anos preso no Vietnã. Mas pesquisas realizadas durante o debate indicam que o público preferiu Obama, por causa da crise econômica.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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