sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Museu do Louvre vai oferecer visitas noturnas de graça a partir de 2019

Para democratizar o acesso, o Museu do Louvre, um dos mais importante do mundo, vai oferecer entrada grátis uma vez por mês a partir de 5 de janeiro de 2019, informou ontem a direção do museu, uma das maiores atrações turísticas de Paris.

O acesso será gratuito no primeiro sábado do mês de 18h às 21h45. O objetivo é atrair principalmente os moradores da Grande Paris, em especial os jovens.

A Ala Richelieu, onde estão esculturas francesas e pintura flamenga, entre outras obras de arte, só será acessível com reserva.

Entre as obras mais populares do Louvre, estão a Gioconda ou Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, a Vênus de Milo, a Vitória de Samotrácia e as esculturas de Michelangelo.

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Ex-advogado de Trump confessa que mentiu ao Congresso sobre Rússia

Michael Cohen, ex-advogado particular do presidente Donald Trump admitiu ontem ter mentido quando depôs sob juramento no Congresso a respeito de um projeto para construir uma Trump Tower em Moscou, em 2016, enquanto fazia campanha para chegar à Casa Branca.

Diante da pergunta do juiz federal de primeira instância Andrew Carter, Cohen confessou: "Culpado, excelência!" Como parte da confisão, admitiu ter mentido para beneficiar o "indivíduo", identificado como o atual presidente dos Estados Unidos.

Em um depoimento de nove páginas, a equipe do procurador especial Robert Mueller, que investiga um possível conluio da campanha com a Rússia, expuseram uma série de mentiras no depoimento de Cohen.

"Estava consciente das repetidas negativas do indivíduo 1 de lações políticos e comerciais entre ele a e Rússia suas repetidas declarações que as investigações desses laços tinham motivação política e não encontraram provas e que qualquer contato de indivíduos da campanha ou as Organizações Trump tinham sido totalmente encerradas antes da convenção de Iowa, em 1º de fevereiro de 2016", declarou o advogado.

Mesmo sabendo de tudo isso, Cohen reconheceu ter dados respostas falas às comissão de inteligência da Câmara e do Senado, em 2017: "Fiz essas declarações falsas para ser coerente com a mensagem política do indivíduo 1", acrescentou o advogado num tribunal de Manhattan.

Foi sua segunda confissão de culpa em quatro meses, complicando ainda mais o presidente no inquérito do procurador especial. Trump negou tudo mais uma vez, alegando que Cohen é "uma pessoa fraca e pouco inteligente", que teria mentido para fechar um acordo de delação premiada e se livrar de uma condenação.

Em outro caso, a equipe de Mueller acusou o ex-diretor da campanha de Trump Paul Manafort de mentir sob juramento. Isso deve provocar a ruptura do acordo de colaboração com a Justiça. Desde a campanha, Trump insistiu que nunca teve negócios na Rússia nem com a Rússia.

O jornal inglês The Guardian revelou que Manafort esteve pelo menos três o anarquista australiano Julian Assange, fundador do WikiLeaks, que está refugiado desde 2012 na embaixada do Equador no Reino Unido. O WikiLeakes divulgou centenas de mensagem da campanha democrata iner

Sem saída jurídica, o presidente tenta desqualificar a investigação, que descreve como uma "caça às bruxas" e uma "perseguição política" de "democratas raivosos". Em entrevista ao jornal popular nova-iorqino The Daily Post, o presidente aventou a possibilidade de dar indulto a Manafort.

Nova Zelândia veta empresa da China na concorrência da tecnologia 5G

Em nome da segurança nacional, o Escritório de Segurança nas Comunicações da Nova Zelândia proibiu a maior companhia de telecomunicações do país, Spark, de comprar equipamentos da empresa chinesa Huawei para implantar no país a tecnologia de telefonia celular de quinta geração (5G).

A Nova Zelândia segue uma tendência dos países da Europa e da América do Norte, liderados pelos Estados Unidos, para impedir que empresas ligadas ao regime comunista da China possam dominar um setor vital para o desenvolvimento da telecomunicação móvel e da Internet das coisas - e usar seu poder de mercado para espionagem política e industrial.

Os EUA e a Austrália tomaram a mesma decisão e a Alemanha está prestes a fazer o mesmo, num duro golpe aos planos do ditador Xi Jinping de adquirir autossuficiência em tecnologias de ponta no projeto Fabricado na China 2025. Washington pressiona o Japão e a Itália a seguirem o mesmo caminho.

Para os EUA, a corrida tecnológica é essencial para manter a supremacia militar, uma grande preocupação do governo Donald Trump. As reformas e a abertura econômica da China completam 40 anos em 13 de dezembro. Nesta dia, em 1978, o dirigente chinês Deng Xiaoping lançou seu programa de modernização, dando início ao mais rápido e impressionante ciclo de desenvolvimento econômico da história.

Desde então, 800 milhões de chineses saíram da miséria. Hoje, apenas 1% vive na pobreza absoluta. O produto interno bruto chinês pulou de US$ 200 bilhões para US$ 12 trilhões. A China é hoje a segunda maior economia do mundo em PIB nominal. Pelo critério de paridade do poder de compra, já superou os EUA.

Quando as reformas começaram, receberam o apoio do Ocidente. A expectavia era de que a liberalização da economia levasse a uma abertura. Houve avanços na liberdade acadêmica desde a massacre da revolta dos estudantes na Praça da Paz Celestial, em 4 de junho de 1989, ficou evidente que o Partido Comunista não tinha a intenção de renunciar a seu poder absoluto.

Desde a ascensão do ditador Xi Jinping, em 2012, há um claro retrocesso político, com endurecimento do regime e a volta de uma ditadura de um homem só. Com o poder do capitalismo dominado pelo Estado, a China tornou-se uma superpotência formidável, inquietando os EUA, a Europa e o Japão.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Economia do Reino Unido pode cair 10% sem acordo para saída da UE

Como qualquer economista sério sempre suspeitou, a saída da União Europeia vai trazer grandes perdas ao Reino Unido. Com o acordo anunciado na semana passada pela primeira-ministra Theresa May, haverá uma perda de 3,9% em 15 anos em relação ao que aconteceria se o país ficasse no bloco europeu, alertou um documento oficial divulgado hoje pelo governo.

O Banco da Inglaterra advertiu que uma saída dura, uma ruptura total, sem acordo com a UE, vai acarretar perdas de até 10,5% em apenas cinco anos, noticiou hoje o jornal Financial Times. Seria a maior queda na renda nacional desde a Segunda Guerra Mundial, pior do na Grande Recessão (2008-9).

Na última grande crise econômica internacional, a economia britânica recuou 6,5% e os preços das casas caíram 17%. Numa saída dura, o produto interno bruto caiu de 8% a 10,5% e o valor médio dos imóveis residenciais deve baixar 30%, pela previsão do Banco da Inglaterra.

A ala mais extremista do Partido Conservador, favorável a uma ruptura total, desprezou as duas análises econômicas, como faz desde a campanha para o plebiscito realizada em 23 de junho de 2016, que aprovou a Brexit (British exit = saída britânica).

Os economistas do governo britânico concluíram que a política comercial independente, uma das reconquistas alegadas pelos partidários da saída, não trará valor, enquanto a imigração da cidadãos de outros países da UE aumenta a prosperidade do país. As finanças públicas também serão prejudicadas pela Brexit.

Para os brexiteiros, trata-se de recuperar a soberania nacional sobre as leis, as finanças, as fronteiras, a imigração e os mares. Mas o país que um dia esteve no centro do Império Britânico, o maior que o mundo já viu, com 35,5 milhões de quilômetros quadrados de superfície, além do domínio dos mares, será reduzido a uma pequena ilha e um pedaço de outra, com um total de 242,5 mil km2. Seu poder de barganha vai encolher na mesma medida.

Depois da Segunda Guerra Mundial, o primeiro-ministro Winston Churchill disse que a política externa britânica se desenvolvia em três áreas: a relação especial com os Estados Unidos, as relações com a Europa e com a Comunidade Britânica, formada pela maioria dos países do antigo império.

Hoje 50% do comércio exterior britânico é com a Europa. O maior valor do Reino Unido para os EUA, além da aliança militar é ser uma ponte com a UE. As grandes empresas transnacionais com fábricas do país estão de olho no mercado comum europeu, assim como os bancos que fazem de Londres o maior centro financeiro do continente. Tudo isso será perdido sem a Europa.

Com sua visão ultranacionalista do princípio de soberania nacional, o presidente Donald Trump despreza uma entidade supranacional como a UE e trabalha para desmantelar o bloco europeu. Não fará nenhuma concessão econômica, a não ser pelo peso específico da economia britânica, assim como não fará qualquer concessão ao Brasil por causa de um alinhamento ideológico do governo Jair Bolsonaro.

Os países do antigo império, com o ressentimento histórico de ex-colônias, também não vão criar uma relação especial com o Reino Unido. Para os mais bem-sucedidos, Índia, Austrália e Canadá, as relações com os EUA são hoje muito mais importantes.

A ressaca pós-imperial traz ainda o risco de independência da Escócia. No último plebiscito, os escoceses decidiram continuar no Reino Unido por 55% a 45% por causa das vantagens econômicas da União em vigor desde 1707, que incluem o acesso ao mercado europeu. Com a Brexit, é provável que a Escócia decida declarar a independência para permanecer na Europa.

Central sindical convoca greve geral para segunda-feira na França

A Confederação Geral do Trabalho (CGT) convocou uma greve geral para a próxima segunda-feira, 3 de dezembro, em protesto contra a política de energia do presidente Emmanuel Macron, que provocou uma onda de manifestações dos chamados coletes amarelos por toda a França, com explosões de violência na Avenida dos Campos Elísios, em Paris, onde restaurantes foram atacados.

O protesto inicial é contra o aumento nos preços dos combustíveis previsto para o começo de 2019. Embora o governo Macron tenha feito apenas pequenos ajustes para preparar a França para cumprir as metas do Acordo de Paris sobre Mudança do Clima, a agitação social em grande escala visa a paralisar o amplo programa de reformas do presidente para modernizar a economia, cortar subsídios e aumentar o nível de emprego.

Macron cedeu, prometendo que os futuros reajustes de preços e impostos sobre combustíveis devem seguir as oscilações do mercado internacional. O presidente anunciou o fechamento de todas as fábricas de carvão até 2022 e de 14 dos 58 reatores nucleares da França até 2035. A energia nuclear é responsável por 75% da geração de energia elétrica no país.

Pela avaliação dos cientistas do Painel Internacional sobre Mudança do Clima (IPCC), as metas voluntárias propostas pelos países que assinaram o Acordo de Paris, as "chamadas contribuições determinada nacionalmente", levarão a um aumento de 3,2 graus centígrados na temperatura média do planeta até o fim do século. A meta do IPCC é um aumento de 1,5ºC a 2ºC.

Para zerar as emissões de gases carbônicos até 2050, como quer a União Europeia, e atingir a meta do IPCC, será necessário um esforço muito maior. Se um reajuste modesto como propõe Macron causou toda esta reação, a perspectiva de atingir a meta fica totalmente prejudicada.

Chomsky adere a boicote a conferência sobre marxismo na China

O linguista Noam Chomsky e mais de 30 acadêmicos do mundo inteiro decidiram boicotar uma conferência sobre marxismo a ser realizada em Beijim pelo regime comunista da China em protesto contra a prisão de estudantes que defendiam o direito de trabalhadores de se organizarem em sindicatos.

A maioria dos acadêmicos envolvidos no boicote é de universidades dos Estados Unidos e do Reino Unido. Chomsky, professor da Universidade do Arizona, escreveu a seguinte declaração: "Continuar participando de eventos sobre marxismo patrocinados oficialmente significaria ser cúmplice do jogo do governo chinês. Acadêmicos de esquerda do mundo inteiro devem aderir ao boicote destas conferências e eventos."

Nos últimos quatro meses, a ditadura de Xi Jinping prendeu estudantes de várias universidades importantes por apoiarem um movimento de trabalhadores para criar um sindicato livre na fábrica da empresa Jasic Technology, na cidade de Shenzhen, um dos principais polos industriais surgiram com as reformas e a abertura econômica lançadas há 40 pelo líder Deng Xiaoping.

Sob a ditadura de Xi, líder do partido desde 2012 e presidente do país desde 2013, o regime comunista se mostra cada mais intolerante com movimentos de base, especialmente de uma possível aliança entre operários e estudantes, que está na origem do Partido Comunista.

Há duas semanas, em mais uma onda repressiva, estudantes foram presos ou sequestrados, inclusive Zhang Shengye, empurrado à força para dentro de um carro por homens vestidos de preto dentro do campus da Universidade de Beijim.

"Com base nas informações que recebemos, mais estudantes estão em perigo", declarou um grupo de acadêmicos, entre eles Elaine Hui, professora adjunta da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos EUA, que lançou o apelo inicial para boicotar o Congresso Mundial sobre Marxismo promovido pela ditadura comunista chinesa e "conferências similares".

Num sinal de endurecimento,  o regime comunista chinês nomeou no mês passado o ex-agente de segurança do Estado Qiu Shiping como secretário do partido dentro da Universidade de Beijim para realizar "inspeções disciplinares" e de "gerenciamento e controle", jargão utilizado para justificar a repressão.

O professor emérito de sociologia na London School of Economics (LSE)  Leslie Sklair pediu a seus colegas que investiguem as relações entre suas universidades e as universidades chinesas cúmplices na repressão governamental. Várias universidades americanas e europeias estão rompendo acordos acadêmicos com a China por causa do controle crescente da ditadura de Xi Jinping sobre as atividades intelectuais e de pesquisa.

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Diretor da campanha de Trump esteve com Assange

O lobista Paul Manafort, que foi diretor da campanha presidencial de Donald Trump, se encontrou várias vezes em segredo com o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, na Embaixada do Equador em Londres, onde ele está refugiado, noticiou hoje o jornal inglês The Guardian.

Manafort esteve com Assange em 2013, 2015 e 2016, quando se tornou diretor da campanha de Trump, afirmou o jornal. Em nota, ele negou tudo: "Nunca encontrei Julian Assange nem ninguém ligado a ele. Nunca estive em contato com ninguém ligado ao WikiLeaks, direta ou indiretamente. Nunca me dirigi a Assange ou ao WikiLeaks sobre qualquer assunto."

Esses encontros são de interesse do procurador especial Robert Mueller, que investiga a interferência da Rússia nas eleições de 2016 nos Estados Unidos e um possível conluio da campanha de Trump com o Kremlin para derrotar a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, candidata do Partido Democrata à Casa Branca.

Durante a campanha, em outubro de 2016, Trump disse: "Amo o WikiLeaks", uma empresa especializada em divulgar documentos e fatos sigilosos de governos e empresas. Em 2010, o WikiLeaks divulgou mais de 250 mil documentos do Departamento de Estado americano e imagens de ações desastradas dos militares americanos na invasão do Iraque.

Em 2016, o WikiLeaks revelou dezenas de milhares de mensagens de correio eletrônico da campanha de Hillary e do Partido Democrata pirateadas pelo GRU (Departamento de Central de Inteligência), o serviço secreto militar da Rússia, para favorecer Trump.

Ontem, a equipe do procurador especial acusou Manafort de mentir repetidas vezes aos investigadores, violando os termos de seu acordo de delação premiada. Ele perdeu o direito à redução da pena e deve ser sentenciado em breve e pelo menos dez anos de prisão.

Na semana passada, por um erro da equipe de Mueller, vazou a notícia de que há uma denúncia contra Assange, que está sob pressão do atual governo equatoriano para sair da embaixada.

Assange se refugiou na Embaixada do Equador no Reino Unido em 2012 para escapar de um mandado de prisão pan-europeu emitido pela Suécia. A primeira visita de Manafort aconteceu um ano depois, quando o lobista trabalhava para o então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, aliado de Moscou.

A procuradoria sueca retirou as acusações, mas Assange deve ser preso no Reino Unido quando sair da embaixada por violar os termos de sua liberdade condicional. Aí, poderá ser extraditado para os EUA.

Um informe do serviço secreto do Equador visto pelo Guardian confirma que Manafort visitou Assange, assim como russos. Em março de 2016, Manafort esteve com Assange durante 40 minutos. Só mais tarde os equatorianos perceberam a importância das visitas do assessor de Trump.

De acordo com um dossiê do ex-agente secreto britânico Christopher Steele, Manafort estava no centro de uma conspiração da campanha de Trump com o governo Vladimir Putin para derrotar Hillary Clinton, que o ditador russo "odiava e temia".

Meses atrás, Mueller denunciou 12 agentes russos do GRU pela ciberpirataria da campanha democrata, que começou em março de 2016. Em junho daquele ano, Assange enviou mensagem ao GRU pedindo material sobre o diretório nacional do Partido Democrata. Os documentos foram enviados em meados de julho em arquivos anexados criptografados.

O cerco do procurador especial vai fechando, enquanto o presidente americano o acusa de "caça às bruxas" e de de chefiar uma equipe de "democratas raivosos". Ex-diretor-geral do FBI (Federal Bureau of Investigation), como a maioria dos funcionários dos serviços de segurança, Mueller era ligado ao Partido Republicano.

As acusações não passam de mentiras do presidente, o mais desonesto, antiético e imoral da história recente dos EUA.

Presidente da Tanzânia elogia China por ajuda incondicional

Sob pressão do Ocidente por violar os direitos humanos, o presidente John Magufuli elogiou a china como um país amigo por fazer investimentos e conceder empréstimos sem impor condições nem interferir nas questões políticas internas da Tanzânia, noticiou hoje a agência Bloomberg.

Depois que vários países suspenderam a ajuda à Tanzânia por causa da sua guinada autoritária, Magufuli declarou que não depende mais da Europa. A localização estratégica  no Leste da África, com litoral no Oceano Índico, torna o país mais atraente e mais suscetível à influência chinesa.

A Dinamarca cortou a ajuda por causa de comentários homofóbicos de um alto funcionário. A União Europeia está reexaminando as relações com o país e o Banco Mundial congelou um empréstimo educacional de US$ 300 milhões depois que meninas grávidas foram proibidas de frequentar a escola. Mas o regime comunista da China vê na Tanzânia um parceiro e ajuda no desenvolvimento do porto de Bagamoyo.

Oposição da Venezuela convoca protesto para dia da posse de Maduro

A Frente Ampla de oposição na Venezuela convocou uma nova onda de protestos nacionais a partir de 10 de janeiro de 2019, dia da posse do ditador Nicolás Maduro para um novo mandato. 

Seus objetivos são "defender a Constituição" e apelar às Forças Armadas para "restabelecer a ordem constitucional", noticiou ontem o jornal Versión Final, editado na cidade de Maracaibo.

Em uma reunião chamada de Congresso Venezuela Livre, a Frente lançou um manifesto pela mudança política no país com base em uma série de encontros regionais. O texto fala em "reunificar" as forças que lutam contra a ditadura.

Como não reconhecem o resultado da eleição presidencial de 22 de maio, as oposições venezuelanas negam legitimidade ao novo mandato de Maduro. O documento também apela à sociedade internacional para "reconhecer a luta democrática do povo venezuelano e a intensificar as pressões e as ações que contribuam para o fim da ditadura", alegando que o regime chavista é uma ameaça para o mundo e especialmente para a região.

Os protestos devem ser contidos enquanto a polícia e as Forças Armadas mantiverem lealdade do regime, mas sua capacidade para reprimir as manifestações será limitada pela escassez de combustíveis no país com as maiores reservas mundiais de petróleo.

Ontem, as Nações Unidas anunciaram uma "ajuda humanitária de emergência" de saúde e alimentos ao governo da Venezuela no valor de US$ 9,2 milhões para tentar conter a fuga em massa do país. Mais de 4 milhões de pessoas saíram no país nos últimos quatro anos para fugir da depressão econômica de 50%, da hiperinflação prevista para atingir 1.800.000% neste ano, e o desabastecimento generalizado de remédios e alimentos.

A ONU trabalha com um número menor, mas pesquisadores e acadêmicos venezuelanos argumentam que não leva em conta quem tem dupla nacionalidade e quem não fez uma declaração de saída definitiva.

Na Colômbia, a vice-presidente Marta Lucía Ramírez afirmou nesta terça-feira em Miami que a "tragédia da diáspora venezuelana" exige a ajuda todos os países da região para acolher os refugiados, Mais de 1 milhão foram para a Colômbia, além do regresso de colombianos que fugiram para o país vizinho durante a longa guerra civil colombiana.

Sonda dos EUA pousa com sucesso em Marte

A sonda InSight, de US$ 828 milhões, pousou ontem na superfície de Marte para explorar o Planeta Vermelho, observar os abalos sísmicos e os meteoros. É a oitava nave espacial da NASA (Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço) a descer com sucesso no planeta mais próxima da Terra. Mais da metade das tentativas de agências espaciais fracassou.

Depois de uma jornada de 480 milhões de quilômetros, o controlador de voo do Laboratório de Propulsão a Jato da agência espacial dos Estados Unidos em Pasadena, na Califórnia, festejou: "Pouso confirmado. A InSight está na superfície de marte."

"Fabuloso!", bradou duas vezes o engenheiro-chefe Rob Manning. "Que alívio!" Como na reentrada de naves espaciais na atmosfera da Terra, se a InSight entrasse no ângulo errado seria desviada para o espaço ou poderia pegar fogo pelo atrito com a atmosfera marciana.

Para pousar com sucesso na Planície Elísia, a espaçonave de 386 quilos precisava se desacelerar de uma velocidade de de 20 mil quilômetros por hora para 8 km/h. A InSight é operada por um piloto automático porque comandos enviados da Terra levariam muito tempo para chegar a Marte.

Como não tem um mecanismo para ser mover na superfície do planeta, a nave ficará para sempre no lugar onde pousou. O sistema de absorção de choque foi o mesmo desenvolvido para a sonda Phoenix, que desceu em Marte em 2008. A InSight incorporou um computador de bordo e equipamentos eletrônicos usados na missão Maven, que orbita ao redor de Marte desde 2013

"Estamos construindo em cima de sucessos anteriores para reduzir os riscos", declarou o gerente do projeto da empresa Lockheed Martin, que projetou a desenvolveu a aeronave. Agora, a InSight precisa abrir seus painéis solares para gerar energia de 300 watts, o suficiente para movimentar uma batedeira. A uma distância tão grande do do sol e numa atmosfera poeirenta como a do Planeta Vermelho, será mais um desafio.

Nos próximos três meses, os cientistas pretendem estudar o terreno onde a nave pousou. Vão fotografar a área e tentar recriar no terreno no Laboratório de Propulsão a Jato para ensaiar a melhor maneira de instalar os equipamentos eletrônicos no solo. Esta parte de missão deve levar dois meses.

Só então as experiências científicas planejadas começarão a ser executadas. O sensor de abalos sísmicos é um projeto conjunto do Centro Nacional para Estudos Espaciais da França o Instituto Federal de Tecnologia da Suíça e o Imperial College, de Londres, no Reino Unido.

Um dos objetivos é da missão tentar entender melhor a formação dos planetas do Sistema Solar, inclusive da Terra, há quatro bilhões de anos.

Marte é o segundo menor planeta do Sistema Solar. Sua superfície é avermelhada por causa da presença de óxido de ferro. A atmosfera é rarefeita. Tem o maior vulcão e a segunda maior montanha conhecida do Sistema Solar, e duas luas: Fobos e Demos.

Chefe da campanha de Trump violou acordo de delação premiada

A equipe do procurador especial Robert Mueller revelou ontem que o diretor da campanha presidencial de Donald Trump, Paul Manafort, mentiu repetidamente no inquérito sobre a interferência da Rússia nas eleições de 2016, violando seu acordo de delação premiada. Em consequência, ele deve ser sentenciado imediatamente, informou o jornal The Washington Post.

"Depois de assinar um acordo de delação premiada, Manafort cometeu crimes federais por mentir ao Federal Bureau of Investigation (FBI) e ao escritório do procurador especial numa variedade de matérias, o que constitui uma violado acordo", declarou a equipe de Mueller. Os procuradores pediram à juíza Any Berman Jackson que marque logo a data para proferir a sentença.

Manafort foi condenado por oito acusações de fraude fiscal e bancária em outro processo. Fez o acordo de cooperação com Mueller em setembro para evitar um segundo processo na Justiça Federal dos Estados Unidos. Agora, pode pegar uma pena de dez anos ou mais.

Como parte do acordo, confessou a culpa em duas acusações relacionadas a suas atividades como lobista no exterior e obstrução de justiça, e concordou em cooperar integralmente com a investigação sobre a interferência da Rússia. Há dois meses e meio, está em contato com a equipe do procurador especial.

Diretor da campanha de Trump durante seis meses, Manafort é considerado uma testemunha essencial para determinar se houve conluio com o Kremlin para derrotar a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, candidata do Partido Democrata à Casa Branca em 2016.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

López Obrador propõe "constituição moral" para o México

O presidente eleito do México, Andrés Manuel López Obrador, que toma posse em 1º de dezembro, anunciou planos para propor uma "constituição moral" para o país com a ajuda da sociedade civil. O documento pretende dar uma orientação ética e moral para os cidadãos mexicanos, seus governantes e as empresas que atuam no país.

A corrupção endêmica foi um dos temas da campanha do esquerdista López Obrador, do Movimento de Regeneração Nacional, eleito em 1º de julho de 2018 com maioria absoluta no Congresso. Uma das propostas já aprovadas é um teto salarial para o setor público.

Nenhum funcionário público mexicano poderá ganhar mais do que o presidente, cujo salário será de 108 mil pesos, cerca de R$ 20.520. Os cinco ex-presidentes deixam de ganhar pensão. A oposição prevê uma avalanche de processos judiciais para contestar a medida.

A reforma pode ter amplo impacto sobre a economia se alterar o regime regulatório, com grandes consequências sobre empresas públicas e privadas e investidores. Apesar sua vitória sem precedentes, López Obrador não terá a maioria de dois terços para mudar a Constituição, o que também exige o apoio da maioria das assembleias legislativas dos 31 estados mexicanos.

O novo presidente prometeu na campanha fazer uma "revolução pelo voto".

Venezuela vai receber ajuda humanitária de emergência da ONU

Depois de anos de recusa sob o argumento de que justificaria uma intervenção militar na Venezuela, o ditador Nicolás Maduro pediu ajuda humanitária de emergência às Nações Unidas, como este blog antecipou há 12 dias. 

Uma ajuda inicial de US$ 9,2 milhões para saúde e alimentação foi liberada, mas ficará sob o controle de agências internacionais, noticiou hoje o jornal O Estado de São Paulo. É mais um sinal da falência do chavismo e seu "socialismo do século 21".

Até o mês passado, o regime chavista se recusava a admitir que o país está numa situação de "emergência humanitária", com mais de 80% da população vivendo abaixo da linha de pobreza, com renda mensal abaixo de R$ 180. Não permitia a atuação de agências humanitárias na Venezuela

É uma situação catastrófica. A inflação prevista para este ano deve chegar a 1.800.000%. A depressão reduziu o produto interno bruto em 50% nos últimos cinco anos. O desabastecimento é generalizado. Faltam mais de 80% dos produtos normalmente encontrados nos supermercados, especialmente remédios e alimentos.

Sob ameaça desta crise, a pior de uma economia relativamente desenvolvida da história recente, mais de 4 milhões de pessoas fugiram da Venezuela nos últimos quatro anos. A ajuda da ONU visa também a conter esta crise de refugiados.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) vai ficar com a maior parte do dinheiro para aplicar em hospitais, no pagamento dos funcionários do setor e na compra de medicamentos. Com a saída de um em cada três médicos, constatada pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), há uma explosão de casos de aids, tuberculose, sarampo e difteria, entre outras doenças.

Com a mortalidade infantil no nível de 40 anos atrás, o Fundo da ONU para a Infância (Unicef) vai receber US$ 2,6 milhões para a "recuperação nutricional de crianças com menos de cinco anos de idade, mulheres grávidas ou que estejam amamentando" e US$ 1,7 milhão serão destinados a outras mulheres a crianças.

João Francisco Pereira de Souza, o Coronel Degola, a Hiena do Cati*

Uma época de violência e terror. Tortura e morte. De cabeças cortadas - degolas. Inimigo derrotado não sobrevivia. Os uniformes encharcados depois das batalhas, tingidos de vermelho vivo, de sangue ainda quente. Terminara no Rio Grande do Sul a Revolução Federalista (1893-95), a mais sangrenta das guerras civis brasileiras. Mais de 12 mil mortos. Mas a fronteira não estava "pacificada". Os revolucionários exilados no Uruguai eram ameaça aos republicanos. Era preciso manter a ordem. Manter o poder. "A ordem por base e o progresso por fim." A filosofia positivista de Augusto Comte justificava o autoritarismo de Júlio de Castilhos. 

Para policiar a fronteira, foram criados "corpos provisórios" civis. O mais famoso deles ficava no Cati - numa elevação às margens de um arroio, em Santana do Livramento. Ali mandava, absoluto, o coronel João Francisco Pereira de Souza. A Hiena do Cati. O Louco do Cati. O Coronel Degola, comandante de um regimento de 1.400 homens espalhados desde as Missões até Livramento. 600 homens montados em cavalos tordilhos. Eram os soldados do Cati. 

Em nome da República, da ordem e do progresso, do fim do contrabando e do banditismo, implantou-se um terror medieval. Nem as mulheres eram respeitadas... E os irmãos, pais e maridos é que pagavam. Castrados. Degolados. Acabavam no fundo de valas. Apodrecendo...

As batalhas naquele tempo eram corpo a corpo - com lança, facão, espada e algumas pistolas. Havia pouca munição. Por entre as colinas levemente onduladas (coxilhas) do pampa gaúcho, os combates eram rápidos e violentos. Em duas horas, cidades eram varridas com sangue. Depois vinha a pilhagem. Os campos ficavam manchados de sangue, de cadáveres, com cruzes aqui e ali, fossas onde corpos apodreciam e muitos crânios perdidos pelo chão. Enterros em covas rasas. Aos vencidos, só restavam duas opções: aderir ou morrer.

Era um tempo de degolas. Os homens eram mortos como animais - de joelhos, as mãos amarradas às costas, a cabeça presa entre as pernas do carrasco. Um golpe seco de facão... Nenhum respeito pela pessoa humana. Coisas de uma sociedade recém-saída da escravidão que passara os últimos 200 anos lutando. (Desde que os portugueses, ampliando seus domínios na América, fundaram em 1680 a Colônia do Sacramento, no Rio da Prata, do outro lado de Buenos Aires, o Rio Grande do Sul e o Uruguai foram palco de sucessivas guerras.)

A Revolução Federalista de 1893 criou uma triste imagem de violência do Rio Grande do Sul. Até hoje permanecem ressentimentos. Em cidades de fronteira como Santana do Livramento, ou se é chimango ou maragato. O historiador Sérgio da Costa Franco, autor de Júlio de Castilhos e Sua Época, recebe cartas de castilhistas indignados com as homenagens prestadas anualmente ao líder maragato Gaspar Silveira Martins.

A análise histórica desse período de paixões violentas apenas começa. E a figura do coronel João Francisco Pereira de Souza - caudilho, chefe militar, disciplinador, bandido, segundo seus inimigos - é particularmente controvertida. Um mito.

Em quase todo o Brasil, a passagem do Império para a República foi pacífica. Com a abolição da escravatura, grandes líderes contrariados aderiram ao Partido Republicano, que assim pôde tomar o poder solidamente das mesmas elites dominantes no Segundo Império.

No Rio Grande do Sul, que havia proclamado a República de Piratini durante a Revolução Farroupilha (1835-45), a situação era outra. O Partido Liberal, de Silveira Martins, tinha amplo controle político. Nas eleições de 1889, fez grande maioria de deputados na Assembleia Legislativa do estado.

Quando o marechal Deodoro da Fonseca derrubou o imperador, em 15 de novembro de 1889, Silveira Martins foi preso. Abriu-se o caminho para o Partido Republicano Rio-Grandense, de Júlio de Castilhos. Quatro dias depois, o jornal A Reforma afirmava que "o Partido Liberal constitui a maioria da província; é uma força e como tal deve ser respeitado."

Castilhos respondeu, através de A Federação, que os monarquistas deveriam deixar o governo da República aos republicanos: "Não podemos dizer o que será maior: se a nossa tolerância de hoje, se a cólera irreprimível com que castigaremos os criminosos, sejam eles quais forem. Neste instante supremo, só há lugar para um partido - o partido da consolidação da República. A única coisa que resta aos nossos adversários é uma razoável." Positivista fanático, fiel seguidor do lema Ordem e Progresso, tratou de criar a Brigada Militar do Estado.

Mas logo depois de Deodoro fechar o Congresso, em 12 de novembro de 1891, Júlio de Castilhos foi deposto. Veio o período do governicho, que durou sete meses. Os republicanos exilados no Uruguai preparavam a retomada do poder, que se deu pelas armas em 17 de junho de 1892. Esse foi o primeiro combate no qual o jovem João Francisco - filho de fazendeiros, nascido em 12 de abril de 1866 - participou.

Não era uma força regular. Eram civis, recrutados às vezes à força de baioneta - camponeses, marginais, contrabandistas. João Francisco, que também estava no exílio, destacou-se por sua bravura e coragem.

Novamente no poder, Castilhos terminou seu trabalho de desmontar a máquina política do Partido Liberal. Destituiu delegados de polícia, chefes da Guarda Nacional e todos os funcionários públicos de cargos importantes. Fez do Rio Grande do Sul uma república positivista. Uma monocracia. Controlava pessoalmente o Estado.

"Partido fraco, sem contar com a força dos caudilhos locais manipuladores do voto popular", observa Sérgio da Costa Franco, "o Partido Republicano, ao atingir o poder, não poderia mostrar-se, como não se mostrou, liberal e tolerante. A sua própria debilidade explica sua dureza de conduta e o antiliberalismo da Constituição de 14 de julho de 1891."

O Poder Executivo legislava diretamente através de decretos-leis. Foi nela que Getúlio Vargas se baseou para fazer a Constituição do Estado Novo, em 1937. O mesmo fizeram os governos ditatoriais depois do golpe militar de 1964. Com a democratização, os decretos-leis foram substituídos pelas medidas provisórias, que entram em vigor imediatamente, mas precisam de aprovação do Congresso.

Em fevereiro de 1893, eram os maragatos que estavam no Uruguai. Com a invasão de Bagé, começou a Revolução Federalista. Em Santana do Livramento, houve um violento choque de duas horas na Rua Tamandaré. Os uruguaios puderam assistir tudo da cidade vizinha de Rivera (a fronteira ali é apenas uma avenida).

A derrota dos rebeldes em Inhanduí, em 3 de maio, estimulou o apoio do presidente da República, marechal Floriano Peixoto, decisivo para a vitória republicana. Depois do combate de Sociedade, no município de Santana do Livramento, em 1894, João Francisco passou a comandar o corpo explorador - uma vanguarda de cavalaria, tropa de choque das forças do general Hipólito Ribeiro. A guerra estava decidida.

Em 24 de junho de 1895, o que sobrava do exército federalista, sob o comando do almirante Luís Felipe de Saldanha da Gama, foi atacado em Campo Osório pelos soldados de João Francisco e Cândido Azambuja. Vendo-se perdido, Saldanha da Gama fugiu e foi morto por um lançaço do major Salvador Silva, oficial de João Francisco. Aí começaram as acusações ao caudilho.

Foi o fim da revolução. Os federalistas voltaram para o Uruguai. João Francisco permaneceu acampado junto ao arroio do Cati, entre Quaraí e Santana do Livramento. O governo Castilhos, temendo novas invasões, criou em 31 de dezembro de 1895 os "corpos provisórios" civis para defesa da fronteira.

O 2º Corpo Provisório ficava no Cati - ponto estratégico perto de vários municípios e das fronteiras com o Uruguai e a Argentina -, sob o comando do tenente-coronel João Francisco Pereira de Souza. No local, comprado pelo governo, construiu-se um quartel. Em torno, surgiu uma povoação: o Cati.

Longo muro de pedra. 800 metros de frente. Quatro mil metros quadrados de construção. Água encanada e luz a gás de acetileno. As casas dos oficiais logo à frente. Hoje o Cati está em ruínas. Restam um pedaço do muro da frente - dos portões do Cati, onde tantos entraram para jamais saírem - uma caixa d'água ainda de pé e o poço - o poço do pátio interno, de águas escuras, em que muitos foram jogados e assassinados.

Alguns velhos umbus, sem folhas, se elevam acima dos muros corroídos pelo tempo. Ainda se podem ver, olhado para o chão, entre os caraguatás e espinhentos japecãs que ocupam o terreno, as plantas das casas dos oficiais e das cadeias do Cati, desenhadas por seus alicerces. A grama alta, selvagem, vai conquistando espaço, enquanto raízes e trepadeiras escalam os muros num assalto final.

Nem parece que ali ficavam 600 homens de uma força total de 1.400 - os soldados montados em cavalos tordilhos, brancos, ágeis, bons nadadores, e os oficiais em cavalos alazões. Caprichos do coronel João Francisco - homem duro, austero, positivista convicto, disciplinador. Ele dormia pouco. Gostava de dar longas caminhadas durante a noite. Ao amanhecer, qualquer que fosse o temo, verão abafado ou frio inverno gaúcho, com os campos esbranquiçados pela geada, toda a soldadesca caía na água do arroio do Cati - com o coronel João Francisco à frente.

Foi também a época do fechamento das estâncias, com a chegada da indústria do frio, da carne congelada e do capitalismo ao campo. Camponeses sem terra foram expulsos das fazendas. Isso alimentou o banditismo, a marginalidade e o caudilhismo. Não faltavam elementos errantes, andarilhos e desocupados ao longo da fronteira. Eles atendiam a qualquer aceno de revolução, ambiente favorável a seu modo de vida bárbaro e seminômade.

Assim, não era difícil, tanto para rebeldes quanto para governistas, formar em pouco tempo numerosos corpos, brigadas e divisões. A guerra civil acabara e aqueles homens continuavam matando com suas ações violentas. Matavam por qualquer coisa. As menores questões eram resolvidas a faca ou bala. E o coronel João Francisco queria manter a ordem. De qualquer maneira.

O Cati se tornou famoso pelas atrocidades cometidas ali. João Francisco ficou conhecido como a Hiena do Cati, o Louco do Cati, o Coronel Degola. Esse terror chegou a inspirar o médico psiquiatra a escritor gaúcho Dyonélio Machado, nascido em Quaraí, a escrever O Louco do Cati - considerado pelo escritor e diplomata João Guimarães Rosa o segundo melhor romance brasileiro.

Embora não se prenda ao aspecto histórico, Dyonélio, deputado estadual comunista preso pelo Estado Novo, deixa no livro seu depoimento sobre João Francisco e o Cati: "Havia terminado a revolução com a vitória do governo. Era um fim de século - século 19. Fim de mundo... A campanha, principalmente a fronteira - ninho de revolucionários - não estava ainda "pacificada". Fazia-se necessário isso que depois as guerras iriam chamar de "operações de limpeza". Bem: essa limpeza se inaugurou, se consolidou, se prolongou. Tornou-se coisa regular. - Uma espécie da banditismo legal, entronizado naquele Castelo sobre uma elevação às margens dum arroio, nas caldas dum dos rios que têm mudado de pronúncia com a mudança de fronteira de dois povos inquietos. - Mas, é claro, uma tarefa de tal ordem ("Ordem pública! Ordem pública!") punha nas mãos dos homens do Cati uma enorme soma de poder: poder pessoal, poder político, poder!...

"Já não se fazia mais nada naquela vasta zona sem consulta ao Cati. O Cati era um Subestado. Era o Estado para aquela região. Não raro entrava em conflito com o verdadeiro Estado, e o vencia. Polvo, estendia tentáculos, atava, arrastava, triturava. A simples companhia de volantins que demandava Livramento, vinda do oeste, fazia a travessia pelo outro lado da linha, pelo estrangeiro, para não ter de passar pelo Cati. (- Passar pelo portão do Cati era obrigatório -). Por causa das mulheres... Não respeitavam nem as mulheres... E os pais e irmãos é que pagavam, atirados nos poços medievais. Daí, quando saíam, eram quase sempre degolados. Todos os que caíram eram degolados: por motivos pessoais, por motivos políticos, comerciais, por qualquer motivo... Altivo e frio, o Cati apertava, arrastava, triturava. E durante anos, anos. Fez-se uma legenda real, verdadeira, de sangue, de morte e de terror feudal. - Nós ficamos um pouco célebres, respeitados, admirados, por essa legenda."

"É um livro todo peculiar, em que tudo se move, tudo passa e tudo se desfaz, mas nada faz nenhum sentido" - como observou o escritor Moisés Velhinho em Letras da Província. O personagem central, um maluco cujo nome é sonegado, vai até um fim de linha de bonde em Porto Alegre. Lá se junta a um grupo e começa uma viagem de carro em que nada acontece - interrompida por uma prisão em Florianópolis, de onde são levados para o Rio. Carrega-se o maculo, simplesmente. Lá vai ele sem se saber por quê. E os outros também não sabem - só Norberto, que foge da polícia.

O autor coloca muita coisa miúda, do dia a dia. Após uma estada inconsequente no Rio, o louco é despachado de volta como um pacote que chegou em endereço errado. Pelo caminho, não falta almas caridosas com pena dele.

O fim da viagem, feita de avião, é um pouso forçado precisamente no Cati - onde o maluco confronta a realidade em ruínas com suas alucinações, talvez lembranças de terror de seus tempos de menino. Não há referências ao tempo em que se desenrola a ação, nem se a doença mental do personagem se deve a traumas do reino de terror de João Francisco no Cati.

Dyonélio reduz a importância dessas cenas reais para dar à obra dimensão universal. As angústias, sensações e esperanças do infeliz Louco do Cati se confundem com as de todos nós.

Com a morte de Júlio de Castilhos, em 1903, o comando politico do Partido Republicano passou para Antônio Augusto Borges de Medeiros, presidente do Rio Grande do Sul por 25 anos. João Francisco, que obedecia cegamente a Castilhos, ficou mais livre. Desafiou o Estado. Tornou-se um poder paralelo e absoluto. Agiu também no Uruguai. Aliado a seu ex-inimigo maragato Aparício Saraiva, interveio na revolução uruguaia de 1904 apoiando os blancos contra os colorados.

Borges tinha medo do Cati. Somente em dezembro de 1908, o governador Carlos Barbosa, considerando que "a paz está instalada", extinguiu por decreto-lei os "corpos provisórios". Foi o fim do Cati. Seus soldados foram transferidos para o regimento da Brigada Militar em Santa Maria.

"O velho poderia ter resistido, mas entregou as armas" - conta seu neto Imaero Pereira de Souza, preocupado em desfazer a imagem desfavorável do avô. O quartel foi abandonado, serviu de abrigo a camponeses sem terra. Nas duas quadras de sesmaria a seu redor, o governo passou a criar cavalos.

Hoje o Exército não tem mais cavalos em Livramento. As terras estão arrendadas para Hamilton Couto. Mas ninguém quer morar no Cati. As pessoas têm medo. Dizem que o sobrenatural do coronel João Francisco caminha por ali à noite, como fazia quando comandante. Vive ali só um rapaz de 15 anos, Válter Fernandes Trindade. Ele e cinco cavalos - dois são potros negros selvagens (como os cavalos chucros que os gaúchos domavam às pressas para formar suas brigadas).

A liderança política do coronel João Francisco na região se manteve até 1910, quando os Flores da Cunha entraram na disputa pelo controle do Partido Republicano na região da fronteira. Em 29 de setembro de 1910, os dois irmãos de João Francisco foram assassinados durante um tiroteio em Santana do Livramento. Briga provocada por comentários em jornais.

O coronel acusou os irmãos Flores. José Antônio Flores da Cunha, futuro governador do estado, respondeu pelo jornal Correio do Povo numa séria de artigos - Perfídias de um Bandido. Estavam revelados os crimes de João Francisco. Mais do que isso, eram admitidos pelos próprios republicanos.

Parece contraditório. João Francisco só teve força para praticar as arbitrariedades que cometeu por delegação direta do grande chefe republicano. Júlio de Castilhos aprovava pessoalmente todos os seus atos - como se pode ver na correspondência publicada no número 20 da revista Província de São Pedro.

Por outro lado, embora tenha sido cognominado Coronel Degola, não foi responsável pelas grandes degolas da Revolução Federalista - ordenadas pelo general maragato Joca Tavares, em Rio Negro, e pelo general castilhista Firmino de Paula, em Boi Preto.

O vereador, jornalista e historiador santanense Ivo Caggiani entende que o coronel João Francisco não pode ser julgado pelos padrões éticos e morais de hoje. Aquele era um tempo de lutas, de caudilhos, de violências de ambos os lados, de execuções sumárias.

Nos relatórios militares da época, citados pelo major Miguel José Pereira no Esboço Histórico da Brigada Militar, ele aparece como um comandante dedicado e responsável , com "suas bem instaladas oficinas, invernadas, mangueiras, lavouras de forragens - sem despender o Estado mais do que o vencimento, o fardamento e o armamento".

O certo é que João Francisco não se confunde com a figura típica do coronel na História do Brasil. Não é o grande fazendeiro cercado de capangas e jagunços, com um exército particular, mas o militar que vai ganhando força do chefe político de um governo centralizado e autoritário. Até mesmo o "liberal" Silveira Martins chamou de ingênuos aqueles que o abandonaram revoltados com as matanças da Revolução Federalista, como o médico Angelo Dourado, autor de Voluntários do Martírio, o que foi registrado pelo brazilianista americano George Love em Regionalismo Gaúcho: As Origens da Revolução de 30.

Júlio de Castilhos, Silveira Martins, Flores da Cunha e outros passaram à história como heróis; João Francisco, como bandido.

Desde a polêmica com Flores da Cunha, João Francisco foi cuidar de charqueadas em São Borja. Em 1914, foi para Caçapava, no estado de São Paulo, onde fundou uma charqueada. Ficou lá até a Revolução de 1923. Quando chegou ao Sul, a luta terminara.

De volta a São Paulo, articulou a Revolução de 1924 ao lado de Isidoro Dias Lopes e Siqueira Campos. Após 20 dias de cerco sob fogo cerrado de 19 canhões enviados por ordem do presidente Artur Bernardes, não conseguindo derrotar o governo, o caudilho teve uma ideia: um trem blindado com metralhadoras em cada janela.

O tem foi virado a canhonaços. Apesar dos ferimentos e dos seus 58 anos, João Francisco reagiu a bala contra aqueles que vinham matando os sobreviventes. Salvo por uma ambulância, fugiu do hospital a tempo de comandar a retirada da tropa para o Mato Grosso, Paraguai e Argentina. Outra vez o exílio. Mudou-se para Montevidéu e de lá para Rivera.

Com a Revolução de 1930, cruzou a fronteira para assumir o comando de Santana do Livramento como general nomeado por Getúlio Vargas, herdeiro de Castilhos. Novamente morando em São Paulo, lutou contra a Revolução Constitucionalista de 1932.

João Francisco Pereira de Souza morreu em 4 de maio de 1953. Anos antes, em 1939, quando estourou a Segunda Guerra Mundial, fez um plano de defesa contra um possível ataque da Alemanha à costa brasileira. E se apresentou para lutar na Europa. Com 73 anos, o velho caudilho ainda queria combater.

* (Texto publicado no CooJornal, da Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre, em fevereiro de 1982)

domingo, 25 de novembro de 2018

União Europeia aprova acordo para saída do Reino Unido

Dois anos e cinco meses depois do plebiscito, os líderes da União Europeia aprovaram hoje o acordo para que o Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte deixe o bloco europeu, onde entrou há 45 anos. Agora, o tratado de 585 páginas precisa ser aprovado em 12 de dezembro pela Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico, onde a batalha será árdua. O Partido Unionista Democrático (DUP), da Irlanda da Norte, aliado do governo Theresa May, e vários deputados conservadores anunciaram voto contra.

Em uma reunião de cúpula em Bruxelas, na Bélgica, os líderes dos outros 27 países-membros da UE declararam ser a favor de uma relação "a mais próxima possível" depois do divórcio, considerado uma "tragédia" pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

Com ou sem acordo, o Reino Unido deixa a UE em 29 de março de 2019. Foi uma negociação difícil, marcada por desentendimentos dentro do Partido Conservador britânico, preocupações de que o restabelecimento da fronteira com a Irlanda abale o acordo de paz na Irlanda do Norte e a demissão de uma série de ministros, inclusive dois ministros da Brexit (British exit = saída britânica).

"Estou triste, mas aliviada", desabafou a maior líder do continente, a chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel. "Nós continuaremos aliados, parceiros e amigos", prometeu o principal negociador europeu, Michel Barnier, ex-ministro das Finanças da França.

Ver o Reino Unido "sair da UE não é um momento de júbilo nem de celebração, é um momento triste e uma tragédia", comentou o presidente da Comissão Europeia, órgão executivo da UE, Jean-Claude Juncker, ex-primeiro-ministro de Luxemburgo.

"Se as pessoas pensam que ainda é possível negociar, não é o caso. É o acordo que está sobre a mesa, é o melhor acordo possível, é o único possível", afirmou a primeira-ministra Theresa May, que terá de enfrentar uma rebelião da ala mais extremista de seu Partido Conservador.

A Espanha ainda tentou vetar o acordo por causa de Gibraltar, uma possessão britânica situada no extremo sul da Península Ibéria, na entrada do Mar Mediterrâneo, conquistada na Guerra da Sucessão Espanhola (1703-14).

Num período de transição, até o fim de 2020, o Reino Unido terá de obedecer à maioria das regras da UE. Os compromissos financeiros, incluindo as pensões e aposentadorias de funcionários britânicos do bloco europeu vão até 2064, um dos grandes motivos da discórdia na Câmara dos Comuns.

Será, nas palavras da primeira-ministra Theresa May, "um dos votos mais significativos do Parlamento em muitos anos". De acordo com a imprensa britânica, pelo menos 90 deputados conservadores pensam em votar contra, além do Partido Trabalhista, de oposição, e do DUP.

O impacto sobre a economia do país é evidente. Várias empresas transnacionais estão saindo do país ou reduzindo seus negócios, inclusive bancos do centro financeiro de Londres, que certamente deixará de ser o maior da Europa. De país que mais crescia no Grupo dos Sete (maiores potências industriais capitalistas liberais), o Reino Unido hoje é dos que menos crescem.

"O custo que discutimos nos meses recentes é enorme", observou o presidente da França, Emmanuel Macron. "Quem disse que os britânicos poupariam dezenas ou centenas de bilhões de libras mentiram", acrescentou, referindo-se à campanha dos defensores da saída no plebiscito de 23 de junho de 2016.

Se o acordo for rejeitado, as consequências são imprevisíveis. O governo May de cair. Pode haver novas eleições, uma saída dura, sem qualquer acordo com a UE, e até mesmo uma segunda consulta popular para o eleitorado britânico decidir o que fazer. Há um movimento para exigir a realização de um referendo para aprovar ou rejeitar o acordo ou até mesmo manter o Reino Unido no bloco europeu.

sábado, 24 de novembro de 2018

Trump faz acordo para candidatos a asilo nos EUA esperarem no México

O presidente Donald Trump fez um acordo com o futuro presidente esquerdista do México, Andrés Manuel López Obrador, que toma posse em 1º de dezembro, para que os candidatos a asilo nos Estados Unidos esperem em território mexicano enquanto seus pedidos são processados, noticiou o jornal The Washington Post. Acabou assim a política de prender e soltar, em que os migrantes eram detidos e em seguidas soltos e aguardavam o resultado nos EUA.

No Twitter, seu meio de comunicação favorito, Trump escreveu no sábado à noite: "Os migrantes na fronteira sul não terão permissão para entrar nos EUA até que seus pedidos sejam aprovados individualmente pela Justiça. Não serão mais soltos nos EUA... Todos terão de esperar no México."

Cerca de 5 mil imigrantes da América Central, a maioria de Honduras, mas também de El Salvador e da Guatemala, chegaram em caravana à cidade de Tijuana, na fronteira com o estado americano da Califórnia. Como um juiz americano proibiu o governo de impedi-los de pedir asilo na fronteira, o presidente apelou para o México.

Trump fez mais uma ameaça: "Se por qualquer razão se tornar necessário, vamos fechar nossa fronteira sul. De jeito nenhum, depois de décadas de abuso, os EUA vão aceitar esta situação perigosa e custosa."

As novas regras impõem uma "barreira formidável", observou o Post, aos imigrantes centro-americanos que sonham em entrar nos EUA para fugir da violência e da miséria em seus países de origem.

"Por ora, concordamos com esta política de Permanecer no México", declarou Olga Sánchez Cordero, futura ministra do Interior do México, descrevendo-a como uma "solução de curto prazo. As soluções de médio e longo prazos são fazer com que as pessoas não migrem. México tem os braços abertos, mas imaginem uma caravana atrás da outra. Seria um problema para nós também."

Para o governo Trump, é uma maneira de desestimular novas caravanas. A solução vista pela futura ministra mexicana exige uma ajuda substancial ao combate à violência e ao desenvolvimento econômico da América Central que não está nos planos do presidente americano.

Trump prefere demonizar os imigrantes como se fosse uma horda de bandidos e malfeitoras, e não um bando de miseráveis em busca de paz e trabalho.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Paquistão impede ataque terrorista a consulado chinês em Caráchi

Três extremistas muçulmanos foram mortos hoje quando tentavam atacar o Consulado da China em Caráchi, a maior e mais rica cidade do Paquistão. Os três terroristas, dois policias e dois civis morreram no tiroteio, noticiou o jornal paquistanês Dawn

O proscrito Exército de Libertação do Baluquistão assumiu a responsabilidade pela ação, mas as autoridades paquistanesas não confirmaram a autoria. A China condenou o atentado e manifestou pesar e condolências pelas mortes.


Eram entre 9h30 e 10h pela hora local (2h30 e 3h em Brasília) quando houve explosões e em seguida um tiroteio. Os terroristas metralharam a guarita da segurança do consulado, explodiram uma granada e tentaram invadir o setor de vistos do consulado, deflagrando a imediata reação policial.

Todos os funcionários chineses foram levados para o prédio principal do complexo. O tiroteio durou cerca de uma hora. Em seguida, um esquadrão anti-bombas fez uma varredura na área. Às 12h15 pela horal local (5h15 em Brasília), as forças de segurança concluíram a operação

Os separatistas baluques lutam para criar um país independente no Sudoeste do Paquistão e são contra o projeto chinês Iniciativa um Cinturão uma Estrada, que tem sido acusado de aumentar o endividamento de países, criando uma dependência da China.

Este ataque foi mais um de uma série contra chineses no Paquistão. O primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, determinou a abertura de inquérito. "Qualquer tentativa de minar as relações entre a China e o Paquistão está destinada ao fracasso", declarou o ministro conselheiro da embaixada chinesa, Lijian Zhao.

Mais tarde, outro atentado, com carro-bomba, matou 32 pessoas e deixou outras 31 feridas no distrito de Orakzai, na província de Khyber Pakhtunkwai. Orakzai é uma tribo da etnia pashtun nativa da região. As forças de segurança fazem uma varredura na área em busca de explosivos e suspeitos.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Brasil tem de zerar desmatamento da Amazônia

O mundo precisa da Amazônia. Não vai conter o aquecimento global sem a grande floresta tropical brasileira, que está perto de chegar ao limite além do qual será praticamente impossível a regeneração. Está na hora de zerar o desmatamento, alertaram ontem os participantes do painel Mudança do Clima e Meio Ambiente nos Diálogos do Amanhã, uma conferência realizada pelo Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e Fundação Konrad Adenauer.

"A Amazônia está no limite", advertiu a ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, moderadora do painel sobre o clima. "Temos de evitar o segundo arco do desmatamento."

Nos anos 1950s, só 2% do cerrado eram desmatados; hoje, são 50%. O desmatamento da Amazônia está em 27%. Se chegar a 40%, será irreversível, previu Thelma Krug, vice-presidente do Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

"A Amazônia é crucial", alertou Thelma Krug. O último relatório do IPCC recomenda que o aumento da temperatura média do planeta deve ser contido em 1,5ºC acima da era pré-industrial para evitar impactos desastrosos.

"Hoje, a temperatura está um grau centígrado acima da era pré-industrial", declarou a vice-presidente do IPCC. "Com 1ºC, estamos sentindo impactos atribuídos à mudança do clima como os incêndios na Califórnia. Limitar o aquecimento a 1,5ºC não é impossível, mas requer mudanças sem precedentes. Todo aumento de temperatura é importante. Tem impactos sobre a saúde, morbidade e mortalidade, mais diante muito quentes."

A expectativa do IPCC é que as emissões de gás carbônico sejam zeradas em 2050, com cortes nos clorofluorcarbonetos e no metano, outros gases que agravam o efeito estufa. "Até o final do século, a temperatura média passa de 1,5%. Depois, desce, com reflorestamento em larga escala e bioenergia", previu Krug.

Esta é a previsão otimista. No momento, as contribuições nacionalmente determinadas (NDCs), as metas voluntárias previstas pelo Acordo do Clima assinado em 12 de dezembro de 2015 em Paris, apontam um aumento de 3,2ºC.

"A cooperação internacional é um elemento crítico para os países em desenvolvimento, em capacitação e tecnologia. Até 2050, 75% a 80% da geração de eletricidade precisam vir de fontes renováveis", observou Thelma Krug.

Há um papel para os bancos de desenvolvimento, notou o superintendente de Gestão Pública e Socioambiental do BNDES, Gabriel Visconti: "Os técnicos do BNDES se apresentam para criar uma economia de baixo carbono."

O Brasil tem de parar de desmatar: "É preciso construir uma nova governança. Não dá mais para expandir a fronteira agrícola", afirmou André Guimarães, membro da Coalizão Clima, Florestas e Agricultura e pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

A agricultura brasileira é muito importante. Somando a agroindústria e os serviços de distribuição, o agronegócio responde por 23,5% do produto interno bruto e 20% do emprego, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

"A maior parte da agricultura não é irrigada. Depende da chuva. O mundo tem liquidez. É comprador de serviços ambientais. Ou vemos como oportunidade ou vamos pagar um alto preço", acrescentou Guimarães.

"Cerca de 20% da água doce estão na Amazônia", disse o pesquisador. "Não tem como chegar a 1,5ºC ou 2ºC sem a floresta. Cada árvore bombeia mil litros de água por dia para a atmosfera. São 400 bilhões de árvores."

Essa evaporação cria uma corrente de vapor d'água que bate na Cordilheira dos Andes e desde para o Centro-Sul do Brasil, irrigando a agricultura do Centro-Oeste e do Sudeste. Se olharmos o mapa do mundo, regiões nesta latitude são desérticas, do Chile à Austrália, passando pela África. Sem a máquina de fabricar chuva da Amazônia, o agronegócio acaba.

"Somos uma ilha com a maior parte da população no litoral", comentou o o embaixador do Reino Unido, Vijay Rangajaran. Se as calotas polares derreterem e o nível dos oceanos se elevar, as populações litorâneas e ribeirinhas terão de recuar numa escala sem precedentes. "O Brasil, a China e a Índia são países-chaves."

"O mundo precisa da Amazônia", concluiu o embaixador britânico, mais do que a Amazônia precisa do mundo, não só para conter o aquecimento global, mas como banco genético e riqueza natural de onde podem sair substâncias capazes de virar medicamentos para doenças hoje incuráveis.

Falta convencer os ruralistas e o futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que vê o aquecimento global como uma conspiração marxista para favorecer a China.

Brasil tem de integrar indústria e academia para impulsionar inovação tecnológica

O Brasil precisa criar incubadoras de empresas ao redor das universidades para investir em inovação tecnológica e modernizar seu parque industrial, concluíram os participantes do painel Brasil-Alemanha: Indústria 4.0 e Inovação. 

Este foi um dos temas dos Diálogos para o Amanhã, uma conferência realizada ontem pelo Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a Fundação Konrad Adenauer.

Dois terços do produto interno bruto industrial alemão e grande parte da inovação tecnológica vêm de pequenas e médias empresas, afirmou o ministro-conselheiro da Embaixada da Alemanha, Christoph Bundscherer, ao falar no painel.

É um bom modelo para o Brasil. O superintendente de indústria e serviços do BNDES, Júlio Raimundo, que também participava do  contestou a ideia de "perda da importância da indústria", resultado da perda de peso da indústria no PIB.

Para retomar o crescimento num ritmo capaz de resolver os problemas do país, o Brasil precisa aumentar a produtividade e "grande parte do ganho de produtividade terá de vir da indústria", afirmou Júlio Raimundo.

"A Alemanha se destaca por ter pequenas e médias empresas muito fortes. Na renovação do tecido empresarial brasileiro, tem de haver um aprofundamento da automação. A indústria 4.0 [digitalização] é uma enorme oportunidade. O Brasil tem uma base industrial diversificada. É hora de renovar e inovar", argumentou o representante do BNDES.

Ainda há no Brasil "uma separação entre a indústria e a academia", comentou José Borges Frias, diretor de marketing estratégico da Siemens do Brasil.

É preciso seguir o modelo do Vale do Silício, na Califórnia, centro da revolução da informática, onde várias empresas de alta tecnologia surgiram ao redor da Universidade Stanford. O mesmo acontece em Cambridge, no estado de Massachusetts, nos EUA, onde ficam a Universidade de Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), e na Universidade de Cambridge, na Inglaterra.

No ano 2000, fiz esta pergunta ao então ministro da Educação, Paulo Renato Souza, que tomou com uma pergunta capciosa para acusá-lo de privatização do ensino. Era a mentalidade arraigada no país, que via a universidade como uma catedral.

Frias vê uma mudança: "Nos últimos anos, há uma consciência da importância de aproximar indústria e academia, com a Internet das coisas." Júlio Raimundo também observa uma "integração pesquisa-negócio".

Brasil não fica entre maiores economias do mundo sem abertura comercial

O Brasil é hoje a oitava maior economia do mundo. Não estará entre as dez maiores dentro de dez anos se não fizer uma abertura comercial, advertiu ontem o secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Hussein Kalout, cientista político formado pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. 

Kalout participou no Rio de Janeiro dos Diálogos para o Amanhã, promoção do Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) e da Fundação Konrad Adenauer.

Hoje o Brasil participa de apenas 1,2% do comércio global. "As 20 maiores economias do mundo têm em média 40% do produto interno bruto ligados ao comércio exterior; o Brasil, 25%", afirmou o secretário.

Setores fechados e monopolistas pressionam pelo retardamento de mudanças. "Vai haver perdas", reconheceu Kalout, "mas, de 57 setores industriais examinados, só três perderiam. O crescimento depois da abertura seria de mais 2 a 3 pontos percentuais no PIB."

A resistência é grande: "Não conheço ninguém que abra mão de subsídios. Não querem competir. Querem monopólios", observou. "O setor de informática tem uma das maiores tarifas. Cobramos tarifas sobre coisas que não produzimos. Não vamos dar um salto tecnológico sem desgravação."

"É necessário abrir, reduzir tarifas", acrescentou, fazendo ajustes tributários e uma reforma fiscal para compensar. Neste sentido, o secretário de Assuntos Estratégicos vê como positiva a integração do Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio (MDIC) ao Ministério da Economia a ser criado pelo futuro governo. "O MDIC era capturado por certos lobbies."

Kalout considera importante revisar a tarifa externa comum da união aduaneira do Mercosul.

No mesmo painel, o superintendente de Comércio Exterior do BNDES, Leonardo Pereira, afirmou que o banco estatal está pronto a oferecer financiamento para a abertura comercial, como faz há 27 anos. "A liberalização será benéfica para a defesa, indústria aeronáutica e setores de alto conteúdo tecnológico. O Brasil nunca vai produzir tudo o que gostaria."

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Presidente da Suprema Corte dos EUA critica Trump por atacar juízes

O presidente da Suprema Corte dos Estados Unidos, ministro John Roberts, reagiu às críticas do presidente Barack Obama a juízes federais que tomam decisões contrárias a ele. Trump chamou de "juiz de Obama" o juiz que derrubou uma decisão do presidente de proibir que os imigrantes da caravana que chegou à fronteira peçam asilo nos EUA.

"Não temos juízes do Obama ou juízes do Trump, juízes do Bush ou juízes de Clinton", protestou o presidente da Suprema Corte. "Temos um grupo extraordinário de juízes dedicados fazendo o melhor para dar direitos iguais a todos que aparecem diante deles. O Judiciário independente é algo a que devemos ser gratos."

Trump não demorou a responder: "Desculpa, ministro-presidente John Roberts, mas temos, sim, 'juízes do Obama' e eles têm um ponto de vista muito diferentes das pessoas encarregadas da segurança do nosso país", escreveu o presidente no primeiro de uma série de tuítes.

"Seria ótimo se o Tribunal Federal de Recursos da 9ª Reunião fosse de fato um Judiciário independente, mas se fosse por que teríamos tantas visões de oposição nos casos lá e por que temos um grande número de decisões derrubadas. Por favor, estude os números, eles são chocantes", afirmou Trump. O TFR de São Francisco, na Califórnia, é um dos mais liberais do país.

A posição do presidente da Suprema Corte foi apoiada pelo presidente da associação equivalente à Ordem dos Advogados dos EUA, Bob Carlson: "Discordar de uma decisão judicial é um direito de todos, mas quando funcionários do governo questionam a motivação do tribunal, zombam de uma decisão ou ameaçam retaliar por causa de uma decisão desfavorável, querem minar a posição da corte ou impedir os tribunais de desempenhar seus deveres constitucionais."

Trump queria mandar o Departamento da Justiça a processar Hillary e Comey

O presidente Donald Trump pretendia ordenar ao Departamento de Justiça em abril a abertura de processos contra a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, sua adversária na eleição presidencial de 2016, e o ex-diretor-geral do FBI (Federal Bureau of Investigation) James Comey. Foi advertido pelo advogado-geral da Casa Branca que isso poderia deflagrar um processo de impeachment, noticiou o jornal The New York Times.

A pressão levou o advogado-geral, Donald McGahn, a pedir demissão. Revela claramente a intenção de Trump de usar o Departamento da Justiça, um órgão independente, para perseguir seu adversários políticos como num país ditatorial.

Apesar da advertência, o presidente continuou discutindo a questão em encontros privados. Queria nomear um procurador especial para investigar Comey e Hillary.

Depois das eleições intermediárias de 6 de novembro, demitiu o secretário da Justiça e procurador-geral dos Estados Unidos, Jeff Sessions, substituindo-o por um procurador subserviente, Matthew Whitaker, que fez anteriormente várias declarações contra o inquérito do procurador especial Robert Mueller, que investiga um possível conluio da campanha de Trump com a Rússia.

Whitaker foi acusado de participar de uma organização que recebeu uma doação ainda não identificada de US$ 1 milhão, o que compromete sua atuação como supervisor do inquérito sobre a Rússia.

A Casa Branca não comentou.

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Putin oferece retirada do Irã da Síria em troca de fim das sanções

O presidente Vladimir Putin ofereceu garantias de uma retirada total das forças do Irã da Síria em troca do fim das sanções econômicas dos Estados Unidos à Rússia, informou hoje o Canal 10 da televisão israelense.

Ao falar em nome do Irã, Putin muda sua posição negociadora. A proposta não foi confirmada, mas é improvável que os EUA aceitem, tendo em vista os inúmeros desentendimentos tanto com a Rússia como com o Irã.

Os EUA e seus aliados no Oriente Médio, especialmente a Arábia Saudita, pressionam o Irã a limitar suas intervenções no Bahrein, no Iêmen, no Iraque, no Líbano e na Síria. Ao romper o acordo nuclear assinado em 2015 pelo governo Barack Obama, as outras potências com direito de veto nas Nações Unidas e a Alemanha, o presidente Donald Trump deixou claro que exige o fim do desenvolvimento de mísseis de médio e longo alcances e a interferência em outros países da região.

Trump exime príncipe saudita pela morte de jornalista dissidente

Em mais uma patética distorção da realidade, o presidente Donald Trump contrariou a análise da Agência Central de Inteligência (CIA) e eximiu hoje o príncipe-herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed ben Salman, de responsabilidade pela morte do jornalista dissidente Jamal Khashoggi, brutalmente assassinado no consulado saudita em Istambul, na Turquia, em 2 de outubro.

Ao justificar sua decisão, Trump acusou o Irã pela guerra civil no Iêmen, por desestabilizar o Iraque, financiar a milícia xiita libanesa Hesbolá, sustentar o ditador sírio, Bachar Assad (que acusou exageradamente por "milhões de mortes'), de ser inimigo dos Estados Unidos e de Israel, e de ser "considerado o maior patrocinador mundial de terrorismo".

Como de costume, o presidente americano ignora a realidade e constrói sua própria versão mentirosa. A Arábia Saudita e as monarquias petroleiras do Golfo Pérsico são os maiores patrocinadoras do terrorismo dos muçulmanos sunitas, inclusive da rede terrorista Al Caeda e do Estado Islâmico.

O governo saudita não financia diretamente esses grupos, que são uma ameaça a seu regime. Como o país tem 6 mil príncipes, não faltam financiadores para o extremismo muçulmano sunita. MbS, como o príncipe é mais conhecido, prometeu combater o jihadismo.

Depois de atacar o Irã, Trump afirmou que sua viagem à Arábia Saudita gerou negócios de US$ 450 bilhões para os EUA, outro exagero, inclusive de US$ 110 bilhões para a indústria bélica americana, o que está mais perto da realidade.

Quando falou do assassinato de Khashoggi, o presidente disse que talvez nunca se saiba o que realmente aconteceu. Trump aceitou as desculpas do rei Salman e do príncipe-herdeiro, que alegaram não ter conhecimento do planejamento e da execução do crime bárbaro.

"Talvez ele soubesse, talvez não", desconversou Trump, referindo-se ao príncipe.

Em uma monarquia absolutista como a Arábia Saudita, é praticamente impossível que um jornalista importante seja assassinado sem que a cúpula do regime saiba, especialmente porque o crime foi cometido por agentes da guarda pessoal de Mohamed ben Salman, como assinalou o relatório da CIA, ignorado por Trump.

"De qualquer maneira", acrescentou Trump, "nosso relacionamento é com o Reino da Arábia Saudita. Tem sido um grande aliado em nossa importante luta contra o Irã. Os EUA pretendem continuar sendo um aliado inabalável da Arábia Saudita para garantir os interesses do nosso país, de Israel e de todos os nossos outros parceiros na região. É nosso objetivo prioritário eliminar totalmente a ameaça do terrorismo através do mundo!"

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Talebã encontram enviado dos EUA e se negam a acabar com a guerra

Uma delegação da milícia dos Talebã (Estudantes) se reuniu no emirado árabe do Catar com o embaixador Zalmay Khalilzad, enviado especial dos Estados Unidos para negociar a paz no Afeganistão, mas se recusou a encerrar o conflito até abril e até mesmo a aceitar uma trégua, noticiou hoje a agência Reuters.

As negociações no Catar duraram três dias e terminaram sem avanço. Os extremistas muçulmanos exigem a retirada total dos EUA e seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a libertação dos prisioneiros e o fim das sanções a seus líderes para iniciar um diálogo interno pela paz, informou a televisão árabe Al Jazira, especializada em notícias.

Embora se negue oficialmente a acabar com a guerra, a simples negociação revela o interesse da milícia extremista muçulmana de apresentar suas exigências para abrir negociações de fato. Os EUA temem que seja apenas uma manobra para forçar a saída das forças internacionais e derrotar um governo afegão enfraquecido. É importante para os EUA acompanhar as negociações internas dos Talebã.

O comandante Sirajuddin Hakkani, líder da Rede Hakkani e número dois do grupo, seria a favor de uma solução militar. Sua rede é um braço das Forças Armadas do Paquistão, conforme declarou no passado o atual primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan.

A Guerra do Afeganistão é a mais longa da história dos EUA, que atacaram o regime dos Talebã 7 de outubro de 2001, em resposta aos atentados terroristas de 11 de setembro. Na época, a rede terrorista Al Caeda tinha suas bases no país.

Hoje, o governo afegão controla apenas 56% do território nacional. Mesmo com a ajuda militar dos EUA, não consegue derrotar os Talebã. A organização terrorista Estado Islâmico tentou se estabelecer no Afeganistão, mas os Talebã rejeitam sua infiltração.

Os combates praticamente param durante o inverno no Hemisfério Norte. Os EUA tentam chegar a um acordo antes do reinício, no próximo ano.

Trump ataca almirante que comandou operação que matou Ben Laden

Em mais um sinal de total falta de caráter e de escrúpulos, o presidente Donald Trump atacou o almirante reformado William McRaven, ex-comandante da força de elite da Marinha Seals, responsável pela operação que matou o terrorista saudita Ossama ben Laden, no Paquistão, em 2 de maio de 2011.

Trump se irritou porque o almirante afirmou que os ataques do presidente à imprensa são a maior ameaça à democracia nos Estados Unidos que viu durante toda a sua vida. Em entrevista à TV Fox News, que o apoia, primeiro, Trump alegou que McRaven era partidário de Hillary Clinton e Barack Obama. Mentira. Depois, criticou a ação contra Ben Laden.

"Não teria sido melhor se tivéssemos pego Ossama ben Laden muito antes? Morando no Paquistão, no que acredito que fosse uma mansão bacana, perto da academia militar, todo o mundo no Paquistão sabia que ele estava lá. E nós damos US$ 1,3 bilhão por ano ao Paquistão", rosnou Trump, menosprezando o trabalho da Agência Central de Inteligência (CIA) para localizar Ben Laden.

O almirante, que serviu 37 na tropa de elite Seals, respondeu: "Não apoiei Hillary Clinton nem ninguém. Sou fã do presidente Obama e do presidente George W. Bush, para quem trabalhei. Admiro todos os presidentes, sem olhar para seus partidos políticos, que mantenham a dignidade do cargo e que usem o cargo para unir o país em momentos desafiantes."

E acrescentou: "Mantenho meu comentário de que os ataques do presidente à imprensa são a maior ameaça à democracia durante minha vida. Quando você mina o direito do povo a uma imprensa livre e à liberdade de expressão, você ameaça a Constituição e tudo o que ela representa."

Na mesma entrevista, Trump manifestou mais uma vez seu desprezo pelos militares ao declarar que não visitou o Cemitério Nacional de Arlington, na Virgínia, onde estão enterrados os heróis nacionais dos EUA, no dia em homenagem aos americanos mortos em combate, por "estar muito ocupado". Nunca estão tão ocupado que não possa descansar em seus clubes de golfe.

Quando esteve na França para as comemorações dos 100 anos do fim da Primeira Guerra Mundial, o presidente não foi a um cemitério militar americano porque o mau tempo tornava a viagem de helicóptero arriscada.

O chefe da Casa Civil da Casa Branca, general John Kelly, e o comandante do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA, general Joseph Dunford, fizeram a viagem por terra a 80 quilômetros de Paris e homenagearam os soldados mortos.

domingo, 18 de novembro de 2018

Deputado democrata quer proibir fuzis de guerra nos EUA

Depois de mais de 300 massacres a tiros nos Estados Unidos neste ano, o deputado democrata Eric Swalwell, eleito na região da Baía de São Francisco, uma das mais progressistas do país, propôs em artigo publicado meses atrás no jornal USA Today a proibição de fuzis de assalto, a compra dos que estiverem em poder da população e o confisco dos que resistirem. Agora, pretende apresentar um projeto de lei nesse sentido.

Sua proposta se inspira na legislação da Austrália para conter a violência com armas de fogo. O deputado e ex-procurador estima o custo em US$ 15 bilhões, mas considera "um investimento em nosso direito mais importante, o direito à vida" para mudar a cultura americana de posse de armas de fogo.

Quando era procurador, Swalwell, conseguiu condenar a 65 anos de prisão Dreshawn Lee. Ele matou por vingança, em Oakland, na Califórnia, em 2009, o segurança Gary Johnson, três meses depois de ser denunciado à polícia por andar com uma arma de cano serrado. Até hoje, a autópsia de Gary o assombra.

Um fuzil de assalto semiautomático é uma arma de guerra. Suas balas atingem uma velocidade três vezes maior do que um tiro de uma pistola de 9 milímetros. Produzem lesões devastadoras em tecidos, órgãos e vasos sanguíneos, provocando hemorragias capazes de matar alvejando qualquer parte do corpo.

Gary não teve a menor chance, observa o deputado, nem as 20 crianças e oito adultos mortos na escola primária Sandy Hook, in Newtown, no estado de Connecticut, em 14 de dezembro de 2012; nem 49 frequentadores da boate Pulse, em Orlando, na Flórida, fuzilados em 12 de junho de 2016; nem os 59 mortos durante um concerto de música sertaneja em Paradise, na Grande Las Vegas, no estado de Nevada, em 1º de outubro de 2017; nem os 17 massacrados na escola secundária Marjorie Stone Douglas, em Parkland, na Flórida, em 14 de fevereiro de 2018; ou as quatro vítimas fatais na lanchonete Waffle House, em Nashville, no Tennessee, em 22 de abril de 2018.

"No entanto, podemos dar a nós mesmos e a nossas crianças a chance que essas vítimas não tiveram. Podemos finalmente agir para tirar armas de guerra de nossas ruas de uma vez por todas", defende o deputado, membro da Comissão de Justiça e da Comissão de Inteligência da Câmara dos Representantes.

Salwell quer a proibição total destas armas: "Restabelecer a proibição de armas de guerra que estava em vigor de 1994 a 2004 proibiria a produção e a venda, mas não afetaria a posse das armas já existentes. Isto deixaria milhões de armas de assalto em nossas comunidades por décadas."

Tais armas só poderiam seriam restritas à polícia e a clubes de tiro: "Em vez disso, devemos proibir as armas de assalto militares semiautomáticas, comprar as armas de quem quiser cumprir a lei e processar criminalmente quem quiser desafiar a lei e manter suas armas."

Quando a Suprema Corte reafirmou, em 2008, o direito individual de portar armas para autodefesa garantido pela Segunda Emenda à Constituição dos EUA, argumenta o deputado, o ministro-relator Antonin Scalia declarou que este direito "não é ilimitado" e "não é o direito de possuir e portar qualquer arma, de qualquer maneira e para qualquer propósito".

Desde então, quatro tribunais federais de recursos mantiveram proibições a armas de assalto. "Há muitas outras armas disponíveis para autodefesa" e "o perigo que armas de assalto representam é uma razão legítima para estados e municípios as proibirem", escreveu Salwell.

Na Austrália, depois de um massacre de 35 pessoas com armas semiautomáticas, em abril de 1996, o governo proibiu seu uso e comprou 643.726 armas pelo valor de mercado por US$ 230 milhões pela cotação da época. O custo foi coberto por um imposto temporário de 0,2% do seguro nacional de saúde pública.

Nos EUA, o deputado estima que haja 15 milhões de armas de assalto em poder do público. A US$ 1 mil por fuzil de guerra, seriam necessários US$ 15 bilhões. Como o gasto do governo federal dos EUA é de US$ 4 trilhões por ano, seriam apenas 0,325% do total.

Ao mesmo tempo, os cortes de impostos do governo Donald Trump, que beneficiam sobretudo as grandes empresas e os riscos, devem aumentar a dívida pública em US$ 1,9 trilhão em uma década.

"Considerem isso um investimento para acabar com a carnificina, o sofrimento e a perda", concluiu o deputado. "Resolver nosso problema requer ousadia e vai custar caro, mas o custo de deixar como está será muito maior para nossos bolsos e nossas consciências."

sábado, 17 de novembro de 2018

Fundador do WikiLeaks deve ser deportado para os EUA

Depois de ficar seis anos refugiado na Embaixada do Equador em Londres, Julian Assange, fundador do WikiLeaks, uma empresa de Internet especializada em piratear e divulgar dados de governos e empresas que considera suspeitos, não deve escapar de uma extradição para os Estados Unidos.

Por engano, um tribunal dos EUA revelou há dois dias que uma assessora do procurador especial Robert Mueller, que investiga a influência indevida da Rússia nas eleições americanas de 2016, denunciou Assange em agosto por divulgar mensagens de correio eletrônico obtidas pelos russos.

A denúncia estava em segredo para não prejudicar o inquérito. Como o atual governo equatoriano o pressiona a sair da embaixada, a expectativa é que ele seja forçado a sair em breve.

O dono do WikiLeaks se refugiou na embaixada do Equador no Reino Unido para escapar de um mandado pan-europeu da Justiça da Suécia, que queria interrogá-lo sobre crimes sexuais. A Procuradoria da Suécia retirou as acusações, mas a Justiça britânica queria prendê-lo por violar os termos de sua liberdade condicional.

Desde o início, Assange, um anarquista australiano, afirma que o objetivo era extraditá-lo para os EUA por ter divulgado mais de 250 mil documentos sigilosos do Departamento de Estado americano, além de material sobre crimes cometidos durante a invasão do Iraque, vazadas pelo soldado Bradley Manning, hoje Chelsea Manning, que recebeu indulto do presidente Barack Obama.

Não se sabe quais as acusações contra Assange. Se a denúncia inicial poderia ser rejeitada pela Justiça dos EUA em nome da liberdade de imprensa, a conspiração com a Rússia para interferir no resultado das eleições americanas é muito mais grave.

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Ditadura de Maduro prende ex-chefe do serviço secreto da Venezuela

O ex-diretor do Serviço Bolivarista de Inteligência Nacional (Sebin) Gustavo González López foi preso e levado para a Diretório Geral de Contrainteligência Militar (Dgcim) da Venezuela, informou hoje o boletim de notícias Noticiero Digital. A notícia não foi confirmada.

González López, ligado ao presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, considerado o número dois do regime chavista, foi afastado da direção do Sebin em 26 de outubro. Pode estar apenas depondo.

De acordo com o jornal El Nuevo Heraldo, é uma manobra da ditadura comunista de Cuba para diminuir o poder de Cabello. Quando Chávez estava morrendo e precisava indicar um sucesso, Fidel Castro preferiu Maduro.

A queda de González López é um sinal de divisão na ditadura de Nicolás Maduro, no momento em que o o governo venezuelano recorre ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em busca de ajuda alimentar para a população faminta e dependente do carnê de racionamento do regime.

Com queda do produto interno bruto pela metade nos últimos 5 anos, inflação prevista para chegar a 1.800.000% em 2018, desabastecimento generalizado e mais de 80% da população na miséria, a Venezuela vive a pior crise econômica de uma economia em desenvolvimento nas últimas décadas.

Mais de 4 milhões de pessoas fugiram do país nos últimos anos. A expectativa é de uma revolta iminente dentro do regime, que cooptou as Forças Armadas, para derrubar Maduro, considerado o pior chefe de governo hoje no mundo.

González López controlou o Ministério do Interior e o Sebin de 2014 a 2016. Seu afastamento seria resultado de uma luta interna pelo poder entre Cabello e o vice-presidente Tareck al-Aissami.

Uma televisão venezuelana noticiou que o ex-subdiretor do Sebin Carlos González, detido há uma semana, também estaria sendo interrogado. Ele estaria numa cela com generais aliados do finado caudilho Hugo Chávez que caíram em desgraça sob Maduro.

Líderes do Khmer Vermelho são condenados por genocídio no Camboja

Pela primeira vez, dois líderes da ditadura comunista do Khmer Vermelho foram condenados por genocídio no Camboja. O vice-líder do ditador Pol Pot, Nuon Chea, de 92 anos, e o presidente do país, Khieu Samphan, de 87 anos, foram sentenciados hoje à prisão perpétua por um tribunal internacional das Nações Unidas de tentar exterminar comunidades muçulmanos e vietnamitas.

A ditadura de Pol Pot aterrorizou o país do Sudeste Asiático de 16 de abril de 1975 a 9 de janeiro de 1979, quando foi deposta por uma invasão vietnamita. Dois milhões de pessoas morreram durante aquele reino do terror.

Em julgamento anteriores, as condenações haviam sido por crimes contra a humanidade: assassinato em massa, extermínio, escravidão e tortura. As sentenças desta sexta-feira são um marco para o tribunal internacional que há dez anos busca responsabilizar os responsáveis por um dos regimes mais terríveis do pós-guerra.

O juiz Nil Nonn leu a longa sentença condenatória num tribunal em Phnon Penh cheio de vítimas do Khmer Vermelho. Entre as arbitrariedades da ditadura comunista, ele citou casamentos forçados e casais obrigados a ter filhos.

Nuon Chea foi considerado culpado de tentar exterminar os muçulmanos do povo cham e os cambojanos de origem vietnamita, enquanto Khieu Samphan foi condenado pelo genocídio dos vietnamitas cambojanos.

Cerca de 36% dos 300 mil muçulmanos da etnia cham foram mortos pelo Khmer Vermelho. Além de assassinados em massa, eles foram proibidos de seguir sua religião e obrigados a comer carne de porco, o que é proibido pelo islamismo.

A maioria dos vietnamitas foi foi deportada. Todos os 20 mil vietnamitas remanescentes foram mortos.

A Convenção da ONU sobre Genocídio define este crime como "a tentativa de destruir, total ou parcialmente, um grupo religioso, racial, étnico ou nacional". O extermínio de toda uma corrente política, o politicídio, ficou de fora porque o ditador soviético Josef Stalin vetou.

O Khmer Vermelho foi um movimento extremista do maoísmo fundada por intelectuais cambojanos educados na França sob a influência do stalinismo do Partido Comunista Francês nos anos 1950s.

Saloth Sar, mais conhecido como Pol Pot, chegou ao poder duas semanas antes da queda de Saigon (hoje Cidade de Ho Chi Minh), no fim da Guerra do Vietnã, em 1975, depondo o regime do general Lon Nol, que derrubara cinco anos antes o governo de Norodom Sikanouk, o Príncipe Vermelho, num golpe apoiado pelos EUA.

Durante a Guerra do Vietnã (1964-75), os EUA bombardearam intensamente o Camboja para atacar os guerrilheiros do Vietnã do Norte, comunista, que usavam a chamada Trilha de Ho Chi Minh, por dentro do território cambojano, para invadir o Vietnã do Sul, aliado dos EUA. O ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger é acusado de crimes de guerra pelos bombardeios.

CIA conclui que príncipe-herdeiro mandou matar jornalista saudita

A Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos concluiu que o príncipe-herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed ben Salman, foi o mandante do assassinato do jornalista dissidente Jamal Khashoggi, noticiou o jornal americano The Washington Post

Khashoggi foi morto e esquartejado depois de entrar no consulado saudita em Istambul, na Turquia, em 2 de outubro, atrás de um documento para se casar. A Arábia Saudita mudou várias vezes sua versão oficial e denunciou vários agentes. Cinco podem pegar pena de morte.

Um esquadrão da morte de 15 agentes sauditas foi a Istambul naquele dia e voltou à noite para a Arábia Saudita em dois aviões da monarquia absolutista. A conclusão tem base em várias fontes, em gravações realizadas dentro do consulado, num telefonema do embaixador saudita nos EUA para Khashoggi e no fato de que o príncipe manda no país e controla as questões de Estado nos mínimos detalhes.

O embaixador Khaled ben Salman, irmão do príncipe-herdeiro, ligou pessoalmente para o jornalista para orientá-lo a pegar o documento no consulado em Istambul, garantindo que Khashoggi não correria nenhum risco.

Khashoggi foi visto entrando no consulado e nunca mais saiu. Sua noiva ficou esperando do lado de fora. Primeiro, o regime saudita afirmou que ele havia saído com vida. Depois, declarou que o jornalista havia morrido numa briga dentro do consulado. Mais tarde, admitiu que os agentes sauditas haviam "cometido um erro grave", tentando eximir o príncipe de culpa.

Nesta semana, o procurador-geral da Arábia Saudita apresentou outra verão. Os agentes teriam sido enviados a Istambul para prender Khashoggi e levá-lo para o reino. Quando ele "foi detido à força", os agentes "injetaram uma quantidade excessiva de drogas, o que levou à sua morte". Onze agentes foram denunciados. Cinco podem ser condenados à morte.

A análise da CIA descreve MbS, como o príncipe é conhecido, como um "bom tecnocrata", mas intempestivo e arrogando, "alguém que vai de zero a 60 e parece não entende que há coisas que não pode fazer".

Para o serviço secreto americano, "não há como isso ter acontecido sem o conhecimento ou envolvimento" do príncipe-herdeiro. Apesar do escândalo, a CIA entende que MbS não corre risco de perder a posição e não se tornar o próximo sultão da Arábia Saudita.

Juiz manda governo Trump devolver credencial de repórter da CNN

Em uma vitória da liberdade de imprensa, um juiz federal dos Estados Unidos aceitou hoje o pedido da rede de televisão americana CNN para devolver a credencial do setorista da Casa Branca Jim Acosta, cassada depois que ele discutiu com o presidente Donald Trump durante uma entrevista coletiva.

"Quero agradecer a todos os meus colega da imprensa que me apoiaram nesta semana e quero agradecer ao juiz pela decisão de hoje", festejou Acosta diante do tribunal, em Washington, a capital dos EUA. Até a TV Fox News, que apoia Trump, ficou ao lado do repórter neste caso.

No dia seguinte à vitória eleitoral que deu maioria na Câmara dos Representantes ao Partido Democrata, de oposição, Trump se irritou com uma pergunta sobre a caravana de miseráveis da América Central que tentam entrar nos EUA, descrita pela presidente como uma invasão.

Quando Trump pediu a uma estagiária da Casa Branca que tirasse o microfone de Acosta, o repórter perguntou se o presidente temia novas denúncias do procurador especial Robert Mueller, que investiga um possível conluio da campanha de Trump com a Rússia na eleição presidencial de 2016.

Mais tarde, a assessora de imprensa de Trump declarou em nota: "Hoje, o tribunal deixou claro que não existe um direito absoluto de acesso à Casa Branca com base na Primeira Emenda. Em resposta, vamos temporariamente restituir a credencial. Também vamos estabelecer regras e processos para garantir entrevistas coletivas justas e ordeiras no futuro. Precisa haver decoro na Casa Branca."

A ação da CNN se baseia na Emenda nº 1 à Constituição dos EUA, que garante plena liberdade de imprensa, alegando que a credencial foi cassada por causa do conteúdo das reportagens do jornalista. Trump hostiliza constantemente todo repórter e meio de comunicação que divulga notícias críticas a seu governo, chamando-os de "inimigos do povo" e acusando-os de publicar "notícias falsas".

Sua atitude encoraja ditadores ao redor do mundo a atacar jornalistas, como foi o caso do dissidente saudita Jamal Khashoggi, morto e esquartejado no Consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia, em 2 de outubro de 2018.

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Ministros britânicos renunciam em protesto contra acordo com a UE

A ala mais extremista do Partido Conservador do Reino Unido se rebelou contra a proposta de acordo para a saída do país para a União Europeia anunciada ontem pela primeira-ministra Theresa May e tenta derrubá-la. 

O deputado Jacob Rees Mogg apresentou uma carta de desconfiança para afastar a primeira-ministra. São necessárias 41 para lançar uma disputa interna no partido para derrubar May.

Três ministros, Dominic Raab, da Brexit (British exit = saída britânica); Esther McVey, do Trabalho; e Shailesh Vara, da Irlanda do Norte; pediram demissão hoje, pressionando May. Os defensores do acordo alegam que o preserva empregos e a economia, e devolve ao país o controle sobre suas leis e a imigração.

Sob ameaça de um voto de desconfiança na Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico, Theresa May convocou uma entrevista coletiva para 17 horas (15h em Brasília).

O Reino Unido deve deixar a UE em 29 de março de 2019. O acordo proposto prevê compromissos financeiros até 2064. Durante um período de transição de um ano e nove meses, o Reino Unido teria de se submeter a todas as regras do bloco europeu. Sem acordo, as consequências para a economia britânica devem ser catastróficas.

Alemanha está sob pressão para vetar chineses do leilão da tecnologia 5G

Altos funcionários da Alemanha e o governo dos Estados Unidos estão pressionando o governo alemão a proibir a participação de empresas da China na concorrência pública para implantar as telecomunicações de quinta geração (5G), a ser realizada em 2019, noticiou ontem a agência Reuters.

A Alemanha pretende finalizar a preparação do leilão neste mês para realizar a concorrência no início de 2019, mas um adiamento ainda é possível. A pressão é para excluir companhias de telecomunicações ligadas ao regime comunista chinês, como Huawei e ZTE.

No passado, várias empresas da China colaboraram com companhias de telecomunicações alemãs, mas agora há suspeitas no Ocidente de ameaças à segurança nacional. O governo Donald Trump está pressionando os aliados dos Estados Unidos a não deixar empresas chinesas fornecerem equipamentos para implantação da tecnologia 5G.

A tecnologia 5G é a base da evolução da tecnologia de telecomunicação móvel. É considerada essencial para o desenvolvimento da Internet das coisas Vai permitir, por exemplo, que o refrigerador faça encomendas ao supermercado quando os alimentos estiverem chegando ao fim, que a panela prepare o arroz para estar pronto quando as pessoas chegarem em casa ou que o ar condicionado resfrie ou aqueça a casa antes da chegada dos moradores.

Ao controlar objetos à distância, será fundamental para a produção industrial com participação cada vez maior de robôs. Também vai permitir baixar filmes e vídeos em velocidades muito superiores às atuais e uma gama variada de outras atividades, como transmissões ao vivo de alta definição.

As denúncias recentes que a pirataria cibernética da China desviou o tráfego da Internet para servidores chineses, permitindo espionagem generalizadas de governos e empresas estrangeiras, tornaram a situação ainda mais crítica.