domingo, 3 de fevereiro de 2019

Ex-prefeito da capital deve acabar com 30 anos de duopólio em El Salvador

O ex-prefeito de San Salvador Nayib Bukele, de 37 anos, é o favorito na eleição presidencial de hoje em El Salvador, um país pobre da América Central. Sua vitória deve marcar o fim do duopólio entre a direitista Aliança Republicana Nacionalista (Arena) e a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN).

A Arena e a FMLN se alternam no poder desde o fim de uma guerra civil de 12 anos (1980-92) que matou mais de 80 mil pessoas e obrigou mais de 1 milhão a fugir de suas casas, com 500 mil refugiados e 550 deslocados internamente.

Cerca de 2,2 milhões de pessoas devem votar em mais de 1,5 mil seções eleitorais. Bukele representa a conservadora Grande Aliança pela Unidade Nacional (Gana). Seu maior adversário é Carlos Calleja, da Arena, um magnata de 42 anos dono de uma rede de supermercados.

Nayib Armando Bukele Ortez é político e empresário, representante da fábrica japonesa Yahama no país. Foi presidente da Câmara de Vereadores e prefeito de San Salvador, eleito pela FMLN, de onde foi expulso em outubro de 2017 sob a acusação de promover a divisão interna e difamar o partido.

Se as urnas confirmarem as pesquisas eleitorais, Bukele terá de fazer uma aliança com a Arena. Seu partido tem apenas 11 dos 84 deputados da Assembleia Nacional.

Seus desafios serão enormes: acabar com a miséria, que atinge pouco mais de 30% de seus 6,6 milhões de habitantes, e combater a violência de criminosos que importaram a guerra de gangues de grandes cidades americanas como Los Angeles.

El Salvador tem uma dívida externa superior a US$ 9,5 bilhões, uma renda média de US$ 4,8 mil por anos e um salário mínimo de US$ 300 por mês.

No ano passado, houve pelo menos 3.340 assassinatos em El Salvador, a maioria atribuída a gangues, que teriam 70 mil membros, 17 mil dos quais estão presos. Com um índice de homicídios de 51 mortes para cada 100 mil habitantes por ano, é um dos países mais violentos do mundo.

"O novo presidente precisa propor soluções ousadas para a segurança pública", comentou o professor Carlos Carcach, da Escola Superior de Economia e Negócios.

Outro desafio será reduzir a imigração ilegal para os Estados Unidos. O presidente Donald Trump ameaça cortar a ajuda se o fluxo de migrantes não diminuir. Em 2018, mais de 3 mil salvadorenhos se juntaram às caravanas que marcham a pé até os EUA.

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