quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Índia: com 60 anos e cada vez mais sexy

A Índia festeja hoje 60 anos de independência do Império Britânico - e a separação do Paquistão até hoje é uma ferida aberta - como uma superpotência emergente no século 21.

Ao celebrar, o primeiro-ministro Manmohan Singh declarou que "o país só será independente quando erradicar a miséria".

É a 10ª economia do mundo. Cresce 9% ao ano. Tem mais de 1,1 bilhão de habitantes, sendo 800 milhões de pobres vivendo com menos de um dólar por dia. Mas a classe média se aproxima de 300 milhões.

A Índia adota o inglês e herdou da dominação colonial a própria idéia de Índia, a língua nacional, o sistema educacional, o funcionalismo público e o sistema jurídico.

Com o seu próprio Vale do Silício, ao redor de Bangalore, a Índia é uma superpotência mundial em software. Não fica atrás de ninguém.

Vítima da exploração colonial, a Índia independente sob a liderança do Mahatma Gandhi e de Jawaharlar Nehru tornou-se um país não-alinhado. Não queria se submeter. Sem aderir ao socialismo, virou aliada da União Soviética. Tinha uma economia fortemente protegida em nome da soberania nacional.

A derrota para a China numa guerra de fronteira em 1962 levou a Índia a desenvolver a bomba atômica, que teria conseguido em 1974, no governo de Indira Gandhi. O país nunca aceitou o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, que cria dois tipos de países, os que têm a bomba e os que não podem ter armas atômicas.

Foi o filho de Indira, Rajiv Gandhi, que iniciou o processo de abertura econômica da Índia, em 1991, antes de ser assassinado por um extremista, não por convicção política mas, como no Brasil, por falência do modelo anterior.

Em maio de 1998, o governo do Partido Bharatiya Janata cumpriu uma de suas promessas de campanha: realizou um teste nuclear, colocando o país oficialmente como parte do seleto grupo que têm a bomba atômica. O arquirrival Paquistão fez o mesmo em seguida, neutralizando a superioridade estratégica que as armas nucleares dariam à Índia.

Os dois países travaram três guerras entre si desde a independência da Grã-Bretanha, há 60 anos, em 1947, 1965 e 1971, quando o antigo Paquistão Oriental se tornou independente como Bangladesh.

Na verdade, a bomba atômica é o instrumento de dissuasão para o Paquistão, que é mais fraco, está em crise política, sob ditadura militar e não surfa na onda de prosperidade econômica da Índia. O pai da bomba paquistanesa, Abdul Kadir Kahn, é responsabilizado por difundir tecnologia de enriquecimento de urânio entre países do Terceiro Mundo.

Apesar dos protestos iniciais, sobretudo dos Estados Unidos, a Índia ascendeu de status internacionalmente com a explosão nuclear. Passou a ser vista mais ainda por Washington como uma aliada estratégica para equilibrar o crescente poderio chinês.

Apesar do crescimento econômico e do status de potência nuclear, o governo nacionalista hindu perdeu as eleições para o Partido do Congresso de Gandhi, Nehru, Indira e Rajiv, que historicamente lutou por uma Índia unida.

Superpotência emergente, com uma população enorme, uma economia em crescimento acelerado sustentável e uma cultura multimilenar, a Índia é um dos países mais importantes do mundo do século 21.

Por mais formidável que seja a ascensão da China, nenhum país dominará o mundo globalizado, que tende a ser mais pluralista do que hegemônico. A tendência é para um multipolarismo com várias grandes potências cuja articulação será fundamental para enfrentar os desafios do futuro: EUA, China, Japão, Europa, Rússia, Índia e Brasil.

Alguns analistas incluem a Indonésia, por seu tamanho e população, e certamente África do Sul, Nigéria, Egito, Arábia Saudita e Irã são potências regionais. Mas potências mundiais são aquelas ali. E a Índia e a estrela em ascensão.

(O título acima é tirado da manchete de um jornal conservador, The Times of India.)

Nenhum comentário: