terça-feira, 27 de novembro de 2018

Diretor da campanha de Trump esteve com Assange

O lobista Paul Manafort, que foi diretor da campanha presidencial de Donald Trump, se encontrou várias vezes em segredo com o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, na Embaixada do Equador em Londres, onde ele está refugiado, noticiou hoje o jornal inglês The Guardian.

Manafort esteve com Assange em 2013, 2015 e 2016, quando se tornou diretor da campanha de Trump, afirmou o jornal. Em nota, ele negou tudo: "Nunca encontrei Julian Assange nem ninguém ligado a ele. Nunca estive em contato com ninguém ligado ao WikiLeaks, direta ou indiretamente. Nunca me dirigi a Assange ou ao WikiLeaks sobre qualquer assunto."

Esses encontros são de interesse do procurador especial Robert Mueller, que investiga a interferência da Rússia nas eleições de 2016 nos Estados Unidos e um possível conluio da campanha de Trump com o Kremlin para derrotar a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, candidata do Partido Democrata à Casa Branca.

Durante a campanha, em outubro de 2016, Trump disse: "Amo o WikiLeaks", uma empresa especializada em divulgar documentos e fatos sigilosos de governos e empresas. Em 2010, o WikiLeaks divulgou mais de 250 mil documentos do Departamento de Estado americano e imagens de ações desastradas dos militares americanos na invasão do Iraque.

Em 2016, o WikiLeaks revelou dezenas de milhares de mensagens de correio eletrônico da campanha de Hillary e do Partido Democrata pirateadas pelo GRU (Departamento de Central de Inteligência), o serviço secreto militar da Rússia, para favorecer Trump.

Ontem, a equipe do procurador especial acusou Manafort de mentir repetidas vezes aos investigadores, violando os termos de seu acordo de delação premiada. Ele perdeu o direito à redução da pena e deve ser sentenciado em breve e pelo menos dez anos de prisão.

Na semana passada, por um erro da equipe de Mueller, vazou a notícia de que há uma denúncia contra Assange, que está sob pressão do atual governo equatoriano para sair da embaixada.

Assange se refugiou na Embaixada do Equador no Reino Unido em 2012 para escapar de um mandado de prisão pan-europeu emitido pela Suécia. A primeira visita de Manafort aconteceu um ano depois, quando o lobista trabalhava para o então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, aliado de Moscou.

A procuradoria sueca retirou as acusações, mas Assange deve ser preso no Reino Unido quando sair da embaixada por violar os termos de sua liberdade condicional. Aí, poderá ser extraditado para os EUA.

Um informe do serviço secreto do Equador visto pelo Guardian confirma que Manafort visitou Assange, assim como russos. Em março de 2016, Manafort esteve com Assange durante 40 minutos. Só mais tarde os equatorianos perceberam a importância das visitas do assessor de Trump.

De acordo com um dossiê do ex-agente secreto britânico Christopher Steele, Manafort estava no centro de uma conspiração da campanha de Trump com o governo Vladimir Putin para derrotar Hillary Clinton, que o ditador russo "odiava e temia".

Meses atrás, Mueller denunciou 12 agentes russos do GRU pela ciberpirataria da campanha democrata, que começou em março de 2016. Em junho daquele ano, Assange enviou mensagem ao GRU pedindo material sobre o diretório nacional do Partido Democrata. Os documentos foram enviados em meados de julho em arquivos anexados criptografados.

O cerco do procurador especial vai fechando, enquanto o presidente americano o acusa de "caça às bruxas" e de de chefiar uma equipe de "democratas raivosos". Ex-diretor-geral do FBI (Federal Bureau of Investigation), como a maioria dos funcionários dos serviços de segurança, Mueller era ligado ao Partido Republicano.

As acusações não passam de mentiras do presidente, o mais desonesto, antiético e imoral da história recente dos EUA.

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