sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Bernanke: Fed está pronto para agir

Em mais uma tentativa de acalmar os mercados financeiros, o presidente do Federal Reserve Board (Fed), o banco central americano, Ben Bernanke, afirmou que o Fed "está pronto para tomar medidas adicionais" para garantir o liquidez e "vai agir quando necessário para limitar os efeitos negativos para a economia como um todo que possam surgir de perturbações".

Mas os dois jornais econômicos mais famosos do mundo divergiram quanto à interpretação da fala de Bernanke em relação às taxas de juros. Enquanto The Wall Street Journal, de Nova Iorque, acredita que o Comitê de Mercado Aberto do Fed vai reduzir os juros, se a oferta de crédito no mercado continuar como está hoje, o Financial Times, de Londres, não viu sinais de que os juros podem cair na próxima reunião, em 18 de setembro.

A taxa básica de juros da maior economia do mundo está em 5,25% ao ano há nove meses.

Confira a íntegra do pronunciamento de Bernanke no simpósio anual do Fed em Jackson Hole, Wyoming.

O discurdo do presidente do Fed e um pacto de medidas anunciados pelo presidente George W. Bush para refinanciar os contratos de compra de casa própria de quem não está conseguindo pagar provocaram uma recuperação das bolsas, com alta de mais de 3% no Índice Bovespa, aqui no Brasil. Bush alegou que o crédito hipotecário tomado por clientes de segunda linha, com problemas de crédito no passado, é uma parcela muito pequena da maior economia do mundo.

Economia dos EUA cresce num ritmo de 4% ao ano

A maior economia do mundo recuperou-se no segundo semestre do ano, crescendo numa taxa que projeta uma expansão anual de 4%, revelou ontem o Departamento de Comércio. Mas a revisão para cima não teve grande impacto sobre a crise de liquidez nos mercados financeiros, preocupados com a redução do crédito devida à crise no mercado imobiliário residencial nos Estados Unidos.

O crescimento do produto interno bruto foi atribuído ao comércio e aos investimentos de empresas, com a redução no déficit comercial e o maior aumento no investimento em imóveis comerciais dos últimos 26 anos. O mercado de imóveis residenciais continua sendo a maior ameaça.

Se Evo Morales for para o inferno...

Piada contada pelo pesquisador Gonzalo Chávez, da Universidade Católica Boliviana, no seminário O Brasil na América Latina, realizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri):

"O presidente Evo Morales morre e vai para o inferno. Lá encontra George W. Bush e Margaret Thatcher. Eles descobrem um telefone e querem ligar para seus países, mas o diabo adverte que é muito caro. Bush fala uns cinco minutos: US$ 100 mil. Thatcher liga para Londres: 120 mil libras esterlinas. Aí chega a vez de Morales, que fala, fala e fala quase meia hora, dizendo:
- Sou cocalero. Posso pagar.

"Na versão oposicionista, a conta é baixa e vem com uma explicação do demônio:
- Depois que o Sr. transformou a Bolívia num inferno, é ligação local.

"Na versão governista, Morales chegou no inferno e foi logo nacionalizando a companhia telefônica, por isso pagou preço de ligação local."

Já tinha ouvido esta piada com Lula no lugar de Morales e sem final feliz.

Desencontros no Cone Sul

"Pedir coerência à Argentina é o mesmo que pedir liderança ao Brasil."

(Roberto Bouzas, economista argentino, professor da Universidad San Andrés, no seminário O Brasil na América Latina, do Centro Brasileiro de Relações Internacionais - Cebri, comentando a crise do Mercosul)

Sarkozy vai salvar o Partido Socialista?

Enquanto o hiperativo presidente conservador da França, Nicolas Sarkozy, surfa numa onda de popularidade depois de 100 dias de governo, o Partido Socialista ainda amarga sua terceira derrota consecutiva. "A liderança socialista está dividida, deprimida e privada de qualquer visão ou perspectiva", adverte o professor Zaki Laïdi, do Sciences Po, o instituto de ciências políticas de Paris, em artigo publicado quinta-feira no Financial Times.

Ségolène Royal tentou transformar sua derrota eleitoral numa campanha pela liderança do partido, raciocina Laïdi, mas continua enfrentando dura resistência dos caciques do partido. Pretende assim usar a mesma fórmula que a levou à candidatura à Presidência: vender-se diretamente ao eleitorado, por cima e apesar dos caciques socialistas.

Ela esqueceu que "para ganhar eleições é preciso ter um partido forte".

Para Laïdi, "a crise de liderança é agravada por dois fatores. Ao contrário do que geralmente se acredita, as divisões no Partido Socialista são borradas. Não é o caso de conservadores de um lado e modernistas do outro. Todos os socialistas se apresentam como 'reformistas'. Mas a agenda da reforma é vazia, ambígüa ou limitada a slogans. É chocante ouvir os modernistas falarem de um projeto social-democrata num partido que não tem credenciais históricas na social democracia, num momento em que a própria democracia social está em crise por causa da globalização."

Outra crítica feroz do professor do Sciences Po ao Partido Socialista francês é que as alianças internas raramente tem base ideológica, o que tem duas conseqüências. Por um lado, como é amorfo ideologicamente, o PS não implode. Do outro, não consegue formular uma ideologia clara sobre o socialismo do mundo globalizado do século 21.

Um problema adicional, comenta Laïdi, é que os socialistas esperavam um presidente Sarkozy thatcherista e brutal: "Ele tem seguido um programa reformista que não pode ser chamado de neoliberal."

Na opinião do professor, o governo Sarkozy tem quatro características principais:
• um programa forte de segurança pública para evitar o ressurgimento da Frente Nacional;
• uma desregulamentação cautelosa do mercado de trabalho;
• uma transferência de recursos para os ricos com o corte de importos; e
• um apelo aos valores tradicionais.

A questão da segurança pública e da violência urbana é uma preocupação do eleitorado de esquerda como da direita. Com a desregulamentação do mercado de trabalho, a esquerda terá um tema para atacar o governo. Mas já há um consenso de que a situação atual é insustentável.

"Sarkozy", define o professor Laïdi, "é um negociador em busca de resultados. A reforma das universidades ilustra bem seus métodos: forte nos princípios mas pragmáticos na implementação. Sua capacidade de chegar a um acordo é ilimitada, desde que ele aparece como vencedor", o que sugere um oportunismo político.

Como a França tem um grande eleitorado de esquerda, ele acredita que o problema seja "mais ideológico do que sociológico". O partido tem um forte apoio local e muitas prefeituras. "Desde sua fundação, em 1905, cultivou esse 'socialismo municipal'."

Ninguém deve esperar um 'big bang' ideológico na esquerda francesa, prevê: "O Partido Socialista não é suficientemente fraco para revisar suas posições em relação ao mercado, à globalização e ao individualismo. Mas não suficientemente forte para ser uma alternativa real a Sarkozy. E não deve revogar suas reformas quando voltar ao poder".

A esperança do cientista político é que, se Sarkozy modernizar a França como promete, terá também um efeito modernizador sobre o Partido Socialista.

Leia aqui a íntegra do artigo, publicado hoje no Financial Times.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Banco da Inglaterra alerta tomadores de empréstimos de emergência

O Banco da Inglaterra advertiu nesta quinta-feira as instituições financeiras que tomaram empréstimos de emergência para enfrentar a crise nos mercados não comentem o assunto publicamente, dando a entender que o noticiário realimentaria a crise.

Esse mecanismo foi usado pela segunda vez na quarta-feira, quando um ou mais bancos tomaram 1,55 bilhão de libras esterlinas (US$ 3,13 bilhões), revivendo as tensões e medos de que os bancos britânicos enfrentam sérios problemas de liquidez. Isso derrubou a cotação da libra e a Bolsa de Valores de Londres.

Mas a explicação de que um banco tomara o dinheiro por razões operacionais acalmou ou mercado, que anda muito nervoso com a crise. O Banco da Inglaterra está sempre pronto para emprestar dinheiro aos bancos a uma taxa hoje em 6,75% ao ano, um ponto percentual acima da taxa básica de juros, de 5,75% no Reino Unido. Este mecanismo foi usado 14 vezes em 2007.

"Hillary é favorita para a Casa Branca"

No momento, a senadora e ex-primeira-dama Hillary Clinton é a favorita para vencer a eleição presidencial de 2008 nos Estados Unidos, afirmou ontem o jornalista Paulo Sotero, diretor do programa de Brasil do Woodrow Wilson Center, em Washington, em seminário realizado no Centro Brasileiro de Relações Internacionais, no Rio.

Ele acredita que só a rejeição da senadora poderia levar os caciques do Partido Democrata, franco favorito por causa do fracasso do governo George W. Bush, a impor a candidatuta do vice-presidente Al Gore, cada vez mais popular por sua campanha contra o aquecimento global.

Sotero vê um "ocaso da era conservadora", alegando que "a radicalização da direita religiosa provocou uma reação. O presidente George Walker Bush usou seu governo para instrumentalizar grupos religiosos".

Para invadir o Iraque, Bush manipulou a hipersensbilidade pós-11 de setembro de 2001, observou Sotero: "Quando os EUA entraram na Segunda Guerra Mundial, o presidente Franklin Roosevelt disse: 'Só devemos temer o medo'. Bush usou o medo como instrumento de controle político. O Iraque foi um enorme erro. É mais um celeiro de terroristas. O Irã está mais forte hoje que em 10 de setembro de 2001. De acordo com os serviços secretos, a ameaça d'al Caeda é hoje muito maior."

Diante deste Síndrome do Iraque que levou Bush a invocar o Vietnã como exemplo de uma retirada prematura, a guerra dominará a campanha para a eleição presidencial de 2008.

O ex-subchefe da Casa Civil da Casa Branca, Karl Rove, o ideólogo e marketeiro de Bush, que acaba de deixar o cargo e a posição de eminência parda do desgoverno Bush "queria criar uma maioria permanente do Partido Republicano", acrescentou Sotero. "Hoje, metade do eleitorado vota democrata".

"Tudo aponta para a senadora Hillary Clinton", analisa o jornalista. "Seu maior adversário, o senador Barack Obama, tem talento, carisma e uma incrível capacidade de arrecadação, mas não traduz isso em votos. Tem o ex-senador John Edwards, com um discurso populista em cima da pobreza. Al Gore é um fator importante. Fico imaginando que ele ganhará o Prêmio Nobel da paz e aproveitará a oportunidade para se lançar candidato".

Hillary tem um problema: uma forte rejeição. "Talvez, se Hillary chegar à convenção do partido com rejeição alta, os caciques democratas queiram impor Gore. Há uma sensação de que ele foi injustiçado. Deveria ter vencido a eleição de 2000."

O processo de seleção dos candidatos em eleições primárias e convenções estaduais está em fase de esgotamento e mudança, anunciou Sotero. As votações estão sendo antecipadas em tentativas dos diferentes estados de aumentar seu peso na escolha dos candidatos à Casa Branca. "Em 5 de fevereiro, haverá primárias ou convenções em 18 estados. Talvez já tenhamos os favoritos".

No Partido Republicano, "o desânimo é tanto que surgem novos candidatos a cada semana. O último é o ex-senador Fred Thompson". Já estavam na disputa o ex-prefeito de Nova Iorque Ruldolph Giuliani, o ex-governador de Massachusetts Mitt Romney e o senador Joe McCain, veterano do Vietnã, onde foi prisioneiro de guerra dos vietcongues durante anos.

Um terceiro cenário seria uma eleição presidencial com três candidatos nova-iorquinos: Hillary, Giuliani e o atual prefeito de Nova Iorque, Michael Bloomberg, bilionário, dono de uma das principais agências de notícias econômicas. Era democrata. Elegeu-se prefeito como republicano. Agora virou independente.

A História dos EUA mostra que os independentes não ganham a eleição presidencial mas influenciam o resultado final, lembrou o diretor do Instituto Brasil do Woodrow Wilson Center. "Ross Perot foi deciviso para a eleição de Bill Clinton em 1992", contra George Bush, o pai, e Ralph Nader para a vitória de Bush, filho, em 2000".

Na avaliação de Paulo Sotero, Hillary na Casa Branca seria bom para o Brasil: "Seria uma novidade. O primeiro presidente dos EUA que sabe quem somos, onde fica do Brasil, conhece os programas brasileiros de biocombustíveis e a criatividade dos programas sociais brasileiros".

Independentemente do resultado para a Presidência, o jornalista prevê uma ampliação da maioria democratas na Câmara e no Senado dos EUA, "um problema para nossa política comercial porque os democratas são mais protecionistas".

Com maioria republicana, antes da eleição de novembro passado, a Autorização para Promoção Comercial passou por apenas um voto e o Acordo de Livre Comércio da América Central foi aprovado com dois votos de vantagem na Câmara e a oposição de Hillary e de Obama no Senado, lembrou.

Há três acordos bilaterais com países latino-americanos na fila: Colômbia, Peru, e Panamá. Por causa dos escândalos envolvendo o governo Álvaro Uribe com grupos paramilitares de direita acusados de terrorismo, hoje é mais provável que o acordo com a Colômbia não seja aprovado.

Bolsa de Nova Iorque sobe 250 pontos

O Índice Dow Jones, da bolsa de Valores de Nova Iorque, teve forte alta na quarta-feira, depois que o presidente do Federal Reserve Board, o banco central americano, Ben Bernanke, reiterou que o Fed está "monitorando os acontecimentos de perto" e que "está pronto para agir", se necessário. Fechou em 13.289,29, com alta de 247,44 pontos.

Bernanke sugeriu o "desenvolvimento de uma variada gama de produtos hipotecários apropriados a clientes de baixa renda que precisem refinanciar seus imóveis".

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Musharraf deixará Exército do Paquistão

Cada vez mais isolado, o ditador do Paquistão, general Pervez Musharraf, concordou em deixar o comando do Exército, num acerto com a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto para encaminhar a redemocratização do país, informou Benazir Bhutto em entrevista à rede de televisão americana CNN.

O ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif, derrubado em 1999, quando tentou afastar Musharraf, também está voltando ao país. Como lidera um partido muçulmano, ainda que moderado, os EUA pressionaram Musharraf a se aproximar de Benazir Bhutto, que um dia o general já chamou de ladra, por causa dos escândalos de corrupção.

No ranking da organização não-governamental Transparência Internacional, o Paquistão aparece sempre como um dos países mais corruptos do mundo.

Sob intensa pressão da classe média e dos setores mais moderados do Paquistão, Musharraf ameaçou decretar estado de emergência a pretexto de combater os talebã e Al Caeda nas regiões tribais da fronteira com o Afeganistão. Foi dissuadido energicamente pela secretária de Estado americana, Condoleezza.

Ao contrário da Índia, vizinha e inimiga histórica, uma democracia desde que os dois países se tornaram independentes do Império Britânico, em 1947, a História do Paquistão é marcada por golpes e ditaduras militares.

Todos os golpes bem-sucedidos foram dados pelo comandante das Forças Armadas. O Exército é o fiador desta nação que surgiu como uma pátria para os muçulmanos que não queriam ser minoria na Índia.

O Paquistão é um país-chave na guerra dos EUA contra o terrorismo. É o único país muçulmano com armas nucleares. E o serviço secreto do Paquistão foi padrinho e patrono dos Talebã, uma milícia formada por refugiados das guerras no Afeganistão que estudaram nas escolas religiosas paquistanesas, as madrassás.

Hoje há mais de 30 mil madrassás no Paquistão. Essa proliferação de escolas religiosas que só ensinam o Corão, livro sagrado dos muçulmanos, começou na ditadura do general Zia ul-Haq (1980-88), um aliado dos EUA que ajudou a articular a resistência contra a invasão soviética ao Afeganistão (1979-89).

Sem apoio dos partidos políticos, Zia buscou legitimidade na religião. Os mujahedin fizeram do Afeganistão o Vietnã da União Soviética, criaram Al Caeda (A Base) e de lá partiram para levar sua guerra santa para o resto do mundo.

Mas o maior temor dos EUA é que as armas nucleares do Paquistão caiam nas mãos de muçulmanos radicais como certamente existem nas Forças Armadas do Paquistão. Nas urnas, os partidos ultra-radicais tem entre 10%-15% da votação nesse país de 160 milhões de muçulmanos.

Nos delírios de grandeza dos fundamentalistas que sonham em recriar o Califado como uma superpotência de 1,3 bilhão de muçulmanos regida pela charia (direito islâmico) da Nigéria à Indonésia, com o petróleo do Oriente Médio, as armas nucleares do Paquistão são fundamentais. Não há superpotência sem bomba atômica. Mas não basta. O Paquistão não saiu da miséria por causa da bomba.

O pai da bomba paquistanesa, Abdul Kadir Khan, era contra o monopólio nuclear das grandes potências. Tentou difundir ao máximo a tecnologia de centrifugação que lhe permitiu fazar armas atômicas no Paquistão. É considerado um herói nacional.

Talebã libertam 12 reféns sul-coreanos

A milícia dos Talebã libertou nesta quarta-feira 12 dos 19 reféns sul-coreanos que seqüestrou há mais de um mês. Eles foram entregues a funcionários do Crescente Vermelho em trës locais diferentes perto da cidade de Ghazni, no Afeganistão. Os rebeldes prometeram soltar os outros sete nos próximos dias.

Contrariando a orientação dos Estados Unidos, a Coréia do Sul negociou diretamente com a milícia que abrigava a rede terrorista Al Caeda e por isso foi derrubada pelos americanos como resposta aos atentados de 11 de setembro de 2001. Os termos da negociação não ficaram claros. Há fortes suspeitas de que o governo de Seul tenha comprado a libertação dos reféns.

Minutas do Fed derrubam bolsas de valores

Muito antes de baixar sua taxa de redesconto em meio à crise nos mercados financeiros, o Federal Reserve Board, banco central dos Estados Unidos, temia que a volatilidade o obrigasse a intervir. A revelação das minutas do Fed, nesta terça-feira, provocou novas quedas fortes nas bolsas de valores.

O Índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova Iorque, caiu 280,28 pontos (-2,1%), para 13.041,85; o S&P 500, 34,33 (-2,35%) para 1.432,36; e o Nasdaq Composite, 60,61 (-2,37%), para 2,500,64. A Bolsa de São Paulo caiu 2,7%.

Nas minutas da reunião de 7 de agosto do Comitê de Mercado Aberto do Fed, seus membros admitem a possibilidade de "uma deterioração ainda maior nas condições financeiras" capaz de exigir "uma resposta política", se a crise financeira afetasse o crescimento da economia americana. Os diretores do Fed reconheciam que a recessão no mercado imobiliário representava "um risco significativo de queda na perspectiva de atividade econômica".

Naquela reunião, o Fed manteve a taxa básica de juros, a taxa de fundos federais, seu nome oficial, inalterada em 5,25% ao ano pelo nono mês consecutivo, insistindo em que sua maior preocupação era com a inflação.

Dez dias depois, diante da ameaça de uma crise de liquidez, o Fed baixou sua taxa de redesconto, a que cobra dos bancos para empréstimos diretos, de 6,25% para 5,75%, citando como justificativa um aumento "apreciável" dos riscos, sem mencionar a inflação.

Pelas minutas de 7 de agosto, os diretores do Fed esperavam um crescimento moderado com ganhos de emprego e renda que garantiriam um aumento no consumo, apesar da crise no setor habitacional.

Os últimos números não são animadores. Além do aumento do estoque de casas a venda, o índice de confiança do consumidor calculado pelo Conference Board, uma instituição privada, caiu de 111,9 para 105. É o nível de confiança mais baixo desde agosto de 2006 e a maior queda diária desde o furacão Katrina, em setembro de 2005.

Outro relatório indica que os preços dos imóveis residenciais nos EUA sofreram seu maior declínio nos 20 anos de existência do Índice Case-Shiller, da Standard & Poor's. No país como um todo, o preço médio das residências caiu 3,2% no segundo semestre deste ano em comparação com o ano passado.

O mercado agora aposta num corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros na próxima reunião do Fed, em 18 de setembro.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Islamita é eleito presidente da Turquia

Em terceira votação, o parlamento da Turquia elegeu o ministro do Exterior, Abdullah Gul, para presidir o país, apesar da oposição do Exército e da oposição secularista.

Sua eleição indireta provocou uma crise meses atrás, mas na eleição presidencial direta também não houve maioria absoluta e mais uma vez a eleição foi para o Parlamento, que na terceira votação finalmente consagrou Gul. Ele tomou posse em cerimônia reserva na terça-feira à noite.

Gul pertence ao mesmo Partido da Justiça e do Desenvolvimento, do primeiro-ministro Recep Tayyp Erdogan. É um partido islamista moderado, que chegou a ser cassado no passado e hoje ocupa os dois cargos mais importantes da República da Turquia.

Isso provocou uma reação negativa da oposição secularista e das Forças Armadas, guardiãs do secularismo imposto pelo fundador da república turca, Mustafá Kemal Ataturk (Pai dos turcos).

"Nossa nação está atenta ao comportamento daqueles separatistas que não consegue abraçar a natureza unitária da Turquia, e os centros do mal que tentam sistematicamente corroer a natureza secular da República da Turquia, declarou o general Yassar Buyukanit, principal comandante militar do país, no website das Forças Armadas. Na primeira parte, o general ataca os rebeldes que sonham em criar o Curdistão; na segunda, os islamitas ou fundamentalistas muçulmanos.

Na prática, o governo Erdogan é bastante moderado. Seu principal objetivo é aderir à União Européia e não fundar uma república islâmica na Turquia.

Estoque de casas a venda é maior em 16 anos nos EUA

A venda de casas caiu 0,2% em julho nos Estados Unidos, projetando um total anual de 5,75 milhões, acima da expectativa média do mercado, de 5,69 milhões. Mas foi o ritmo de negócios mais fraco em cinco anos, desde novembro de 2002. O estoque de casas não-vendidas no mercado imobiliário daria para 9,2 meses de demanda, o nível mais alto desde outubro de 1991.

Esta má notícia abalou a Bolsa de Valores de Nova Iorque. O Índice Dow Jones, que mede o desempenho das 30 ações mais importantes caiu 56,74 pontos (-0,4%), em 13.322,13. O S&P 500, que avalia 500 ações caiu 12,58 (-0,9%) para 1.466,79. E a bolsa eletrônica Nasdaq, das ações de empresas de alta tecnologia, teve baixa de 15,44 (-0,6%) fechando em 2.561,25.

FARC rejeitam proposta de Hugo Chávez

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), maior grupo guerrilheiro em atividade na América, rejeitou uma proposta de troca de prisioneiros com o governo colombiano feita pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

Em entrevista ao jornal argentino Clarín, o porta-voz das FARC, Raúl Reyes, agradeceu a mediação de Chávez, "este gesto, esta generosidade, por este sentido de solidariedade com a Colômbia e com os familiares dos prisioneiros". Mas disse que "a troca de prisioneiros terá de ser resolvida na Colômbia".

Confira a entrevista do segundo principal líder da guerrilha colombiana ao Clarín de domingo, 26 de agosto.

Como a mediação de Chávez está apenas começando, as negociações podem evoluir.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Sarkozy quer Brasil no Conselho de Segurança

Em seu primeiro grande discurso de política externa, o novo presidente da França, Nicolas Sarkozy, defendeu hoje uma ampliação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, com a inclusão como membros permanentes de Alemanha, Brasil, Índia, Japão e um representante da África, e do Grupo dos Oito (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Rússia), com a adesão de África do Sul, Brasil, China, Índia e México.

Para o pesquisador Philippe Moreau Defarges, o discurso de Sarkozy não teve "nada de sensacional, nada de extraordinário. É sobretudo um discurso que se define pela prudência. Há uma grande continuidade . Segue a linha de política externa da França desde o general De Gaulle: a França deve se manter como potência mundial, buscar um engajamento europeu e um equilíbrio internacional, sobretudo na questão nuclear".

Na sua opinião, as principais diferenças em relação ao ex-presidente Jacques Chirac são "um engajamento europeu mais acentuado" e uma "tonalidade pró-americana". Sarkozy quer uma Europa que assuma a condição de superpotência, fala em aliança sem alinhamento com os Estados Unidos, e vê o dispositivo de defesa europeu como complementar e não concorrente da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

É um forte e decidido apoio à pretensão brasileira a um assento permanente no Conselho de Segurança. Sarkozy não tocou na questão mais sensível: os novos membros terão o poder de veto dos atuais cinco grandes (EUA, China, França, Reino Unido e Rússia)? Mas deixou claro que os líderes mundiais perderam tempo depois do fim da Guerra Fria para criar uma nova ordem internacional.

O presidente francês apontou três grandes desafios para este começou de século 21:
1. Evitar uma confrontação entre o Islã e o Ocidente como querem os jihadistas que sonham em recriar o Califado reunindo os muçulmanos da Nigéria à Indonésia, rejeitando qualquer abertura, toda modernidade e qualquer diversidade. "Se essas forças atingissem seu objetivo sinistro, este século seria ainda pior que o passado".

2. Como integrar na nova ordem global os gigantes emergentes, a China, a Índia e o Brasil? "Motores do crescimento mundial, eles são também fatores de graves desequilíbrios; gigantes de amanhã, querem ter seu status reconhecido mas ainda não estão prontos para respeitar as regras que são do interesse de todos", disse Sarkozy.

3. Como enfrentar as grandes ameaças globais, pela primeira vez identificadas cientificamente por esta geração, sejam as mudanças do clima, as novas pandemias ou a questão energética?

Sarkozy pensa no que a França tem a oferecer ao mundo, "porque tem um dos povos mais dinâmicos e de melhor formação, uma das economias de melhor desempenho, Forças Armadas e diplomacia das melhores". Mas adverte: "A França, como qualquer outro país, não tem direito adquirido a seu status internacional. Sua mensagem será entendida se ela for levada por um povo ambicioso e confiante, uma sociedade reconciliada consigo mesma e com uma economia de alto desempenho".

Ele acredita que "a emergência de uma Europa forte, um dos principais atores da cena internacional, pode contribuir de modo decisivo à construção de uma ordem mundial mais eficaz, mais justa, mais harmoniosa que os povos reclamam".

Numa das principais mudanças em relação a seu antecessor Jacques Chirac, o novo presidente francês pensa que a "amizade entre a França e os EUA é tão importante hoje como nos dois séculos passados. Aliados não quer dizer alinhados, e eu me sinto completamente livre para exprimir tanto os acordos quanto os desacordos sem complacência nem tabus".

Os valores da França que Sarkozy oferece ao mundo são "os da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, do humanismo e também, mais recentemente, do dever de proteção humanitária encarnado por homens como Bernard Kouchner, que tive a honra de acolher em meu governo e de lhe dar a direção da nossa diplomacia".

"A construção da Europa será uma prioridade absoluta de nossa política externa", afirmou Sarkozy. "Sem uma União Européia forte e ativa, a França não poderá apresentar respostas eficazes aos grandes desafios do nosso tempo. Sem que a Europa assuma o papel de potência, o mundo não terá um pólo de equilíbrio necessário".

Mais uma vez, ele se declarou contra a adesão da Turquia, alegando que não é um país europeu.

Outro ponto importante foi a retomada da Iniciativa Européia de Defesa Estratégica, lançada em Saint-Malo, na França, num encontro entre as duas potências européias com Forças Armadas importantes: França e Reino Unido. Com o distanciamento entre os dois países por causa da invasão americana no Iraque, o projeto estava parado.

"A UE dispõe de toda uma gama de instrumentos de intervenção durante crises: militares, humanitárias e financeiras. Deve se afirmar como um ator do mais alto nível na luta pela paz e a segurança no mundo, em cooperação com as Nações Unidas, a aliança atlântico e a União Africana."

Para Sarkozy, não faz nenhum sentido opor a UE e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos EUA: "Precisamos das duas".

Confira no jornal Le Monde a íntegra do discurso do presidente da França, que pode ter acesso restrito a assinantes.

Ministro da Justiça de Bush cai

Sob intensa pressão da oposição democrata, que desde o início do ano controla a Câmara e o Senado, o ministro da Justiça e procurador-geral da União dos Estados Unidos, Alberto Gonzales, anunciou hoje sua demissão.

Gonzales é um dos principais alvos da oposição democrata e de grupos de defesa dos direitos humanos desde que, como assessor jurídico da Casa Branca, fez o parecer para sustentar a posição americana de manter os prisioneiros da guerra contra o terrorismo detidos indefinidamente no centro de detenção da base naval de Guantânamo, um enclave americano em Cuba. Sua situação ficou insustentável quando revelou-se que ele promoveu e afastou procuradores com base mas suas tendências políticas.

Ao defender a tese de que os presos sob suspeita de terrorismo não têm direito à proteção das Convenções de Genebra, por não pertencerem a um Exército regular, não usarem uniforme nem obedecerem a uma cadeia de comando, Gonzales deixou-os num limbo jurídico.

Enquanto o governo George Walker Bush prepara o julgamento dos presos mais importantes, contra os quais acredita ter reunido provas suficientes para uma condenação, os outros ficam sem saída. O governo americano teme que eles voltem a atacar os EUA, por isso não quer soltá-los. Por sua vez, os presos temem ser deportados para seus países de origem, onde estariam sujeitos a tortura e execução.

domingo, 26 de agosto de 2007

Jornalistas defendem liberdade de ação em Gaza

Mais de 100 jornalistas participaram de uma manifestação pela liberdade de imprensa neste domingo, sentando-se diante da sede do Sindicato dos Jornalistas na cidade de Gaza. Há dois dias, milicianos do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), que assumiu em junho o controle da Faixa de Gaza, irromperam violentamente um comício de seu adversário político, a Fatah, e prenderam quatro jornalistas.

"Sim à liberdade de imprensa", "Não à prisão de jornalistas" e "Deixem os jornalistas fora da política", diziam alguns dos cartazes de protesto.

Em nota oficial, a Associação da Imprensa Estrangeira (AIE), com sede em Jerusalém, fez um apelo "às autoridades competentes em Gaza para que permitam o funcionamento adequado de uma imprensa livre. Não há qualquer desculpa para qualquer tentativa de limitar esta liberdade."

Na sexta-feira, três cinegrafistas e um fotógrafo foram detidos brevemente por reportar um comício da Fatah (Luta), partido do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.

A AIE declarou que "gostaria de protestar, nos termos mais fortes possíveis, contra o constrangimento violento de jornalistas cobrindo os acontecimentos em Gaza na sexta-feira. Durante o trabalho legítimo de sua cobertura, diversos colegas foram fisicamente intimidados por membros das forças de segurança do Hamas. Este tipo de violação perigosa dos direitos de jornalistas profissionais no cumprimento de suas obrigações é inaceitável."

Líderes curdos, sunitas e xiitas anunciam acordo

Os principais líderes curdos, sunitas e xiitas do Iraque anunciaram neste domingo um acordo sobre leis consideradas essenciais para a reconciliação nacional do Iraque, enquanto o primeiro-ministro Nuri al-Maliki acusava altos funcionários dos Estados Unidos e da França que pediram sua demissão.

A Força Aérea dos EUA atacou alvos por todo o Iraque hoje. Em Bássora, no Sul do Iraque, milicianos xiitas ocuparam temporariamente um posto de controle que estava sob controle britânico e foi entregue aos iraquianos. Dezenas de milhares de xiitas começaram sua peregrinação anual à cidade sagrada de Carbalá, apesar do risco de violência.

Numa rara demonstração de unidade, o xiita Maliki, acusado de querer acertas contas do passado em vez de pensar no futuro do Iraque, apareceu na televisão ao lado do presidente Jalal Talabani, que é curdo; do vice-presidente Tarek al-Hachemi, sunita; do vice-presidente Adel Abdul Mehdi, xiita; e Massoud Barzani, presidente da semi-autônoma região do Curdistão.

Entre os acordos, há novas regras sobre a desbaathificação do país, permitindo que antigos membros do Partido Baath, do ditador executado Saddam Hussein, sejam militares ou funcionários públicos civis.

Maliki protestou contra os senadores democratas americanos Hillary Clinton e Carl Levin, e o ministro do Exterior francês, Bernard Kouchner, que pediram seu afastamento.

Numa democracia, afirmou o primeiro-ministro, só cabe aos iraquianos decidir quem vai governar o Iraque: "Hillary Clinton e Carl Levin são democratas. Devem respeitar a democracia. Falam do Iraque como se fosse sua propriedade."

Em seguida, Maliki criticou Kouchner: "Recebi recentemente o chanceler francês. Estávamos satisfeiros com ele. Esperávamos estar começando uma nova era, porque a França apoiava o antigo regime. De repente, somos surpreendidos com uma declaração do ministro que nada tem de diplomática, quando pede a troca do governo".

Kouchner disse em entrevista à revista americana Newsweek que "muita gente acredita que o primeiro-ministro deve ser mudado. Mas não sei se isto vai acontecer porque parece que o presidente Bush é muito ligado ao Maliki. Mas o governo não está funcionando".

sábado, 25 de agosto de 2007

Paquistão testa novo míssil nuclear

O governo do Paquistão anunciou hoje que testou com sucesso um novo míssil ar-terra capaz de carregar ogivas nucleares.

Como o Paquistão é o único país muçulmano com armas nucleares, é considerado um país-chave pelos Estados Unidos na guerra contra o terrorismo dos fundamentalistas muçulmanos que atacaram Nova Iorque e o Pentágono em 11 de setembro de 2001, além de ser vizinho do Afeganistão, na época a base da rede terrorista Al Caeda.

Nos seus delírios de grandeza, Ossama ben Laden e seus seguidores por todo o planeta sonham com a criação de uma superpotência muçulmana, o Califado, com a renda do petróleo e as armas nucleares do Paquistão.

NY Times: culpem Bush e não Maliki

Colocar no primeiro-ministro do Iraque, Nuri al Maliki, a culpa pelo espetacular fracasso da interven]cão militar ordenada pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, é "cinismo político, puro e simples", afirmou o mais influente jornal americano, The New York Times, no editorial 'O Problema não é o Sr. Maliki'.

Longe de defender Maliki, o NY Times considera-o produto do regime imposto pela invasão americana, que deu poder aos xiitas em detrimento dos sunitas que dominavam o país há séculos. Em vez de promover a reconciliação racional, acusa o editorial, o primeiro-ministro quer acertar contas do passado, comprometendo assim o futuro do Iraque como país independente e unido.

Veja a íntegra do editorial do New York Times.

Bolsa de Nova Iorque tem alta de 2,3% na semana

A Bolsa de Valores de Nova Iorque teve uma forte alta nesta sexta-feira, de 142,99 pontos (+1,1%), acumulando uma alta de 2,3% na semana, superando assim a volatilidade da semana anterior, pelo menos até a próxima notícia ruim do mercado. O que ajudou ontem foi a notícia da recuperação do mercado imobiliário no mês de julho, superando a expectativa do mercado.

O Índice S&P 500, mais amplo, que mede o desempenho de ações de 500 empresas, também subiu 2,3% na semana e a bolsa eletrônica Nasdaq, de ações de empresas de alta tecnologia, 2.8%.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Hamas: israelense capturado há um ano está vivo

O cabo israelense Gilad Shalit, capturado em 25 de junho de 2006, na Faixa de Gaza, está vivo e bem, afirmou nesta sexta-feira o principal líder político do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), Khaled Mechal, exilado na Síria, em entrevista à rede de televisão americana CNN.

Com a mediação de diplomatas do Egito, o Hamas tenta trocar o cabo israelense por prisioneiros palestinos. Chegou a apresentar uma lista de 350 presos que poderiam ser usados na troca.

Venda de casas novas sobre 2,8% nos EUA

Num sinal de recuperação do mercado imobiliário, a venda de residências novas aumentou 2,8% nos Estados Unidos em julho, projetando um total anual de 870 mil novas moradias comercializadas, estimou hoje o Departamento de Comércio.

A expectativa do mercado era de uma projeção de 820 mil casas. Mesmo assim, as vendas ainda ficaram 10,2% abaixo dos negócios realizados em julho do ano passado.

Quando a notícia foi divulgada, as bolsas do mundo inteiro começaram a subir.

Na quarta queda mensal consecutiva, o estoque de casas não-vendidas caiu 1% para 553 mil, na . No ritmo das vendas de julho, este estoque daria para sete meses e meio, em contraste com 7,7 em junho. É hoje 7% menor do que um ano atrás.

Al Caeda invade cidade do Iraque com 200 homens

Cerca de 200 guerrilheiros do grupo terrorista Al Caeda invadiram nesta quinta-feira a cidade de Kanan, na província de Diala. Eles atacaram uma mesquita, militantes sunitas rivais, mataram um xeque que agora apóia a intervenção americana. O combate deixou 23 mortos. Quinze pessoas foram seqüestradas.

"O primeiro ataque foi a uma mesquita", declarou o general Ali Dalayan, chefe de polícia de Diala, na capital provincial, Bacuba. "Eles explodiram a mesquita e depois destruíram duas casas, onde moravam dois xeques. O xeque Yunis al-Tae foi morto no ataque, assim como vários de seus familiares".

A polícia teve o apoio das Brigadas da Revolução de 1920, um grupo sunita que antes apoiava al Caeda e agora é um dos seis rivais mais ferozes. O ataque aconteceu logo depois do fim da Operação Martelo de Raios, que durante 12 dias fez uma varredura na província de Diala, um dos focos da insurgência contra a ocupacão americana.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Violência no Iraque vai durar muitos anos

O último relatório dos serviços secretos dos Estados Unidos mostra um Iraque sombrio e brutal, onde o governo não consegue promover a reconciliação nacional, necessária para combater a violência sectária.

A notícia é divulgada dias depois que o senador Barack Obama, um dos pré-candidatos democratas à Casa Branca na eleição presidencial de 2008, defendeu sua remoção. Para o presidente George Walker Bush, esta é uma decisão que os iraquianos precisam tomar.

Bush mantém seu apoio ao primeiro-ministro Nuri al-Maliki. Mas altos funcionários do governo dos EUA mostram-se frustrados com a incapacidade do governo iraquiano de dar qualquer aparência de volta da normalidade ao país.

Leia mais no Financial Times.

Historiadores discordam de Bush sobre Vietnã

Os historiadores concordam quanto aos fatos mas discordam das interpretações do presidente George Walker Bush no discurso para veteranos de guerra em Kansas City, Missouri, na quarta-feira, sobre as conseqüências da retirada americana e suas analogias com a situação atual no Iraque, diz hoje o jornal The New York Times.

"Sem dúvida é verdade que o fracasso americano no Vietnã levou a conseqüências catastróficas na região, especialmente no Camboja", admite o historiador David C. Hendrickson, especialista em política externa dos Estados Unidos no Colorado College, em Colorado Springs.

"Mas há outras questões que devem ser pesadas", analisa Hendrickson. "O Khmer Vermelho não teria chegado ao poder sem a Guerra do Vietnã - essa força sinistra surgiu das circunstâncias da guerra, foi num sentido profundo criada pela guerra. O mesmo está acontecendo hoje no Oriente Médio. A ocupação do Iraque criou muito mais terroristas do que deteve."

Leia a reportagem do New York Times.

Banco do Japão mantém juros em 0,5%

O Banco do Japão decidiu nesta quinta-feira manter inalterada a taxa básica de juros da segunda maior economia do mundo pelo sexto mês consecutivo.

Com a alta do iene diante do dólar, as ações das empresas exportadoras puxam a alta da Bolsa de Valores de Tóquio. No momento, o Índice Nikkei registra alta de 425 pontos (+2,68). As ações da Canon sobem 5,4%, as da Honda 3% e as da Toyota, 2%.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Interpol quer pegar venezuelano da mala de dólares

A Polícia Internacional emitiu hoje uma ordem de prisão internacional contra o empresário venezuelano-americano Guido Alejandro Antonini Wilson, que tentou desembarcar num aeroporto de Buenos Aires com uma maleta com US$ 790 mil não-declarados às autoridades aduaneiras da Argentina. Ele mora em Miami e viajava em companhia de diretores das empresas estatais de petróleo venezuelana (PdVSA) e argentina (Enarsa), em avião fretado pela Enarsa.

O escândalo abalou a candidatura da senadora e primeira-dama Cristina Fernández de Kirchner à Casa Rosada na eleição presidencial de 28 de outubro. Para fugir da acusação, o governo Kirchner alegou que o dinheiro seria destinado a grupos chavistas e não ao pagamento de propinas nem à candidatura de Cristina.

Por causa do escândalo chamado de Maletagate, que se soma à descoberta de outra grande quantia em dólares no banheiro privativo da ministra da Economia, Felisa Miceli, que foi obrigada a pedir demissão, e ao pagamento de propinas em licitações de obras públicas, o kircherismo está na defesa a apenas dois meses da eleição.

FARC entram em contato com Chávez

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) entraram em contato com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, horas depois que este propôs uma troca de prisioneiros com o governo colombiano por razões humanitárias. O governo Chávez não confirmou a notícia, publicada no jornal venezuelano El Universal.

O porta-voz das FARC, Raúl Reyes, teria enviado a mensagem a uma pessoa próxima do dirigente venezuelano. Há possibilidade de que Chávez se encontre com o líder guerrilheiro, depois de se reunir com o presidente colombiano, Álvaro Uribe, em 31 de agosto, em Bogotá.

Anteontem, Chávez pediu tanto a Uribe quanto às FARC que "facilitem" seu trabalho de "observador", que na verdade parece mais mediador. Imediatamente, o maior grupo guerrilheiro colombiano respondeu ao comandante Chávez.

As FARC mantêm milhares de pessoas reféns, inclusive uma candidata a presidente, Ingrid Betancourt, seqüestrada há mais de quatro anos.

Leia a íntegra da notícia de El Universal e, no mesmo jornal, uma entrevista dada em Havana pelo comandante do outro grande grupo guerrilheiro da Colômbia, o Exército de Libertação Nacional (ELN), Pablo Beltrán.

Índice Dow Jones cresce 150 pontos (+1,1%)

A Bolsa de Valores de Nova Iorque consolidou a recuperação dos últimos dias fechando em alta pela quarta sessão consecutiva, em 13.236,13, depois de subir 145,27 (+1,1%), num sinal de que a intervenção do Federal Reserve Board (fed), o banco central americano, está aliviando as preocupações com a falta de liquidez no mercado financeiro.

A bolsa eletrônica Nasdaq, das ações de empresas de alta tecnologia, teve alta de 1,25%.

Homem é preso por roubar acesso a banda larga

Um homem de 39 anos que sentou com seu laptop junto a uma casa de Chiswick, no Oeste de Londres, para aproveitar a Internet sem fio foi preso. Ele admitiu que estava usando a conexão à Internet sem permissão. Preso sob suspeita de roubar uma conexão de banda-larga sem fio, foi solto após fiança e ficou de se apresentar à Justiça em outubro.

É a polícia inglesa reprimindo um novo tipo de delito da era da informática: "obter acesso de graça à Internet desonestamente" é crime pela Lei de Comunicações, de 2003, e uma violação da Lei de Mau Uso de Computador.

"Esta prisão é uma advertência para quem pensa que é aceitável usar ilegalmente a conexão de banda larga de outra pessoa", declarou o detetive Mark Roberts, da Unidade de Combate aos Crimes com Computador da Polícia Metropolitana da Grande Londres. "É contra a lei, e a polícia vai investigar qualquer violação que tenha conhecimento."

Em abril, um homem teve de pagar uma caução depois de ser denunciado pelos vizinhos por usar seu laptop dentro do carro diante de uma casa em Redditch, no condado de Worcester. Em outro caso, em 2005, uma homem foi multado em 500 libras por piratear uma conexão de internet sem fio em Londres.

Bush invoca Vietnã para justificar Guerra no Iraque

Na expectativa ansiosa por um novo relatório que vai avaliar sua nova estratégia para a guerra no Iraque, anunciada no início do ano, o presidente dos Estados Unidos, George Walker Bush, invocará hoje a Guerra do Vietnã para defender sua determinação de não retirar as tropas americanas do país ocupado desde março de 2003.

"Então, como agora, muita gente argumentava que o problema era a presença americana e que, assim que nos retirássemos, a matança terminaria", dirá nesta quarta-feira o presidente dos EUA a uma platéia de veteranos de guerra em Kansas City, Missouri.

"Há um debate legítimo até hoje nos EUA sobre o Vietnã", acrescentará Bush, de acordo com um texto liberado com antecedência pela Casa Branca. "Qualquer que seja sua posição nesta debate, o preço da retirada americana foi pago com a morte de milhões de cidadãos inocentes. Sua agonia trouxe para o nosso vocabulário expressões como 'povo dos barcos', 'centros de reeducação' e 'campos da morte'."

O presidente vai argumentar ainda que uma retirada americana do Iraque será vista como uma vitória de Ossama ben Laden e da rede Al Caeda.

EUA criam MySpace para espiões

O Diretor Nacional de Inteligência dos Estados Unidos vai lançar um um espaço virtual na intranet dos serviços secretos americanos, no modelo de sites de internet como Facebook e MySpace, para promover uma ampla troca de informações que revolucione o trabalho analítico numa tentativa de evitar atentados como os de 11 de setembro de 2001.

Para Thomas Fingar, subdiretor nacional de análise de informações, essa espécie de "MySpace para analistas" produzirá melhores informes ao derrubar as barreiras entre os diferentes serviços, que funcionavam como burocracias compartimentalizadas.

Leia mais no Financial Times.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Americanos preocupam-se mais com terrorismo

Seis anos depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, só 29% dos americanos acreditam que os Estados Unidos estão ganhando a guerra contra os terroristas muçulmanos que os atacaram. É o menor índice desde os atentados.

O agravamento das sangrentas guerras no Iraque e no Afeganistão, os atentados terroristas do Reino Unido à Somália, tornam o mundo mais inseguro para os americanos. A campanha para as eleições presidenciais de 2008 gira em torno de como enfrentar essas ameaças.

Mais de 60% dos americanos não temem um ataque terrorista iminente. Mais de 60% entendem que a invasão do Iraque era desnecessária.

Para fazer uma avaliação mais precisa, a revista Foreign Policy fez uma pesquisa com 100 especialistas, inclusive altos assessores da Casa Branca, do Departamento de Estado e do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, altos comandantes militares, profissionais de inteligência e acadêmicos de prestígio.

Entre os especialistas, 91% consideram o mundo hoje mais perigoso, 10% a mais do que em fevereiro, e apenas 2% afirmam que é totalmente seguro. Mais de 80% esperam um ataque na escala de 11 de setembro dentro de 10 anos. Para 84%, os EUA estão perdendo a guerra contra o terror.

Leia a reportagem completa sobre a sondagem em The Terrorism Index.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Novas ilhas emergem com degelo no Ártico

Ilhas desconhecidas estão emergindo do Oceano Glacial Ártico na medida em que a calote diminui, o que já faz cientistas e ecologistas suporem que o aquecimento global esteja superando as previsões do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, que reúne cientistas de mais de 120 países-membros das Nações Unidas.

Os ursos polares e as focas estão sofrendo neste verão no Hemisfério Norte no arquipélago de Svalbard, na Noruega, onde 40 cientistas e políticos se encontram de 20 a 22 de agosto.

"A redução na camada de gelo e neve é alarmante", declarou a ministra do Meio Ambiente norueguesa, Helen Bjoernoy, no seminário, realizado em Ny Alesund, a 1,2 mil km do Pólo Norte. "O degelo está sendo mais rápido do que previsto."

Ny Alesund, uma base para pesquisas no Ártico, se considera a povoação humana permanente mais ao norte do planeta.

Em fevereiro, o painel da ONU que estuda o agravamento do efeito estuta, provocado pelo aumento da concentração de gás carbônico na atmosfera desde o início da Revolução Industrial, no século 18, previu que a calota polar ártica possa praticamente desaparecer até o fim do século.

Comandante da Guarda Revolucionária do Irã ameaça transformar Golfo um inferno

Um dos comandantes da Guarda Revolucionária do Irã, tropa de elite do regime dos aiatolás que os pretendem declarar um "grupo terrorista", ameaçou transformar o Golfo Pérsico num inferno, se a república islâmica for atacada pelos Estados Unidos, que poderiam tentar destruir as instalações nucleares iranianas.

Bolsas da Ásia abrem em alta

As bolsas de valores da Ásia abriram em forte alta nesta segunda-feira, indicando que o corte na taxa de redesconto do Federal Reserve Board (Fed), o banco central dos Estados Unidos, surtiu o efeito de acalmar os mercados financeiros depois de grandes perdas.

O Índice Nikkei, o principal da Bolsa de Tóquio, sobe cerca de 500 pontos e o Hang Seng, de Hong Kong, mais de 700.

Na opinião dos analistas, a volatilidade pode voltar durante a semana, dependendo das notícias econômicas.

Apagão na Faixa de Gaza: UE congela ajuda

Algumas regiões de Faixa de Gaza estão sofrendo falta de energia elétrica desde domingo porque a União Européia congelou fundos usados para financiar o combustível da única usina de eletricidade do território palestino, dominado pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), considerado um grupo terrorista pelos Estados Unidos, por Israel e pela Europa.

Desde que o Hamas assumiu o controle desta pequena faixa de areia junto ao Mar Mediterrâneo, os 1,1 milhões de habitantes, na maior concentração populacional do planeta, vivem ainda mais miseravelmente, o que só será agravado pela crise energética, complicando ainda mais a retomada do processo de paz entre israelenses e palestinos.

sábado, 18 de agosto de 2007

Seqüestradores de avião turco se rendem

Dois homens que seqüestraram um avião de passageiros que ia de Chipre para Istambul, na Turquia, alegando pertencer à rede terrorista Al Caeda e ter bombas a bordo, se entregaram à polícia turna, depois de libertar os tripulantes e os últimos quatro passageiros.

A maioria dos 136 passageiros e quatro tripulantes tinham conseguido fugir quando o avião da empresa aérea Atlasjet pousou no aeroporto de Antalia, no Sudoeste da Turquia. O ministro do Interior turco informou que um seqüestrador é turco e o outro tem passaporte sírio.

Mercado reage com corte de juros do Fed

A Bolsa de Valores de Nova Iorque reagiu na sexta-feira, depois de uma semana arrasadora, com o Índice Dow Jones fechando em 13.079,08 pontos, com alta de 233,30 (1,82%) mas perda de 1,3% na semana, depois que o Federal Reserve Board (Fed), o banco central dos Estados Unidos, cortou sua taxa de redesconto, que cobra para fazer empréstimos diretos aos bancos comerciais.

Para analistas de mercado, a decisão indica que o Fed não vai mexer na taxa de fundos federais, a taxa básica, há nove meses em 5,25%, antes da próxima reunião do Comitê de Mercado Aberto, daqui a exatamente um mês.

Outros economistas observam que o corte da taxa de redesconto indica que, na avaliação do Fed, o maior risco para a economia americana não é mais de inflação mas de recessão.

A crise financeira iniciada no mercado hipotecário para clientes de segunda linha vai reduzir o crescimento dos EUA. Como 100 milhões de americanos investem em ações, sentiram o impacto das quedas na Bolsa de Valores de Nova Iorque.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Fed reduz taxa de redesconto em meio ponto

Em uma medida de emergência, o Federal Reserve Board (Fed), banco central dos Estados Unidos, decidiu hoje reduzir a taxa de redesconto em meio ponto percentual, a taxa cobrada para emprestar dinheiro aos bancos, para 5,75% ao ano, numa tentativa de acalmar os mercados financeiros.

Depois de fortes quedas na Ásia, com baixa de 5,4% na Bolsa de Tóquio, sua pior em sete anos, as principais bolsas da Europa, Londres, Frankfurt e Paris, operavam em alta de cerca de 3% no final da manhã de hoje pelo horário brasileiro.

Neste momento, o Índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Valores de Nova Iorque, que chegou a subir 300 pontos na abertura dos negócios, registra alta superior a 150 pontos e acaba de chegar a 13.000 pontos.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Holanda impõe condições para sediar julgamento da morte do ex-primeiro-ministro Rafik Hariri

A Holanda está impondo condições para sediar o tribunal das Nações Unidas encarregado de julgar o assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafik Hariri. Uma exigência é que os condenados pelo atentado com caminhão-bomba com 300 kg de explosivos que matou Hariri, em Beirute, em 14 de fevereiro de 2005, cumpram pena em outro país.

O governo holandês quer que outro país-membro da ONU se comprometa de antemão a receber os apenados.

Em entrevista de rádio, o ministro do Exterior holandês, Maxime Verhagen, admitiu que seu governo deve concordar com o pedido, a ser feito ainda este mês pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon. Mas ressalvou que "algumas questões práticas precisam ser acertadas antes".

"Parto da premissa de que o tribunal terá sede em Haia", disse Verhagen. "Insistimos em que as pessoas consideradas culpadas pelo tribunal cumpram suas sentenças em outro país."

EUA bombardeiam Tora Bora

Os Estados Unidos e seus aliados afegãos bombardearam por terra e ar pelo segundo dia consecutivo, nesta quinta-feira, as montanhas de Tora Bora, no Afeganistão, perto da fronteira do Paquistão, onde se acredita que Ossama ben Laden e a cúpula da rede terrorista Al Caeda se refugiaram quando os americanos invadiram o Afeganistão e derrubaram o regime dos Talebã, em 2001, depois dos atentados de 11 de setembro.

A região de Tora Bora é cheia de cavernas e túneis construídos pelos guerrilheiros muçulmanos, os mujahedin, durante a ocupação soviética do Afeganistão (1979-89).

"É uma operação conjunta realizada por forças dos EUA e do Afeganistão, divididas entre aéreas e terrestre", declarou a capitã Vanessa Bowman, porta-voz americana no Afeganistão. Äs forças americanas e afegãs engajaram-se em combate contra al Caeda e outros grupos extremistas no Leste do Afeganistão, na região de Tora Bora."

O Paquistão, de onde sai grande parte do apoio aos Talebã e a al Caeda, mobilizou um "número limitado" de soldados do Exército para patrulhar a região tribal de Kurram, do seu lado da cordilheira de Tora Bora.

Pelo menos 50 militantes e 30 civis teriam sido mortos, segundo autoridades e as rádios e jornais locais.

Bolsa de Nova Iorque se recupera após cair 340 pontos

O Índice Dow Jones, que mede o desempenho das 30 principais ações negociadas na Bolsa de Valores de Nova Iorque, recuperou-se no final do pregão, depois de cair 340 pontos, fechando em baixa de apenas 15,69 pontos (-0,1%), em 12.845,78. O Índice S&P500, que avalia 500 ações, chega a ter alta de 0,32%.

Durante todo o dia, houve fortes quedas nos mercados de ações no mundo inteiro, com queda de 4,1% na Bolsa de Londres, a maior da Europa.

A Bolsa de São Paulo chegou a cair 8,8% mas recuperou parte das perdas, seguindo a tendência americana, e fechou em baixa de 2,48%.

Wall Street reagiu animada por dois boatos não-confirmados:
- o Federal Reserve Board, o banco central dos Estados Unidos, faria uma reunião de emergência para baixar as taxas de juros;
- e investidores asiáticos estariam interessados em comprar as instituições financeiras americanas em dificuldades.

Dow Jones cai abaixo de 13 mil pontos

Pela primeira vez desde 25 de abril, o Índice Dow Jones, da Bolsa de Valores de Nova Iorque, fechou abaixo de 13 mil pontos, caindo 167,45 (-1,3%) pontos, para 12.861,47, próximo do nível mais baixo do dia.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Guarda Revolucionária do Irã será declarada terrorista pelos EUA

A Guarda Revolucionária do Irã, tropa de elite da República Islâmica, com 125 mil homens, será declarada uma "organização terrorista global" pelo governo dos Estados Unidos, o que permitirá atacar suas finanças e operações, revelou na quarta-feira o jornal The Washington Post.

O governo George Walker Bush decidiu tomar esta medida diante do que descreve como crescente envolvimento do Irã no Iraque e no Afeganistão, e seu apoio a grupos extremistas em todo o Oriente Médio.

Pela proposta, a Guarda será enquadrada na Ordem Executiva (decreto) 13.224, assinado por George W. duas semanas após os atentados de 11 de setembro. Autoriza os EUA a identificar indivíduos, empresas, instituições beneficentes e grupos extremistas engajados em atividades terroristas.

A Guerra Revolucionária do Irã seria a primeira organização militar incluída na lista, onde predominam as típicas organizações terroristas não-governamentais.

O decreto de Bush autoriza a congelar os bens dos terroristas e impedir suas operações e as de empresas que "dêem apoio, prestem serviços ou dêem assistência a terroristas ou se associe a eles sob qualquer outra forma".

Leia mais no Washington Post.

Chávez propõe reeleição sem limites

O presidente Hugo Chávez propôs hoje uma reforma constitucional na Venezuela para permitir sua própria reeleição indefinidamente, a existência de monopólios públicos e privados e a criação de diversos vice-presidentes que circulariam pelo país, tendo mais poder do que os governadores.

Depois da aprovação da Assembléia Nacional, onde não há nenhum deputado de oposição, a proposta deve ser submetida a um plebiscito.

Inflação para consumidor sobe 0,1% nos EUA

O núcleo do índice de preços ao consumidor subiu apenas 0,1% em julho nos Estados Unidos, e a inflação plena, incluindo os preços de energia e alimentos, em 0,2%, a menor em oito meses, por causa da queda no preço da gasolina. As roupas e os cuidados de saúde tiveram os maiores aumentos.

Quando o Federal Reserve Board, o banco central americano, toma decisões sobre taxa de juros, olha para o núcleo da inflação, que foi de 2,4% nos últimos 12 meses, enquanto o índice pleno está em 2,2%, ambos acima da meta informalmente seguida pelo Fed, que é de 1% a 2% ao ano.

Essa inflação renitente fez com que o Wall St. preveja que o Comitê de Mercado Aberto do Fed não baixe a taxa básica de juros, hoje em 5,25% ao ano, apesar da crise no mercado financeiro.

Sobe para 500 total de mortos no Iraque

Pelo menos 500 pessoas foram mortas pela explosão coordenada de quatro caminhões-bomba em Caatania, al-Jazira and Tal Uzair, pequenas cidades próximas a Mossul, na região curda, no Norte do Iraque, na terça, 14 de agosto de 2007. Por matar tanta gente em atentados simultâneos, o ataque tem a marca registrada da Al Caeda, como observou um general americano, acrescentando tratar-se de "um ato de limpeza étnica".

O alvo desta vez foi a minoria religiosa iazide. Eles professam uma religião anterior ao islamismo e receberam as chamadas "cartas noturnas" dizendo para "irem embora porque são infiéis".

Índia: com 60 anos e cada vez mais sexy

A Índia festeja hoje 60 anos de independência do Império Britânico - e a separação do Paquistão até hoje é uma ferida aberta - como uma superpotência emergente no século 21.

Ao celebrar, o primeiro-ministro Manmohan Singh declarou que "o país só será independente quando erradicar a miséria".

É a 10ª economia do mundo. Cresce 9% ao ano. Tem mais de 1,1 bilhão de habitantes, sendo 800 milhões de pobres vivendo com menos de um dólar por dia. Mas a classe média se aproxima de 300 milhões.

A Índia adota o inglês e herdou da dominação colonial a própria idéia de Índia, a língua nacional, o sistema educacional, o funcionalismo público e o sistema jurídico.

Com o seu próprio Vale do Silício, ao redor de Bangalore, a Índia é uma superpotência mundial em software. Não fica atrás de ninguém.

Vítima da exploração colonial, a Índia independente sob a liderança do Mahatma Gandhi e de Jawaharlar Nehru tornou-se um país não-alinhado. Não queria se submeter. Sem aderir ao socialismo, virou aliada da União Soviética. Tinha uma economia fortemente protegida em nome da soberania nacional.

A derrota para a China numa guerra de fronteira em 1962 levou a Índia a desenvolver a bomba atômica, que teria conseguido em 1974, no governo de Indira Gandhi. O país nunca aceitou o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, que cria dois tipos de países, os que têm a bomba e os que não podem ter armas atômicas.

Foi o filho de Indira, Rajiv Gandhi, que iniciou o processo de abertura econômica da Índia, em 1991, antes de ser assassinado por um extremista, não por convicção política mas, como no Brasil, por falência do modelo anterior.

Em maio de 1998, o governo do Partido Bharatiya Janata cumpriu uma de suas promessas de campanha: realizou um teste nuclear, colocando o país oficialmente como parte do seleto grupo que têm a bomba atômica. O arquirrival Paquistão fez o mesmo em seguida, neutralizando a superioridade estratégica que as armas nucleares dariam à Índia.

Os dois países travaram três guerras entre si desde a independência da Grã-Bretanha, há 60 anos, em 1947, 1965 e 1971, quando o antigo Paquistão Oriental se tornou independente como Bangladesh.

Na verdade, a bomba atômica é o instrumento de dissuasão para o Paquistão, que é mais fraco, está em crise política, sob ditadura militar e não surfa na onda de prosperidade econômica da Índia. O pai da bomba paquistanesa, Abdul Kadir Kahn, é responsabilizado por difundir tecnologia de enriquecimento de urânio entre países do Terceiro Mundo.

Apesar dos protestos iniciais, sobretudo dos Estados Unidos, a Índia ascendeu de status internacionalmente com a explosão nuclear. Passou a ser vista mais ainda por Washington como uma aliada estratégica para equilibrar o crescente poderio chinês.

Apesar do crescimento econômico e do status de potência nuclear, o governo nacionalista hindu perdeu as eleições para o Partido do Congresso de Gandhi, Nehru, Indira e Rajiv, que historicamente lutou por uma Índia unida.

Superpotência emergente, com uma população enorme, uma economia em crescimento acelerado sustentável e uma cultura multimilenar, a Índia é um dos países mais importantes do mundo do século 21.

Por mais formidável que seja a ascensão da China, nenhum país dominará o mundo globalizado, que tende a ser mais pluralista do que hegemônico. A tendência é para um multipolarismo com várias grandes potências cuja articulação será fundamental para enfrentar os desafios do futuro: EUA, China, Japão, Europa, Rússia, Índia e Brasil.

Alguns analistas incluem a Indonésia, por seu tamanho e população, e certamente África do Sul, Nigéria, Egito, Arábia Saudita e Irã são potências regionais. Mas potências mundiais são aquelas ali. E a Índia e a estrela em ascensão.

(O título acima é tirado da manchete de um jornal conservador, The Times of India.)

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Atentados suicidas matam 200 no Iraque

Quatro atentados suicidas coordenados, no estilo da rede terrorista Al Caeda, mataram pelo menos 200 pessoas e deixaram outras 300 feridas nas vilas de Caatania, al-Jazira e Tal Uzair, perto de Mossul, na região curda, no Norte do Iraque.

O alvo foi a minoria iazide, de uma religião pré-islâmica que já foi alvo de fundamentalistas muçulmanos.

Justiça argentina pede prisão do homem da mala

A promotora argentina María Luz Rivas pediu a prisão do empresário venezuelano Guido Alejandro Antonini Wilson, que tentou entrar na Argentina em 4 de agosto com US$ 790 mil não-declarados numa maleta.

Em entrevista de rádio, ela afirmou que não descarta a possibilidade de pedir a prisão de Claudio Uberti, ex-diretor do Órgão de Controle de Concessões Viárias (Occovi), único alto funcionário do governo argentino demitido até agora por causa do escândalo.

O governo da Venezuela, por sua vez, nega-se a dar explicações sobre o caso, atribuindo-o, como disse o presidente Hugo Chávez, a "maquinações do império", palavra que usa para falar dos Estados Unidos. Ontem, soube-se que o avião onde viajaram os dólares fez escala na Bolívia antes de chegar a Buenos Aires.

Antonini Wilson, que esteve 12 vezes na Argentina este ano, saiu do país sem problemas dias depois da apreensão dos dólares, acompanhando a viagem do presidente Chávez, que foi na época da Buenos Aires para Montevidéu.

Inflação no atacado sobe 0,6% em julho nos EUA

O Índice de Preços ao Produtor subiu 0,6% em julho nos Estados Unidos, puxado pela alta de 2,5% nos preços de energia. Mas o núcleo da inflação, excluídos os preços de energia e alimentos, dado que o banco central americano leva em conta ao definir a taxa básica de juros, ficou em 0,1%.

De qualquer forma, como a nota da última reunião do Comitê de Mercado Aberto do Federal Reserve Board (Fed), falava em riscos inflacionários vindos da excessiva utilização de recursos, ou seja, do superaquecimento da demanda por produtos primários, o mercado voltou a ficar nervoso.

As bolsas de valores, que pareciam ter voltado a operar normalmente, voltaram a cair.

EUA caçam Al Caeda no Iraque

Mais de 16 mil soldados americanos e iraquianos participam de uma megaoperação contra a rede terrorista Al Caeda na província de Diala, no Iraque, hoje uma das principais frentes de combate no país. Os principais alvos são militantes fundamentalistas que teriam fugido da capital provincial, Bacuba.

Diala é um dos bolsões da insurgência próximos à capital do Iraque. Os estrategistas dos Estados Unidos acreditam que derrotando os rebeldes nestas áreas, que incluem a província de Ambar, reduzirão os ataques em Bagdá.

Enquanto isso, na capital, forças lideradas pelos EUA atacaram guerrilheiros ligados ao Exército Mehdi, dominado pelo aiatolá xiita rebelde Muktada al-Sader.

Mais cinco soldados dos EUA foram mortos no Iraque, elevando para 3.694 o total de soldados americanos mortos no país desde a invasão de março de 2003.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

A América Latina sob diversas vertentes

No dia 30 de agosto de 2007, o website Cenário Internacional estará realizando o Seminário Uma visão da América Latina Sob Diferentes Vertentes, no Hotel Mércure Apartment Pamplona, na Rua Pamplona 1.315, Jardim Paulista, próximo à Av. Paulista.

Como forma de incentivar a participação no evento de alunos, professores e demais interessados, Cenário Internacional oferece um desconto especial no valor de R$ 55,00 para grupos acima de três pessoas. Esse valor inclui a participação no evento, coffee-break e material dos palestrantes que será disponibilizado no portal do Cenário Internacional para Download, e Certificado de Participação com carga horária emitido pelo Cenário Internacional.

Os interessados podem obter informações através do site do evento www.cenariointernacional.com.br/visao ou pelo tel. 11-3862 2981.

Fidel faz 81 anos após sobreviver a 167 atentados

O ditador cubano, Fidel Castro, completa hoje 81 anos, depois de sobreviver a 467 planos e 167 tentativas de assassiná-lo desde que implantou o regime comunista em Cuba, a partir da vitória da revolução, em 1 de janeiro de 1959.

Um livro publicado em Cuba pelo jornalista Luis Báez, El Mérito de Estar Vivo, faz um balanço dos atentados contra Fidel, o chefe de Estado que está no poder há mais tempo no mundo depois da rainha Elizabeth II. Ele passou os cargos de presidente, primeiro-ministro, líder do Partido Comunista e comandante das Forças Armadas interinamente a seu irmão, Raúl Castro, em 31 de julho do ano passado.

Desde então, Raúl acenou com a possibilidade de diálogo com os Estados Unidos. Seu objetivo seria promover uma reforma no estilo chinês, abrindo a economia para o sistema capitalista enquanto mantém o regime político ditatorial.

Leia mais detalhes sobre o livro no jornal espanhol El País.

Marqueteiro de Bush sai no fim do mês

Karl Rove, o principal assessor político e estrategista eleitoral do presidente George Walker Bush, e coordenador de suas campanhas presidenciais, anunciou hoje que deixa o cargo em 31 de agosto.

Ao incluir em 11 estados plebiscitos sobre casamento gay e outras questões sensíveis, foi considerado o responsável pela mobilização do eleitorado cristão conservador que teria garantido a vantagem de 4 milhões de votos de Bush sobre o democrata John Kerry, em 2004.

Leia aqui a entrevista de Rove a Paul Gigot, editor das páginas de opinião do Wall Street Journal, que pode ser restrita a assinantes do Journal Online.

Bush desperdiçou vitória no Afeganistão

Em momentos-chaves da guerra no Afeganistão, o governo George Walker Bush desviou os recursos escassos para a inútil guerra no Iraque, afirma reportagem de David Rhode e David Sanger publicada no domingo, 12 de agosto, no jornal The New York Times.

A guerra para derrubar a ditadura da milícia dos Talebã, no Afeganistão, foi a primeira resposta aos atentados de 11 de setembro de 2001 e o primeiro teste da doutrina militar do então secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, de uma força pequena e de alta mobilidade. Pode servir para ganhar a guerra mas não para ocupar o território conquistado por longo prazo, como ficou evidente no Iraque e no Afeganistão, que assiste hoje ao ressurgimento dos Talebã.

Diante da vitória fácil, Rumsfeld rejeitou os pedidos do então secretário de Estado, Colin Powell, e o presidente afegão, Hamid Karzai, de que uma grande força internacional garantisse a paz no Afeganistão.

Quando a situação se agravou, com a incapacidade do governo Karzai de controlar até mesmo a região da capital, Cabul, os Estados Unidos apelaram aos aliados europeus da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Em 12 de setembro de 2001, os aliados invocaram o princípio da Carta do Atlântico que considera uma agressão contra qualquer país-membro um ataque contra todos, e se ofereceram para lutar ao lado dos EUA contra os autores dos atentados terroristas, no caso a rede terrorista Al Caeda e o regime da milícia dos Talebã, que a acolhia.

A situação mudou com a invasão do Iraque, em março de 2003. Hoje vários aliados europeus temem ser alvo de terrorismo caso se associem a uma guerra americana.

Como Ossama ben Laden e a rede terrorista Al Caeda, seus aliados talebã se reagruparam nas regiões tribais do Paquistão. Além da milícia que governou o Afeganistão, a rede de Ben Laden também se recuperou da derrota sofrida em 2001 enquanto desvia recursos para atacar o Iraque, embora Saddam Hussein não tivesse qualquer relação com os terroristas que atacaram os EUA.

Na semana passada, o presidente Karzai declarou em Washington que a segurança do Afeganistão está "definitivamente deteriorada".

Com sua arrogância imperial, o presidente Bush prometeu um novo Plano Marshall para o Afeganistão, que acabou recebendo menos ajuda internacional por habitante do que a Bósnia-Herzegovina, o Kossovo e o Haiti.

A partir do final do ano passado, os EUA voltaram a reforçar seu contingente no Afeganistão, que tem hoje 23,5 mil soldados, muito menos do que os 160 mil no Iraque.

Os US$ 300 milhões aprovados pelo Congresso para o desenvolvimento de pequenas empresas no Afeganistão nunca saiu do papel. Apesar de 80% da economia afegã serem agrícola, não há engenheiros agrônomos americanos dando assistência técnica.

A realidade é que os EUA fracassaram na reconstrução de países e nações. O sucesso no pós-guerra na Bósnia e no Kossovo se deve muito mais à União Européia, que fracassara ao intervir nas guerras. No Haiti, a força internacional de paz liderada pelo Brasil conseguiu controlar uma situação de segurança dificílima. Mas a pacificação do país a longo prazo depende de um projeto de consolidação institucional e desenvolvimento econômico, ou seja, da construção de um Estado e de uma nação, o que os americanos não conseguiram fazer no Afeganistão e no Iraque.

"Não temos nem dinheiro nem soldados suficientes", admite Robert Finn, ex-embaixador em Cabul em 2002 e 2003. "Tenho repetido a mesma coisa há seis anos". Um verdadeiro Plano Marshall custaria muito caro e não bastariam soldados.

Zalmay Khalilzad, foi embaixador americano no Afeganistão e no Iraque, e que agora está nas Nações Unidas, reconhece que "fomos relutantes na construção do Estado e da nação. Deveríamos ter feito mais no início". Bastava reconstruir o país.

Para Ronald Neuman, que substituiu Khalilzad em Cabul, "a idéia de que deveríamos apenas caçar terroristas, sem nos preocuparmos com a reconstrução nacional, foi um grande erro".

A proposta de Powell para uma força de paz de 40 mil soldados, 20 mil americanos e 20 mil europeus, foi abandonada. Em 2002, os EUA deixaram no Afeganistão uma força de 8 mil homens para caçar Al Caeda e os Talebã, e não para manter a paz ou reconstruir o país. A força de paz internacional de 4 mil soldados ia pouco além da capital, Cabul. O resto do país ficou entregue aos senhores da guerra aliados na luta contra os Talebã.

Nos planos, os EUA treinariam o Exército afegão, de 70 mil homens. A Alemanha prepararia 62 mil policiais. O Japão desarmaria 100 mil milicianos. E a Grã-Bretanha faria um programa antidrogas.

Menos de um ano e meio depois do discurso de Bush de 2002 prometendo um novo Plano Marshall, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional tinha apenas sete funcionários no Afeganistão e outros 35 contratados temporariamente trabalhando em tempo integral.

Em outubro de 2002, um ex-diretor da CIA (Agência Central de Inteligência), o serviço de contra-espionagem dos EUA, visitou o quartel-general das tropas americanas no Kuwait. Os recursos da guerra contra o terrorismo começavam a ser desviados para o Iraque.

Os comandos de elite, como a Força Delta e as Focas da Marinha, foram para o Iraque, assim como os melhores recursos. Mais uma vez, o Afeganistão foi deixado de lado. Tinha sido abandonado no final da Guerra Fria, após o fim de intervenção soviética, o que levou à ascensão dos Talebã e à instalação das bases da Al Caeda.

Em 1º de maio de 2003, horas antes do discurso do presidente Bush falando em "missão cumprida" no Iraque, o secretário Rumsfeld dava entrevista em Cabul ao lado do presidente Karzai, declarando que "claramente saímos de uma fase de grande combates para um período de estabilidade e reconstrução. A grande maioria do país é segura".

A declaração de Rumsfeld não teve o destaque do discurso de Bush a bordo de um porta-aviões cantando uma vitória que cada vez mais parece uma derrota. Mas ambos são exemplos da visão distorcida da realidade e dos erros de avaliação que arruinaram os governos de George W. Bush.

Só em 2006 Bush pressionou o ditador do Paquistão, general Pervez Musharraf, e admitiu que os laços entre os Talebã e o serviço secreto paquistanês não tinham sido rompidos.

Antes disso, em setembro de 2005, numa reunião da OTAN, os EUA anunciaram a retirada de 3 mil soldados, 20% das tropas americanas. Três meses depois, cortaram a ajuda ao país em um terço.

De 2005 para 2006, a ajuda americana caiu 38%, de US$ 4,3 bilhões para US$ 3,1 bilhões.

Em fevereiro de 2006, o embaixador Neumann mandou um alerta a Washington avisando que os Talebã preparavam uma grande ofensiva para a primavera no Hemisfério Norte. Ao todo, 191 soldados da OTAN foram mortos no Afeganistão em 2006, 20% a mais do que em 2005.

Neumann diz que os terroristas suicidas são paquistaneses mas os talebã são afegãos.

"Destruir as bases da Al Caeda no Afeganistão foi um feito extraordinário", declarou ao NY Times Robert Blackwill, encarregado de Afeganistão e Iraque no Conselho de Segurança Nacional, "mas onde nos encontramos hoje talvez tivesse sido quase inevitável, se os EUA tivessem invadido o Iraque ou não. Teremos de enfrentar uma guerra longa no Afeganistão até que o governo afegão consiga reconstruir o interior do país e os refúgios para os Talebã no Paquistão forem eliminados".

O resultado é essa guerra sem fim. Para os EUA, o fracasso, tanto no Iraque quanto no Afeganistão, dará o recado que os fundamentalistas como Ossama ben Laden querem: a hiperpotência pode ser derrotada, no caso afegão apesar do apoio de 37 países.

Confira a reportagem completa no New York Times.

domingo, 12 de agosto de 2007

Sair do Iraque levará anos, admitem democratas

Os Estados Unidos devem demorar muitos anos para retirar suas forças do Iraque, admitem os principais candidatos do Partido Democrata à Casa Branca na eleição de novembro de 2008 em reportagem publica hoje no jornal The New York Times.

A senadora e ex-primeira-dama Hillary Rodham Clinton deixaria uma pequena força para combater o terrorismo e estabilizar a região curda, no Norte do Iraque, onde a Turquia ameaça intervir para atacar guerrilheiros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

O senador Barack Obama manteria uma força de tamanho não-especificado para "proteger os americanos, combater o terrorismo e treinar as forças segurança iraquianas.

Já o terceiro colocado nas pesquisas sobre a candidatura democrata à presidência dos EUA, o ex-senador e ex-candidato a vice-presidente John Edwards, quer preservar a capacidade das forças americanas de impedir um genocídio no Iraque e evitar que a violência se espalhe por outros países do Oriente Médio, como se elas pudessem fazer isso.

Com pressa, o governador do Novo México, Bill Richardson, ex-secretário de Energia no governo Bill Clinton, admite até deixar equipamento militar para trás para apressar a retirada.

Mais uma vez, os democratas estão aprendendo que é muito mais fácil começar uma guerra do que terminá-la.

Confira na íntegra a reportagem do New York Times.

Uberti controlava 907 milhões de pesos

O alto funcionário argentino demitido no escândalo da maleta com US$ 790 mil não-declarados vindos da Venezuela controlava fundos com 907 milhões de pesos, revela hoje o jornal argentino La Nación. Acima de tudo, Claudio Uberti era o principal operador da relação especial com a Venezuela do presidente Hugo Chávez.

Uberti dirigia o Órgão de Controle de Concessões Viárias (Occovi). Em 2004, o partido esquerdista ARI o acusou de ser o apanhador de dinheiro sujo da campanha do presidente Néstor Kirchner em 2003, junto com o ex-motorista de Kirchner, Rudy Ulloa Igor, hoje dona de uma empresa multimídia.

Ele era próximo do ministro do Planejamento, Julio De Vido, um dos homens-fortes do kirchnerismo. O ministro encarregou Uberti da maior jóia da política externa de Kirchner: a relação especial com a Venezuela, mesmo que Uberti não tivesse autoridade legal para tanto. Além dos negócios de energia, a Venezuela comprou mais de US$ 5 bilhões em bônus da dívida pública argentina.

Claudio Uberti estava no vôo em que o empresário venezuelano Guido Alejandro Antonini Wilson e sua maleta, onde funcionários da aduana encontraram US$ 790 mil não-declarados, chegaram ao Aeroparque Jorge Newberry, no sábado, 4 de agosto. O escândalo estourou na terça-feira.

Desde que Uberti assumiu a direção do Occovi, em 28 de maio de 2003, mais de 1,5 bilhão de pesos passaram pela agência. Se não tivesse caído, teria 406 milhões para obras viárias, previstos no orçamento para 2007. Mais dinheiro vem da arrecadação de pedágio e vai para um fundo que movimentou 684 milhões de pesos sob a gestão de Uberti. Outro fundo recebe uma porcentagem da venda de combustíveis.

Esses fundos são as caixas-pretas do governo Kirchner. E a relação com a Venezuela é mais misteriosa ainda porque não existe uma contabilidade transparente.

"Ele não nos atende ao telefone há algum tempo", reclamou um concessionário de rodovia. "Está sempre em reunião ou tratando de assuntos relativos à Venezuela."

Outro empresário observou que Uberti "estava convencido de que seria embaixador na Venezuela". Não conseguiu, mas viajava todo mês a Caracas.

O escândalo desnuda a relação entre duas manifestações do populismo latino-americano: Kirchner é o herdeiro do general Juan Domingo Perón; Chávez é, na definição do pensador mexicano Jorge Castañeda, um "Perón com petróleo".

Chávez e Kirchner não têm idéias iguais, observa o jornalista Joaquín Morales Solá, colunista do jornal La Nación, "embora façam às vezes os discursos semelhantes para confusão deles mesmos e dos outros. Mas existe uma mesma maneira de governar: o personalismo absoluto, o controle dos recursos públicos como se fossem propriedade privada e o temor reverencial de amigos e colaboradores".

Este estilo autoritário e populista de governar com um grupo de tomada de decisões pequeno e fechado faz com que bilhões de dólares sejam administrados por pouquíssimas pessoas. Quase tudo passa pelas mãos do presidente, comenta Solá, que propõe uma série de perguntas:
• Como o avião pôde sair da Venezuela com US$ 790 mil?
• Que tipo de controle existe nos aeroportos da Venezuela?
• Por acaso os amigos de Chávez gozam dos privilégios de toda elite governante num regime autoritário?
• Por que seria esta a primeira vez que o empresário venezuelano Antonini Wilson teria tentado entrar na Argentina com uma fortuna na maleta? Só este ano entrou e saiu 12 vezes da Argentina.
• Que destino teria esse montão de dinheiro em moeda do "império", como costuma dizer Chávez?
• Quantas vezes Claudio Uberti viajou a Caracas nos últimos meses?
• O que foi fazer em cada viagem?
• Por que o Estado argentino deixou viajar de graça uma pessoa que declara não conhecer?
• Ou foi Antonini Wilson que pagou o aluguel do avião?

Um advogado já acionou judicialmente a estatal de petróleo argentina Enarsa, que oficialmente fretou o avião, para que esclareça a última pergunta.

O governo argentino alega que o dinheiro seria distribuído entre grupos chavistas. Neste caso, seria uma ingerência externa na política argentina. É melhor para Kirchner do que as hipóteses de pagamento de propina ou ajuda para a candidatura da primeira-dama, senadora Cristina Fernández de Kirchner.

sábado, 11 de agosto de 2007

Maleta de dólares divide Kirchner e Chávez

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, negou-se a dar as explicações exigidas pelo seu colega argentino, Néstor Kirchner, a respeito de uma maleta com US$ 790 mil apreendidos no Aeroparque Jorge Newberry, em Buenos Aires, na semana passada, depois que um empresário venezuelano tentou entrar na Argentina sem declará-los.

"Chegue para lá vovê com suas percepções", retrucou Chávez rispidamente, o que sugere que o dinheiro seria distribuído entre simpatizantes do chavismo interessados em difundir sua "revolução bolivarista" na Argentina.

Sob pressão dos jornalistas, Chávez reagiu assim: "Não sei por que tanto empenho em dar a esse episódio uma dimensão que não tem".

Funcionários e seguranças do caudilho venezuelano foram agressivos com repórteres argentino que insistiram no assunto: "Não há nada a declarar", protestou o chanceler chavista, Nicolás Maduro. "Dediquem-se a temas mais importantes, como o energético".

Mas o clima de tensão era evidente ontem em Tarija, na Bolívia, onde os presidentes da Argentina, da Venezuela e da Bolívia, Evo Morales, fizeram acordos sobre energia.

O ministro do Planejamento da Argentina, Julio De Vido, a quem estava subordinado Claudio Uberti, o alto funcionário argentino que estava no avião e que foi demitido do cargo de chefe da agência que negocia concessões de rodovias, negou conhecer o empresário venezuelano radicado em Miami que levava os dólares. Uberti é amigo pessoal de Chávez, com quem negociou questões energéticas e a venda de bônus da dívida argentina à Venezuela. De Vido tentou indicá-lo embaixador em Caracas.

"São eles que têm de dizer", alegou De Vido. "Nós sabemos o que diz o comunicado da Enarsa [estatal de petróleo argentina que fretou o avião]: que tomou o avião e que ignorávamos quem ele era".

Como Guido Alejandro Antonini Wilson, o homem da maleta, acompanhava o filho do presidente da estatal Petróleos de Venezuela S, A. (PdVSA), os repórteres insistiram. Mais uma vez, De Vido esquivou-se: "Esperemos para ver o que eles têm a dizer".

A lua-de-mel entre Chávez e Kirchner acabou. Melhor para o Brasil, que assistia à formação de um eixo Argentina-Venezuela capaz de diminuir o peso político relativo do Brasil dentro do Mercosul.

O Fed criou a bolha especulativa

Minha explicação favorita para a atual crise nos mercados financeiros internacionais é do economista Stephen Roach, diretor executivo do banco de investimentos americano Morgan Stanley: o Federal Reserve Board (Fed), o banco central dos Estados Unidos, criou uma bolha especulativa ao manter a taxa básica de juros a 1% ao ano.

Com essa taxa, adotada pelo Fed, sob a presidência de Alan Greenspan, depois do estouro da bolha das empresas da Internet e dos atentados terroristas de 11 setembro e mantida por tempo demais, na opinião de Roach, inevitavelmente o banco central americano criou uma bolha.

A 1% ao ano, o Fed praticamente deu dinheiro aos bancos, que fizeram o que os bancos fazem: emprestaram o dinheiro. Primeiro, atenderam aos tomadores de primeira linha. Como sobrava dinheiro, em seguida, passaram a emprestar a tomadores de segunda linha, que não tinham um histórico de crédito positivo e que portanto tinham maior probabilidade de não pagar. Quando os juros subiram, as prestações com juros variáveis como costumam ser as da casa própria também aumentaram, dificultando ainda mais o pagamento.

Isso gerou uma grande inadimplência que levou à recessão o mercado habitacional nos EUA. Inicialmente, a expectativa é que fosse algo isolado. A especulação imobiliária seria um fenômeno urbano e das grandes cidades, que não afetaria nem a maioria dos americanos, muito menos a economia mundial.

Mas, no mundo globalizado, o maior banco da França foi abalado pela crise do crédito hipotecário nos EUA. A dúvida é sempre qual o tamanho do rombo. Por um lado, se os bancos centrais centenas de bilhões de dólares para garantir a liquidez, a crise é séria; do outro, os bancos centrais estão aí para apagar o incêndio, o que pode estimular ainda mais o comportamento de risco.

Sem saber o que fazer, ou para onde correr, o mercado vive oscilações ferozes, temendo que a situação seja ainda pior e que estejam todos vendo apenas o topo do iccebo

A tese inicial, no entanto, é que o Fed criou a bolha ao manter a taxa básica de juros baixa demais durante muito tempo. Assim, a culpa da crise atual cabe mais a Greenspan do que a Ben Bernanke.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Bancos centrais da Asia, da Europa e dos EUA injetam mais US$ 100 bilhões e mercados reagem

Bancos centrais da Ásia, da Europa e dos Estados Unidos colocaram mais de US$ 100 bilhões hoje à disposição dos bancos para acabar com a crise de liquidez que derrubou os mercados no mundo inteiro ontem, provocando uma queda de 387 pontos na Bolsa de Nova Iorque.

Mais uma vez, o Banco Central da Europa, que havia liderado a intervenção ontem injetando 94,8 bilhões de euros, ofereceu mais 61 bilhões de euros (US$ 84 bilhões) e o Federal Reserve Board (Fed) manteve uma oferta de US$ 35 bilhões "para facilitar o funcionamento ordeiro dos mercados financeiros".

Na Ásia, o Banco do Japão injetou US$ 8,48 bilhões e o Banco da Reserva da Austrália US$ 4,17 bilhões.

A iniciativa dos bancos centrais reverteu a tendência de forte queda das bolsas. Em Nova Iorque, o Índice Dow Jones registra queda de 74,95 pontos (-0,56%).

O mercado agora dá como certo um corte na taxa básica de juros da maior economia do mundo, inalterada há 11 meses em 5,25% ao ano, como diz hoje o economista Paul Krugman em sua coluna no jornal The New York Times. Há quem acredite numa queda de meio ponto percentual para 4,75%.

No final do dia, depois de operar em baixa de até 225 pontos, Nova Iorque fechou em queda 31,14 pontos (-0,23%), em 13.239,54.

Bolsas operam em queda no mundo inteiro

O congelamento de três fundos do banco francês BNP Paribas e a conseqüente queda de 387 pontos ontem na Bolsa de Valores de Nova Iorque provocam uma baixa generalizada nos mercados de ações no mundo inteiro pelo segundo dia consecutivo.

Na Ásia, onde as bolsas já encerraram as operações da semana, o risco de uma crise no crédito levou a quedas hoje de 2,4% no Índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, 2,9% em Hong Kong, 4,2% em Seul e 3,7% na Austrália. Confira no Asian Wall Street Journal.

Neste momento, o Índice Dow Jones, da Bolsa de Nova Iorque, registra queda superior a 110 pontos. Já o Índice Bovespa, da bolsa brasileira, está em baixa de mais de 2%, com todas as ações em queda.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Maleta de dólares venezuelanos derruba alto funcionário do governo da Argentina

O escândalo deflagrado pela apreensão de US$ 790 mil não-declarados por um empresário venezuelano que chegava à Argentina sábado num avião alugado pela estatal de petróleo Enarsa derrubou um dos passageiros do vôo, Claudio Uberti.

Chefe da agência responsável pelas concessões de rodovias, subordinado ao ministro do Planejamento, Julio De Vido, um dos homens-fortes do governo Kircher, Uberti era amigo pessoal do presidente venezuelano, Hugo Chávez, e viaja em companhia de representantes da estatal Petróleos de Venezuela S. A. (PdVSA).

Em sua defesa, o presidente Néstor Kirchner alega que seu governo é o primeiro a investigar a corrupção para valer: "Eu não tapo nada. Quando algo acontece, o povo tem de se inteirar."

A oposição suspeita que fosse propina por algum negócio - Uberti negociou energia e a compra de bônus argentinos pela Venezuela - ou uma ajuda de Chávez à campanha da senadora e primeira-dama Cristina Fernández de Kirchner à Presidência da Argentina na eleição de outubro.

Bolsa de Nova Iorque cai 387 pontos

O Índice Dow Jones, da Bolsa de Nova Iorque, fechou hoje em queda de 387 pontos (-2,83%) e no nível mais baixo do dia, 13.270,68 pontos, num sinal de que os investidores não acreditaram numa recuperação.

Foi a segunda pior sessão do ano. Das 30 empresas que compõem o principal índice da bolsa de Wall Street, só a General Motors teve alta. As maiores quedas foram de ações de bancos.

A queda começou na Europa, onde o banco BNP-Paribas, o maior da França, suspendeu as operações de três de seus fundos de investimentos, que tinham 2 bilhões de euros no final do mês passado e perderam 20% desse valor desde então.

Em resposta, o Banco Central da Europa injetou 95 bilhões de euros para dar maior liquidez ao mercado. O Federal Reserve Board, o banco central dos Estados Unidos, injetou US$ 25 bilhões. Essa intervenção dos dois principais bancos centrais do mundo preocupou os investidores, que suspeitam que haja algo pior no ar.

A Bolsa de São Paulo caiu 3,28%. Mas o Banco Central do Brasil não aumentou a liquidez, numa indicação de que não vê ameaças à economia brasileira.

Novo escândalo abala governo Kirchner

Três altos funcionários ligados ao ministro do Planejamento, Julio De Vido, viajavam no avião particular que chegou sábado passado na Argentina levando um empresário venezuelano com US$ 790 mil não-declarados, na véspera da chegada a Buenos Aires do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, revelou ontem a Justiça argentina. O governo escondeu a notícia durante quatro dias.

Claudio Uberti, que dirige o órgão do governo argentino encarregado das concessões para explorar rodovias, tem uma relação pessoal com Chávez e foi cotado para embaixador na Venzuela; Victoria Bereziuk trabalha para a mesma agência; e Exequiel Espinosa é presidente de Enarsa, a empresa estatal de petróleo, que pagou o aluguel do avião.

A promotora María Luz Rivas Diez, que investiga o caso, revelou a identidade empresário venezuelano: é Guido Alejandro Antonini Wilson, de 46 años, com negócios en Miami, onde mora.

O presidente argentino, Néstor Kirchner, acossado por outros escândalos de corrupção, botou a culpa no venezuelano. Mas é outro golpe no governo, a dois meses da eleição presidencial.

Esta versão é desmentida pelo industrial portenho Juan Ricardo Mussa, ex-candidato pelo Partido Justicialista (peronista), que disse ter sabido da apreensão dos dólares em conversa informal com os funcionários da alfândega do Aeroparque Jorge Newbery, o aeroporto que fica dentro da cidade de Buenos Aires e é mais usado por jatinhos executivos.

"Os funcionários venezuelanos e argentinos pressionaram os agentes aduaneiros: ameaçaram-nos de punição e exonaração, mas mesmo assim eles abriram a maleta", contou o empresário ao jornal argentino La Nación.

Kirchner optou por não concorrer à reeleição. Lançou como candidata sua mulher, a senadora Cristina Fernández de Kirchner, menos chamuscada pelos escândalos de corrupção e pela crise energética provocada pelo congelamento das tarifas e o frio excepcional deste inverno no Hemisfério Sul, quando nevou em Buenos Aires, o que não acontecia há 89 anos.

Já o presidente Hugo Chávez afirmou apenas que trata-se de "mais uma armação do império", colocando, como de costume, a culpa nos Estados Unidos.

Para a candidata esquerdista mais cotada para a eleição presidencial de outubro, Elisa Carrió, "é a prova da corrupção deste governo".

BCE injeta 95 bilhões de euros para conter crise

Diante da suspensão de três fundos do banco francês BNP-Paribas, que provoca nova queda generalizada nas bolsas de valores do mundo inteiro, o Banco Central da Europa decidiu injetar 94,8 bilhões de euros (US$ 132 bilhões) no mercado financeiro para evitar uma crise de liquidez (falta de dinheiro das instituições financeiras para honrar seus compromissos).

O BNP-Paribas congelou três fundos que no final do mês passado tinham 2 bilhões de euros (US$ 2,76 bilhões) e desde então teriam perdido 20% desse dinheiro por sua exposição ao mercado de crédito hipotecário para clientes de segunda linha nos Estados Unidos.

Bolsas voltam a cair por risco de crédito

A Bolsa de Valores de Nova Iorque opera em forte queda na manhã desta quinta-feira, no momento superior a 160 pontos, com 27 das 30 ações que compõem o Índice Dow Jones em baixa.

Os analistas apontam os riscos de crédito, depois que o banco francês BNP-Paribas congelou três fundos que tinham 1,6 bilhão de euros (US$ 2,2 bilhões), citando como causa a crise do crédito hipotecário nos Estados Unidos.

Banco da Inglaterra elevará taxa de juros para 6%

A taxa básica de juros do Reino Unido deve subir de 5,75% para 6% ao ano antes do final de 2007, indicou o presidente do Banco da Inglaterra, Mervyn King, ao prever uma redução significativa no consumo para baixar a inflação: "Esperamos uma queda no consumo no próximo ano, mas nada terrivelmente dramático".

King considerou "impossível" dizer se os problemas de crédito hipotecário nos Estados Unidos que derrubaram as bolsas de valores podem gerar conseqüências maiores para a economia mundial.

O relatório trimestral sobre a inflação do Banco da Inglaterra, divulgado na quarta-feira, projeta uma inflação de 2%, meta fixada pelo governo britânico, se houver um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros.

Na semana passada, o Banco da Inglaterra manteve a taxa básica inalterada em 5,75%, depois de aumentá-la três vezes este ano e cinco nos últimos 12 meses. Em agosto de 2006, a taxa estava em 4,5% ao ano.

Se a taxa básica for mantida em 5,75%, a projeção do banco é que a inflação supere a meta.

Para o presidente do Banco da inglaterra, a forte demanda esticou a capacidade de oferta e o aumento nos preços do petróleo impediram a queda na taxa de inflação no ritmo que o banco esperava em maio.

Antes de tomar suas decisões, os nove membros do Comitê de Política Monetária do Banco da Inglaterra examinam uma série de indicadores para avaliar os riscos. Entre outras coisas, observam aumentos de preços, custos trabalhistas e a força da demanda em setores sensíveis a apertos de crédito.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Qualidade do ar de Beijim na Olimpíada preocupa

Hoje começou a contagem regressiva de um ano para a Olimpíada de Beijim, que será aberta às oito da noite e oito minutos de 8 de agosto de 2008. Mas a China foi advertida pelo presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, de que precisa melhorar a qualidade do ar de Beijim. Caso contrário, algumas provas de resistência podem ser transferidas.

A China é muito dependente do carvão como fonte de energia para a indústria e até para o aquecimento doméstico. A isso soma-se a nova paixão chinesa pelo automóvel. Isto deixa seis cidades chinesas entre as dez mais poluídas do mundo.

O que disse mesmo o Fed?

Depois de anunciar hoje que decidiu manter a taxa básica de juros inalterada em 5,25% ao ano, a nota do Comitê de Mercado Aberto do Federal Reserve Board (Fed), o banco central dos Estados Unidos, diz que “o crescimento econômico foi moderado durante a primeira metade do ano”. É uma constatação.

Em seguida, lista os problemas recentes: “Os mercados financeiros estão mais voláteis nas últimas semanas, as condições de financiamento se tornaram mais apertadas para algumas famílias e empresas, e a correção no setor habitacional está em andamento.”

Ou seja: as bolsas caíram, a crise com os financiamentos habitacionais de segunda linha levou a um aperto de crédito para pessoas, famílias e empresas, e os preços da casa própria continuam caindo.

No entanto, o Comitê do Mercado Aberto, numa mensagem positiva, pondera que “a economia parece que vai continuar se expandindo num ritmo moderado nos próximos trimestres, apoiada no sólido crescimento do emprego e da renda e numa economia global robusta.”

O Fed está otimista. Não vê nenhuma catástrofe pela frente com a crise dos empréstimos de segunda linha. A economia deve continuar crescendo em ritmo lento, mas o crescimento do emprego ficou aquém do esperado passado, com apenas 92 mil novos empregos gerados no mês passado a mais do que destruídos.

Mas a economia global está aí, forte e robusta. Com o extraordinário desenvolvimento da China e da Índia, já não depende tanto da economia dos Estados Unidos.

Agora, a nota entra na questão central: “As leituras do núcleo da inflação melhoraram modestamente nos últimos meses. No entanto, a moderação sustentável das pressões inflacionárias ainda está por ser convincentemente demonstrada. Além disso, o alto nível de utilização de recursos tem o potencial de sustentar essas pressões.”

O núcleo da inflação, expurgados os preços de energia e de alimentos, que é o índice mais observado pelo comitê de política monetária do Fed, caiu lentamente e o comitê não está certo de que as pressões inflacionárias acabaram.

Por isso, não houve indicação de tendência de queda de juros, como queria o mercado. Ainda por cima, o crescimento rápido da China está provocando uma alta nos preços dos produtos primários, inclusive do petróleo, que chegou a nível recorde na semana passada.

Não é novidade para ninguém que preços das matérias-primas, especialmente do petróleo, fatalmente teriam um impacto sobre a economia mundial. O Fed não diz nenhuma novidade.

Embora admita que os riscos de uma queda no crescimento tenham aumentado, a maior preocupação política do comitê é o risco de a inflação não caia como se espera. Aumentaram os riscos de recessão, mas o Fed ainda está mais preocupado com a inflação, por isso não sinalizou uma queda de juros já em setembro.

“Os futuros ajustes da política monetária vão depender das perspectivas tanto para a inflação quanto para o crescimento econômico, com base nas informações que receberemos.”

Conclusão: a economia dos EUA continua a enviar sinais contraditórios. Sua capacidade é formidável mas o endividamento também. E tudo indica que vai continuar assim, provocando sustos no mercado.