quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Hoje na História do Mundo: 31 de Agosto

SHERMAN TOMA ATLANTA

    Em 1864, durante a Guerra da Secessão (1861-65), a mais sangrenta da história dos Estados Unidos, as forças da Confederação (Sul) iniciam a retirada de Atlanta, a capital da Geórgia, depois da vitória das tropas da União (Norte) chefiadas por William Tecumseh Sherman.

Entre 1815 e 1861, o Norte dos EUA se industrializa rapidamente e diversifica sua economia. A agricultura ainda é o setor mais forte, mas se baseia em pequenas propriedades com trabalhadores livres, enquanto o Sul é dominado por grandes fazendeiros que exportam algodão produzido por mão de obra escrava para a Revolução Industrial no Reino Unido e em outros países da Europa.

Em 1860, 84% do capital investido na indústria são do Norte, mas a renda média dos brancos sulistas, que investem principalmente em escravos, é duas vezes maior. Cerca de 60% dos ricos dos EUA vivem no Sul.

Quando o presidente abolicionista Abraham Lincoln é eleito, em novembro de 1860, sete estados do Sul (Alabama, Carolina do Sul, Flórida, Geórgia, Louisiana e Texas) formam os Estados Confederados da América para deixar a União. 

A Guerra Civil Americana começa em 12 de abril de 1861, com o ataque rebelde ao Forte Sumter, em Charleston, na Carolina do Sul. Depois de 34 horas de bombardeio, o major Robert Anderson e 85 homens se rendem ao cerco de 5,5 mil sulista sob o comando de Pierre Beauregard.

Mais quatro estados (Arkansas, Carolina do Norte, Tennessee e Virgínia) aderem à Confederação. Lincoln convoca 75 mil milicianos e decreta um bloqueio naval aos estados do Sul.

Cerca de 21 milhões de pessoas vivem no Norte e 9 milhões no Sul, sendo 4 milhões escravos. O Norte tem mais de 100 mil fábricas, em contraste com apenas 18 mil instaladas ao sul do Rio Potomac. A produção de armas no Norte é 30 vezes maior. 

Mas o Sul tem 6,5 mil quilômetros de costa, o que torna um bloqueio naval impossível, e o presidente da Confederação, Jefferson Davis, um herói da Guerra Mexicano-Americana (1846-48), tem mais experiência militar do que Lincoln e pede ajuda à França e ao Reino Unido.

No verão de 1862, o Norte destrói as forças navais do Sul.

Em 1º de janeiro de 1863, Lincoln faz a Proclamação da Abolição nos estados do Sul, na expectativa de que os escravos libertos se juntem às forças da União, mas a notícia só chega a Galveston, no longínquo estado do Texas em 19 de junho de 1865, depois da rendição do general Robert Lee, comandante militar da Confederação, em 9 de abril daquele ano.

O general Sherman é um dos precursores da guerra total. Na opinião do capitão e historiador mililtar britânico Basil Liddell Hart, é "o primeiro general moderno". 

A Doutrina Sherman ainda é uma das bases da estratégia militar dos EUA. Consiste em destruir tudo o que possa ser útil ao inimigo, inclusive fontes de água e comida, o que os EUA fizeram nas guerras do Iraque, com grandes danos à população civil. Mas, até agora, não se fala em derrubar sua estátua no canto do Central Park, em Nova York, na esquina da 5ª Avenida e da Rua 59.

A tomada de Atlanta é importante para a reeleição de Lincoln, em 1864. A subsequente Marcha para o Mar, até a conquista do porto de Savannah, em 21 de dezembro daquele ano, adota uma estratégia de terra arrasada, que destrói a infraestrutura e abala o moral dos sulistas.

Com mais de 620 mil mortes, a Guerra da Secessão é a pior da história dos EUA. 

A 13ª Emenda à Constituição dos EUA, que acaba com a escravidão e os trabalhos forçados, a não ser por força de sentença judicial, é aprovada no Senado em 8 de abril de 1864 e na Câmara em 31 de janeiro de 1865 depois de uma tramitação tumultuada que aparece no filme Lincoln, de Steven Spielberg. Depois da ratificação por pelo menos 75% dos estados, como prevê a Constituição, entra em vigor em 6 de dezembro de 1865.

Começa o período da Reconstrução, em que os EUA se tornam no fim do século 19 a maior economia do mundo. Vários estados adotam políticas discriminatórias. Os negros só conquistam a liberdade plena um século depois, com a Lei dos Direitos Civis (1964) e a Lei do Direito de Voto (1965).

JACK, O ESTRIPADOR

    Em 1888, os restos mortais mutilados da prostituta Mary Ann Nichols, a primeira vítima do assassino em série chamado de Jack, o Estripador, são encontrados no bairro de Whitechapel, em Londres.

Mais quatro vítimas são mortas nos meses seguintes. Na Inglaterra vitoriana do fim do século 19, período áureo do Império Britânico, a região do East End, em Londres, é um favelão com cerca de um milhão de miseráveis onde a prostituição é um meio de sobrevivência para mais de mil mulheres de Whitechapel.

A polícia britânica, a Scotland Yard, descobre o método do assassino. Ele promete pagar por sexo e atrai as prostitutas para praças ou ruas escuras, onde corta a garganta com uma faca de 15 centímetros. Em seguida, usa a mesma faca para estripá-las. Nenhum suspeito foi preso e muito menos punido.

EDISON PATENTEIA CINEMATÓGRAFO

    Em 1897, um dos maiores inventores de todos os tempos, o norte-americano Thomas Alva Edison, com mais de 2,3 mil patentes, registra sua câmera de cinema, o cinematógrafo, usando o filme de rolo, inventado em 1893 por George Eastman.

Edison, o Feiticeiro de Menlon Park, nasce em Milan, no estado de Ohio, em 11 de fevereiro de 1847, filho de pais canadenses. Mau aluno, se recusa a fazer as lições e abandona a escola. A mãe o educa em casa. Ávido leitor, devora todos os livros da mãe sobre ciência e monta um laboratório químico no sótão da casa.

Quando aprende o Código Morse, Edison começa a fabricar telégrafos artesanais. Aos 21 anos, registra sua primeira invenção, uma máquina de votar pela qual ninguém se interessa. Em 1869, se muda para Nova York, onde cria um indicador automático de cotação da bolsa de valores que vende por US$ 40 mil.

Ao todo, registra 1.093 patentes nos Estados Unidos e, somando com as de outros países, 2.332. Entre suas principais invenções, estão a lâmpada elétrica incandescente, o fonógrafo, o cinescópio, o ditafone e o microfone de grânulos de carvão, que aperfeiçoa o telefone.

LEI DE NEUTRALIDADE NOS EUA

    Em 1935, diante da ascensão do nazifascismo na Europa, o presidente Franklin Delano Roosevelt sanciona a Lei da Neutralidade "para evitar qualquer ação que possa envolver [os Estados Unidos] na guerra".

É uma reação ao anúncio da Alemanha Nazista, em março daquele ano, de que não respeitaria mais o Tratado de Versalhes, assinado em 1919, depois da Primeira Guerra Mundial (1914-18).

Com o início da Segunda Guerra Mundial (1939-45), em 14 de agosto de 1940, Roosevelt assina a Carta do Atlântico com o primeiro-ministro do Reino Unido, Winston Churchill, começando a forjar a aliança que derrotaria Adolf Hitler.

Os EUA entram na guerra em 7 de dezembro de 1941, com o ataque do Japão à base naval de Pearl Harbor, no Havaí.

GREVE NA POLÔNIA

    Em 1980, o regime comunista da Polônia cede diante da greve dos 17 mil metalúrgicos do estaleiro de Gdansk, liderada por Lech Walesa.

A vitória dos trabalhadores leva à formação do Solidariedade, o primeiro sindicato livre num país do Bloco Soviético.

Sob pressão da União Soviética, as conquistas são revogadas por um golpe dado pelo general Wojciech Jaruzelski em 13 de dezembro (dia do AI-5) de 1981. Walesa ganha o Prêmio Nobel da Paz em 1983.

O movimento oposicionista ganha força com a ascensão do líder reformista Mikhail Gorbachev ao cargo de secretário-geral do Partido Comunista da URSS, com suas políticas de abertura política (glasnost) e econômica (perestroika).

Em 4 e 18 de junho de 1989, a Polônia realiza as primeiras eleições democráticas no Bloco Soviético, que levam à queda do regime. Walesa é eleito presidente em 1990 e fica no cargo até 1995.

MORTE DA PRINCESA

    Em 1997, a princesa Diana morre num acidente de automóvel em Paris quando o motorista e segurança Henry Paul, totalmente embriagado, perde o controle o carro em alta velocidade ao fugir de paparazzi, fotógrafos que tentavam tirar fotos dela.


O motorista e o namorado da princesa e dono do Mercedes, o playboy egípcio Dodi al-Fayed, também morrem. Diana vira uma Cinderela moderna em busca do amor com seu carro de luxo virando abóbora na noite de Paris, uma das cidades mais românticas do mundo.

A morte provoca grande consternação no Reino Unido, especialmente por causa da falta de reação da rainha Elizabeth II, que está no Castelo de Balmoral, na Escócia, onde a família real britânica passa as férias de verão.

Sob pressão do primeiro-ministro Tony Blair e do príncipe Charles, ex-marido de Diana, cinco dias depois a rainha volta a Londres com o príncipe Philip e cumprimenta a multidão que ficava até 12 horas na fila para assinar o livro de condolências e depositar flores diante do Palácio de Buckingham, a residência real em Londres.

Famoso por suas gafes, Philip pergunta: "Vocês estão aqui há muito tempo?"

Como Diana era divorciada de Charles, oficialmente não pertencia mais à família real e não teria direito a um funeral com honras de Estado na Abadia de Westminster. Mas era a "princesa do povo", como definiu o assessor de imprensa de Blair, Alastair Campbell. O clamor popular garante todas as honrarias. 

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Hoje na História do Mundo: 30 de Agosto

 WASHINGTON REJEITA RECONCILIAÇÃO

    Em 1776, o comandante do Exército Continental, George Washington, recusa uma segunda proposta de reconciliação com o Império Britânico enviada através de carta do general William Howe.

Howe desembarca em Long Island com uma força superior à dos rebeldes americanos e conquista uma grande vitória na Batalha de Brooklyn Heights, em 27 de agosto. Entre outras razões, Washington rejeita a proposta porque a carta não o chamava de general. 

As negociações são retomadas em 11 de setembro por Benjamin Franklin e John Adams. São rompidas quando os britânicos se negam a aceitar a independência dos EUA. Os rebeldes tomam Nova York em 15 de setembro e mantêm o controle sobre a cidade até o fim da Guerra da Independência (1775-83).

PRIMEIRA REVOLTA DE ESCRAVOS

    Em 1800, um escravo chamado Gabriel mobiliza mil homens nos arredores de Richmond, na Virgínia, na primeira grande rebelião de escravos nos Estados Unidos.

Seis dias antes, o escravo Ben Woolfolk se encontra com outros escravos na Ponte Littlepage para recrutar aliados para a revolta. O líder é Gabriel, um escravo de Henry Thomas Prosser. O plano é marchar até Richmond, capturar o governador James Monroe e outros líderes brancos e forçá-los a aceitar a igualdade política, econômica e social.

Fortes chuvas adiam o início da rebelião. Dois escravos, Tom e Pharoak, denunciam a conspiração a Mosby Sheppard, que avisa o governador. Monroe convoca uma milícia que prende muitos rebeldes. Vários julgamentos levam à execução de Gabriel e pelo menos outros 25 escravos.

LENIN BALEADO

    Em 1918, durante um comício numa fábrica em Moscou, Fanya Kaplan, do Partido Social Revolucionário, atira três vezes no líder comunista Vladimir Illitch Ulianov (Lenin), que é ferido gravemente por duas balas, mas sobrevive.

Lenin nasce em Ulianovsk em 22 de abril de 1870. Filho de uma família da classe média, vira revolucionário após a execução do irmão mais velho, Alexander Ulianov, em 8 de maio de 1887, sob a acusação de participar de uma conspiração do grupo Vontade Popular para assassinar o czar Alexandre III.

Expulso da Universidade Imperial de Kazan por participar de protestos contra o regime czarista, em 1893, entra para o Partido Operário Social-Democrata Russo. Preso por sedição em 1897, Lenin é condenado a três anos de exílio interno em Shushenskoye, onde se casa na igreja com Nádia Krupskaya em 10 de julho de 1898.

Depois do exílio, vai em julho de 1900 para a Suíça, onde se torna um teórico marxista. Adota o pseudônimo de Lenin em dezembro de 1901. No ano seguinte, lança o panfleto Que Fazer?, em que defende a necessidade de criar um partido de vanguarda para fazer a revolução proletária. Em abril de 1902, foge para Londres, onde conhece Leon Trotsky, o outro grande líder da Revolução Comunista.

Em 1903, com uma divisão no partido, passa a liderar a facção bolchevique (maioria), a mais radical do partido, em oposição aos mencheviques, mais moderados, liderados por Julius Martov, embora na verdade os bolcheviques fossem minoria. 

Martov defende o direito dos militantes de se expressar contra a direção do partido, enquanto Lenin é a favor de uma liderança forte, com controle total sobre a base. É o princípio do centralismo democrático, que ajuda no futuro a ascensão de Josef Stalin. Uma vez tomada uma decisão, a discussão acaba e todos os membros do partidos são obrigados a segui-la.

Com a derrota da Rússia para o Japão na Guerra do Pacífico (1904-5), 1,5 milhão de manifestantes marcham pacificamente até o palácio imperial em São Petersburgo para exigir reformas como o voto direto. São rechaçados a bala. Pelo menos 930 pessoas são mortas, 4 mil de acordo com os rebeldes.

O Domingo Sangrento, 22 de janeiro de 1905, deflagra a Revolução de 1905, a primeira grande revolta popular contra o czar Nicolau II, o Sanguinário. Mais de 2 milhões de operários entram em guerra. Durante a revolução, são organizados conselhos operários, os sovietes. Trotsky volta do exílio e lidera o Soviete de São Petersburgo. Lenin também regressa.

Nicolau II cede. No Manifesto de Outubro, autoriza o funcionamento de partidos políticos e cria um parlamento, a Duma. Com o fim da guerra contra o Japão, as tropas voltam e reprimem violentamente o movimento. Muitos rebeldes são presos ou exilados. Os sovietes são declarados ilegais. A maior parte das reformas é abandonada, mas a Duma sobrevive.

Lenin vai para o Grão-Ducado da Finlândia, parte do império czarista. Quando o czar dissolve a Segunda Duma e manda a Okrana, a polícia política, prender os revolucionários, foge para a Suíça. Os bolcheviques mudam a sede da facção para Paris. Lenin se muda para lá em dezembro de 1908, mas não gosta da capital francesa, que descreve como "um buraco sujo".

Quando estoura a Primeira Guerra Mundial (1914-18), em 28 de julho de 1914, Lenin está em Cracóvia, na Galícia, uma região polonesa do Império Austro-Húngaro, inimigo da Rússia. É preso e solto por ser anticzarista. Vai então para a Suíça, onde faz campanha em 1916 para que os socialistas repudiem a "guerra imperialista" e a transformem numa "guerra civil" continental dos trabalhadores contra a aristocracia e a a burguesia.

Em 1917, lança sua grande obra sobre relações internacionais, Imperialismo: última etapa do capitalismo, em que defende a tese do elo mais fraco. O sistema capitalista não se romperia nos países mais industrializados como a França, como previa Karl Marx, mas na parte mais fraca, para justificar a revolução na Rússia, um país de industrialização tardia.

Com a queda do czarismo na Revolução de Fevereiro (março pelo calendário atual), Lenin recebe autorização da Alemanha para cruzar seu território e voltar à Rússia, o que o leva a ser acusado de ser agente alemão porque os comunistas assinam a Paz de Brest-Litovsk, em 3 de março de 1918, depois da Revolução Bolchevique.

Ao chegar à Estação Finlândia de Petrogrado, rebatizada porque São Petersburgo é um nome de origem alemã, repudia o governo provisório e defende uma revolução proletária continental. Em seguida, lança as Teses de Abril, com três palavras-chaves: paz, terra e pão. Paz para acabar com "a guerra burguesa do capitalismo", reforma agrária e alimentos para todos.

Os preparativos finais da Revolução Comunista são realizados no Instituto Smolny, sede do Comitê Militar Revolucionário, onde estudei. Na madrugada de 25 de outubro de 1917 (7 de novembro pelo calendário atual), os bolcheviques invadem o Palácio de Inverno, derrubam o governo provisório de Alexander Kerensky e tomam o poder. 

No dia seguinte à tomada do poder, Lenin se torna presidente do Conselho dos Comissários do Povo da República Socialista Federativa Soviética da Rússia. Em janeiro de 1918, Lenin dissolve a Assembleia Constituinte, onde os bolcheviques não têm maioria. 

Em março, Lenin expulsa os mencheviques, muda o nome do partido para Partido Comunista. No ano seguinte, funda a Terceira Internacional, a Internacional Comunista (Comintern), para promover uma revolução mundial.

Com a proibição dos outros partidos políticos e a dissolução da Constituinte, Fanya Kaplan considera Lenin um traidor da revolução. Na saída de um comício do líder comunista na fábrica de armas Foice e Martelo, ela dispara três tiros e acerta dois. Presa, é executada em 3 de setembro de 1918 pela Cheka (Comissão Extraordinária de Todas as Rússias), a polícia política do novo regime.

A tentativa de assassinato deflagra uma onda de retaliações dos bolcheviques contra os sociais-revolucionários e outros partidos, aprofundando a guerra civil que acontece depois das revoluções de 1917.

Com a fundação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em 30 de dezembro de 1922, Lenin se torna presidente do Comissariado do Povo da URSS, cargo que ocupa até a morte, em 21 de janeiro de 1924.

PRIMEIRO JUIZ NEGRO NA SUPREMA CORTE

    Em 1967, Thurgood Marshall é confirmado como o primeiro juiz negro do supremo tribunal dos Estados Unidos.


Marshall nasce em 2 de julho de 1908 em Baltimore, no estado de Maryland. Sob influência do pai, estuda direito na Universidade Lincoln e na Faculdade de Direito da Universidade Howard, em Washington, a primeira a admitir negros.

Como advogado, se especializa em defender causas envolvendo a questão racial. Torna-se conhecido como Sr. Direitos Humanos em tribunais federais e na Suprema Corte durante o movimento pelos direitos civis dos negros. No caso mais famoso, Brown versus Board of Education, a Suprema Corte acaba com a segregação racial nas escolas, em 1955.

Em 1961, o presidente John Kennedy o nomeia juiz do Tribunal Federal de Recursos da Segunda Região, que inclui os estados de Nova York, Connecticut e Vermont. Depois da morte de Kennedy, o presidente Lyndon Johnson o nomeia advogado-geral da União, em 1965.

Thurgood Marshall chega à Suprema Corte com um longo histórico de luta pelos direitos dos negros. Durante 24 anos, até se aposentar por motivos de saúde, ampliado o legado de luta pelos direitos civis.

HO CHI MINH RESPONDE A NIXON

    Em 1969, chega a Paris, onde se realizam as negociações de paz sobre a Guerra do Vietnã (1955-75), uma carta do líder comunista Ho Chi Minh ao presidente Richard Nixon acusando os Estados Unidos de travar uma "guerra de agressão" contra o Vietnã do Norte "violando nossos direitos nacionais". 


Ho nasce em Kiem Lan em 19 de maio de 1890 com o nome de Nguyen Sinh Cung. Depois de viver em Londres, começa a se interessar em política quando mora na França, de 1919 a 1923, e é influenciado por ideias socialistas. Torna-se político, escritor, poeta, revolucionário e líder da luta pela independência do Vietnã.

De Paris, vai para Moscou, onde trabalha na Internacional Comunista (Comintern). Em novembro de 1924, se muda para Cantão, na China. Aos 36 anos, se casa no mesmo lugar onde Chu Enlai casara, com uma chinesa de 21 anos, Zeng Xueming, porque "preciso de uma mulher que me ensine a língua e cuide da casa".

Quando o líder nacionalista chinês Chiang Kai-shek dá um golpe e começa a perseguir os comunistas, em 1927, Ho volta a Moscou e vai para a Crimeia, onde se cura de uma tuberculose antes de voltar a Paris. Passa pela Bélgica, Alemanha, Suíça e Itália antes de ir para Bangkok, na Tailândia, como agente do Comintern no Sudeste Asiático, em julho de 1928.

No fim de 1929, vai para a Índia e da lá para Xangai, na China, e Hong Kong, onde funda, em 1930, o Partido Comunista do Vietnã e o Partido Comunista da Indochina. Preso em Hong Kong em junho de 1931, escapa de ser deportado para a Indochina Francesa com um advogado de defesa britânico, Frank Loseby.

Libertado, vai para Xangai e volta à União Soviética, onde estuda e leciona no Instituto Lenin. Sob a acusação de ter "tendências nacionalistas", é afastado da liderança do partido durante o Grande Expurso Stalinista (1936-38).

Em 1938, volta à China como assessor militar do Exército Vermelho Chinês. Vai para o Vietnã em 1941 para liderar o movimento de libertação nacional. Com a ocupação japonesa, conduz uma guerra de guerrilhas contra o governo colaboracionista francês de Vichy e o Império do Japão.

Depois da ocupação da França, a potência colonial, pela Alemanha Nazista, em junho de 1940, ele funda na China em 1941 o Viet Minh, a Liga pela Independência do Vietnã, para se contrapor também à invasão japonesa durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45).

No fim da guerra, em 2 de setembro de 1945, quando o Japão assina a rendição, proclama a independência do Vietnã. A França não aceita. Em 19 de dezembro de 1946, começa a Primeira Guerra da Indochina, que vai até 1º de agosto de 1954, depois da vitória vietnamita na Batalha de Bien Dien Phu.

Os Acordos de Paz de Genebra dividem o país em Vietnã do Norte, comunista, e o Vietnã do Sul, anticomunista, em 1954. As eleições de 1955 devem reunificar o país. Quando os Estados Unidos percebem que os comunistas venceriam, em plena Guerra Fria, suspendem as eleições.

Em 1º de novembro de 1955, começa a Segunda Guerra da Indochina ou Guerra do Vietnã (1955-75). O governo Dwight Eisenhower (1953-61) envia os primeiros assessores militares norte-americanos. No fim do governo John Kennedy (1961-63), há mais de 2,8 mil assessores, alguns participando de combates.

A intervenção militar dos EUA começa oficialmente depois do Incidente do Golfo de Tonquim, em 2 de agosto de 1964, forjado pelo governo Lyndon Johnson (1963-69) para obter a aprovação do Congresso para declarar guerra ao Vietnã do Norte.

No auge da intervenção, os EUA têm mais de 500 mil soldados no Vietnã. O fracasso na luta contra o Vietcongue, os guerrilheiros comunistas em ação no Vietnã do Sul, e a rejeição à guerra pela opinião pública levam o presidente Richard Nixon (1969-74) a acelerar as negociações de paz iniciadas em 1968. 

Na carta, Ho Chi Minh alerta que "quanto mais longa for a guerra maiores serão o ônus e os pesares para o povo norte-americano" e defende o plano de paz de 10 pontos da Frente de Libertação Nacional. Exige o "fim da guerra de agressão e a retirada das forças norte-americanas”.

Com o acordo paz, assinado em 27 de janeiro de 1973, os EUA retiram suas tropas de combate da guerra, que termina em 30 de abril de 1975 com uma fuga espetacular dos norte-americanos da embaixada em Saigon, hoje Cidade de Ho Chi Minh, quando os tanques norte-vietnamitas tomavam a capital do Vietnã do Sul para reunificar o país.

Mais de 58 mil norte-americanos e cerca de 2 milhões de vietnamitas morrem na Guerra do Vietnã.

PRIMEIRO ASTRONAUTA NEGRO

    Em 1983, Guion Bluford Jr. se torna o primeiro astronauta de origem africana ao participar de uma missão do ônibus espacial Challenger.

Bluford Jr. nasce na Filadélfia em 22 de novembro de 1942 e se forma em engenharia aeroespacial na Universidade Estadual da Pensilvânia. Ele entra para a Força Aérea e se torna piloto em janeiro de 1966. Faz parte de mais três missões no espaço, todas do ônibus espacial Discovery, em 1985, 1991 e 1992. Ao todo, fica 28 dias no espaço. 

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Hoje na História do Mundo: 29 de Agosto

 FIM DO IMPÉRIO INCA

    Em 1533, o conquistador espanhol do Peru, Francisco Pizarro, executa o 13º e último imperador inca, Ataualpa, marco do fim de 300 anos da maior civilização pré-colombiana da América do Sul, que construiu um império com 14 milhões de súditos no seu auge, que ia do Sul da Colômbia ao Norte do Chile.

Os incas constroem sua civilização, o Império Inca ou Tahuantinsuyo, seu nome na língua quêchua, no altiplano da Cordilheira dos Andes, inicialmente no Peru. Não tem escrita, mas criam um governo sofisticado, com método estatístico, grandes obras públicas, construções monumentais que até hoje a engenharia não explica como moveram pedras de toneladas e um sistema agrícola brilhante.

Cinco anos antes de chegada dos conquistadores, uma disputa pela sucessão causa uma guerra civil ruinosa. Em 1532, Ataualpa vence o irmão Huáscar numa batalha perto de Cusco, a capital do império. Está consolidando o poder quando Pizarro chega com 180 homens.

Filho da aristocracia espanhola, Pizarro trabalha como criador de porcos quando jovem. Em 1502, se torna um soldado e vai para Hispaniola, a ilha hoje dividida entre Haiti e República Dominicana onde Cristóvão Colombo começa a colonização da América em 1492.

Ele serve ao conquistador Alejandro de Ojeda na expedição à Colômbia, em 1510, e a Vasco Núñez Balboa quando este descobre o Oceano Pacífico, no Panamá, em 1513. 

Ao saber da grande riqueza do Império Inca, Pizarro se une a Diego de Almagro. Em 1524, eles saem do atual Panamá, mas só vão até onde hoje é o Equador. Na segunda expedição, entram no que hoje é território peruano, batizam a terra de Peru e a reivindicam para a coroa espanhola.

De volta ao Panamá, Pizarro planeja conquistar o Peru, mas não tem o apoio do governo colonial espanhol na América. Depois da conquista do México por Hernán Cortez, em 1521, Pizarro vai à Espanha em 1528 e consegue apoio do imperador Carlos V, do Sacro Império Romano-Germânico, que sonha em criar uma monarquia universal.

Em 15 de dezembro de 1532, o pequeno exército de Pizarro, com 180 soldados, chega a Cajamarca, onde Ataualpa relaxa em águas termais antes de marchar rumo a Cusco, a capital do irmão. O conquistador convida o imperador para uma festa.

Com um exército de 30 mil homens, logo depois de vencer a maior batalha da história inca, Ataualpa não teme os homens de Pizarro. É alvo de uma emboscada.

Ataualpa vai ao local do encontro com um séquito de milhares de homens aparentemente desarmados. Pizarro envia um padre como emissário e intima Ataualpa a aceitar a soberania do imperador Carlos V e do cristianismo. 

Quando o imperador inca rejeita e joga a Bíblia no chão, Pizarro ordena o ataque com arcabuzes, canhões e cavalaria, armas que os incas desconhecem. Milhares de incas são massacrados e Ataualpa é preso.

Mesmo pagando o maior resgate da história, Ataualpa é processado pela morte do irmão, por conspirar contra a coroa espanhola e outros delitos menores. Amarrado a um poste, tem a última escolha: ser queimado vivo ou se converter ao cristianismo e morrer pelo garrote vil. Na esperança de preservar seu corpo para mumificação, escolhe o garrote.

INÍCIO DA GUERRA DOS SETE ANOS

    Em 1756, a tentativa do Império Austríaco dos Habsburgo de reconquistar a Silésia, uma província oriental alemã tomada por Frederico II, da Prússia, na Guerra da Sucessão Austríaca (1740-48), dá início à Guerra dos Sete Anos (1756-63).

É a última grande guerra na Europa antes da Revolução Francesa. Áustria, França, Rússia, Saxônia e Suécia enfrentam a Prússia, o Reino Unido, Portugal e Hanôver, que saem vencedores. Na América do Norte, a Guerra Franco-Indígena (1754-63) começa dois anos antes com uma guerra indígena em que algonquinos e hurões se aliam aos franceses e os iroqueses aos britânicos.

Em consequência da derrota, o Império Francês perde suas possessões na Índia e a maior das colônias na América do Norte para o Império Britânico. É uma guerra mundial, assim como a Guerra dos Trinta Anos (1618-48), quando a Holanda invade o Nordeste do Brasil.

A Guerra dos Sete Anos é uma das causas da independência dos Estados Unidos (1776) e da Revolução Francesa de 1789. Quando a coroa britânica aumenta impostos para recuperar as finanças abaladas pela guerra, os colonos norte-americanos, que sustentaram o esforço de guerra dos Império Britânico com vidas e recursos materiais, se rebelam. Na França, além do custo econômico da guerra, invernos rigorosos reduzem a produção de alimentos e provocam a fome. 

CHINA CEDE HONG KONG

    Em 1842, no fim da Primeira Guerra do Ópio (1839-42), no Tratado de Nanjim, o imperador Dauguang, da Dinastia Ching (Manchu), cede Hong Kong e paga indenização de US$ 21 milhões ao Império Britânico pelas vidas perdidas, abre cinco portos ao comércio, limita as tarifas de importação e exportação, e dá aos britânicos que cometam crimes em território chinês o direito de serem julgados por tribunais do Reino Unido.

É a primeira derrota e o primeiro tratado desigual do que os chineses chamam de "século da humilhação" diante dos imperialismos ocidental e japonês.

O tratado é assinado pelos cônsules negociadores Henry Pottinger, Chi Ying e Yi Libu a bordo do navio Cornwallis. As negociações começam depois que os britânicos tomam o porto de Zhenjiang em 23 de junho de 1839. São rápidas por causa da pouca experiência dos chineses em política externa e acordos comerciais. As cidades abertas a súditos da imperatriz Vitória são Cantão, Fuzhou, Ningbo, Xangai e Xiamei.

A China perde a Segunda Guerra do Ópio (1856-60) e a Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894-95) para o Japão, que invade a Manchúria em 1931 e as principais cidades da China em 1937. A ocupação vai até o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45).

O "século da humilhação" termina com a revolução comunista liderada por Mao Tsé-tung em 1º de outubro de 1949. Mao vai a Moscou assinar o Tratado de Aliança, Cooperação e Amizade com a União Soviética, em 14 de fevereiro de 1950, mas precisa esperar 50 dias no gelado inverno russo para ser recebido por Josef Stalin, que tida os termos do acordo.

Em 1º de julho, o Reino Unido devolve Hong Kong à China com a promessa de que o regime chinês manteria a autonomia do território durante 50, mas o ditador Xi Jinping rompeu o compromisso ao impor uma Lei de Segurança Nacional draconiana em 30 de junho de 2020. Acabou assim com a fórmula "um país, dois sistemas", criada pelo então líder Deng Xiaoping tendo em vista também a reunificação com Taiwan.

BOMBA NUCLEAR SOVIÉTICA

    Em 1949, a União Soviética explode sua primeira bomba atômica, chamada de Primeiro Raio, num remoto campo de testes em Semipalatinisk, no Casaquistão, acabando com o monópolio dos Estados Unidos em armas nucleares.

Desde 1939, o físico soviético Gueorgui Flyorov suspeita que as potências ocidentais estão desenvolvendo uma superbomba. Ele escreve uma carta ao ditador Josef Stalin propondo que a URSS faça a bomba atômica. O projeto é adiado pela invasão da Alemanha Nazista à URSS, em 22 de junho de 1941. No início, se limita a espionagem do Projeto Manhattan nos EUA.

Com a explosão das bombas de Hiroxima e Nagasáki pelos EUA no Japão em 6 a 9 de agosto de 1945, a URSS acelera o projeto com a captura de cientistas ligados ao projeto da bomba atômica da Alemanha e a espionagem nos EUA.

Para avaliar o impacto da bomba, fabricada com base na bomba de Nagasáki (Homem Gordo), os cientistas soviéticos constroem edifícios, pontes e outras estruturas urbanas. Também colocam mamíferos perto do local da explosão para ver o efeito da radiação. 

A bomba tem a força de 20 quilotons (20 mil toneladas de dinamite), mas ou menos a mesma potência da Trinity (Trindade), a primeira bomba detonada experimentalmente pelos EUA em Alamogordo, no Novo México, em 16 de julho de 1945.

Começa o equilíbrio do terror nuclear.

FURACÃO KATRINA ARRASA

    Em 2005, o furacão de Katrina, de categoria 5 sobre o Oceano Atlântico e 3 ao chegar em terra, arrasa uma região do Sul dos Estados Unidos, especialmente a cidade de Nova Orleans, que é alagada em 80% de sua área, causando a morte de 1.836 pessoas, principalmente nos estados da Louisiana e do Mississípi, e prejuízos de mais de US$ 125 bilhões.

Outras 135 pessoas estão desaparecidas até hoje. Mesmo sendo apenas o terceiro furacão mais forte da temporada, é o terceiro pior da história dos EUA. Com a enchente, Nova Orleans vira uma terra sem lei. Gangues invadem casas abandonadas para roubar e atacam moradores que ficaram na cidade.

Diante da omissão do governo George W. Bush com uma população flagelada majoritariamente negra, o jovem senador Barack Obama se destaca na linha de frente da ajuda às vítimas.

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Hoje na História do Mundo: 28 de Agosto

ÚLTIMOS DIAS DO IMPÉRIO ROMANO DO OCIDENTE

    Em 476, o chefe bárbaro Flávio Odoacro captura e executa Orestes, pai do último imperador romano do Ocidente, Rômulo Augústulo.

Um ano antes, Orestes promete terras a seus mercenários e proclamo o filho imperador. Como não cumpre a promessa, é alvo de uma revolta liderada por Odoacro. 

Em 23 de agosto de 476, Orestes foge para Pávia, onde recebe refúgio do arcebispo de cidade. Quando Odoacro invade e saqueia Pávia, Orestes foge para Piacenza, onde é preso e morto. Seu filho Rômulo Augústulo cai em 4 de setembro. Odoacro se torna rei da Itália.

É o fim do Império Romano do Ocidente e da Antiguidade. O Império Romano do Oriente ou Império Bizantino sobre por mais dez séculos, até a tomada de Constantinopla pelos turcos do Império Otomano, em 29 de maio de 1453, marco do fim da Idade Média.

REI ZULU CAPTURADO

    Em 1879, o Império Britânico captura o rei Cetshwayo kaMpande, último grande líder da Zululândia, no fim da Guerra Britânico-Zulu. Cetshwayo é exilado.

Os britânicos tomam em 1843 a província de Natal dos bôeres, os descendentes dos colonos holandeses que povoam o que hoje é a África do Sul a partir da fundação da Cidade do Cabo por Jan van Riebeeck, em 1652.

Cetshwayo desafia o domínio colonial. Em 1879, os britânicos invadem a Zululândia e sofrem grandes perdas na Batalha de Isandlwana, quando tiveram 1,3 mil baixas, e na Batalha do Monte Hoblane. São as únicas vitórias militares de um exército armado com lanças e escudos contra um exército moderno com armas de fogo.

Na Batalha de Khambula, em 29 de março, o império vence. Capurado, Cetshwayo vai para o exílio. Volta em 1883 e retoma o controle de parte da Zululândia, mas sua liderança está abalada pela derrota. Cai de novo, volta para o exílio e morre no ano seguinte.

Diante da revolta zulu, em 1887, o Império Britânico anexa a Zululândia, que em 1897 passa a fazer parte da província de Natal, que em 1910 forma a União Sul-Africana.

"EU TENHO UM SONHO"

    Em 1963, no fim da Marcha sobre Washington, o reverendo Martin Luther King Jr., líder da luta pelos civis dos negros nos Estados Unidos, faz no Memorial de Lincoln, diante de 250 mil pessoas, seu discurso mais importante, Eu Tenho um Sonho: "Eu tenho um sonho de que um dia meus quatro filhos vão viver num país onde não serão julgados pela cor da sua pele, mas pelo seu caráter."

Os manifestantes se reúnem na luta por liberdade e oportunidades iguais de trabalho para a minoria de origem africana. Nos degraus do monumento em homenagem a Abraham Lincoln, o presidente que aboliu a escravatura, o Dr. King afirma em linguagem direta: "O negro ainda não é livre."

Além do discurso mais importante de Luther King, a Marcha sobre Washington teve música, com Bob Dylan e Joan Baez.

FIM DE UM SONHO

    Em 1996, quatro anos depois da separação, os príncipes de Gales, Charles e Diana, se divorciamos oficialmente, pondo fim ao que no primeiro momento parecia um conto de fadas, com o herdeiro da coroa do Reino Unido casando com uma linda princesa na Catedral de São Paulo, em Londres, em 29 de julho de 1981.

Diana Frances Spencer, filha de John e Frances Spencer, Visconde e Viscondessa de Althopr, nasce em 1º de julho de 1961 na nobreza britânica. Está lavando o chão da cozinha do apartamento que ganha da mãe em Earl's Court, em Londres, quando ouve no rádio que é a favorita para casar com Charles, o Príncipe da Gales, filho mais velho da Rainha Elizabeth II e do Príncipe Philip, hoje Rei Carlos III ou Charles III.

Philip está preocupado porque o herdeiro do trono é solteiro. Na época, só mulheres virgens podem casar com o Príncipe de Gales, o que foi dispensado da Princesa Kate Middleton, mulher do Príncipe William, o atual herdeiro do trono. Para casar com Charles, Diana é submetida a um exame pelo ginecologista da rainha.

O casamento de contos de fada é transmitido ao vivo pela televisão para o mundo inteiro, mas a jovem princesa não se adapta ao rigor e à frieza da vida da família real britânica, que a obriga, por exemplo, a trocar de roupa pelo menos três vezes por dia. Não pode usar o mesmo traje no café da manhã, no almoço e no jantar.

A relação fracassa pela incompatibilidade de gênios e os casos extraconjugais dos dois. Os dois travam uma verdadeira guerra dos príncipes nas páginas da feroz imprensa sensacionalista briânica.

Em 1992, depois de ter dois filhos, William e Henry, o casal se separa. É o que a rainha chama de "ano horrível" porque o Castelo de Windsor, sua residência favorita, pega fogo. Eles se divorciam em 1996. Diana morre no ano seguinte, num acidente de trânsito em Paris, quando o carro do namorado Jodi Fayed, foge de fotógrafos em Paris, em 31 de agosto de 1997.

Carlos III, agora casado com a ex-amante Camilla Parker-Bowles, ascende ao trono com a morte da mãe, em 8 de setembro de 2022. 

domingo, 27 de agosto de 2023

Hoje na História do Mundo: 27 de Agosto

VULCÃO KRAKATOA EXPLODE

    Em 1883, na maior erupção vulcânica da história, uma explosão do vulcão da ilha de Krakatoa, na Indonésia, na época Índia Orientais Holandesas, ouvida a 5 mil quilômetros de distância, joga lama e lava a uma altura de 80 km, causa um terremoto com ondas gigantes de 40 metros e mata 36.417 mil pessoas.

Depois de mais de 200 anos adormecido, o vulcão Krakatoa dá os primeiros sinais de atividade em 20 de maio. Tripulantes de um navio alemão relatam ter visto uma coluna de fumaça e poeira vulcânica de mais de 11 km de altura.

Nos dois meses seguintes, navios e habitantes das ilhas vizinhas de Java e Sumatra veem pequenas explosões. A população local festeja até que uma explosão destrói dois terços da ilha no dia 26. 

Ao desabar no Estreito de Sunda, que fica entre Java e Sumatra, a montanha causa uma série de catástrofes ambientais sentidas durante anos no mundo inteiro, a começar por um maremoto com ondas gigantescas.

Quatro erupções a partir das 5h30 de 27 de agosto são cataclísmicas, ouvidas a 5 mil km de distância, e projetam uma maré de uma lava vulcânica de gás, cinza e rocha fundida a mais de 60 km do Krakatoa. Dos 36 mil mortos, as tsunames mataram 31 mil. Outros 4,5 mil foram vítimas da lava incandescente.

Uma nuvem de cinza e poeira vulcânica fina envolve o planeta e reduz a temperatura da Terra durante anos.

Além do Krakatoa, ativo até hoje, a Indonésia tem mais 130 vulcões em atividade, mais do que qualquer outro país. Fica no Círculo de Fogo do Oceano Pacífico.

ROMÊNIA ENTRA NA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

    Em 1916, depois de declarar guerra ao Império Austro-Húngaro, a Romênia invade a região da Transilvânia, um território de maioria romena pertencente à Hungria cuja soberania reivindica, e entra na Primeira Guerra Mundial (1914-18).

Ao observar o sucesso da Rússia contra a Áustria-Hungria na frente oriental no verão de 1916, a Romênia decide entrar na guerra. Em 18 de agosto, fecha um acordo secreto com os aliados e, no dia 27, lança o ataque.

Enquanto a Romênia invade a Pensilvânia, os britânicos pressionam os alemães na Batalha do Somme e a Áustria-Hungria cai diante da Rússia no Leste. O kaiser Guilherme II, da Alemanha, chega a dizer que “a guerra está perdida”.

Numa reunião que incluiu ainda a Turquia e a Bulgária, os Poderes Centrais criam um comando militar supremo entregue ao general Paul Hindenburg, comandante em chefe das Forças Armadas da Alemanha.

O general que deixa o comando geral, Erich von Falkenhayn, assume o comando da guerra contra a Romênia. Junto com o general August von Mackensen, eles derrotam a Romênia e tomam Bucareste em 9 de dezembro de 1918.

A Rússia vem em socorro, mas as revoluções de 1917, a queda do império czarista e a ascensão do comunismo tiram o país da guerra. Com a saída da Rússia, a Ucrânia se rende em maio de 1918. No Tratado de Bucareste, perde parte do litoral para a Bulgária e o controle sobre a Foz do Rio Danúbio. No Tratado de Versalhes, recupera estas perdas e ganha a soberania sobre a Transilvânia.

AVIÃO A JATO

    Em 1939, o primeiro avião a jato, o He 178, projetado e construído pelo engenheiro alemão Ernst Heinrich Heinkel, voa pela primeira vez.

Heinkel nasce em 24 de janeiro de 1888 em Grunbach. Seu primeiro avião, construído em 1910, cai e pega fogo. Antes do início da Primeira Guerra Mundial (1914-18), ele se torna projetista chefe da Companhia Aeronáutica Albatros, em Berlim.

Depois da guerra, em 1922, Heinkel cria a empresa Flugzeugwerke, onde constrói o He 70, que bate oito recordes mundiais de velocidade nos anos 1930. O He 111, o He 162 e o He 178 são usados pela Luftwaffe, a Força Aérea da Alemanha Nazista, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45). 

LANÇADO O LIVRO DOS RECORDES

    Em 1955, sai a primeira edição do Guinness - o Livro dos Recordes, uma publicação anual com feitos da humanidade e do mundo animal.

A ideia nasce em 1951, quando Sir Hugh Beaver, diretor-executivo da Cervejaria Guinness, fundada em 1759 em Dublin, na Irlanda, participa de uma caçada. Depois de não conseguir alvejar uma tarambola dourada, eles quis saber quais eram os pássaros de caça mais rápidos da Europa, mas não encontrou nenhum livro com a resposta.

Pensando que os donos dos pubs britânicos e irlandeses gostariam de ter um livro capaz de dirimir as dúvidas dos clientes, Beaver contratou dois irmãos donos de uma agência que vendia dados estatísticos para jornais e agência de propaganda, Norris e Ross McWhirter.

A proposta inicial é distribuir o livro de graça nos pubs para promover a cerveja Guinness. Diante do sucesso, passa a ser vendido. A primeira edição norte-americana sai em 1956.

Ross trabalha no livro até ser morto pelo Exército Republicano Irlandês (IRA), em 1975. Norris continua sendo editor até 1986.

IRA MATA LORDE MOUNTBATTEN

    Em 1979, na luta armada para acabar com o domínio britânico sobre a Irlanda do Norte, o Exército Republicano Irlandês (IRA) mata o lorde Louis Mountbatten, herói de guerra, último vice-rei da Índia e primo segundo da rainha Elizabeth II, com a explosão de uma bomba de pouco mais de 20 quilos no seu barco.

Mountbatten passa o dia com a família na Baía de Donegal, na Irlanda, quando é atacado. Outras três pessoas morrem na explosão, inclusive um neto dele de 14 anos, Nicholas. No mesmo dia, outro atentado do IRA mata 18 paraquedistas britânicos.

A violência destes ataques leva a primeira-ministra Margaret Thatcher, eleita pela primeira vez em maio de 1979, a endurecer a política em relação ao IRA, radicalizando ainda mais o conflito na Irlanda do Norte. 

Em 1981, depois de 66 dias de greve, morre na prisão de Maze o deputado eleito para o Parlamento Britânico Bobby Sands, que nunca tomou posse porque o Sinn Féin, partido político do IRA, sempre se nega a jurar lealdade à coroa britânica.

A própria Thatcher é alvo de um atentado em 1984 num hotel em em Brighton, na Inglaterra, durante a Convenção Anual do Partido Conservador, em que morrem cinco pessoas, inclusive um deputado da Câmara dos Comuns.

A partir daí, o deputado John Hume, do Partido Trabalhista e Social-Democrata, o braço do Partido Trabalhista britânico na Irlanda do Norte, começa um diálogo secreto para tentar atrair o Sinn Féin para a negociação. 

Em 1985, o Reino Unido e a Irlanda assinam o Acordo Anglo-Irlandês para encaminhar o fim do conflito. A Declaração de Downing Street, em 1993, estabelece as bases para as negociações, que exigem um cessar-fogo do IRA, anunciado em 6 de abril de 1994.

Diante da estagnação das negociações, o IRA rompe a trégua num atentado na Ilha dos Cães, em Londres, em 9 de fevereiro de 1996. Um novo cessar-fogo, em 1997, permite a retomada das negociações para o Acordo da Sexta-Feira Santa, de abril de 1998, que acaba com quase 30 anos de uma guerra civil em que 3,5 mil pessoas morreram.