Com 56,4% dos votos, o não venceu hoje o referendo sobre a independência da Nova Caledônia, uma coletividade da França no Oceano Pacífico. A participação foi grande, de 80,63%, a maior em consultas populares realizadas no arquipélago até hoje.
Em pronunciamento pela televisão, o presidente Emmanuel Macron festejou o resultado como "um sinal de confiança na República" e expressou "orgulho porque a maioria dos caledonianos escolheram a França".
O presidente francês acrescentou que "o único vencedor neste processo de paz dos últimos 30 anos é o espírito do diálogo" e pediu que "cada um se volte para o futuro. (...) Não há outro caminho, a não ser o diálogo."
A Nova Caledônia fica a cerca de 1,4 mil quilômetros a leste da Austrália e a 16.740 km da França metropolitana. Seu território tem apenas 18,5 mil km2, mas a zona econômica exclusiva, o mar territorial, ocupa uma área de 1,4 milhão de km2, 13% do total dos mares territoriais franceses. Dos 218 mil habitantes, 174 mil estavam aptos para votar.
Com uma grande biodiversidade, tem recursos pesqueiros abundantes, minerais como níquel, magnésio, manganês, ferro, cromo e cobalto, e uma boa renda do turismo. Em 2010, seu produto interno bruto era de 6,8 bilhões de euros e a renda média por habitante de 27,3 mil euros.
Os primeiros europeus chegaram ao arquipélago em 4 de setembro de 1774, numa expedição sob o comando do explorador inglês James Cook, que também foi o primeiro europeu a estar no Leste da Austrália e no Havaí. Cook, considerado o pai da Oceania, deu o nome de Nova Caledônia em homenagem à região da Escócia onde nasceu seu pai.
A França colonizou o arquipélago a partir de 1853 para usá-lo como uma colônia penitenciária, a exemplo do que os britânicos fizeram na Austrália. Sempre enfrentou a resistência dos nativos canacas.
Durante a Segunda Guerra Mundial, em 12 de março de 1942, os Estados Unidos instalaram lá uma base naval para a guerra contra o Japão. O porta-aviões Enterprise fez uma escala em Numeia, a capital da Nova Caledônia, a caminho da Batalha de Guadalcanal.
Entre 1984 a 1988, o arquipélago viveu uma guerra civil. A Frente de Libertação Nacional Canaca e Socialista lutava pela independência chegou a tomar reféns em 1988, quando começa o processo de paz.
Um acordo de paz assinado em 26 de junho de 1988 iniciou um período de transição de dez anos e a realização de um referendo sobre a independência. Isso não impediu o assassinato, em 4 de maio de 1989, do líder independentista Jean-Marie Tjibaou.
Em 5 de maio de 1998, o Acordo de Numeia estabeleceu uma forte autonomia e previu a convocação do referendo realizado hoje, com a seguinte pergunta: "Você quer que a Nova Caledônia tenha plena soberania e se torne independente?" 78.361 pessoas votaram contra e 60.573 a favor.
O acordo prevê mais dois referendos e o movimento pela independência já se mobiliza para exigir sua realização.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
domingo, 4 de novembro de 2018
Nova Caledônia vota contra a independência da França
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