Seis meses depois de retirar os Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã, o governo Donald Trump voltou a impor sanções à República Islâmica, mas deu isenção a oito países para que possam continuar importante petróleo iraniano, inclusive China, Índia, Grécia, Itália, Coreia do Sul, Taiwan e a Turquia.
Apesar de depender de importações de gás natural do Irã para geração de energia elétrica, o Iraque não foi excluído nem a União Europeia. Não se sabe quanto tempo devem durar as isenções. O objetivo de Trump é reduzir as exportações de petróleo a zero. Na opinião da empresa de consultoria e análise estratégica Stratfor, é mais realista uma queda para um milhão de barris.
Desde a campanha eleitoral, Trump chamou de "pior acordo da história" o acordo fechado em 2015, no governo Barack Obama, pelas cinco grandes potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas (EUA, China, França, Reino Unido e Rússia), a Alemanha e o Irã para congelar o aspecto militar do programa nuclear iraniano.
Na visão do governo Trump, o acordo é insuficiente porque não impede o desenvolvimento de mísseis nem a interferência do Irã em outros países do Oriente Médio. Seu objetivo é pressionar o Irã a voltar a negociar, como fez com a Coreia do Norte.
O problema é que as outras partes no acordo discordam da posição dos EUA. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) certificou que o Irã está cumprindo o acordo. No fim de semana, o aiatolá Ali Khamenei, supremo líder espiritual da Revolução Islâmica, acusou Trump de minar o poder suave dos EUA.
A Europa gostaria de circundar as sanções dos EUA, noticiou o jornal americano The New York Times. Cogita inclusive a possibilidade de criar um sistema de pagamentos independente. Como o governo Trump aplica sanções cruzadas, ameaça penalizar todas as empresas que fazem negócios com o Irã, proibindo o acesso ao mercado americano e de fazer negócios em dólar.
Mas existe uma complicação adicional. A Dinamarca acusa o Irã de tentar matar dissidentes iranianos exilados no país ligados à Frente Árabe para a Libertação de Ahvaz, que luta pela independência da região do Cuzistão.
"Há bases suficientes para concluir que o serviço de inteligência iraniano planejou um assassinato", declarou em nota na terça-feira passada o serviço secreto da Dinamarca. O primeiro-ministro Lars Ramussen considerou a conspiração "totalmente inaceitável".
O regime dos aiatolás negou tudo, atribuindo a trama a "conspirações dos inimigos do Irã."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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