quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Coreia do Norte contradiz versão de Trump sobre fracasso do encontro com Kim

Em uma rara entrevista coletiva em Pyongyang, o ministro do Exterior da Coreia do Norte, Ri Yong Ho, apresentou uma versão diferente da americana sobre o fracasso do encontro de cúpula do presidente dos Estados Unidos com o ditador Kim Jong Un. Ri negou que seu governo tenha exigido a suspensão total das sanções econômicas internacionais contra seu programa nuclear e indicou que as negociações estão estagnadas.

Kim e Donald Trump se encontraram ontem e hoje pela segunda vez para negociar um acordo para desnuclearizar a Península Coreana. A reunião terminou duas horas antes do previsto. Em entrevista coletiva em Hanói, no Vietnã, o local do encontro, Trump e o secretário de Estado, Mike Pompeo, afirmaram que a Coreia do Norte exigiu o fim das sanções em troca da destruição de uma de suas instalações nucleares.

"Às vezes, é preciso se retirar", alegou o presidente americano, acrescentando que as negociações continuam e que as relações pessoais dele com Kim são excelentes. Trump chegou a dizer que acredita no ditador quando diz que Kim não sabia da prisão e tortura do estudante americano Otto Warmbier, que ficou preso um ano e cinco meses na Coreia do Norte e morreu pouco depois de voltar aos EUA.

Não houve declaração final nem o almoço programado, mas o secretário de Estado garantiu que houve avanços. A Coreia do Norte não confirmou, indicando uma estagnação no diálogo.

Havia a expectativa de que os dois países fizessem uma declaração anunciando o fim da Guerra da Coreia (1953), que terminou com um cessar-fogo, sem que até hoje tenha sido firmado um acordo de paz. Isto poderia levar a uma pressão da Coreia do Norte e da China para a retirada dos 28,5 mil soldados americanos baseados na Coreia do Sul.

Uma das possibilidades de acordo seria o desmantelamento da central nuclear de Yongbion em troca de uma suspensão parcial das sanções econômicas para permitir o reinício das atividades do complexo industrial de Kaesong, no Norte, onde empresas sul-coreanas empregam trabalhadores norte-coreanos.

Neste caso, o alívio parcial das sanções poderia levar a China e a Rússia, rivais dos EUA, a parar de impor as sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. O governo Trump considera a pressão econ ômica essencial para obter concessões do regime stalinista de Pyongyang.

"A impressão que eu tenho é que nosso chefe de Estado parece ter dificuldade em entender a posição dos EUA", afirmou a vice-ministra do Exterior norte-coreana, Choe Son Hui. "Sinto que ele perdeu a vontade de se engajar na negociação de um acordo com os EUA dizendo que mesmo um levantamento parcial das sanções sobre a economia civil seria difícil."

Os EUA insistiram que as sanções só serem retiradas quando a Coreia do Norte aceitar uma desnuclearização total, verificável e irreversível. Yongbion é o principal centro de pesquisas nucleares e a única fonte de plutônio para fabricar bombas atômicas, mas outras instalações produzem urânio enriquecido, outra carga de armas nucleares.

"É difícil dizer se será possível um acordo melhor do que um baseado na nossa atual proposta", comentou o ministro do Exterior norte-coreano. "Nossa posição central não vai mudar, mesmo que os EUA proponham novas negociações no futuro." Esta frase sugere um congelamento do diálogo.

Nenhum analista sério acredita que a ditadura comunista da Coreia do Norte esteja disposta a entregar todas as armas nucleares produzidas com anos de grande esforço e vistas como última garantia de sobrevivência do regime. O país teria entre 20 e 65 ogivas nucleares.

Paquistão liberta piloto da Força Aérea da Índia como gesto de paz

Num "gesto de paz", o primeiro-ministro Imran Khan anunciou hoje que o Paquistão vai libertar amanhã o piloto indiano Abhinandan Varthaman, de um avião abatido ontem numa batalha aérea na região da Caxemira. A Índia exige uma atitude mais firme contra os grupos terroristas muçulmanos paquistaneses.

Depois de contra-atacar ontem, o primeiro-ministro paquistanês pediu a abertura de diálogo. A Índia bombardeou no dia 26 um acampamento da milícia extremista muçulmana Jaish-e-Mohamed (Exército de Maomé), em retaliação ao atentado terrorista que matou 49 policiais militares indianos na Caxemira indiana em 14 de fevereiro.

Em discurso no Parlamento, em Islamabade, Khan pediu à Índia para "não levar adiante a crise. O que quer que façam nos forçará a retaliar", declarou, lembrando que os dois países têm armas nucleares.

O governo indiano disse estar satisfeito com a libertação do piloto, ressalvando que o Paquistão simplesmente cumpriu as determinações das Convenções de Genebra.

Desde que se tornaram independentes do Império Britânico e se dividiram, os dois países travaram quatro guerras e desenvolveram armas atômicas. A principal causa do conflito é a região da Caxemira. Apesar da maioria muçulmana, o marajá Hari Singh optou por aderir à Índia, gerando este conflito que se arrasta até hoje.

EUA cresceram 2,9% em 2018

A economia dos Estados Unidos sofreu uma desaceleração no fim do ano passado. No último trimestre, avançou em ritmo de 2,6% ao ano. Em todo o ano de 2018, a alta foi de 2,9%, o maior crescimento desde 2015, mas ficou levemente abaixo da meta de 3% do governo Donald Trump.

No terceiro trimestre de 2018, a alta fora de 3,4%, abaixo dos 4,2% do segundo trimestre. Quando cortou impostos, especialmente para os ricos e as grandes empresas, Trump prometeu crescimento de 3% durante uma década e talvez 4%, 5% e 6%.

A maioria dos economistas espera um crescimento menor neste ano, mas o presidente do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca, Kevin Hassett, afirmou que "nossas políticas estão funcionando". Ele prevê um avanço de 3% em 2019.

O Conselho da Reserva Federal (Fed), o banco central dos EUA, trabalha com uma alta de 2,3% neste ano.

Encontro de cúpula Trump-Kim fracassa

O presidente Donald Trump e o ditador Kim Jong Un não chegaram a um acordo no segundo encontro de cúpula entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, realizado ontem e hoje em Hanói, no Vietnã, para desnuclearizar a Península Coreana, informou a Casa Branca.

Enquanto os EUA exigem a desnuclearização total, verificável e irreversível da Coreia do Norte, o regime stalinista de Pyongyang quer o fim das sanções econômicas internacionais. Os líderes dos dois países se encontraram pela primeira vez em Cingapura em 12 de junho de 2018 e assinaram uma carta de intenções.

Na época, o presidente americano chegou a afirmar que "a ameaça nuclear norte-coreana está afastada". Como não houve avanço desde então, Trump marcou um novo encontro com Kim. A reunião terminou duas horas antes do previsto.

Em entrevista coletiva, Trump declarou que o encontro foi produtivo, mas admitiu que não houve um avanço significativo para assinar um acordo. A reunião termina sem comunicado final. O secretário de Estado, Mike Pompeo, declarou esperar que seja possível assinar um acordo nas próximas semanas.

"Basicamente, eles queriam a suspensão de todas as sanções e nós não quisemos", afirmou Trump, acrescentando que a relação com Kim continua excelente. O presidente americano não comentou o que o ditador norte-coreano entende por desnuclearização. "Conhecemos o país muito bem e ele só aceitou a desnuclearização parcial."

De acordo com Trump, a Coreia do Norte se comprometeu a não realizar novos testes nucleares e de mísseis. "Consideramos inapropriado assinar um acordo hoje." Ele disse que o fim da conversa foi amigável: "Apertamos as mãos. A relação continua muito boa. São sistemas muito diferentes, mas nos damos muito bem."

Trump negou que tenha faltado preparação: "Às vezes, é preciso sair."

Nenhum analista sério acredita que a Coreia do Norte esteja disposta a abandonar totalmente suas armas nucleares. O regime stalinista de Pyongyang estava disposto a desmantelar a central nuclear de Yongbion, mas o secretário Pompeo comentou que isto ainda deixaria um grande arsenal nuclear e de mísseis.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

"Trump é racista, escroque e trapaceiro", diz seu ex-advogado

Em depoimento de mais de sete horas à Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, o ex-advogado particular do presidente Donald Trump durante dez anos, Michael Cohen, atacou duramente o antigo patrão, acusando-o de uma série de crimes e mentiras capazes de servir de base para um processo de impeachment.

"Ele é racista, escroque e trapaceiro", afirmou o advogado, reconhecendo ter cometido crimes para defender o presidente. "Não estou mais protegendo o Sr. Trump."

Entre as mentiras do presidente, Cohen citou os pagamentos a ex-amantes para evitar notícias negativas durante a campanha eleitoral, negócios com a Rússia, o aumento de sua riqueza para impressionar bancos e a ocultação para enganar o imposto de renda.

Trump orientou diretamente seu advogado a pagar a atriz pornô Stormy Daniels para que o dinheiro não pudesse ser rastreado. Cohen fez cópia dos cheques. Foi reembolsado pelo presidente já no exercício do cargo.

O magnata teria inflado seu patrimônio para obter empréstimos do Deutsche Bank e deflacionado para não pagar impostos. "Cite um país governado por um negro que não seja um buraco de merda", mencionou o advogado como exemplo do racismo de Trump. "Ele me disse que os negros nunca votariam nele porque são muito estúpidos."

O presidente teria entrado na campanha para salvar seus negócios, acusou Cohen: "Ele não esperava vencer as eleições primárias. Nunca esperava vencer a eleição. A campanha, para ele, foi sempre uma jogada de marketing. Ele não queria tornar os EUA grandes de novo. Queria valorizar sua marca."

Cohen depôs sob o ataque de deputados do Partido Republicano. Os defensores de Trump lembraram que ele confessou ter mentido sob juramento ao depor no Congresso. O advogado foi condenado por perjúrio, fraudes bancária e fiscal. Daqui a dois meses, começa a cumprir uma pena de três anos de cadeia, reduzida por colaborar com o Ministério Público.

Em dez anos, contou o advogado, Trump o pediu para intimidar pessoas e empresas umas 500 vezes. O presidente, acrescentou, também sabia de contatos de assessores de sua campanha com o WikiLeaks, um sítio especializado em vazar informações confidenciais de empresas, políticos e países, para revelar mensagens de correio eletrônico do Partido Democrata e assim prejudicar a campanha presidencial de Hillary Clinton.

Pouco antes da Convenção Nacional do Partido Democrata, o assessor Roger Stone conversou com Trump no telefone para dizer que havia falado com Julian Assange, o fundador do WikiLeaks, acusado de piratear documentos sigilosos do Departamento de Estado, relatou o advogado.

"Dentro de alguns dias, vai haver uma derrama maciça de e-mails para prejudicar a campanha de Hillary", teria dito Stone. "Não seria ótimo?", festejou Trump, na versão de seu ex-advogado.

"Sentado aqui hoje, parece inacreditável que eu estivesse tão enfeitiçado por Donald Trump que tenha querido fazer por ele coisas que eu sabia serem totalmente erradas", confessou Cohen. Quando conheceu Trump, via o atual presidente como um "ícone" e um "gigante do setor imobiliário".

Hoje e amanhã, Trump está no Vietnã para o segundo encontro de cúpula com o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong Un. Isso suscitou protestos de deputados, parentes e assessores, alegando que o depoimento enfraquecia o presidente dos EUA no momento de uma negociação internacional importante.

"Você queria trabalhar na Casa Branca e não foi convidado para o baile", ironizou o deputado  Jim Jordan, um dos mais exaltados defensores do presidente. "Não queria", respondeu Cohen. "Michael queria ser chefe da Casa Civil. Virou piada na campanha", retrucou o deputado.

"Você é um mentiroso patológico", disparou o deputado Paul Gosar. "Você está falando de mim ou do presidente?", reagiu Cohen, aconselhando os republicanos a não manchar sua honra para defender um presidente que não merece.

Primeiro-ministro do Paquistão propõe diálogo depois de contra-atacar a Índia

O primeiro-ministro Imran Khan propôs diálogo hoje, horas depois que a Força Aérea do Paquistão atacou alvos militares em território indiano. Foi uma resposta a um bombardeio aéreo da Índia contra um acampamento do grupo terrorista Jaish-e-Mohamed (Exército de Maomé), responsável por um atentado terrorista que matou 49 policiais militares indianos na região da Caxemira em 14 de fevereiro.

As Forças Armadas do Paquistão derrubaram dois aviões de guerra da Índia e capturaram um piloto. Dois caças-bombardeiros paquistaneses alvejaram um arsenal indiano perto da "linha de controle", o nome da fronteira entre os dois países.

Na primeira batalha aérea entre os dois países desde a guerra de 1971, os dois caças-bombardeiros MiG-21 mandados pela Força Aérea da Índia para interceptar os aviões do Paquistão foram abatidos.

"Todas as grandes guerras começam por erro de cálculo. Ninguém sabe como a guerra pode acabar. Minha pergunta para a Índia é, dadas as armas que temos, podemos correr o risco de um erro de cálculo?", declarou o primeiro-ministro Khan. Os dois países são potências nucleares.

A Índia deplorou a "exposição vulgar de um soldado ferido", acusando o Paquistão de violar "o direito internacional humanitário e as Convenções de Genebra". O comandante Abhinandan Varthaman, piloto de aviões de combate há 16 anos, deu entrevista à televisão dizendo estar sendo bem tratado pelo Exército do Paquistão. Ele é filho de um marechal da reserva da Força Aérea, informou o jornal Hindustan Times.

"Apertem as mãos, sentem-se e resolvam isso", disse a mais jovem ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, a estudante paquistanesa Malala Youssafzai, citada pelo jornal paquistanês Dawn, ao fazer um apelo no Twitter aos primeiros ministros Imran Khan e Narendra Modi.

A escritora paquistanesa Fatima Bhutto, neta do primeiro-ministro Ali Bhutto e sobrinha da primeira-ministra Benazir Bhutto, ambos falecidos, pediu a libertação do piloto como um gesto de paz.

O ministro do Exterior do Irã, Mohamad Javad Zarif, reconduzido ao cargo depois de pedir demissão, se ofereceu como mediador. A União Europeia e o Reino Unido pediram contenção às duas partes.

Desde que se tornaram independentes do Império Britânico e se dividiram, a Índia e o Paquistão disputam a região da Caxemira, de maioria muçulmana. Em 1947, as províncias de maioria hindu formaram a Índia e as de maioria muçulmana, o Paquistão. Houve uma migração em massa, de 14 milhões de pessoas, e 2 milhões morreram.

Na Caxemira, o marajá Hari Singh optou por aderir à Índia, gerando este conflito histórico. Desde então, os dois países travaram três guerras, em 1947, 1965 e 1971, antes de desenvolveram armas nucleares.

A Índia tem a bomba atômica desde 1974 e o Paquistão desde 1975. Em maio de 1998, os dois países realizaram testes nucleares e assumiram oficialmente o status de potências nucleares. Outra guerra, em Cargil, em 1999, ficou limitada à região das montanhas do Himalaia.

Para o vice-presidente do Centro de Ásia do Instituto da Paz dos Estados Unidos, Moeed Yussuf, é preciso criar com urgência uma ponte aérea diplomática. Ele adverte que esta é a maior ameaça de guerra nuclear desde a Crise dos Mísseis em Cuba, entre EUA e União Soviética, em 1962.

O Paquistão reivindica a realização de um plebiscito sob supervisão internacional. A Índia considera o conflito na Caxemira uma questão interna.

Alemanha concorda com adiamento da saída do Reino Unido da UE

A Alemanha aceita o adiamento da saída britânica (Brexit) da União Europeia, se o Reino Unido pedir, anunciou hoje a chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel. O presidente Emmanuel Macron declarou anteriormente que só vai concordar se houve um "objetivo claro".

Diante do impasse na Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico sobre os termos do divórcio da UE, é provável que o Reino Unido não deixe o bloco europeu na data prevista, o próximo dia 29 de março. Os outros 27 países-membros devem aceitar a prorrogação do prazo, mas exigir do governo britânico um plano sobre o que pretende fazer com o tempo extra.

O tempo pode ser usado para renegociar o acordo rejeitado pelo Parlamento Britânico, a negociação de um novo acordo, a realização de eleições ou de um segundo plebiscito sobre a Brexit.

Ontem, a primeira-ministra Theresa May revelou que a Câmara dos Comuns deverá votar sobre a extensão do prazo ou uma saída sem acordo com os sócios europeus se não houver um novo acordo até 12 de março.

Nesta semana, o líder da oposição, Jeremy Corbyn, anunciou que o Partido Trabalhista passou a defender uma segunda consulta popular para romper o impasse.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Buhari é reeleito presidente da Nigéria

Depois do adiamento por uma semana e de confrontos que deixaram pelo menos 39 mortos, Muhammadu Buhari foi reeleito hoje presidente da Nigéria para um segundo mandato de quatro anos. A oposição denuncia fraude.

Pelos resultados oficiais, Buhari, de 77 anos, do Congresso de Todos os Progressistas (APC) teve 56% dos votos, contra 41% para o ex-vice-presidente Atiku Abubakar, de 72 anos, do Partido Democrático Popular (PDP), que está pedindo novas eleições em quatro dos 36 estados nigerianos.

Durante a votação, no sábado, 128 pessoas foram presas sob suspeita de crimes eleitorais como tentativa de roubar a urna, compra de votos e identidade falsa. O adiamento por uma semana prejudicou o comparecimento às urnas.

Só 33% dos 84 milhões de eleitores inscritos votaram. Um país com 90 milhões de jovens não se empolgou com uma eleição disputada por dois septuagenários. A abstenção foi maior na região de Biafra, onde só 18% participaram.

Em Lagos, a maior cidade nigeriana, só 20% dos eleitores inscritos votaram. No estado de Borno, onde o grupo terrorista Boko Haram é mais ativo, Buhari teve 90% dos votos.

O presidente reeleito é um general da reserva. Em 1984 e 1985, foi ditador. Esta foi a sexta eleição consecutiva desde a redemocratização da Nigéria, em 1999. Seu primeiro governo democrático foi afetado pela queda nos preços internacionais do petróleo.

A Nigéria é o país mais rico, mais populoso e o maior produtor de petróleo da África, mas cerca de 25% da força de trabalho está desempregada e a metade da população, que neste ano deve chegar a 200 milhões de habitantes, sobrevive com menos de US$ 2 por dia.

Uma das promessas do primeiro governo era derrotar a milícia extremista muçulmana Boko Haram, que se apresenta como a Província do Estado Islâmico na África Ocidental. Desde 2009, quando aderiu à luta armada, o grupo deflagrou uma guerra civil em que pelo menos 31 mil pessoas foram mortas.

No auge da revolta muçulmana no Nordeste do país, foram mais de 11,5 mil mortes. Houve avanços, mas a violência voltou a aumentar em 2018, com cerca de 2,7 mil mortes.

Índia bombardeia área remota do Paquistão em resposta a terrorismo

A Força Aérea da Índia anunciou hoje ter destruído o maior acampamento do grupo terrorista muçulmano Jaish-e-Mohamed (Exército de Maomé) na região da Caxemira sob controle do Paquistão. 

O governo paquistanês afirmou ter repelido o ataque, uma resposta a um atentado suicida que matou 49 policiais indianos em 14 de fevereiro na Caxemira indiana.

Como os dois países são potências nucleares, qualquer ação militar cria o risco de um conflito muito mais sério. O atentado do dia 14 foi o mais mortífero contra as forças de segurança da Índia em 30 anos de conflito de rebeldes muçulmanos contra o domínio indiano sobre a Caxemira.

Quando os dois países se tornaram independentes do Império Britânico, em agosto de 1947, as províncias de maioria hindu formaram a Índia e onde os muçulmanos eram maioria surgiu o Paquistão. A exceção foi a Caxemira, de maioria muçulmana, onde o marajá Hari Singh optou por aderir à Índia.

Desde então, os dois países travaram três guerras, antes de virarem potências nucleares. O Paquistão reivindica a realização de um plebiscito sob a supervisão das Nações Unidas para que a população local decida seu futuro. A Índia rejeita qualquer interferência externa.

Número três do Vaticano é condenado por pedofilia na Austrália

O cardeal George Pell, ex-arcebispo de Melbourne, terceiro homem na hierarquia do Vaticano, onde é ministro das Finanças, foi condenado na Austrália por agressão sexual a menores. Pode pegar 50 anos de cadeia. O caso está sob segredo de Justiça, levantado hoje.

Em 1996, o cardeal atacou dois meninos de 12 e 13 anos do coral da Catedral de São Patrício, em Melbourne, na sacristia da igreja, denunciou o Ministério Público australiano. Ele foi condenado em 11 de dezembro, mas a notícia só pode ser divulgada agora.

Na quarta-feira, haverá nova audiência para o juiz estipular o tempo da sentença. Seus advogados anunciaram que vão recorrer. Pell, de 77 anos, está afastado temporariamente da Santa Sé, onde ainda é oficialmente o ministro das Finanças.

Durante a semana passada, o papa Francisco realizou uma reunião no Vaticano para combater a pedofilia na Igreja Católica, mas não tocou na questão central, o celibato dos padres. Cerca de 70% dos padres australianos são acusados de pedofilia.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Grupo de Lima denuncia Maduro por crimes contra a humanidade

O Grupo de Lima, formado por países da América Latina e o Canadá, pediu hoje ao Tribunal Penal Internacional que abra processo contra o ditador Nicolás Maduro por "crimes contra a humanidade" levando "em consideração a grave situação da Venezuela e a negação do acesso à ajuda humanitária".

A resolução foi aprovada no fim de uma reunião realizada hoje em Bogotá, a capital da Colômbia, em que o Grupo de Lima rejeitou a possibilidade de intervenção militar no país vizinho.

No mesmo encontro, o ministro do Exterior colombiano, Carlos Holmes Trujillo, afirmou que o presidente da Assembleia Nacional e autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, está sofrendo ameaças da ditadura de Maduro.

"Temos informações de que existem ameaças sérias e confiáveis a Juan Guaidó, sua mulher e seus parentes", declarou Trujillo. "Qualquer ação violenta contra Guaidó obrigará o Grupo de Lima a reagir coletivamente, recorrendo a todos os mecanismos legais e políticos."

EUA e Coreia do Norte devem declarar o fim da Guerra da Coreia

Durante o encontro de cúpula de 27 e 28 de fevereiro em Hanói, no Vietnã, o presidente Donald Trump e o ditador Kim Jong Un devem fazer uma declaração conjunto proclamando o fim da Guerra da Coreia (1950-53), noticiou a agência de notícias sul-coreana Yonhap, citando como fonte um assessor presidencial da Coreia do Sul.

A declaração de paz terá um significado simbólico importante para a reconciliação entre as duas Coreias, divididas desde o fim da Segunda Guerra Mundial, quando os Estados Unidos ocuparam o Sul da Península Coreana e a União Soviética, o Norte.

Com o fim oficial da guerra, a Coreia do Norte e a China podem pressionar os EUA a retirar seus 28,5 mil soldados da Coreia do Sul, como o presidente americano já sinalizou que gostaria de fazer, mas deve ser contido pelo Pentágono, preocupado com a ascensão da China.

Trump e Kim se encontraram pela primeira vez em 12 de junho de 2018 em Cingapura, onde assinaram uma carta de intenções prometendo desnuclearizar a Península Coreana. Desde então, a Coreia do Norte suspendeu os testes nucleares e de mísseis, e os EUA as manobras militares conjuntas com a Coreia do Sul. Mas não houve avanços práticos na desnuclearização.

Os EUA pediram ao Norte a apresentação de um cronograma para entregar 60% a 70% de suas armas atômicas dentro de seis a nove meses. A ditadura comunista norte-coreana insiste no relaxamento das sanções econômicas.

Há uma possibilidade de que os EUA suspendam parte das sanções, permitindo a retomada das atividades do complexo industrial de Kaesong, no Norte, onde empresas da Coreia do Sul empregam mão de obra norte-coreana. Mas pode ser um sinal para a China e a Rússia relaxarem as sanções internacionais aprovadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas e minar a estratégia de Trump.

O presidente já reduziu suas expectativas. Em vez de uma desnuclearização total e verificável, está disposto a aceitar um congelamento dos testes nucleares e de mísseis. Para o Japão e a Coreia do Sul, alvos mais próximos dos mísseis nucleares de Kim, um congelamento com desnuclearização a longo prazo significa reconhecer a Coreia do Norte como potência nuclear.



Ele escolheu o Vietnã na expectativa de mostrar que um regime comunista pode criar uma economia forte aderindo à economia de mercado. Mas o grande exemplo de sucesso para a Coreia do Norte é a Coreia do Sul e Kim não tem a menor intenção de democratizar seu país.

Desemprego na Zona do Euro é o menor em dez anos

A taxa de desemprego nos 19 países da União Europeia que usam o euro como moeda comum ficou 7,9% no fim do ano passado. É a menor em 16 anos. Nos 28 países da UE como um todo, o desemprego era ainda menor no fim do ano passado, de 6,6%, o menor desde janeiro de 2000, quando a pesquisa começou.

O desemprego baixou em um terço desde setembro de 2013, no auge da Crise do Euro, quando chegou a 12%. A recuperação do mercado de trabalho foi lenta, mas estável.

Há uma variação muito grande entre os países do bloco europeu. A Alemanha, país mais rico da Europa, tinha apenas 3,3% de desempregados no fim de 2018. As três maiores economias depois da Alemanha têm índices bem mais altos: França (9,1%), Itália (10,3%) e Espanha (14,3%).

Mesmo com um desemprego elevado, a situação da Espanha melhorou significativamente desde 2013, quando passou de 25%, com 56% entre os jovens de 16 a 24 anos. A Itália entrou em recessão no fim do ano passado, então a expectativa é de piora.

Partido Trabalhista apoia segundo plebiscito sobre saída britânica da UE

Em uma mudança de posição depois que vários deputados abandonaram o partido, o líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, anunciou hoje o apoio à realização de uma segunda consulta popular sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, marcada para 29 de março, "para evitar uma Brexit conservadora", noticiou o jornal Financial Times.

Por 52% a 48%, em 23 de junho de 2016, um plebiscito aprovou a Brexit (saída britânica), mas o eleitorado não sabia quais seriam os termos do divórcio. Como a Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico rejeitou o acordo negociado pela atual primeira-ministra, Theresa May, com os outros 27 países da UE, há uma crise potencialmente devastadora para a economia do país.

Vários membros do governo paralelo da oposição temem uma reação negativa do eleitorado do Partido Trabalhista que votou pela saída, especialmente em regiões desindustrializadas do Norte da Inglaterra.

É difícil que a proposta de um segundo plebiscito seja aprovada na Câmara dos Comuns, onde o governo May tem uma pequena maioria. O argumento a favor é que os eleitores não sabiam em que estavam votando e foram enganados por uma campanha de mentiras e notícias falsas dos eurocéticos.

A primeira ministra marcou para 12 de março uma nova votação no Parlamento. Se o acordo negociado com a UE for rejeitado mais uma vez, como tudo indica, as alternativas seriam uma "saída dura", sem qualquer acordo, ou um adiamento.

May alega que um adiamento não mudaria nada substancialmente, só daria mais tempo, mas a UE não está disposta a renegociar o que foi acertado.

EUA impõem sanções a governadores aliados de Maduro na Venezuela

Durante reunião com os países do Grupo de Lima, em Bogotá, na Colômbia, o vice-presidente Mike Pence anunciou hoje novas sanções dos Estados Unidos contra governadores estaduais da Venezuela alinhados à ditadura de Nicolás Maduro, acusando-os de dificultar a entrega de ajuda humanitária, noticiou o jornal americano The Washington Post.

Pence reiterou a ameaça de intervenção militar: "Ao manter a pressão econômica e diplomática sobre o regime de Maduro, esperamos uma transição pacífica para a democracia, mas, como o presidente Donald Trump deixou claro, todas as opções estão na mesa."

Pelo menos quatro civis foram mortos no fim de semana em choques com a Guarda Nacional Bolivariana e milícias ligadas ao regime chavista. Em três semanas de protestos, são ao menos 23 mortes, noticiou a televisão pública britânica BBC. Mais de 160 policiais e militares desertaram e fugiram para a Colômbia ou o Brasil.

Na capital colombiana, Pence se encontrou com o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, deputado Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino em 23 de janeiro, e representantes do Grupo de Lima, formado por 13 países latino-americano, inclusive o Brasil, e o Canadá. Só o México não reconheceu Guaidó como presidente legítimo.

As sanções foram impostas pelo Departamento do Tesouro dos EUA. "As tentativas do regime ilegítimo de Maduro de bloquear a ajuda internacional ao povo venezuelano são vergonhosas", declarou em Washington o secretário Steven Mnuchin.

"O Tesouro está atingindo quatro governadores alinhados ao ex-presidente Maduro por ficarem no caminho da ajuda humanitária criticamente necessária e prolongarem o sofrimento do povo venezuelano", acrescentou.

São eles os governadores Omar José Prieto, do estado de Zulia, denunciado pelo Tesouro de ser um centro do crime organizado, tráfico de drogas e assassinato por encomenda; Ramón Alonso Carrizález Rengifo, de Apure, acusado de endossar ameaças aos manifestantes da oposição; Jorge Luis García Carneiro, de Vargas; e Rafael Alejandro Lacava Evangelista, de Carabobo.

domingo, 24 de fevereiro de 2019

Trump dá mais prazo às negociações comerciais com a China

O presidente Donald Trump anunciou hoje que não vai aumentar as tarifas de importação de produtos da China em 1º de março, dando mais tempo às negociações, por causa de um "progresso substancial" em "conversas produtivas". Trump planeja se encontrar com o ditador chinês, Xi Jinping, no seu clube de golfo em Mar-a-Lago para "concluir as negociações".

A declaração foi feita no fim de uma nova rodada de negociações entre o representante comercial dos Estados Unidos, Robert Lighthizer e o vice-primeiro-ministro da China, Liu He, realizada no fim de semana em Washington. Trump não fixou um novo prazo-limite para chegar a um acordo.

Depois de uma escalada na guerra comercial que levou o governo americano a impor tarifas sobre US$ 250 bilhões de produtos chineses importados num ano, Trump e Xi acertaram uma trégua de 90 dias num jantar em Buenos Aires, durante uma conferência de cúpula do Grupo dos 20, em Buenos Aires, em 30 de novembro.

Trump havia ameaçado aumentar de 10% para 25% as tarifas de importação sobre US$ 200 bilhões de importações anuais da China. Além da redução do déficit comercial de US$ 375 bilhões em 2016, os EUA exigem da China reduções de subsídios, o fim da espionagem, da pirataria industrial e da pressão para transferência de tecnologia, com respeito à propriedade intelectual, e menos restrições aos investimentos de empresas americanas.

A expectativa é que a China aumente as importações de produtos americanos e fortaleça o respeito à propriedade intelectual, o que interessa aos chineses, hoje os maiores fabricantes do mundo de produtos industriais. Nas outras questões, que mudariam o modelo econômico chinês, deve haver resistência.

Horas depois, as bolsas de valores da Ásia abriram em alta, na expectativa de um acordo que acabe com o risco de uma guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta. Seria um forte abalo da economia internacional.

sábado, 23 de fevereiro de 2019

Boko Haram lança vários ataques contra eleição presidencial na Nigéria

O grupo terrorista Boko Haram, que se apresenta como a Província do Estado Islâmico na África Ocidental, fez uma série de ataques no Nordeste da Nigéria para boicotar as eleições parlamentares e presidencial no mais rico e mais populoso país africano. Entre os alvos, estão o aeroporto de Maiduguri, capital do estado de Borno, um quartel do Exército e um campo de refugiados.

A eleição presidencial da Nigéria estava marcada para o sábado passado. Foi adiada por uma semana sob o pretexto de que havia sido impossível entregar o material de votação em todas as regiões do país.

Ao todo, 73 candidatos disputam a eleição presidencial, mas só dois são candidatos têm chances reais, o atual presidente e ex-ditador Muhammadu Buhari, do Congresso de Todos os Progressistas (APC), e o ex-vice-presidente Atiku Abubakar, do Partido Democrático Popular (PDP). O resultado oficial é esperado no dia 26 de fevereiro.

Desde 2009, o Boko Haram, que significa "repúdio à educação ocidental", aderiu à luta armada para impor a lei islâmica, inicialmente no Nordeste da Nigéria e depois em toda a África Ocidental. Nos últimos anos, a milícia se dividiu em duas facções.

Buhari foi eleito em 2015 com a promessa de acabar com a insurgência.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Maduro instala mísseis antiaéreos na fronteira com o Brasil

Diante do aumento de tensões com a tentativa de entregar ajuda humanitária que rejeita, a ditadura de Nicolás Maduro instalou sistemas de mísseis de defesa antiaérea de última geração fabricados na Rússia S-300 junto à fronteira da Venezuela com o Brasil, noticiou o boletim de notícias brasileiro DefesaNet.

O sistema foi instalado junto ao aeroporto da cidade venezuelana de Santa Elena do Uairán, que fica a 11 quilômetros de Pacaraima, no estado de Roraima, do lado brasileiro da fronteira.

Como o sistema amplia a cobertura de radar e permite abater aviões no espaço aéreo do Brasil, a medida pode ser considerada um ato de agressão, com base numa lei brasileira de 2007. O porta-voz do Palácio do Planalto, general Otávio Rêgo Barros, declarou que a notícia não foi confirmada.

Sob pressão internacional, com a economia venezuelana à beira do colapso e mais de 80% da população passando necessidade, o ditador rejeitou a ajuda humanitária enviada pelos Estados Unidos e aliados como o Brasil e a Colômbia e colocou a Força Armada Nacional Bolivarista (FANB) em estado de alerta.

A fronteira com a Colômbia ainda está aberta, mas os militares venezuelanos bloquearam pontes para impedir a chegada da ajuda humanitária, prevista para este sábado. A fronteira com o Brasil foi fechada hoje. O espaço aéreo da Venezuela também está fechado.

As forças de segurança de Maduro atacaram civis que tentavam impedir o bloqueio à ajuda humanitária perto da fronteira com o Brasil. Pelo menos dois índios foram mortos e 11 feridos em estado grave estão internados num hospital brasileiro.

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional do governo brasileiro, general Augusto Heleno, afirmou que o Brasil não adotará nenhuma medida de força, a não ser se for alvo de agressão.

Este sábado será um dia decisivo para a tentativa de oposição e dos EUA, com o apoio do Brasil e da Colômbia, para fazer chegar a ajuda humanitária. Maduro nega que a Venezuela necessite de ajuda. 

O presidente da Assembleia Nacional, deputado Juan Guaidó, que há um mês se autoproclamou presidente interino e foi reconhecido como líder legítimo do país por mais de 50 países, inclusive o Brasil, chegou hoje à cidade de Cúcuta, na Colômbia, para organizar a ajuda humanitária.

Se os militares venezuelanos permitirem a entrada de alguma ajuda, será um duro golpe à autoridade de Maduro. Guaidó declarou que o comboio em que viajou recebeu ajuda ou pelo menos teve o consentimento dos militares. Se atacarem os civis interessados na ajuda, o ditador perderá ainda mais sua autoridade moral e legitimidade diante dos venezuelanos.

A oposição, os EUA e aliados tentam jogar a população desesperada contra Maduro na esperança de dividir a FANB, sustentáculo do regime chavista, e conquistar o apoio do oficialato de baixa patente, que não tem os privilégios dos altos oficiais que apoiam a ditadura.

Atentado contra empresa dos EUA deixa três mortos em Moçambique

Atiradores não identificados mataram pelo menos três pessoas em três ataques contra um comboio da companhia americana de petróleo e gás natural Andarko no Norte de Moçambique, noticiou hoje a agência de notícias Bloomberg.

O primeiro ataque a uma empresa de gás e petróleo é uma escalada nas ações armadas de rebeldes muçulmanos iniciadas no fim de 2017 na região de Cabo Delgado, onde foram registrados seis ataques recentemente.

Grandes empresas de energia planejam investir US$ 50 bilhões em projetos de gás natural no país africano. A insurgência muçulmana representa uma ameaça que o Exército de Moçambique não está conseguindo controlar.

Democratas propõem resolução para derrubar emergência de Trump

O deputado federal texano Joaquin Castro apresentou hoje à Câmara dos Representantes dos Estados Unidos um projeto de resolução para anular o decreto do presidente Donald Trump que declarou emergência na fronteira com o México, alegando que a imigração ilegal ameaça a segurança nacional.

Com o apoio de outros 221 deputados do Partido Democrata, deve ser aprovada sem problemas na Câmara, mas vai precisar do voto de republicanos no Senado, onde o partido de Trump tem uma maioria de 53 a 47.

Vários senadores do Partido Republicano criticaram a decisão de Trump por criar um precedente para que futuros presidentes superem a oposição do Congresso. Um presidente democrata poderia, por exemplo, decretar emergência sobre temas como o controle de armas e o aquecimento global.

Assim, não é impossível que os democratas consigam o apoio de alguns republicanos para derrubar o decreto de Trump. Se o presidente vetar a resolução, será necessária uma maioria de dois terços nas duas casas do Congresso para derrubar o veto.

Em carta aos congressistas do partido, a presidente da Câmara, deputada Nancy Pelosi, pediu o apoio de todos os seus colegas: "A declaração de emergência de Trump mina a separação de poderes e o poder do Congresso de controlar os gastos públicos, um poder reservado pela Constituição para o Poder Legislativo, que tem tanto poder quando o Executivo."

Na semana passada, depois que o Congresso autorizou uma despesa de US$ 1,4 bilhão para a construção de um muro na fronteira com o México, Trump decretou emergência. Isto lhe permitira alocar US$ 8 bilhões para a obra. Dezesseis estados entraram na Justiça contra a emergência de Trump.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Audiência da programação normal de TV desaba nos EUA

A audiência da programação normal da televisão aberta ou por assinatura está caindo drasticamente nos Estados Unidos, num sinal do que vai acontecer no resto do mundo, mesmo entre a chamada geração da TV, que hoje tem mais de 55 anos, indica um estudo da empresa de pesquisas de mercado Moffett Nathanson, citada pelo jornal inglês Financial Times.

Entre o público de 18 a 49 anos, que está no auge da fase de produção e consumo, a baixa foi de 14% em 2018. Na faixa de 2 a 11 anos, a queda foi de 10%.

A grande maioria dos telespectadores não quer mais sentar na frente da TV na hora programada pelas emissoras. Quer ver programas sob encomenda na hora em que ele, telespectador, escolher, através de serviços como YouTube, Netflix, Amazon Hulu e HBO.

O único segmento em que a audiência aumentou de 2011 a 2018 foi de programas ao vivo de esporte e notícias. Mesmo assim, a alta foi de apenas 1% num período que incluiu duas olimpíadas, duas copas do mundo e a eleição presidencial de Donald Trump, em 2016.

É um grande desafio para as emissoras. Com menos audiência, cai o valor da publicidade no momento em que crescem os custos de produção para concorrer com empresas poderosas como Amazon e Netflix.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Irã busca apoio da China contra sanções dos EUA

Sob pressão das sanções e de um cerco diplomático do governo Donald Trump, a República Islâmica do Irã busca o apoio da China. O ministro do Exterior iraniano, Javad Zarif, se encontrou ontem em Beijim com o colega chinês, Wang Yi, que agradeceu os esforços para aumentar a "confiança estratégica" entre os dois países.

É uma missão de alto nível. Também fazem parte da delegação do Irã o presidente do Majlis (Parlamento), Ari Larijani, os ministros das Finanças e do Petróleo, e o presidente do Banco Central.

Para Teerã, é muito importante manter as relações comerciais com a China, a maior importadora de petróleo iraniano no ano passado.

O regime comunista chinês tradicionalmente é contra sanções que não sejam impostas através de um consenso internacional. Antes do acordo negociado em 2015 para congelar o programa nuclear militar do Irã, apoiava as sanções adotadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Mas Trump abandonou o acordo com maio de 2018.

Assim, as empresas chinesas temem as possíveis retaliações dos EUA, como restrições de acesso ao mercado americano e a proibição de operar em dólares. O governo americano está processando a companhia chinesa de equipamentos de telecomunicações Huawei sob a acusação de violar as sanções ao Irã.

Em novembro do ano passado, os EUA isentaram das sanções importações de petróleo iraniano pela China até o limite de 360 mil barris por dia, cerca da metade do que os chineses compravam antes do governo Trump reimpor as sanções.

A viagem deve servir para os dois países negociarem meios de permitir à China pagar as importações de produtos iranianos, mas há um sério risco de retaliações dos EUA.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

China instala base militar perto da fronteira com o Afeganistão

A China transformou um posto militar no no Leste do Tajiquistão, perto da fronteira com o Afeganistão, numa base militar permanente. A presença militar chinesa na região tem três a quatro anos. O quartel tem pouco mais de 20 prédios e uma torre de vigia, revelou o jornal The Washington Post.

Nem o regime comunista chinês nem o governo tajique confirmou oficialmente a presença da base militar, quem a sustenta e quem a controla. Se a notícia for confirmada, será uma indicação do aumento da presença militar da China na Ásia Central, no momento em que os Estados Unidos planejam retirar suas forças do Afeganistão.

Entre outras razões, o governo chinês se preocupa com o contrabando e as ações de terroristas muçulmanos ao longo da fronteira entre o Afeganistão e o Tajiquistão. A polícia chinesa patrulha a área e fez várias incursões do lado afegão.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Facebook ameaça a democracia e precisar ser regulamentado

A rede social Facebook age como um "gângster digital", está destruindo a democracia e precisa ser controlada, concluiu uma comissão de inquérito da Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico sobre a desinformação e a divulgação de notícias falsas, noticiou hoje o jornal inglês The Guardian.

Com a força de seu virtual monopólio, o Facebook ignora as leis sobre privacidade e concorrência, colocando-se acima da lei, afirma o relatório da CPI. Seu fundador e diretor-presidente, Mark Zuckerberg, foi acusado de desacatar os deputados e de adotar uma estratégia "deliberada" para enganar o Parlamento Britânico.

O inquérito foi a primeira tentativa de um parlamento nacional de examinar a fundo a economia nebulosa da manipulação de dados para influenciar eleitores e interferir em processos eleitorais democráticos. Ouviu 73 testemunhas que responderam a mais de 4.350 perguntas.

A conclusão final: os governos precisam agir imediatamente e regulamentar as redes sociais.

De acordo com o presidente da CPI, o deputado conservador Damian Collins, é necessária "uma mudança radical no equilíbrio de forças entre as plataformas e o povo".

Um dos focos da investigação foi a empresa Cambridge Analytica, que usou as informações do Facebook para criar um grande banco de dados e traçar o perfil de eleitores-alvo durante as campanhas para o plebiscito sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit) e a eleição presidencial de Donald Trump nos Estados Unidos.

O relatório cita a Lei das Organizações Corruptas e Extorsão, a dura legislação americana contra as máfias e o crime organizado. As relações do Facebook com os desenvolvedores dos aplicativos usados na rede social seriam mafiosas, dado seu enorme poder de mercado.

Na questão da interferência da Rússia para minar as democracias ocidentais, o diretor técnico do Facebook, Mike Schroepfer, foi acusado de mentir ao Parlamento. Um dos detalhes que chamaram a atenção dos deputados foi o fato da reação oficial do governo britânico, um documento descrito pelo Guardian como "extraordinariamente seco e chato" despertou maior interesse em Moscou do que em Londres.

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Trump endossa pedido de prisão para Mueller

No Twitter, o presidente Donald Trump apoiou uma declaração do radialista ultraconservador Rush Limbaugh pedindo a prisão do procurador especial Robert Mueller e de todos os investigadores que examinam possíveis irregularidades de seu governo e de sua campanha eleitoral.

“Estes caras, os investigadores, deveriam estar presos. O que eles fazem, trabalhando com as agências de inteligência de Obama, é simplesmente sem precedentes. Esta é uma das maiores fraudes políticas jamais perpetradas contra o povo deste país e Mueller está acobertando”, afirmou Limbaugh.

Trump é um empresário e presidente sem limites, que não costuma seguir as regras. Ataca sistematicamente juízes e procuradores que o contrariam. Não é um comportamento normal de pessoas inocentes. É uma atitude mafiosa.

Mueller investiga um possível conluio da campanha de Trump com o Kremlin. Vários assessores da campanha foram denunciados por mentir à Justiça sobre contatos com russos. O procurador especial está perto de concluir sua missão. Pode denunciar um filho do presidente, Donald Trump Jr. Em pânico, Trump descreve os inquéritos como uma “caça às bruxas”.

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Índia retira Paquistão da lista de parceiros comerciais

O ministro das Finanças da Índia, Arun Jaitley, confirmou que o governo indiano vai notificar a Organização Mundial do Comércio (OMC) para retirar o Paquistão da lista de nações mais favorecidas no comércio exterior, por razões de segurança nacional, noticiou ontem o jornal The Economic Times.

A decisão foi tomada um dia depois do um atentado terrorista com carro-bomba que matou 46 policiais e deixou outros 38 feridos em Pulwana, na região indiana da Caxemira, disputada pelo Paquistão desde a independência dos dois países do Império Britânico, em 1947. Foi o pior ataque a forças da Índia em 30 anos de insurgência muçulmana na região.

O terrorista suicida era um extremista muçulmano da Caxemira, mas o grupo responsável, Jaish-e-Mohamed (Exército de Maomé), tem sede no Paquistão. Daí a resposta da Índia, atacada meses antes das eleições gerais de abril e maio. Na Índia, a maior democracia do mundo, as eleições são realizadas em cinco dias diferentes.

Esta resposta indiana não terá grande impacto econômico. Os dois países, inimigos históricos, não têm um grande comércio bilateral. Mas a Índia está pressionando o Paquistão a punir do Exército de Maomé e seu líder, Massoud Azhar.

O jornal Economic Times aponta como mandante o novo chefe do poderoso serviço secreto militar do Paquistão (ISI), que usa grupos terroristas muçulmanos numa guerra indireta, general Assim Munir, ex-comandante e diretor de inteligência do Comando Norte das Forças Armadas paquistanesas.

O governo indiano pediu ao comitê de sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas que Azhar seja incluído na lista de terroristas internacionais.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Espanha convoca eleições antecipadas para 28 de abril

Dois dias depois de sua proposta de orçamento ser rejeitada pelo Parlamento da Espanha, o primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez convocou hoje eleições gerais antecipadas par 28 de abril, noticiou o jornal espanhol El País.

Nas duas últimas eleições, o resultado foi um Parlamento fragmentado pelo surgimento de novos partidos em consequência da Grande Recessão (2008-14), Podemos, de esquerda, e Cidadãos, de centro-direita.

Acabou com o duopólio do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e do conservador Partido Popular (PP), que se alternavam no poder desde 1982 com maioria no Congresso dos Deputados, de 350 cadeiras.

Nas eleições regionais na Andaluzia, em 2 de dezembro de 2018, pela primeira vez desde o fim da ditadura do generalíssimo Francisco Franco, em 1975, a ultradireita voltou a um parlamento regional. O partido Vox ficou em quinto lugar, mas foi o fiel da balança para a formação de um governo de direita. O mesmo pode acontecer a nível nacional.

A ascensão da extrema direita, a exemplo do que acontece na maioria dos países da Europa, é atribuída, no caso da Espanha, à crise econômica, à onda de imigração da África e do Oriente Médio, e ao movimento pela independência da Catalunha.

O movimento nacionalista catalão apoiou Sánchez para derrubar, através de uma moção de desconfiança no Congresso. em junho de 2018, o primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy, que adotara uma política intransigente, de linha dura contra os separatistas.

Sánchez, autor da moção de desconfiança, formou um governo de minoria sem convocar eleições. Dependia do apoio de outros partidos, inclusive do movimento nacionalista catalão.

Agora, quando começam no Tribunal Supremo da Espanha os processos contra os líderes separatistas, os partidos catalães votaram contra a proposta orçamentária dos socialistas para derrubar o governo e provocar a antecipação das eleições.

As pesquisas colocam o PSOE em primeiro lugar, com 24% das preferências do eleitorado, mas é mais provável a formação de um governo conservador com PP (21%), Cidadãos (18%) e Vox (11%).
Eles somam 50% contra 39% da esquerda.

Unidos Podemos (UP), o partido formado pela fusão do Podemos com a Esquerda Unida, possível parceiro dos socialistas num governo de esquerda, está com 15%.

Um governo de direita deve manter a linha dura contra o movimento pela independência da Catalunha, levando a questão para a Justiça, onde seus líderes são acusados de traição. A esquerda buscaria um diálogo.

Trump desafia o Congresso e decreta emergência para construir muro

Neste momento, o presidente Donald Trump anuncia em entrevista nos jardins da Casa Branca que vai decretar estado de emergência no Sul dos Estados Unidos para conseguir dinheiro para construir um muro na fronteira com o México, noticiou o jornal The New York Times.

"Vamos enfrentar a crise de segurança nacional na nossa fronteira sul", afirmou Trump. "Vou assinar um decreto de emergência nacional... Estamos falando de uma invasão do nosso país por drogas, traficantes de seres humanos, por todo o tipo de criminosos e gangues."

O estado de emergência permite que o presidente desvie US$ 3,6 bilhões já orçados para obras militares, US$ 2,5 bilhões do programa antidrogas e US$ 600 milhões de um fundo do Departamento do Tesouro para construir o muro.

Junto com US$ 1,375 bilhão aprovado pelo Congresso para segurança na fronteira, terá mais de US$ 8 bilhões para o muro, mais do que os US$ 5,7 bilhões que havia pedido.

A crise foi inventada por Trump. As estatísticas indicam que a imigração ilegal diminuiu, a violência na fronteira também e a maioria das drogas entra pelos postos de fronteira. O presidente nega manipular os dados. Mais uma vez, acusou a rede de televisão CNN de divulgar "notícias falsas”.

Os líderes do Partido Democrata na Câmara, Nancy Pelosi, e no Senado, Chuck Schumer, reagiram declarando que o Congresso "não pode deixar o presidente rasgar a Constituição".

Ontem, Pelosi, que é presidente da Câmara, considerou a emergência um abuso de poder e advertiu que no futuro um presidente democrata pode fazer o mesmo depois de massacres e fuzilamentos.

A oposição democrata pretende aprovar legislação na Câmara para bloquear a iniciativa do presidente, mas depende de votos republicanos para o projeto passar pelo Senado. O estado de emergência também deve ser questionado na Justiça. O caso pode chegar à Suprema Corte.

Durante a entrevista coletiva, o próprio Trump admitiu que não existe uma emergência real na fronteira: "Não precisaria fazer isso. Só quero fazer mais depressa." A declaração certamente será usada contra ele na Justiça.

Desde os anos 1970s, os presidentes dos EUA declararam emergência 58 vezes, das quais 31 continuam em vigor. A maioria está ligada a crises externas, terrorismo e congelamento de bens e ativos de inimigos, e não para redirigir a alocação de recursos orçamentários sem a autorização do Congresso.

Horas depois do anúncio, a organização não governamental Cidadãos por Responsabilidade e Ética em Washington (CREW) entrou na Justiça contra o Departamento da Justiça dos EUA "porque o governo falhou até agora" em explicar por que a questão do muro possa ser considerada uma emergência nacional.

Coreia do Norte exige alívio de sanções em troca de inspeções

Na primeira reunião de trabalho para preparar o encontro de cúpula do presidente Donald Trump com o ditador Kim Jong Un, na semana passada, a Coreia do Norte exigiu um relaxamento parcial das sanções econômicas para aceitar inspeções internacionais em suas instalações nucleares. 

Os Estados Unidos ofereceram uma declaração de fim da Guerra da Coreia (1950-53). Só admitem, no discurso, relaxar as sanções quando houver uma desnuclearização efetiva, que exigem que seja "completa, verificável e irreversível".

Trump e Kim vão se encontrar em Hanói, no Vietnã, em 27 e 28 de fevereiro. Na primeira reunião de cúpula de um presidente dos EUA no exercício do cargo com um ditador da Coreia do Norte, em 12 de junho de 2018, em Cingapura, eles se comprometeram a acabar com a Guerra da Coreia e a desnuclearizar a Península Coreana. Desde então, não houve muito progresso.

O governo Trump insistiu várias vezes em que o regime comunista norte-coreano apresentasse um cronograma para entregar 60% a 70% de suas armas nucleares dentro de seis a nove meses. Mas o diretor nacional de Inteligência, Dan Coates, e outros chefes dos serviços secretos dos EUA consideram difícil que Pyongyang abra mão de todas suas armas atômicas, que desenvolveu como a garantia de sobrevivência do regime.

De acordo com um alto funcionário da Coreia do Sul, Kim reafirmou na primeira reunião de trabalho preparatória, realizada em Pyongyang de 6 a 8 de fevereiro, a proposta de desmantelar a central nuclear de Yongbion. Em troca, pediu um relaxamento das sanções para permitir inspeções.

A equipe de negociações da Coreia do Norte indicou que "poderia ser mais generosa" em troca de um relaxamento parcial das sanções. Os EUA pretendiam assinar uma declaração conjunta de fim da Guerra da Coreia quando as inspeções na central nuclear de Yongbion estivessem encerradas.

Publicamente, o enviado especial do Departamento de Estado para a Coreia do Norte, Stephen Biegun, declarou sempre que os EUA não levantariam as sanções. Nas negociações, teria acenado aos norte-coreanos que seria possível se oferecessem "Yongbion e algo mais".

Um levantamento parcial de sanções poderia permitir a retomada das atividades do complexo industrial de Kaesong, no Norte, onde empresas sul-coreanas empregam mão de obra norte-coreana, a reabertura do turismo no Monte Kumgang ou aumentar o limite da quantidade de petróleo que o país é autorizado a importar com base na Resolução 2.397 do Conselho de Segurança da ONU.

O regime comunista de Pyongyang quer a declaração de fim da guerra, que pode levar a pressões para que os EUA retirem os 28,5 mil soldados que mantêm até hoje na Coreia do Sul. Mas a preocupação imediata são as sanções econômicas.

Trump acredita que as sanções forçaram Kim a negociar. Considera a economia a maior arma dos EUA, pelo menos enquanto sua paixão pelo ditador norte-coreano descartar a opção militar.

Uma saída para o impasse seria um aumento da cooperação econômica entre as duas Coreias. Afinal, a Coreia do Sul é uma grande interessada na paz com o Norte, agora armado com bombas atômicas.

Como 70% das instalações nucleares norte-coreana conhecidas estão em Yongbion, inspecioná-las poderia apontar outros ramos do programa atômico da Coreia do Norte e desmontá-las seria um passo importante para a paz. Yongbion tem valor.

A próxima reunião preparatória será na próxima semana, entre Biegun e o encarregado de relações com os EUA da Comissão de Negócios de Estado da Coreia do Norte, Kim Hyok Chol.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Atentado terrorista mata 46 policiais indianos na Caxemira

Um terrorista suicida jogou hoje um veículo utilitário esportivo carregado de explosivos contra um ônibus de um comboio de policiais na região indiana da Caxemira, reivindicada pelo Paquistão. 

Foi o pior atentado em 30 anos de rebelião de grupos muçulmanos que lutam para integrar a Caxemira ao Paquistão. Pelo menos 46 policiais morreram e outros 38 saíram feridos, noticiou o jornal indiano Hindustan Times.

A Índia acusa o Paquistão de apoiar o grupo terrorista muçulmano Jaish-e-Mohamed, o Exército de Maomé. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, candidato à reeleição nas próximas eleições, previstas para abril e maio, condenou o atentado "abjeto" e "degradante", e advertiu que os responsáveis vão pagar "um preço alto". O Ministério do Exterior da Índia apelou ao vizinho Paquistão para "parar de apoiar terroristas".

O comboio de 78 ônibus levava 2,5 mil pessoas de Jamu para Srinagar, a capital do estado indiano de Jamu e Caxemira. O ataque contra a Força Policial Central da Reserva (CRPF, em inglês) aconteceu na localidade de Lethpora, a 30 quilômetros de Srinagar.

Ao reivindicar a autoria do atentado, o Exército de Maomé identificou o "mártir" como Adil Ahmad Dar, do distrito de Pulwana, onde ocorreu o atentado. O fato de ser da região pode indicar que o conflito se tornou mais local. Ele aderiu ao grupo terrorista no ano passado. O carro levava 350 quilos de explosivos.

"O sacrifício de nosso bravo pessoal de segurança não será em vão", afirmou o primeiro-ministro Modi. "A nação inteira está unida ombro a ombro com as famílias de nossos corajosos mártires. Que os feridos se recuperem rapidamente."

Seu maior adversário nas eleições, o líder do Partido do Congresso, Rahul Gandhi, declarou no Twitter: "Estou profundamente perturbado por um ataque covarde a um comboio da CRPF em Jamu e Caxemira no qual muitos de nossos bravos homens da CRPF foram martirizados e um grande número saiu ferido, alguns gravemente."

Em plena campanha, o porta-voz do Partido do Congresso acusou Modi, alegando que o terrorismo não diminuiu durante seu governo.

O maior impacto será nas relações entre Índia e Paquistão, inimigos históricos que têm a região da Caxemira como fogo principal do conflito.

Quando a Índia se tornou independente do Império Britânico, em 1947, e foi dividida em Índia e Paquistão, os governadores das províncias tiveram o direito de optar a que país queriam pertencer. Houve uma migração em massa de 10 milhões de pessoas, a maior da história, e cerca de 1 milhão de pessoas morreram, conta a televisão pública britânica BBC.

Todos os estados de maioria muçulmana ficaram no Paquistão, menos a Caxemira, onde o marajá Hari Singh optou pela Índia, semeando um conflito histórico que se arrasta até hoje. O Paquistão exige a realização de um plebiscito sob supervisão das Nações Unidas para que a população local decida seu futuro, mas a Índia se nega a internacionalizar o conflito.

Desde a independência, os dois países já travaram três guerras, em 1947, 1965 e 1971, quando a Índia apoiou a independência do antigo Paquistão Oriental, Bengala Oriental no período imperial, hoje a República de Bengala ou Bangladesh.

Em maio de 1998, os dois países assumiram oficialmente o status de potências nucleares. Provavelmente, já tivessem a bomba atômica desde os anos 1970s. A dissuasão nuclear evitou novas guerras abertas que hoje seriam arrasadoras. Em 1999, houve um conflito armado em Kargil, um distrito da Caxemira onde soldados paquistaneses se infiltraram disfarçados de guerrilheiros, com mais de mil mortes, mas foi contido na região.

Como a Índia é mais rica e mais poderosa, o Exército do Paquistão, que governou o país durante metade de sua existência, apoia milícias extremistas muçulmanas como o Exército de Maomé. O governador de Jamu e Caxemira, Satya Pal Malik, acusou o Paquistão, argumentando que o grupo terrorista baseado no país vizinho não assumiria a responsabilidade pelo ataque sem o apoio dos militares paquistaneses.

Foi muito pior do que o ataque à cidade de Uri, na Caxemira, em 18 de setembro de 2016, atribuído ao Exército de Maomé, em que 19 soldados e quatro rebeldes morreram.

"Isto é muito maior do que Uri", observou o general Deependra Singh Hooda, ex-comandante-em-chefe do Comando Norte do Exército da Índia, responsável pela região da Caxemira.

"Ao contrário de Uri, um grupo terrorista baseado no Paquistão assumiu a responsabilidade. Vai haver uma enorme pressão sobre o Paquistão. Mas", destacou, "como um grupo baseado no Paquistão assumiu a responsabilidade, Nova Déli terá de agir. A forma e o conteúdo da retaliação são prerrogativa do governo."

Nesta sexta-feira, o primeiro-ministro Modi preside a uma reunião de seu gabinete de segurança para decidir como será a reação oficial da Índia. O Ministério do Exterior indiano repudiou "o ataque odioso e degradante perpetrado pelo Exército de Maomé, uma organização terrorista proscrita pela ONU e vários países baseada no Paquistão e apoiada pelo Paquistão".

A declaração oficial do governo indiano pediu que o líder do grupo, Massud Azhar, tenha seu nome lançado na lista de terroristas do comitê de sanções do Conselho de Segurança da ONU.

O pior atentado em 30 anos de insurgência muçulmana na Caxemira indiana apoiada pelo Paquistão marca uma mudança de tática dos rebeldes, que geralmente faziam ataques coordenados a quartéis da Índia. Com carros-bomba, podem fazer mais ações surpreendentes com grande poder de destruição.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

China negocia com oposição da Venezuela

A China iniciou contatos diplomáticos com o governo paralelo da oposição na Venezuela, liderado pelo presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino em 23 de janeiro, revelou ontem o jornal americano The Wall Street Journal, porta-voz do centro financeiro de Nova York.

O objetivo chinês é garantir o pagamento de dívidas de US$ 20 bilhões a serem saldadas com carregamentos de petróleo. Aliada do ditador Nicolás Maduro, a China negou qualquer contato.

Se as negociações foram confirmadas, será um sinal de um início da reestruturação da dívida externa da Venezuela, estimada em US$ 100 bilhões pelo canal de televisão americano especializado em noticiário econômico CNBC, ligado ao Journal.

Será também um reconhecimento indireto do governo Guaidó, considerado o governo legítimo da Venezuela pelos Estados Unidos, a maioria dos governos da América Latina, inclusive o Brasil, e 16 dos 28 países da União Europeia.

A China e a Rússia emprestaram dezenas de bilhões de dólares ao governo Maduro, no caso chinês para aumentar a produção de petróleo e permitir à Venezuela importar produtos fabricados na China. O governo Maduro atrasou os pagamentos e o virtual colapso da economia venezuelana reduziu a produção de petróleo do país a um terço do pico.

Quando a crise política for resolvida e a Venezuela tiver um novo governo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) calcula que o país vá precisar de empréstimos de US$ 30 bilhões por ano durante dez anos. O produto interno bruto caiu à metade nos últimos cinco anos e o desabastecimento é generalizado. A inflação chegou a 1.300.000% em 2018 e pode chegar a 10.000.000% neste ano.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Justiça dos EUA condena El Chapo por todas as acusações

Depois de três meses de julgamento, um tribunal federal de Nova York condenou hoje o mais famoso traficante de drogas do século 21, Joaquín Guzmán Loera, mais conhecido como El Chapo (O Baixinho), poderoso chefão do Cartel de Sinaloa, no México, por todas 10 as acusações, inclusive assassinato, tráfico de drogas e formação de quadrilha. Por causa dos termos de sua extradição, ele não pode ser sentenciado à morte. Deve pegar prisão perpétua.

El Chapo ficou famoso pela brutalidade e volência, suas fugas espetaculares e sua capacidade quase ilimitada de escapar das autoridades mexicanas. O tribunal ouviu 56 testemunhas, entre elas 14 que trabalharam para ele. A sentença deve ser anunciada em 25 de junho.

Um de seus advogados, Jeffrey Lichtman, admitiu "nunca ter enfrentado um caso com tantas testemunhas cooperativas e tantas provas". O procurador-geral interino dos EUA, Matthew Whitaker, esteve no tribunal no início do julgamento e cumprimentou pessoalmente todos os procuradores.

O processo revelou que El Chapo e seus cúmplices drogavam e estupravam meninas menores de idade, treinavam ataques com bazucas, mataram usando uma arepa, uma comida da farinha de trigo com milho, com cianeto e contrataram um grupo de mariachis para tocar a noite inteira junto a uma prisão.

As armas e drogas eram contrabandeadas principalmente por túneis, assim como as fugas, mostrando a inutilidade do túnel desejado pelo presidente Donald Trump.

Mesmo com o chefão preso pelo resto da vida, o Cartel de Sinaloa não interrompeu suas atividades. Seus filhos, Los Chapitos, e Israel El Mayo Zambada García são os novos líderes do grupo. Isto ajuda a explicar o fracasso da guerra contra as drogas lançada pelo governo mexicano em 2006, com a estratégia de "cortar cabeças", pegar os chefões.

Quando o delegado e hoje deputado federal Fernando Francischini prendeu o traficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía, interrogou o criminoso durante nove horas. Então, Ramírez Abadía, um dos maiores fornecedores de cocaína para o Cartel de Sinaloa, pediu para fazer uma pergunta.

O delegado concordou. Entender seu raciocínio seria uma maneira de construir melhor o perfil do traficante. Este perguntou: "O Sr. acredita que a minha prisão vai mudar em um milímetro a realidade lá fora, nas ruas?" Francischini reconheceu que não.

Quando El Chapo foi preso pela última vez, em janeiro de 2016, seu maior rival, o Cartel de Jalisco, sequestrou seus dois filhos e exigiu US$ 6 milhões de resgate. Com esta fortuna, superou o Cartel de Sinaloa. É hoje a maior máfia do tráfico de drogas no mundo inteiro. Atua em 53 países e tem ligações com as máfias da Itália e da Rússia.

Empresas britânicas aumentam investimento na Europa

Diante do temor de perder parte de seu mercado com a saída do Reino Unido da União Europeia, marcada para 29 de março, as empresas britânicos aumentaram seus investimentos no exterior, aplicando na Europa US$ 10,7 bilhões que seriam destinados ao país, concluiu o estudo Votando com seu Dinheiro: Brexit e o investimento externo de empresas do RU, do Centro de Performance Econômica da London School of Economics (LSE).

Ao mesmo tempo, as companhias europeias cortaram investimentos diretos no Reino Unido estimados em mais de US$ 13 bilhões.

De acordo com a pesquisa, a Brexit (saída britânica) levou a um aumento de 12% nos investimentos externos diretos de empresas britânicas na UE. Este dinheiro seria aplicado no país, se o Reino Unido tivesse pleno acesso ao mercado europeu. Não houve crescimento nas inversões foram da UE.

Por outro lado, os novos investimentos de empresas do continente no Reino Unido caíram 11%. As perdas serão muito maiores caso a saída da UE ocorra sem acordo.

Os autores do relatório acreditam que as empresas britânicas estão aumentando a produção no exterior na expectativa de que o Reino Unido vai aumentar as barreiras ao comércio e à imigração, tornando-se "um lugar menos atraente para fazer negócios".

Na semana passada, a economista Rain Newton Smith, da Confederação da Indústria Britânica, observou que a ameaça de uma saída em acordo está "esfriando o investimento e estrangulando o crescimento".

"Sem acordo", acrescentou, "as empresas internacionais terão grandes questões que só poderão ser evitadas, na maioria dos casos, levando empregos e investimentos do Reino Unido para a Europa."

Na segunda-feira, noticiou o jornal The Guardian, o Escritório Nacional de Estatísticas revelou que o país cresceu 1,4% em 2018, em contraste com 1,8% em 2017, já sob o impacto da saída da UE, aprovada em plebiscito em 23 de junho de 2016. A pior notícia foi uma contração de 0,4% em dezembro do ano passado.

"O risco econômico da Brexit é maior no Reino Unido do que do outro lado do canal. As empresas britânicas sentem-se compelidas a investir mais na UE, mas o mesmo não acontece no outro sentido", comentou Dennis Novy, um dos autores do relatório da pesquisa da LSE.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Manifestantes protestam contra prisões políticas na Rússia

A oposição à ditadura de Vladimir Putin organizou manifestações em Moscou e São Petersburgo, as duas maiores cidades da Rússia, no domingo em protesto contra as prisões políticas, noticiou o jornal The Moscow Times. Pelo menos sete pessoas foram presas em São Petersburgo e duas em Moscou.

Os protestos contra Putin tem sido relativamente poucos e calmos nos últimos meses. Uma onda de manifestações na primeira e no verão que se aproximam aumentaria a pressão sobre o Kremlin, que costuma reagir com uma mistura de repressão e concessões.

Desde a aprovação de uma lei em 2015 para proibir as atividades de entidades "indesejáveis", o governo Putin reprime as atividades de organizações não governamentais e entidades que recebem ajuda do exterior.

Chade captura 250 rebeldes após bombardeio aéreo da França

O Exército do Chade capturou cerca de 250 milicianos da União das Forças da Resistência (UFR), uma aliança de oito movimentos rebeldes criada em 2009, depois que a Força Aérea da França bombardeou um comboio dos guerrilheiros no Nordeste do Chade na semana passada.

Foi um golpe duro. Deve reduzir significativamente a capacidade de ataque da UFR e seu potencial para desestabilizar a região do Sahel. A França decidiu participar da operação depois de relutar em se envolver em guerras civis na África, priorizando o combate ao terrorismo.

A Força Aérea da França bombardeou a UFR em três dias da semana passada, a pedido do governo do Chade, que não conseguiu conter os rebeldes com sua aviação militar. O comboio da UFR saiu do Sul da Líbia e cruzou a fronteira do Chade com 40 veículos. Sofreu os primeiros ataques aéreos da França em 3 de fevereiro.

Desde a intervenção francesa no Mali, em 2013, para conter uma ofensiva de movimentos jihadistas no Norte do país, as tropas francesas estacionadas na África se concentram no combate aos extremistas muçulmanos. Mas esta ação recoloca a antiga potência colonial no papel de força aérea e um governo africano aliado ameaçado por rebeldes.

Tanto a França quanto o ditador Idriss Déby, no poder desde 1990 no Chade, querem matar a rebelião na raiz.

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Crescimento da China cai para 6% ao ano

O crescimento da China está no menor nível desde 1990, admite um jornal econômico editado pela agência oficial de notícias Nova China. A estimativa de crescimento para este ano é de 6,3% e o ritmo do primeiro trimestre pode ficar em 6% ao ano.

"Não é difícil de determinar que neste ano a economia de nosso país vai continuar a sentir pressões, com uma estimativa conservadora para o crescimento acumulado no ano de cerca de 6,3% e a possibilidade de que neste trimestre fique em 6%", afirmou um comentário de primeira página do Diário de Informação Econômica.

No último trimestre de 2018, a segunda maior economia do mundo avançou num ritmo de 6,4%, o menor índice desde a crise econômico-financeira global de 2008 e o menor desde que o país começou a divulgar estatísticas a cada três meses, nos anos 1990s.

A China está no pior ritmo de crescimento desde 1990, quando a economia estava sob pressão das sanções impostas pelo Ocidente depois do Massacre na Praça da Paz Celestial, em Beijim, em 1989.

sábado, 9 de fevereiro de 2019

Guaidó não descarta intervenção militar na Venezuela

O presidente da Assembleia Nacional e autoproclamado presidente interino da Venezuela, deputado Juan Guaidó, admitiu a possibilidade de uma intervenção militar para derrubar a ditadura de Nicolás Maduro. 

O ditador rejeitou a ajuda humanitária enviada pelos Estados Unidos e a mediação da União Europeia, que exige a convocação de nova eleição presidencial em três meses.

O Grupo Internacional de Contato se reuniu na quinta-feira em Montevidéu, com a participação de países da União Europeia e da América Latina. A Bolívia, que apoia Maduro, não assinou o comunicado final, nem o México.

A maioria dos países da América do Sul, inclusive o Brasil, reconheceu Guaidó e não participou do encontro em Montevidéu. Guaidó declarou que o diálogo é apenas uma manobra de Maduro para ganhar tempo.

Na Venezuela, o governo fechou uma passagem na fronteira com a Colômbia para impedir o acesso da ajuda humanitária. Apesar da crise econômica, Maduro afirmou que não precisa, alegou que a ajuda é apenas uma maneira de justificar uma intervenção militar e mandou distribuí-la a "colombianos pobres".

Agora, o Grupo de Contato pretende abrir um escritório em Caracas para facilitar a chegada de ajuda humanitária e "propiciar contatos", nas palavras da ex-ministra do Exterior da Itália Federico Mogherini, comissária de Exterior da UE.

Se não obtiver sucesso, o Grupo de Contato será dissolvido em três meses para não se tornar instrumentos de manobras do regime chavista para ganhar tempo.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Marrocos abandona coalizão saudita na guerra civil do Iêmen

O reino do Marrocos não vai mais participar as operações militares da aliança liderada pela Arábia Saudita na guerra civil do Iêmen, noticiou ontem a agência Associated Press (AP), citando como fonte um alto funcionário marroquino.

A saída do Marrocos não representa uma grande perda de capacidade militar para a aliança saudita, mas revela a dificuldade para manter o apoio diplomático à intervenção iniciada em 25 de março de 2015 em apoio ao governo deposto do Iêmen na luta contra os rebeldes hutis, xiitas zaiditas apoiados pelo Irã.

O Marrocos participa desde o início da intervenção, mas reduz sua participação gradualmente, em especial desde que a Arábia Saudita decidiu isolar o emirado do Catar dentro do Conselho de Cooperação do Golfo Pérsico, que reúne as grandes monarquias petroleiras da região.

A intervenção militar saudita é considerada desastrosa. Não conseguiu retomar a capital iemenita, Saná, ocupada pelos rebeldes desde setembro de 2014, nem restaurar a legitimidade do presidente Abed Rabbo Mansur Hadi. O bloqueio de meses ao porto de Hodeida provocou uma grande fome nas áreas dominadas pelos rebeldes.

EUA ameaçam países ocidentais que usem equipamentos de telecomunicações chineses

Os países ocidentais com equipamentos de telecomunicações de empresas da China estão sujeitos a sanções e represálias dos Estados Unidos, advertiu ontem o embaixador americano junto à União Europeia, Gordon Sondland, noticiou a agência Bloomberg.

Os EUA alegam que a tecnologia e os equipamentos de fabricação chinesa possam ser usados para espionagem aliados e assim obter segredos americanos. Washington lançou uma campanha para impedir os aliados de usarem equipamentos de telecomunicações da China, especialmente da empresa Huawei, na instalação da tecnologia de comunicação móvel de quinta geração 5G.

Em novembro, a diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, foi presa no Canadá a pedido de autoridades americanas, sob a acusação de violar as sanções dos EUA ao Irã. Em janeiro, a Polônia prendeu o diretor de vendas da Huawei no país por suspeita de espionagem. Nesta semana, o serviço de contraespionagem da Noruega acusou a mesma empresa de roubar informações sensíveis.

Trump nega pedido do Senado para receber relatório sobre Khashoggi

O presidente Donald Trump se nega a enviar ao Senado o relatório dos serviços secretos dos Estados Unidos sobre o envolvimento do príncipe-herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed ben Salman, sobre o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em 2 de outubro, no consulado saudita em Istambul, na Turquia.

 A Casa Branca está sob pressão do Congresso para tomar medidas mais duras contra a monarquia absolutista saudita depois que investigações da Agência Central de Inteligência (CIA) e das Nações Unidos implicaram o príncipe no homicídio cruel e premeditado.

Khashoggi estava em autoexílio nos EUA, onde colaborava com o jornal The Washington Post. Foi morto e esquartejado por agentes sauditas quando buscava um documento no consulado para se casar.

Em votação recente, faltaram apenas quatro votos para o Senado derrubar um possível veto do presidente a legislação para punir o regime saudita. Se o país for alvo de sanções dos EUA, será um forte abalo na confiança de empresas e investidores estrangeiros para participar no projeto Arábia Saudita 2030, uma iniciativa de MbS para modernizar a economia do país e prepará-lo para a era pós-petróleo.

A Arábia Saudita foi o primeiro país visitado por Trump como presidente dos EUA. É um aliado importante de sua política para isolar o Irã no Oriente Médio. O príncipe aproximou o reino de Israel, outro inimigo do Irã, e prometeu combater o terrorismo dos jihadistas sunitas.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Coreia do Norte mantém programa nuclear e dispersa mísseis

A Coreia do Norte mantém integralmente seus programas de mísseis balísticos e armas atômicas. O regime comunista está dispersando as instalações de montagem e teste dos mísseis para evitar que ataques arrasadores dos Estados Unidos aniquilem sua capacidade nuclear, advertiram especialistas das Nações Unidas em relatório enviado ao Conselho de Segurança.

Enquanto o presidente Donald Trump anuncia um segundo encontro de cúpula com o ditador Kim Jong Un no Vietnã em 27 e 28 de fevereiro, o regime stalinista de Pyongyang continua desafiando as sanções impostas pela ONU, violando o embargo à compra de armas e artigos de luxo e as sanções financeiras.

Houve "um aumento maciço em transferências ilegais de navio a navio de produtos como carvão e petróleo"". Mais do que isso, a ditadura norte-coreana usa uma "pirataria cibernética sofisticada" contra vários países para "evadir-se das sanções financeiras".

Depois do primeiro encontro de cúpula, em 12 de junho do ano passado, em Cingapura, Trump e Kim prometeram a "completa desnuclearização da Península Coreana". Mas como admitiram os diretores das agências de inteligência dos EUA no Congresso, não há sinais de que a Coreia do Norte pretenda realmente cumprir a promessa.

As armas nucleares são considerada a última garantia de sobrevivência do regime comunista da dinastia Kim.

Banco central da Índia reduz taxa básica de juros

O Banco da Reserva da Índia anunciou hoje uma redução na taxa básica de juros que cobra para emprestar dinheiro aos bancos em 0,25 ponto percentual para 6,25% ao ano. A medida visa a esquentar a economia antes das eleições parlamentares, a serem realizadas provavelmente em abril e maio.

No último orçamento antes das eleições, de US$ 390 bilhões, o primeiro-ministro Narendra Modi, incluiu cortes de impostos para a classe média e subsídio aos agricultores.

Sob a liderança de Modi, em 2014, o Partido Bharatiya Janata (Partido do Povo Indiano), nacionalista hindu, se tornou o primeiro a obter maioria no Parlamento da Índia desde 1984, acabando com uma era de coalizões.

A Índia é um dos países que mais crescem no mundo, mas ficou abaixo da média prometida por Modi: 7,5% ao ano. Durante este governo do BJP, a Índia cresceu 8,1% em 2015, 7,1% em 2016, 6,6% em 2017 e 7,3% em 2018.

O BJP é o favorito, mas pesquisas recentes animaram o Partido do Congresso, que governou a Índia durante a maior parte de sua história independente, com Jawaharlal Nehru, Indira Gandhi e Rajiv Gandhi, hoje liderado por Rahul e Priyanka Gandhi, filhos de Rajiv.

Mesmo se vencer, o BJP deve perder a maioria absoluta.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Parlamento do Egito prorroga mandato presidencial

A Comissão Geral do Parlamento do Egito aprovou hoje o encaminhamento de uma reforma constitucional para prorrogar o mandato presidencial de quatro para seis anos, noticiou o jornal Al-Ahram.

A emenda pode estender o governo do ditador, marechal Abdel Fattah al-Sissi, que chegou ao poder em 3 de julho de 2013 num golpe militar contra o governo democrático mas autoritário da Irmandade Muçulmana, eleito depois da queda do ditador Hosni Mubarak na Primavera Árabe, em 11 de fevereiro de 2011.

Um ano após o golpe contra Mohamed Morsi, em 2014, os militares outorgaram uma nova Constituição. Desde então, a ditadura vem fazendo vários ajustes.

O marechal Al-Sissi poderá assim ficar no poder até 2034. A volta da ditadura é um indicativo de estabilidade política, mas reduz significativamente a participação popular e da oposição no Egito, o país árabe com maior população, cerca de 90 milhões de habitantes.

Exército da Venezuela fecha passagem para a Colômbia

Com um caminhão-tanque e dois contêineres atravessados, as Forças Armadas da Venezuela fecharam uma ponte na fronteira entre a cidade venezuelana de Urena e a cidade colombiana de Cúcuta, noticiou a Agência France Presse (AFP).

É sinal de que a ditadura de Nicolás Maduro não vai permitir a entrada da ajuda humanitária enviada pelos Estados Unidos e aliados, através da Colômbia.

O regime chavista reforçar  a segurança na fronteira. Isto pode provocar conflitos entre os militares e civis interessados em receber a ajuda internacional, prevista para chegar ainda nesta semana. Se os soldados forem indiferentes ou deixarem passar o comboio com ajuda, será uma uma forte erosão do poder de Maduro.

A cada dia mais isolado internacionalmente, à medida que mais países reconhecem o presidente interino Juan Guaidó, Maduro depende do apoio decisivo da Força Armada Nacional Bolivariana, da Guarda Nacional Bolivariana e das milícias leais ao regime, conhecidas como coletivos. Mas o fiel da balança é o Exército.

Um confronto entre soldados e populares em torno da ajuda humanitária diminuiria o poder de Maduro dentro das Forças Armadas. Sem uma cisão na base militar, o regime chavista não cai.

Serviço secreto da Noruega acusa Huawei de espionagem

O PST, serviço de contraespionagem da Noruega, acusou o regime comunista da China de usar a fabricante de equipamentos de telecomunicações Huawei para roubar informações sensíveis, noticiou ontem o jornal South China Morning Post, de Hong Kong. A embaixada chinesa em Oslo considerou as alegações ridículas.

Na concorrência para implementação da tecnologia de comunicação móvel de quinta geração (5G), vários países, liderados pelos Estados Unidos, estão barrando a Huawei por causa de sua suposta colaboração com a espionagem chinesa.

A Austrália, a Nova Zelândia e o Reino Unido excluíram a Huawei de seus programas de tecnologia 5G. A Alemanha e o Japão devem fazer o mesmo.

A diretora financeira da Huawei foi presa no Canadá a pedido de autoridades americanas para responder por denúncia de violar as sanções dos EUA contra o Irã e a Polônia prendeu um diretor de vendas da empresa sob suspeita de espionagem.

Trump busca união para relançar governo e fugir de investigações

Numa tentativa de relançar seu governo, o presidente Donald Trump dedicou nesta noite o Discurso sobre o Estado da União, de uma hora e vinte minutos, a um apelo à conciliação e à união nacional dos Estados Unidos, mas exigiu em troca o fim de "inquéritos partidários ridículos".

"Sra. Presidente, nos reunimos nesta noite num momento de potencial ilimitado. Com um novo Congresso, estou disposto a trabalhar com vocês para obter avanços históricos para todos os americanos. Milhões de pessoas nos assistem esperando que nós, reunidos nesta grande Câmara, governemos não como dois partidos, mas como uma nação", afirmou o presidente, citado pelo jornal The Washington Post.

"O programa que vou apresentar aqui hoje não é republicano nem democrata. É um programa para o povo americano. Muitos nós fizeram campanha com as mesmas propostas básicas: defender empregos americanos e um comércio justo para os trabalhadores americanos; reconstruir a revitalizar a infraestrutura da nação; reduzir o preço da saúde e dos medicamentos; criar um sistema de imigração seguro, legal e moderno; e seguir uma política externa que ponha em primeiro lugar os interesses dos EUA."

Trump começou elogiando a participação americana na Primeira Guerra Mundial e na Segunda Guerra Mundial. Em 6 de junho, os aliados celebram 75 anos da invasão da Normandia, em 1944. Cerca de 15 mil paraquedistas americanos desceram do céu e 60 mil participaram do assalto anfíbio às praias da França.

Três veteranos da última grande guerra estavam na Câmara dos Representantes. Trump lembrou ainda os 50 anos da chegada do homem à Lua, celebrados neste ano, e homenageou o astronauta Edward Aldrin, que estava no plenário.

"No século 20, os americanos salvaram a liberdade, desenvolveram a ciência e redefiniram o padrão de vida da classe média. Não há ninguém no mundo que possa competir com os EUA. Agora, precisamos levar adiante esta grande aventura americana, criando o padrão de vida para o século 21, uma qualidade de vida surpreendente para nossos cidadãos está ao alcance", acrescentou o presidente.

"Mas precisamos rejeitar a política de vingança, resistência e retaliação, e abraçar o potencial sem limites da cooperação e do acordo pelo bem comum", disse Trump, sob aplausos.

"Juntos, podemos romper décadas de impasse, superar antigas divisões, curar antigas feridas, criar novas coalizões, forjar novas soluções e destravar a promessa do futuro dos EUA. Temos de escolher entre grandeza ou impasse, resultados ou resistência, visão ou vingança, um progresso incrível ou uma destruição sem sentido. Hoje à noite, peço a vocês, escolham a grandeza."

Nos últimos dois anos, afirmou, "meu governo atacou problemas negligenciados há décadas pelos dois partidos. Em dois anos desde a eleição, lançamos uma prosperidade econômica sem precedentes, uma prosperidade raramente vista antes. Criamos 5,3 milhões de novos empregos e 600 mil novos empregos na indústria, o que quase todo o mundo considerava impossível."

A recuperação da indústria foi uma promessa de campanha importante: "Os salários estão crescendo. Pelo menos 5 milhões de americanos pararam de receber auxílio-alimentação. Somos, de longe, a economia mais aquecida do mundo."

Em seguida, reivindicou este sucesso como obra sua, ignorando que a economia e o mercado de trabalho crescem sem parar desde o governo Barack Obama: "O desemprego é o menor em meio século. As taxas de desemprego entre negros e latinos são as menores da história. A quantidade de pessoas empregadas é a maior da história do país: 157 milhões."

O presidente atacou o programa de cobertura universal de saúde de Obama, uma atitude que prejudicou o Partido Republicano nas eleições de novembro. Invocou a glória pelo fato dos EUA serem hoje o maior produtor mundial de petróleo. Tem mais a ver com a extração de óleo de xisto betuminoso, que começou muito antes de seu governo, do que com suas políticas a favor das velhas indústrias poluentes de carvão e petróleo, ignorando os riscos do aquecimento global.

"Os EUA agora estão ganhando todos os dias. Congressistas, o Estado da União é forte. A economia está como nunca antes. Só no mês passado, criamos mais de 300 mil empregos, quase o dobro do esperado", festejou Trump.

Mas seu objetivo maior pode ser se livrar dos inquéritos que cercam seu governo e seus negócios: "Um milagre econômico está acontecendo nos EUA e só pode ser interrompido por guerras tolas, política e inquéritos partidários ridículos. Se vai haver paz e cooperação, não pode haver guerra e investigação. Não é assim que funciona. Temos de nos unir em casa para derrotar nossos inimigos no exterior", declarou o presidente, sugerindo que a reconciliação na verdade é uma maneira de escapar das investigações em preparação pela maioria do Partido Democrata na Câmara.

Trump defendeu união de partidos para reformar o legislação penal. Apresentou dois ex-apenados e passou à defesa do muro que prometeu erguer na fronteira do México, sob o olhar cético e crítico da presidente da Câmara, deputada Nancy Pelosi, sentada atrás dele.

"Enquanto falamos, caravanas grandes e organizadas marcham para os EUA. Ouvimos dizer que cidades mexicanas, para remover os imigrantes ilegais de suas comunidades, estão usando ônibus e caminhões para trazê-los para áreas da fronteira com pouca proteção. Ordenei que mais 3.750 soldados vão para a fronteira sul para conter o assalto."

"Esta é uma questão moral. O estado sem lei de nossa fronteira sul é uma ameaça à segurança e ao bem-estar financeiro de todos os americanos. Temos a obrigação moral de criar um sistema de imigração que proteja as vidas e os empregos dos americanos. Isto inclui nossas obrigações com os milhões de imigrantes que vivem aqui hoje, seguem as regras e respeitam as nossas leis. A imigração legal enriquece a nação e fortalece a sociedade de muitas maneiras. Quero que venham muitos imigrantes. Mas eles têm de vir legalmente."

Nancy Pelosi aperta a boca no fundo da cena. Só a metade republicana do plenário aplaude. "Nada divide mais a classe política hoje da classe trabalhadora do que a imigração ilegal. A imigração ilegal reduz empregos e salários, sobrecarrega escolas e hospitais, aumenta a criminalidade e abala a rede de proteção social."

Uma em cada três mulheres é violentada na marcha para o Norte. Traficantes usam crianças para se aproveitar de nossas leis. Traficantes humanos e sexuais trazem milhares de mulher para escravizar e prostituir. Dezenas de milhares de americanos morreu por causa de drogas que entram pela fronteira. A gangue selvagem [salvadorenha] MS-13 age agora em 20 estados. Ontem, um cara da MS-13 foi preso por uma morte na plataforma do metrô em Nova York."

Nunca diz que esses números das gangues de El Salvador são das ruas onde as gangues surgiram, em Los Angeles, onde os refugiados da Guerra Civil Salvadorenha (1980-92) tiveram de enfrentar a violência. Com o acordo de paz, muitos foram deportados.

Para reforçar sua versão, Trump convidou parentes de pessoas assassinadas por imigrantes ilegais. "Eu nunca vou me esquecer. Vou lutar para que nunca mais aconteça. Vidas se perdem porque não cuidamos da nossa fronteira perigosa." Levou ainda um agente da polícia de imigração e aduanas, que pretende reforçar.

Estupefata, a presidente da Câmara parece estar conferindo o texto distribuído pela Casa Branca para ver até onde vai a propaganda a favor do muro. A reconciliação de Trump se limitou aos minutos iniciais e ao desejo de acabar com as investigações.

"Meu governo enviou ao Congresso uma proposta ampla e de senso comum para resolver a crise na fronteira sul, Inclui ajuda humanitária, mais policiamento, tecnologia de detecção de drogas e a vigilância eletrônica e planos para uma barreira física, um muro, para proteger grandes áreas entre nossos postos de fronteira. No passado, muita gente aqui votou a favor do muro, mas ele nunca foi erguido. Eu vou construí-lo."

Ao conjeturar sobre a natureza do muro,  observou que "vai ser uma barreira de aço estratégica e inteligente - e não apenas um muro de concreto. Será erguido nas regiões onde os agentes considerarem maior a necessidade e, como dizem esses agentes, onde ergue-se um muro as entradas ilegais caem."

 "São Diego tinha a fronteira com maior número de entradas ilegais. A pedido dos moradores e líderes políticos, foi construído um muro. A barreira praticamente acabou com a imigração ilegal. El Paso era uma das cidades mais violentas do país. Hoje, com uma barreira poderosa, é uma de nossas cidades mais seguras. Muros funcionam e muros salvam vidas", arrematou.

Falso. A queda da criminalidade em El Paso foi anterior à construção do muro. A violência aumentou levemente depois do muro.

Atrás, Nancy Pelosi está visivelmente contrariada. Olha para o infinito, em diagonal, e aperta a boca.

"Ninguém se beneficiou mais da nossa economia vibrante do que as mulheres, que ocuparam 58% dos postos de trabalho criados no ano passado. Todos os americanos podem se orgulhar de termos mais mulheres do que nunca na força de trabalho", celebrou.

"Exatamente cem anos depois que o Congresso aprovou a emenda constitucional dando à mulher o direito de votar, temos a maior bancada feminina da história do Congresso." Nancy Pelosi se levanta e pede com gesto a todas as mulheres que se regozijem. Muitas novas deputadas entraram na política justamente para combater Trump.

Com o argumento de proteger empregos nos EUA, o presidente defendeu sua guerra comercial com a China, sobretaxando US$ 250 bilhões em importações anuais. Ele culpou os governos anteriores pelas supostas práticas comerciais desleais dos parceiros e concorrentes, e atacou o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), embora tenha negociado um acordo com poucas mudanças.

Trump pediu ao Congresso que aprove o novo Nafta e a Lei de Reciprocidade no Comércio: "Se algum país aumentar tarifas no comércio com os EUA, automaticamente vamos aplicar a mesma tarifa."

Construir a infraestrutura do século 21 é uma obrigação, disse Trump, assim como reduzir o preço dos medicamentos, dois temas de interesse do Partido Democrata que o presidente usa para forjar a cooperação bipartidária.

"A próxima grande prioridade para mim é reduzir o custo da assistência médica e dos medicamentos. Precisamos exigir de companhias farmacêuticas, empresas de seguro-saúde e hospitais que mostrem seus custos reais para incentivar a concorrência e reduzir os preços", prometeu Trump. "Temos de erradicar o HIV e a aids nos EUA em dez anos."

Outro tema de interesse geral foi o apelo a todos os americanos para que lutem contra o câncer infantil. A personagem foi Grace Eline, uma menina sentada ao lado da primeira-dama Melania Trump que teve câncer no cérebro e ajudou a arrecadar US$ 40 mil para o tratamento de outras crianças.

"Tenho o orgulho de ser o presidente que botou no orçamento a licença-maternidade e licença paternidade para que todo novo pai ou mãe tenha um tempo para se relacionar a seu bebê" e "proponho ao Congresso que aprove lei proibindo abortos em estágio avançado da gravidez, quando o feto possa sentir dor. Vamos legislar para proteger vidas inocentes. Todas as crianças, nascidas ou não, foram criadas sob Deus."

É um ataque ao direito ao aborto. Cai bem com a direita religiosa. Será repudiado pelas feministas.

Da defesa da vida, Trump foi para a segurança nacional, orgulhando-se de seu orçamento militar superior a US$ 700 bilhões e do aumento de gastos militares dos aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Trump defendeu o abandono do Tratado sobre Forças Nucleares Intermediárias. Mais uma vez, acusou a Rússia de violar os termos do acordo. "Talvez a gente possa negociar um novo acordo incluindo a China. Talvez, não. Então, vamos inovar e superar todos os outros."

"Se eu não tivesse sido eleito presidente dos EUA, na minha opinião, estaríamos agora num grande guerra com a Coreia do Norte", delirou o presidente em sua megalomania, anunciando que vai se encontrar com o ditador Kim Jong Un no Vietnã em 27 e 28 de fevereiro.

Também citou o reconhecimento do presidente interino Juan Guaidó na Venezuela e aproveitou a deixa para atacar a ala mais radical do Partido Democrata, onde a deputada nova-iorquina Alexandria Ocasio Cortez se declara socialista.

"Os EUA nunca serão um país socialista", proclamou Trump, sob aplauso da bancada republicana.

No Oriente Médio, citou a transferência da embaixada americana em Israel de Telavive para Jerusalém. "Os EUA estão em guerras no Oriente Médio há 19 anos. Grandes nações não lutam guerras sem fim. Quando tomei o governo, o Estado Islâmico dominava mais de 20 mil milhas quadradas (70 mil km2)  no Iraque e na Síria. Hoje, liberamos quase todo o território destes sedentos de sangue. Está na hora de trazer nossas tropas de volta para casa."

Ele defendeu as negociações com a milícia dos Talebã "para reduzir nossa presença e nos concentrarmos em antiterrorismo. Depois de duas décadas de guerra, é hora de pelo menos tentar a paz. Mas nossos inimigos não devem duvidar da nossa determinação." No mês passado, lembrou, um comando americano matou um dos terroristas que atacaram o navio de guerra americano USS Cole em 2000.

O próximo alvo foi o Irã: "Para garantir que esta ditadura corrupta jamais tenha armas nucleares, impusemos o regime de sanções mais duro. Não podemos ignorar um regime que canta morte aos EUA e ameaça o povo judeu de genocídio. Precisamos confrontar este ódio onde quer que esteja."

Ao lembrar o ataque a tiros contra uma sinagoga em Pittsburgh, na Pensilvânia, Trump chamou um dos policiais que enfrentaram o atirador. Havia na sinagoga um sobrevivente do Holocausto. Judah estava lá hoje no Congresso dos EUA, festejando 81 anos.

Outro sobrevivente do Holocausto estava estava em Dachau quando o campo de concentração foi tomado por soldados dos EUA. Na Câmara, ele sentou ao lado de um de seus libertadores, um veterano da tomada de Dachau.

"Tudo o que veio depois disso, nosso triunfo sobre o comunismo, os gigantescos saltos da ciência e um progresso sem igual rumo à igualdade e à justiça, só foi possível graças ao suor, à coragem, à bravura e ao sangue dos americanos que vieram antes", exaltou Trump.

"Fazemos o incrível, definimos o impossível, conquistamos o desconhecido. Este é o momento de ir mais alto, como vizinhos e patriotas. Este é o nosso futuro, Peço a vocês que escolham a grandeza. Temos de ir em frente juntos. Colocar os EUA em primeiro lugar em nossos corações. Temos de manter sempre a liberdade viva em nossas almas. Temos sempre de ter fé no futuro dos EUA. A nação unida sob Deus é uma promessa de glória."