sábado, 27 de abril de 2024

Hoje na História do Mundo: 27 de Abril

PEDRA DA COROAÇÃO

    Em 1296, o rei Eduardo I, da Inglaterra, na tentativa de submeter a Escócia a sua suserania, rouba a Pedra da Coroação ou Pedra de Scone, usada na coroação dos reis escoceses e a leva para a Abadia de Westminster, em Londres, local da coroação dos reis ingleses.

A pedra, de pedra-sabão, tem 66 cm x 41cm x 28 cm e pesa 152 quilos. Tem uma incisão na forma de uma cruz na parte de cima e duas alças de ferro para facilitar o transporte. De acordo com a tradição celta, a pedra um dia foi o travesseiro onde o patriarca Jacó na cidade bíblica de Betel quando ele teve visões de anjos.

Da Terra Santa, teria viajado ao Egito, à Sicília e à Espanha, chegado à Irlanda por volta de 700 antes de Cristo e colocada na colina de Tara, onde os reis da Irlanda eram coroados. Depois que os celtas invadiram a Escócia, por volta do ano 840 da era cristã, Kenneth MacAlpin leva a pedra para a cidade de Scone, onde é encaixada na trono da coroação.

Em 1292, João Balliol é o último rei da Escócia a ser coroado com a pedra sobre o trono. Eduardo I a leva para Londres em 1296. Ela é instalada na Cadeira da Coroação, na Abadia de Westminster, em 1307. É um símbolo de que os reis da Inglaterra seriam também coroados reis da Escócia.

VOLTA AO MUNDO PELA METADE

    Em 1521, o navegador português Fernão de Magalhães, que dava a volta ao mundo a serviço da Espanha, morre em combate com os habitantes da Ilha de Mactã, nas Filipinas, na primeira viagem de circunavegação da Terra.

Fernão de Magalhães zarpa de Sanlúcar de Barrameda, na Espanha, em 20 de setembro de 1519 com cinco navios e 270 homens para procurar uma rota pelo oeste para chegar as Ilhas das Especiariais (Indonésia).

A expedição entra no Rio da Prata. Sem sucesso, vai segue para o sul. Em março de 1520, a expedição para em Porto de São Julião, na Patagônia, onde Magalhães enfrenta uma revolta dos capitães espanhóis. Controla o motim executando um capitão rebelde e deixando outro em terra.

Em 21 de outubro de 1520, a frota finalmente descobre o Estreito de Magalhães, que separa a Terra do Fogo do continente. Só três navios entram na passagem: um afunda antes e outro deserta. Eles levam 38 dias para atravessar o estreito.

Ao ver o oceano do outro lado, Magalhães chora de alegria. A frota leva 99 dias para cruzar este oceano de águas tão calmas que deram o nome de Pacífico, provavelmente por causa do fenômeno El Niño, um aquecimento anormal das águas do Pacífico Equatorial. É um contraste com o Oceano Atlântico, que os marinheiros chamam de Mar Tenebroso.

Como o Pacífico é muito maior, a comida acaba. Os marinheiros chegam à Ilha de Guam em 6 de março de 1521 mastigando peças de couro para tentar enganar o estômago.

Dez dias depois, a frota ancora na ilha de Cebu, nas Filipinas, onde o chefe local se converte em cristianismo e pede ajuda na guerra contra a ilha vizinha de Mactã, onde em 27 de abril Magalhães é ferido mortalmente por uma flecha envenenada e morre.

A expedição vai para as Ilhas Molucas, onde pega um carregamento de especiarias. Com apenas dois navios, sob o comando do espanhol Juan Sebastián Elcano, atravessa o Oceano Índico, dá a volta no Cabo da Boa Esperança (que os marinheiros ainda chamam pelo antigo nome de Cabo das Tormentas) e chega a Sanlúcar de Barrameda em 6 de setembro de 1522, completando a façanha.

ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA NA FRANÇA

    Em 1848, a escravatura é definitivamente abolida na França, um processo que começa na Revolução Francesa de 1789 e leva décadas para se consolidar.

A Convenção Nacional decreta o fim da escravidão nas colônias francesas em 4 de fevereiro de 1794. É uma das primeiras abolições. 

O Comitê de Salvação Pública, um grupo de 12 homens que manda de fato na revolução, sob a liderança de Maximiliano Robespierre, manda uma força de 1.200 homens às colônias do Mar do Caribe para aplicar a lei.

Em 1802, o ditador Napoleão Bonaparte reintroduz a escravidão nas colônias. O Congresso de Viena, que tenta restaurar o status quo na Europa depois da derrota de Napoleão, em 1815, declara oposição ao tráfico de escravos. Em 1818, o rei Luís XVIII proíbe o tráfico.

A abolição definitiva vem durante a Segunda República Francesa, depois da Revolução de 1848.

FIM DO APARTHEID

    Em 1994, a África do Sul realiza suas primeiras eleições livres para enterrar o regime segregacionista do apartheid, que impunha uma ditadura cruel e brutal da minoria branca. Mais de 22 milhões de pessoas votam e dão ampla maioria de 62,7% dos votos ao Congresso Nacional Africano. 

Seu líder, Nelson Mandela, torna-se o primeiro presidente negro da África do Sul. Ele forma um governo de coalizão com o Partido Nacional, chefiado pelo ex-presidente Frederik de Klerk, que mandava no tempo do apartheid; e o Partido da Liberdade Inkhata, liderado por Mangosuthu Buthelezi, que alimentava o sonho de ser o primeiro presidente negro.

Mandela nasce em 18 de julho de 1918 em Mzevo, uma pequena aldeia, numa família da nobreza da tribo xhosa. É sobrinho do rei Jongintaba. Estuda direito e, em 1944, entra para o CNA, partido que luta pelos direitos da maioria negra desde 1912.

Em 1952, é eleito vice-presidente nacional. Sob a inspiração do herói da independência da Índia, Mohandas Gandhi, defende uma resistência e uma luta pacífica contra o apartheid

Gandhi teve a influência do escritor e pacifista russo Leon Tolstoy, que lhe apresentou as ideias de Henry David Thoreau, o naturalista norte-americano que criou o conceito de desobediência civil ao se negar a pagar impostos para não financiar guerra contra o México de 1846-48, quando os EUA tomaram 37% do território mexicano.

Depois do Massacre de Sharpeville, em 1960, quando a polícia atira contra uma multidão de manifestantes e mata 69 pessoas, o CNA abandona o pacifismo e parte para a luta armada. Mandela é o organizador e comandante do braço armado do partido, Umkhonto we sizwe (Lança da Nação).

Preso em 1962, Mandela é condenado à morte, mas tem a pena comutada para prisão perpétua. Junto com outros companheiros, vai para a prisão da ilha Robben e mais tarde para as prisões de Pollsmoor e Victor Verster.

É solto 27 anos depois, em 11 de fevereiro de 1990 para negociar uma transição pacífica para a democracia. Vira presidente, mas não se apega ao cargo. Ao contrário dos líderes autoritários que desgraçaram a África independente, transfere o poder a seu sucessor na liderança do partido, Thabo Mbeki.

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Hoje na História do Mundo: 26 de Abril

POLÍCIA NAZISTA

    Em 1933, o líder nazista Hermann Göring forma a Gestapo, a polícia política do regime de Adolf Hitler, que elimina a oposição sem quaisquer escrúpulos e se envolve na captura de judeus deportados para campos de concentração e centros de extermínio no Holocausto.

Em abril de 1934, Göring passa o comando da Gestapo a Heinrich Himmler. A polícia política nazista não tem limites. Pode "prender preventivamente" e seus atos não estão sujeitos a revisão judiciária. Milhares de artistas, intelectuais, sindicalistas e homossexuais "desaparecem". 

BOMBARDEIO DE GUERNICA

    Em 1937, durante a Guerra Civil Espanhola (1936-39), 50 bombardeiros da Legião Condor da Força Aérea da Alemanha Nazista arrasam a cidade basca de Guernica em apoio aos rebeldes nacionalistas liderados pelo generalíssimo Francisco Franco.

O ataque aéreo de três horas mata 1.645 pessoas. Ao todo, 22 mil toneladas de explosivos foram jogados em Guernica, de pequenos artefatos a bombas de 250 quilos.

SETE SAMURAIS

    Em 1954, estreia no Japão um dos melhores e mais influentes filmes de todos os tempos, os Sete Samurais, de Akira Kurosawa.

O fim do século 16 é uma era de grande turbulência e guerra civil entre samurais que termina em 1603, com a vitória de Ieyasu Tokugawa, o primeiro xogum do Xogunato Tokugawa (1603-1868). 

Nesta terra sem lei, uma pequena vila pobre vive sob a ameaça de bandidos que saqueiam as colheitas e roubam a comida. Os saqueadores esperam até a próxima safra para fazer novo ataque. A aldeia decide então contratar sete samurais para defendê-la.

Há um clima de tensão por causa da imagem de violência e abuso sexual associada aos samurais. Mas ele são a única salvação.

O filme era apresentado no Museu da Imagem em Movimento, em Londres, como o melhor dos anos 1950.

ACIDENTE NUCLEAR DE CHERNÓBIL

    Em 1986, o reator número 4 da Central Nuclear de Chernóbil, situada em Pripiat, na república soviética da Ucrânia, explode de madrugada durante um teste de segurança e causa o maior acidente nuclear da história. Durante 9 dias, o reator emite uma coluna de material radioativo até o incêndio ser controlado, em 4 de maio.

O teste simula uma falta de energia elétrica na central atômica. Os sistemas de segurança de emergência e de controle são desligados intencionalmente. Por uma falha no projeto do reator e erros de operação, a água usada para resfriar o reator se superaquece, se transforma em vapor e explode o reator, projetando grafite no ar.

Como a União Soviética impõe uma rigorosa censura, a dimensão da tragédia só é revelada quando a nuvem radioativa chega à Europa Ocidental. 

Pelo menos 31 pessoas morrem em 3 meses em consequência do contato direto com a explosão, inclusive bombeiros e funcionários da usina nuclear. Em 2005, as Nações Unidas divulgam uma estimativa de 4 mil mortes em consequência da radiação. 

Cerca de 600 mil pessoas trabalham na descontaminação. O governo ucraniano paga pensão a 36 mil viúvas de maridos mortos por causa do acidente nuclear. O reator acidentado é encapsulado por um sarcófago de concreto armado concluído em dezembro de 1986.

Para o último líder soviético, Mikhail Gorbachev, o acidente de Chernóbil é fator mais importante para o fim da URSS do que sua abertura política e econômica. 

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Hoje na História do Mundo: 25 de Abril

TELÉGRAFO SEM FIO

    Em 1874, nasce em Bolonha, na Itália, o físico Guglielmo Marconi, inventor do telegrafo sem fio em 1896 e depois do rádio, que ganha o Prêmio Nobel de Física de 1909.

Filho de pai italiano e mãe irlandesa, Marconi estuda física e concentra suas pesquisas nas ondas eletromagnéticas a partir dos ensinamentos de James Clerk Maxwell e Heinrich Hertz, e consegue fazer transmissão de sinal sem fios a curta distância.

Quando descobre que usando uma antena de metal com um prato ou cilindro na ponta conectada a outra igual a uma distância de 2,4 km, se convence do potencial do novo sistema de comunicação. 

Em 1896, Marconi registra uma patente em Londres. Três anos depois, consegue transmitir sinais do Código Morse através do Canal da Mancha. É o telégrafo sem fio. Em setembro de 1918, ele faz a primeira transmissão de rádio da Inglaterra para a Austrália.

O sociólogo canadense Marshall McLuhan, o papa da comunicação, o pensador que mais previu a revolução tecnológica atual, chama o mundo eletroeletrônico criado pelas telecomunicações de Galáxia de Marconi, em contraste com a Galáxia de Gutenberg, o mundo criado pela tecnologia da imprensa.

REVOLUÇÃO DOS CRAVOS

    Em 1974, o Movimento das Forças Armadas, formado por oficiais que lutaram nas guerras coloniais na África, deflagra a Revolução dos Cravos ou Revolução de Abril, depõe a ditadura do Estado Novo, instaurada por António Oliveira Salazar em 1933, e inicia o processo de democratização em Portugal. Uma nova Constituição, de orientação socialista, entra em vigor em 25 de abril de 1976.


Com a adesão em massa da população, o regime praticamente não resiste. Há quatro mortes e 45 saem feridos pelos tiros da Diretoria Geral de Segurança (DGS), a polícia política da ditadura.

O governo é entregue à Junta de Salvação Nacional. Em 15 de maio de 1974, o general Antônio de Spínola assume a Presidência da República. É o autor do livro Portugal e o Futuro, sobre a obsolescência das guerras coloniais na África, um debate que esteve no centro da revolução portuguesa.

É um período de grande agitação civil, política e militar conhecido como Processo Revolucionário em Curso (PREC), marcado por manifestações, ocupações, governos provisórios, nacionalizações e confrontos armados. Vai até 25 de novembro de 1975.

Quando a situação se acalma, uma Assembleia Constituinte aprova uma nova Constituição, que entra em vigor em 25 de abril de 1976, data das primeiras eleições parlamentares da nova república.

TELESCÓPIO ESPACIAL

    Em 1990, o Telescópio Espacial Hubble, um sofiscado observatório ótico fabricado nos Estados Unidos sob a orientação da NASA (Aministração Nacional de Aeronáutica e Espaço, entra em operação, acionado pela tripulação do ônibus espacial Discovery, numa órbita a 600 quilômetros de distância da Terra.

A atmosfera da Terra gera uma névoa que ofusca a observação do Universo. Por estar em órbita, o telescópio espacial dá uma visão mais clara, mais brilhante e mais detalhada. Pode captar a luz visível os raios ultraviolenta e infravermelhos.

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Hoje na História do Mundo: 24 de Abril

BIBLIOTECA DO CONGRESSO

    Em 1800, a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos é fundada oficialmente quando o presidente John Adams destina uma verba de US$ 5 mil para a compra de livros que "possam ser necessários para uso no Congresso".

A Biblioteca do Congresso é a maior do mundo. Recebe todos os livros publicados nos EUA. Seu acervo chega a 170 milhões de itens em 2020.

Durante a Guerra de 1812, em 24 de agosto de 1814, quando as forças britânicas incendeiam a Casa Branca e o Capitólio, destroem a coleção original de 3 mil volumes.

GUERRA HISPANO-AMERICANA

    Em 1898, a Espanha declara guerra aos Estados Unidos, que termina com a independência de Cuba e o controle norte-americano sobre Porto Rico e as Filipinas.

É um marco do começo do imperialismo dos EUA e o fim do imperialismo da Espanha, que vinha desde a Descoberta da América pelos europeus em 1492.

A principal causa da guerra é o movimento pela independência de Cuba. Jornais sensacionalista dirigidos por Joseph Pulitzer e William Randolph Hearst fomentam um sentimento antiespanhol na opinião pública dos EUA, que vê os cubanos oprimidos pelo colonialismo espanhol.

Depois do naufrágio misterioso do couraçado norte-americano USS Maine no porto de Havana, o Partido Democrata pressiona o presidente republicano William McKinley. A Espanha tenta um acordo, mas os EUA rejeitam e enviam um ultimato para que a Espanha entregue o controle de Cuba.

Quando Madri recusa, os EUA declaram guerra em 21 de abril. A Espanha declara guerra dois dias depois, A guerra dura 10 semanas, até 13 de agosto de 1898.

REVOLTA DA PÁSCOA

    Em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial (1914-18), a Irmandade Republicana Irlandesa, uma sociedade secreta de nacionalistas da Irlanda liderada por Patrick Pearse, lança, com o apoio dos socialistas irlandeses chefiados por James Connolly, a Revolta da Páscoa, uma rebelião armada contra séculos de dominação inglesa e britânica, na segunda-feira da Semana Santa.

Os rebeldes atacam a sede do governo britânico, tomam a sede central do correio em Dublin e proclamam a independência da Irlanda. Na manhã seguinte, dominam boa parte da capital irlandesa. À noite, em 25 de abril, as autoridades do Reino Unido reagem.

A revolta é esmagada até 29 de abril e termina no dia seguinte. Pelo menos 500 pessoas morrem na rebelião: 54% eram civis, 30% soldados britânicos e policiais legalistas e 16% eram rebeldes. Pearse e outros 14 nacionalistas são executados.

Em 21 de janeiro de 1919, deputados do Sinn Féin (SF) eleitos em 1918 convocam o Primeiro Dáil, a primeira sessão do Parlamento irlandês e fundam a República da Irlanda. O Reino Unido não aceita. Começa a Guerra da Independência da Irlanda, travada entre o Exército Republicano Irlandês (IRA) e o Exército Real Britânico.

A guerra dura 2 anos, 5 meses, 2 semanas e 6 dias. Termina em 11 de julho de 1921, com 2,3 mil mortos. Pelo Tratado Anglo-Irlandês, a partir de 1º de janeiro de 1922, 26 dos 32 condados da ilha formam o Estado Livre Irlandês. Os outros seis, de maioria protestante, viram a Irlanda do Norte, que continua fazendo parte do Reino Unido e não é reconhecida pelo SF.

A discriminação aos católicos, nacionalistas e republicanos irlandeses na Irlanda do Norte gera uma onda de protestos nos anos 1960 que leva a uma guerra civil em que 3,5 mil pessoas morrem entre 1969 e 1998, quando é assinado o Acordo Paz da Sexta-Feira Santa, no qual as comunidades católica e protestante se comprometem a dividir o poder.

Com a saída do Reino Unido da União Europeia, a instalação de uma fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte reacendeu o conflito. No acordo do divórcio, as duas partes decidiram não criar uma "fronteira dura", mas os protestantes da Irlanda do Norte também não querem uma fronteira no mar com o Reino Unido. O impasse não é resolvido.

O governo britânico aponta uma solução em que há dois controles aduaneiros entre a Grã-Bretanha e a Irlanda do Norte: um para produtos que vão ficar dentro do Reino Unido, mais rápido; e outro para produtos que sigam para a República da Irlanda, que fez parte da União Europeia. 

A manobra evita a fronteira dura capaz de reacender o conflito, mas os protestantes da Irlanda do Norte continuam se negando a formar o governo de união nacional, que seria liderado pelo SF, o partido mais votado nas últimas eleições norte-irlandesas. 

terça-feira, 23 de abril de 2024

Hoje na História do Mundo: 23 de Abril

  VIKINGS MATAM REI DA IRLANDA

    Em 1014, um grupo de vikings em retirada depois de uma derrota matam o rei da Irlanda, Brian Boru.

O príncipe Brian toma o poder em Dal Cais em 963. Em 1002, estende seus domínios por todo o Sul da Irlanda e resiste ao invasores nórdicos que ocupam o Norte da ilha. 

Em 1013, o rei viking Sitric forma uma aliança contra Brian com guerreiros vikings da Irlanda, das Ilhas Hébridas e da Islândia.

Na Sexta-Feira Santa, 23 de abril de 1014, as forças sob o comando de Murchad, filho de Brian, aniquilam a aliança viking na Batalha de Clontarf, perto de Dublin. Durante a fuga, um grupo de vikings se defronta com a barraca onde está o rei Brian, ataca os guarda-costas e mata velho rei.

A vitória em Clontarf acaba com a invasão viking à Irlanda, mas a morte de Brian marca o início de uma era de anarquia.

NASCIMENTO DE SHAKESPEARE

    Em 1564, de acordo com a tradição, o escritor, poeta e dramaturgo William Shakespeare, considerado um dos maiores autores de todos os tempos, autor de clássicos como Hamlet – o príncipe da DinamarcaMacbeth Romeu e Julieta, nasce em Stratford-upon-Avon, no interior da Inglaterra. A cidade é uma atração turística por causa do filho ilustre.


ENSINO PÚBLICO

    Em 1635, a Escola de Gramática de Boston (futura Escola Latina de Boston) é inaugurada e aberta a todas as classes sociais como a primeira escola pública do que seriam os Estados Unidos, criando um precedente para a educação pública financiada pelo contribuinte.

Ela se baseia nas escolas de gramática da Inglaterra, que davam uma educação clássica para preparar jovens do sexo masculino para a universidade. Em 1877, 242 anos depois, surge uma escola para meninas. Só se torna escola mista em 1972.

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Hoje na História do Mundo: 22 de Abril

NASCIMENTO DE LENIN

    Em 1870, nasce Vladimir Illich Ulianov, que adotaria o sobrenome Lenin, um dos políticos mais influentes do século 20, líder da facção bolchevique do Partido Operário Social-Democrata, da Revolução Comunista na Rússia e da União Soviética (1985-91).

Vladimir Illich Ulianov nasce em Simbirsk, na Rússia. Numa família de seis irmãos, todos entram em movimentos revolucionários. Ele se destaca como estudante de grego e latim. Parece destinado a uma carreira acadêmica.

Um marco trágico na vida de Lenin é a morte do irmão mais velho, Alexander Ulianov, enforcado em 1887 por conspirar para matar o czar Alexandre III como parte do grupo rebelde Vontade Popular. 

No mesmo ano, Lenin entra para a Universidade de Kazan. É expulso três meses depois por participar de uma assembleia. Preso e banido de Kazan, ele vai para a fazenda de um avô em Kokuchkino. Em 1888, ele é autorizado a voltar para Kazan, mas não para a universidade.

Nesta época, conhece revolucionários e lê O Capital, a obra-prima de Karl Marx, o pai do comunismo. Em janeiro de 1889, torna-se marxista. Ele se muda com a família para Samara, onde conclui o curso de direito.

A advocacia dá cobertura legal às atividades revolucionárias. Em agosto de 1893, Lenin se muda para São Petersburgo, na época a capital da Rússia, onde trabalha como defensor público. Ele viaja ao exterior em 1895 para manter contato com russos exilados, em especial Georgy Plekhanov, o grande pensador marxista russo.

De volta à Rússia, consegue unificar os marxistas ao fundar a União de Luta pela Libertação da Classe Trabalhadora. Em dezembro de 1895, os líderes do grupo são presos. Lenin fica um ano e três meses na cadeia. Depois, vai para o exílio interno em Chuchenskoye, na Sibéria.

Sua noiva, Nadia Krupskaya, o segue. Eles se casam na Sibéria e ela se torna sua secretária. Em janeiro de 1900, Lenin deixa a Rússia. No exterior, ele escreve uma série da panfletos. Critica a veneração dos trabalhadores russos pelo czar e os marxistas que se concentram na luta por salários e redução da jornada de trabalho, deixando a política em segundo plano.

O grande debate intelectual dos marxistas russos é se o comunismo seria viável num país atrasado, de industrialização tardia, com mais camponeses que detém propriedade coletiva da terra do que proletários. 

Plekhanov defende a ideia de que a Rússia já é capitalista, mas precisa primeiro de uma revolução burguesa para impulsionar o desenvolvimento capitalista. 

No livro Desenvolvimento Capitalista na Rússia, Lenin conclui que o campesinato está longe de ser uma classe social homogênea. Observa uma estratificação social no campo, com uma burguesa rural, um campesinato de classe média e um proletariado e semiproletariado rural empobrecido. Neste último, vê um aliado do pequeno proletariado industrial da Rússia.

Em 1902, Lenin publica O Que Fazer? Rejeita a ideia de que o capitalismo está levando o proletariado espontaneamente ao socialismo revolucionário, cabendo ao partido apenas coordenar a luta. Na sua visão, o capitalismo predispõe os trabalhadores a aceitar o socialismo, mas a derrubada do sistema capitalista e a construção do socialismo dependem de uma consciência de classe induzida pelo partido.

O papel do partido é central no chamado marxismo-leninismo. É a vanguarda do proletariado. Deve ser mentor, líder e guia altamente disciplinado, mostrando constantemente ao proletariado onde estão os interesses da classe trabalhador. Daí vem a ideia do "centralismo democrático". Uma vez que o partido tome uma decisão, cessa o debate interno e todos os membros devem seguir a orientação da cúpula.

Outros companheiros, como Plekhanov, Julius Martov e Leon Trotsky, temem que esta organização e disciplina partidárias levem ao jacobinismo, suprimam a liberdade de discussão dentro do partido, crie uma ditadura sobre o proletariado em vez da ditadura do proletariado e estabeleça a ditadura de um homem só, como aconteceria sob Josef Stalin.

No segundo congresso do Partido Operário Social-Democrata da Rússia, Lenin está em minoria. Mas a retirada dos judeus social-democratas deixa a facção leninista em maioria e ela a chama de bolchevique (maioria), em oposição a ala menchevique (minoria) de Martov.

A divisão entre bolcheviques e mencheviques se aprofunda com a Revolução de 1905, deflagrada pela derrota da Rússia na Guerra Russo-Japonesa (1904-5).

Ambas as alas seguem a proposta de Plekhanov de que são necessárias duas revoluções, uma burguesa e depois a proletária. Mas os mencheviques entendem que a burguesia deve liderar a revolução burguesa, enquanto Lenin quer a hegemonia do proletariado na revolução democrática.

Lenin volta à Rússia no fim de 1905, mas é forçado a se exilar de novo em 1907. As reformas do czar Nicolau II, o Sanguinário, e a violenta repressão reduzem a adesão do partido. Para manter a coesão dos bolcheviques diante do fortalecimento crescente dos mencheviques, Lenin convoca uma conferência do Partido Bolchevique em 1912 em Praga. É a divisão definitiva do Partido Operário Social-Democrata.

Quando estoura a Primeira Guerra Mundial (1914-18), em julho e agosto de 1914, os partidos social-democratas ignoram as resoluções anteriores da Segunda Internacional e apoiam seus países. Lenin chama os socialistas a favor da guerra de "social-chauvinistas", traidores da classe operária que apoiavam regimes imperialistas.

Ele declara que a Segunda Internacional está morta. Defende a criação da Terceira Internacional e a transformação da guerra em guerras civis em que trabalhadores e soldados virariam suas armas contra as classes dominantes.

Exilado na Suíça, Lenin escreve sua principal obra sobre relações internacionais, Imperialismo: Estágio Superior do Capitalismo, em que propõe a teoria do elo mais fraco para justificar a revolução comunista na Rússia: a ruptura do sistema capitalista não aconteceria nos países mais industrializados, mas nos elos mais fracos. A guerra seria resultado do insaciável caráter expansionista do capitalismo.

"A derrota na guerra é a vitória da revolução", previu Lenin ao discutir a questão com Trotsky. A humilhação do Exército czarista diante da Alemanha leva ao fim da monarquia na Revolução de Fevereiro de 1917. Lenin obtém um salvo-conduto para atravessar a Alemanha, o que leva seus detratores a acusá-lo de ser um agente alemão.

De volta à Rússia, ele lança as Teses de Abril, em que rejeita a democracia parlamentar e prepara a Revolução de Outubro, quando os comunistas depõe o governo provisário do menchevique Alexander Kerensky e tomam o poder. Em 3 de março de 1918, a Rússia assina o Tratado de Brest-Litovsky, uma "paz vergonhosa", nas palavras do próprio Lenin. Abre mãe da Finlândia, da Polônia, dos países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), da Ucrânia e da Bielorrússia, e sai da Primeira Guerra Mundial.

ARMAS QUÍMICAS

    Em 1915, a Alemanha usa armas químicas em grande escala pela primeira na Segunda Batalha de Ypres, na Bélgica, com um ataque de cloro que mata 5 mil soldados franceses e argelinos durante a Primeira Guerra Mundial (1914-18).

Durante a guerra, a Alemanha, a França, o Reino Unido e a Rússia desenvolvem uma ampla variedade de armas químicas e usam mais de 20 tipos diferentes. Há um total de 1,3 milhão de baixas em consequência de armas químicas, inclusive 91 mil mortes.

A Rússia sofre 500 mil baixas e o Reino Unido, 180 mil. Um terço das baixas dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial é causada por gás mostarda e outros agentes químicos.

As consequências terríveis levam a negociações para acabar com este tipo de arma de destruição em massa. Em 1925, o Protocolo de Genebra proíbe o uso de armas químicas e biológicas, mas não proíbe a produção, a aquisição, a estocagem e o transporte dessas armas e não cria mecanismos de fiscalização para garantir sua aplicação.

A primeira geração de armas químicas surge na Primeira Guerra Mundial. A segunda geração é usada na Segunda Guerra Mundial. E a terceira na Guerra Fria.

Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45), o uso mais intenso de armas químicas é na Guerra Irã-Iraque (1980-88). São decisivas para o Iraque evitar a derrota. O ataque mais notório parte das forças de Saddam Hussein contra seu próprio povo em março de 1988 em Halabja, a Hiroxima curda. Pelo menos 5 mil pessoas são mortas por bombas jogadas de helicóptero.

Com a ascensão de Mikhail Gorbachev à líderança do Partido Comunista da União Soviética, em 11 de março de 1985, as negociações que acabam com a Guerra Fria favorecem o desarmamento.

Em 1993, a Conferência das Nações Unidas sobre Desarmamento aprova em 3 de setembro de 1992 a Convenção sobre Armas Químicas, que entra em vigor 29 de abril de 1993, depois da ratificação por 65 países. 

No século 21, as armas químicas são usadas pela ditadura de Bachar Assad na guerra civil da Síria nas cidades de Alepo e Homs no início de 2013. O ataque mais violento é num subúrbio de Damasco, a capital síria, em 21 de agosto de 2013, quando morrem 1.114 pessoas.

O presidente Barack Obama declara que o uso de armas químicas cruza uma linha vermelha, mas não age.  

ASSALTO À RESIDÊNCIA DO EMBAIXADOR

    Em 1997, o presidente Alberto Fujimori ordena um ataque de forças especiais à residência do embaixador do Japão no Peru, tomada por guerrilheiros do Movimento Revolucionário Tupac Amaru, no qual morrem os 14 rebeldes, dois comandos e um ministro da Corte Suprema, Carlos Giusti.

Quatorze guerrilheiros invadem a casa do embaixador japonês, Morihisha Aoki, em 17 de dezembro de 1996, e tomam como reféns centenas de diplomatas, empresários, altos funcionários públicos civis e militares que participam de uma festa de fim de ano.

As mulheres estrangeiras são libertadas na primeira noite e a maioria dos estrangeiros depois de cinco dias em que sofreram repetidas ameaças de mortes. Depois de 126 dias, as forças especiais de Fujimori atacam a casa. 

Fujimori ganha pontos com a ação. Mais tarde, há alegações de que vários terroristas foram sumariamente executados depois de se render. 

Parentes dos guerrilheiros entram na Justiça do Peru. Um diplomata japonês, Hidetaka Ogura, declara em depoimento que três rebeldes foram torturados. Dois soldados admitem ter visto Eduardo Tito Cruz vivo antes dele morrer com uma bala na nuca. 

A denúncia é retirada no Peru, mas a Corte InterAmericana de Direitos Humanos, o Tribunal de São José, na Costa Rica, decide em 2015 que Cruz foi vítima de uma "execução extrajudicial" e que os direitos humanos de Victor Peceros e Herma Meléndez foram violados.

domingo, 21 de abril de 2024

Hoje na História do Mundo: 21 de Abril

 FUNDAÇÃO DE ROMA

    Em 753 antes da Cristo, de acordo com a lenda, os gêmeos Rômulo e Remo, alimentados por uma loba depois de serem abandonados, fundam Roma.

O jornalista e historiador Indro Montanelli disse que a Loba era Acca Larentia, uma prostituta.

Os irmãos se desentendem. Rômulo mata Remo e se torna o primeiro dos sete reis de Roma. Em 509 AC, Roma se torna uma república. Em 27 AC, Otávio César Augusto é coroado imperador.

O Império Romano do Ocidente cai em 4 de setembro de 476, quando o rei bárbaro Flávio Odoacro derruba o imperador Rômulo Augusto.

O Império Romano do Oriente ou Império Bizantino cai em 29 de maio de 1453, quando Mehmet II, do Império Otomano (turco), conquista Constantinopla.

EXTREMA DIREITA NO SEGUNDO TURNO

    Em 2002, o candidato da Frente Nacional, de extrema direita, Jean-Marie Le Pen, conquista 16,86% dos votos, supera o primeiro-ministro socialista Lionel Jospin, que recebe 16,18% dos votos, fica em segundo lugar e vai para o segundo turno da eleição presidencial na França com o presidente Jacques Chirac.

Filho de um marinheiro, Jean-Marie nasce em La Trinité, uma cidade litorânea da região da Bretanha. Ele estuda direito na Universidade de Paris. Em 1954, entra para a Legião Estrangeira e serve na Argélia e na Indochina Francesa, hoje dividida em Camboja, Laos e Vietnã.

Em 1956, Le Pen é o mais jovem deputado eleito para a Assembleia Nacional da França. Um dos fundadores da Frente Nacional, em 1972, lidera o partido até 2011 com um discurso ultranacionalista e antissemita. Chega a dizer que as câmaras de gás dos campos de concentração nazistas na Segunda Guerra Mundial (1939-45) são um episódio menor da história. É condenado por negar o Holocausto.

Com estas ideias extremistas, a Frente Nacional é marginalizada dentro do sistema político francês. No segundo turno das eleições legislativas, todos os partidos, da direita republicana representada pelo gaullismo até a esquerda, se unem para barrar o acesso da extrema direita à Assembleia Nacional.

A naturalização, a aceitação da extrema direita como parte do sistema político francês, começa com a chegada de Le Pen ao segundo turno em 2002. Mais uma vez, quase todos os partidos, inclusive o Partido Socialista (PS) e o Partido Comunista Francês (PCF), apoiaram o presidente Chirac, reeleito no segundo turno com 82,21% dos votos contra 17,79% para Jean-Marie Le Pen. Mas um tabu é quebrado.

Em 2007, o gaulista Nicolas Sarkozy vence a socialista Ségolène Royal no segundo turno. Em 2012, o socialista François Hollande derrota Sarkozy. Mas em 2017 e 2022, o atual presidente Emmanuel Macron, enfrentou no segundo turno Marine Le Pen, filha de Jean-Marie, que hoje é a favorita para as próximas eleições presidenciais, em 2027.

A Frente Nacional, rebatizada como Reunião ou Reagrupamento Nacional, conquista 18,68% dos votos nas eleições parlamentares de 2022. Sua bancada na Assembleia Nacional cresce de 8 para 89 deputados. Fica atrás da bancada governista (245 cadeiras) e da Nova União Popular Ecológica e Social (NUPES), uma aliança esquerdista da França Insubmissa com o PS, o PCF e a Europa Ecologia-Os Verdes (131 cadeiras).

MORTE DO PRÍNCIPE DO ROCK

    Em 2016, o genial cantor, compositor, guitarrista, baterista, tecladista, produtor e bailarino Prince Nelson Rogers, que criou um gênero inovador com a fusão do funk, rhythm and blues, soul, jazz, rock'n'roll e pop, uma das maiores estrelas da música popular nos anos 1980 e 1990, morre acidentalmente de uma dose excessiva de fentanil, um poderoso opioide, a droga que mais mata hoje nos EUA.

Prince nasce em Mineápolis, no estado de Minnesota, em 7 de junho de 1958 e se torna uma dos músicos mais talentosos de sua geração. Como o cantor e compositor Steve Wonder, é um dos poucos músicos com excelente desempenho em todos os instrumentos que tocava, gravando discos com vários instrumentos tocados por ele. Aos 7 anos, aprende a tocar piano. Aos 14 anos, entra na primeira banda.

Seu estilo absolutamente original, andrógino e sensual mistura a arte de Jimi Hendrix, Little Richard e Michael Jackson. Ele começa a carreira com funk e soul para o mercado afro-americano sob o impacto da música para discoteca. Depois incorpora elementos do jazz, punk, heavy metal, dos Beatles e do hip-hop.

O álbum Purple Rain (1984), o mais vendido de seus 39 discos, com mais de 21 milhões de cópias, o torna um ícone da música dos anos 1980 e lhe dá um Oscar de melhor trilha sono e um Grammy. Em 2004, ele entra para o Rock and Roll Hall of Fame.

Em 21 de abril de 2016, Prince é encontrado morto em sua mansão em Paisley Park, em Chanhassem, em Minnesota. Como não deixa descendentes, sua fortuna de US$ 400 milhões é dividida entre os seis irmãos.