Uma delegação da milícia dos Talebã (Estudantes) se reuniu no emirado árabe do Catar com o embaixador Zalmay Khalilzad, enviado especial dos Estados Unidos para negociar a paz no Afeganistão, mas se recusou a encerrar o conflito até abril e até mesmo a aceitar uma trégua, noticiou hoje a agência Reuters.
As negociações no Catar duraram três dias e terminaram sem avanço. Os extremistas muçulmanos exigem a retirada total dos EUA e seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a libertação dos prisioneiros e o fim das sanções a seus líderes para iniciar um diálogo interno pela paz, informou a televisão árabe Al Jazira, especializada em notícias.
Embora se negue oficialmente a acabar com a guerra, a simples negociação revela o interesse da milícia extremista muçulmana de apresentar suas exigências para abrir negociações de fato. Os EUA temem que seja apenas uma manobra para forçar a saída das forças internacionais e derrotar um governo afegão enfraquecido. É importante para os EUA acompanhar as negociações internas dos Talebã.
O comandante Sirajuddin Hakkani, líder da Rede Hakkani e número dois do grupo, seria a favor de uma solução militar. Sua rede é um braço das Forças Armadas do Paquistão, conforme declarou no passado o atual primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan.
A Guerra do Afeganistão é a mais longa da história dos EUA, que atacaram o regime dos Talebã 7 de outubro de 2001, em resposta aos atentados terroristas de 11 de setembro. Na época, a rede terrorista Al Caeda tinha suas bases no país.
Hoje, o governo afegão controla apenas 56% do território nacional. Mesmo com a ajuda militar dos EUA, não consegue derrotar os Talebã. A organização terrorista Estado Islâmico tentou se estabelecer no Afeganistão, mas os Talebã rejeitam sua infiltração.
Os combates praticamente param durante o inverno no Hemisfério Norte. Os EUA tentam chegar a um acordo antes do reinício, no próximo ano.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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