quinta-feira, 31 de julho de 2014

ONU e EUA anunciam trégua entre Israel e Hamas

As Nações Unidas e os Estados Unidos anunciaram há pouco que Israel e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) concordaram em cessar fogo por 72 horas, partir das 8h de amanhã pelo horário local (2h em Brasília). O Hamas confirma sua aceitação.

Os objetivos são permitir remoção dos corpos, socorro aos feridos e reabastecimento de comida na Faixa de Gaza. A trégua humanitária de três dias deve facilitar o diálogo que será retomado amanhã de manhã no Cairo para negociar um cessar-fogo definitivo.

No momento, Israel exige o desarmamento da Faixa de Gaza e o Hamas insiste no fim do bloqueio ao território palestino. Nenhuma parte quer sair da guerra sem ganhar nada.

ONU acusa Israel e Hamas de crimes de guerra

A alta comissária das Nações Unidas para direitos humanos, Navi Pillay acusou hoje as Forças de Defesa de Israel e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) de "violar o direito internacional humanitário e, portanto, de cometer crimes de guerras" no atual conflito armado, informa o jornal The World Post, a versão internacional do jornal digital americano The Huffington Post.

Em 23 dias de guerra, Israel atacou 4 mil alvos na Faixa de Gaza, e o Hamas disparou 2,5 mil foguetes e morteiros contra o território israelense. Mais de 1.340 palestinos, sendo 75% civis e 20% crianças, foram mortos, assim como 56 soldados e três civis israelenses. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reafirmou hoje que a ofensiva continua enquanto todos os túneis usados pelo Hamas para invadir Israel.

Durante entrevista no Palácio das Nações, a sede da ONU em Genebra, na Suíça, Pillay comparou a guerra de hoje com a de de 2008-9, quando Israel também atingiu escolas onde os civis procuravam abrigo e também houve mais de mil mortes de civis inocentes.

Os bombardeios israeleses destruíram a única usina de energia elétrica de Gaza, com impacto direto sobre a população, hospitais e serviços de saúde. Haviam feito o mesmo em 2006, em retaliação pela captura do soldado Gilad Shalit.

O Hamas, por sua vez, além de atacar civis israelenses, coloca lançadores de foguetes e outras armas em locais densamente povoados, usando civis como escudos humanos.

Parlamento da Líbia faz reunião de emergência

O recém-eleito Parlamento da Líbia vai realizar uma reunião de emergência no sábado, 2 de agosto de 2014, antes da sessão oficial de abertura, marcada para o dia 4.

A abertura foi antecipada "por causa da perigosa situação" no país, onde duas milícias rivais travam uma batalha pelo controle do aeroporto da capital, Trípoli, que reverbera por toda a Líbia, onde grupos extremistas muçulmanos e secularistas disputam o poder, três anos após a queda do ditador Muamar Kadafi.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Câmara dos EUA autoriza processo contra Obama

Por 225-201, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, dominada pela oposição republicana, autorizou hoje seu presidente, deputado John Boehner, a processar o presidente Barack Obama por abuso de poder ao dar às empresas, sem a autorização do Congresso, mais um ano de prazo para começarem a oferecer seguro-saúde aos empregados ou pagar multa.

Toda a bancada democrata e cinco republicanos votaram contra. Ao encaminhar a votação, Boehner argumentou que o Congresso precisa exercer sua autoridade: "Esta não é uma questão entre republicanos e democratas. É defender a Constituição que juramos proteger."

A alegação é que o Executivo não tinha poder para alterar a lei da reforma da saúde, que o Partido Republicano promete revogar se obtiver maioria no Senado nas eleições intermediárias de de novembro de 2014.

Obama mudou a regulamentação da lei, ampliando o prazo as empresas se adaptarem para 2015 e, nas que tiverem entre 50 e 99 empregados, até 2016.

Se o processo de impeachment for em frente, será um tema central da campanha para as eleições de outubro. Atrás nas pesquisas por causa da impopularidade do governo Obama, os democratas vêm no radicalismo dos republicanos uma oportunidade para motivar seus eleitores, arrecadar mais dinheiro e revigorar a campanha.

Argentina não faz acordo e calote é iminente

A Argentina não chegou a um acordo com os credores que rejeitaram as renegociações da dívida pública do país em 2005 e 2010 e exigem pagamento integral. O mediador das negociações num tribunal federal de Nova York, nos Estados Unidos, Daniel Pollack, declarou há pouco que o calote é iminente, noticiou o jornal The Wall St. Journal. Como tem dinheiro, a Argentina entra numa "moratória técnica".

Em entrevista no consulado argentino em Nova York, o ministro da Economia, Axel Kicillof, não descartou a possibilidade de um acordo entre bancos privados argentinos e os fundos de investimento para evitar um calote que seria ruinoso para a economia do país, informa o jornal Clarín. A tentativa do setor financeiro argentino de comprar os papéis em mãos dos fundos que rejeitam um desconto tem o apoio do presidente do Banco Central, Juan Carlos Fábrega, e a oposição de Kicillof.

Depois de criticar a decisão como "inadequada", o jovem ministro explicou que a Argentina pediu mais tempo para os credores. Kicillof disse que, "se aceitamos o que pedem, esta demanda se multiplica por cem. O juiz Thomas Griesa quer nos obrigar a fazer um acordo que seria um tremendo erro para o governo argentino." Resta ver o que sairá mais caro: um mau acordo ou o calote?

Kicillof esclareceu que "a posição argentina não mudou em relação ao que foi dito por mim e pela presidente sobre o que estamos dispostos a fazer. Em seguida, enumerou os pontos centrais da Argentina:
  1. "Não fazer nenhum acordo lesivo ao país."
  2. "Defender as negociações exitosas de 2005 e 2010."
  3. "Tomar todas as medidas previstas em nossos contratos com base na lei nacional e internacional."
Quase 93% dos cerca de US$ 100 bilhões de títulos caloteados na crise de 2001-2 foram renegociados com desconto em relação ao valor devido pela Argentina. Os outros detentores de bônus não aceitaram, e alguns fundos de investimento especializados em "papéis podres" compraram os títulos argentinos por um valor irrisório e entraram na Justiça exigindo pagamento integral.

Como as renegociações incluem uma cláusula que oferece aos novos credores as mesmas vantagens de negociações posteriores realizadas até o fim de 2014, se a Argentina pagar o US$ 1,3 bilhão, quem aceitou um desconto pode querer os mesmos termos oferecidos aos fundos especulativos.

Hoje é o prazo final, prorrogado por 30 dias, para a Argentina pagar juros aos novos credores com títulos renegociados. O dinheiro foi depositado, mas o juiz Thomas Griesa bloqueou o pagamento para garantir os direitos dos antigos credores, que teriam direito a receber antes.

Desde o início, o governo Cristina Kirchner indicou claramente a intenção de não se render aos fundos que chama de "abutres". A popularidade da presidente, abalada pela péssima situação da economia, com expectativa de 40% de inflação para este ano, subiu, mas os empresários argentinos estão muito preocupados. O país já está em recessão. O calote só pode tornar a crise ainda pior.

O Brasil também será afetado. As exportações para a Argentina despencaram e o governo deve aumentar o controle de câmbio, com impacto direto sobre a indústria automobilística nacional. Atrasada tecnologicamente, só consegue vender suas carroças para países como o vizinho.

Espanha espera crescer 1,5% em 2014

A Espanha, um dos países mais abalados pela crise na Zona do Euro, cresceu 0,6% no segundo trimestre de 2014, uma pequena aceleração depois da alta de 0,4% nos primeiros três meses do ano.

O governo também anunciou hoje uma revisão para cima da expectativa de crescimento para o ano inteiro, que agora é de 1,5%.

EUA voltam a crescer, em ritmo de 4% ao ano

A economia dos Estados Unidos superou as expectativas e avançou num ritmo de 4% ao ano no segundo trimestre de 2014, revelou hoje o Departamento do Comércio na sua primeira estimativa de crescimento para o período. Os analistas esperavam 3%, noticia o jornal The New York Times.

O relatório cita o aumento das exportações e do consumo pessoal como responsáveis pela expansão da maior economia do mundo. A contração do primeiro trimestre também foi revisada de 2,9% para 2,1% ao ano, fortalecendo a impressão dos economistas de ter sido um fenômeno excepcional causado pelo inverno rigoroso.

Outro dado inspirador de otimismo foi a estimativa da empresa de recursos humanos ADP, maior processadora de folhas de pagamento dos EUA, de que o setor privado abriu 218 mil vagas de emprego a mais do que fechou em julho. É menos do que o saldo de 281 mil de junho, mas pelo quarto mês consecutivo houve um ganho de mais de 200 mil empregos.

Ontem o Conference Board, uma instituição de pesquisas privada, declarou que a confiança do consumidor é a maior em sete anos, mas ainda há problemas na recuperação da economia americana. Em depoimento no Congresso, a presidente da Reserva Federal (Fed), o banco central dos EUA, Janet Yellen, manifestou preocupação com o fraco aumento nos salários. Os preços das casas sobem no menor ritmo em mais de um ano.

"Recuperamos parte do terreno perdido nos primeiros três meses do ano, mas não há nada nos dados revelados hoje para indicar que a economia esteja crescendo num ritmo mais forte do que estava nos últimos dois anos", afirmou o Instituto de Política Econômica, uma entidade não lucrativa preocupada com a situação dos trabalhadores das classes média e baixa.

Israel ataca outra escola e mata 20 palestinos

Um bombardeio com tanques israelenses atingiu hoje uma escola hoje como refúgio no Norte da Faixa de Gaza matando pelo menos 20 pessoas, informou a agência das Nações Unidas para ajuda ao povo palestino. Israel declarou uma trégua humanitária por quatro horas que acabou em três horas e meia.

Os representantes da ONU condenaram com veemência o bombardeio, advertindo que alertaram as autoridades israelenses 17 vezes sobre as coordenadas da escola. Os tiros de canhão atingiram duas salas de aula da escola do centro de refugiados de Jabalia onde havia 3,3 mil palestinos abrigados.

As Forças de Defesa de Israel alegaram estar apenas respondendo a ataques de militantes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e seus aliados.

Cerca de 200 mil habitantes de Gaza fugiram de suas casas e estão alojados precariamente nas 83 escolas geridas pela ONU no território. Outra escola tinha sido atingida seis dias atrás, quando 15 pessoas foram mortas.

Em Ramalá, na Cisjordânida, a Autoridade Nacional Palestina (ANP) anunciou que não vai às negociações de cessar-fogo no Cairo se não houver uma trégua de 24 horas. A ANP tenta reafirmar sua autoridade, abalada pela impotência diante da guerra entre Israel e o Hamas.

O total de mortos chegou hoje a pelo menos 1.340 palestinos e 59 israelenses.

Israel pode propor termos do cessar-fogo à ONU

Por orientação do Ministério do Exterior, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pode apresentar um projeto de resolução ao Conselho de Segurança das Nações Unidas com as exigências de Israel para um cessar-fogo definitivo na guerra contra o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e outros grupos radicais palestinos, noticiou o jornal liberal israelense Haaretz.

Esta "saída diplomática" visa a tirar a legitimidade internacional conquistada pelo Hamas ao resistir à ofensiva israelense, desmilitarizar a Faixa de Gaza e devolver o governo do território à Autoridade Nacional Palestina (ANP). Foi proposta em carta do diretor-geral da Chancelaria de Israel, Nissim ben Shetrit, ao conselheiro de Segurança Nacional, Yossi Cohen.

O documento lembra a Resolução 1.701 do Conselho de Segurança da ONU, que pôs fim à guerra contra a milícia fundamentalista xiita Hesbolá (Partido de Deus). Ela previa o desarmamento do Sul do Líbano e a ocupação da região ao sul do Rio Litani pelo Exército libanês.

A meta agora seria obter o apoio do Egito, dos Estados Unidos, das potências europeias e da ANP para contornar o Hamas e não ceder a suas exigências. A mais importante é o fim do bloqueio à Faixa de Gaza.

terça-feira, 29 de julho de 2014

EUA e UE reforçam sanções contra a Rússia

Diante da recusa do presidente Vladimir Putin de controlar os rebeldes russos da Ucrânia e permitir uma investigação sobre a queda do Boeing 777 da Malaysia Airlines, os Estados Unidos e a União Europeia adotaram hoje sanções muito mais duras contra a Rússia.

Os setores mais atingidos são de finanças, defesa, petróleo e gás. A dúvida é se as sanções serão capazes de mudar a posição do homem-forte do Kremlin ou torná-lo mais fechado ao diálogo, observa o jornal The Wall St. Journal.

Ao fazer o anúncio na Casa Branca, o presidente Barack Obama negou que se trata de uma nova guerra fria: "É uma questão específica relacionada à falta de vontade da Rússia de reconhecer que a Ucrânia pode traçar seu próprio caminho."

O Departamento do Tesourou incluiu mais três bancos estatais russos na lista de instituições financeiras que terão acesso limitado aos mercados de capitais em dólar: Hit VTB, Banco de Moscou e Banco Agrícola da Rússia. Assim, cinco dos seis grandes bancos russos estão submetidos a sanções dos EUA.

A indústria bélica United Shipbuilding Corporation teve os ativos bloqueados e foi proibida a exportação de "equipamento para a prospecção e a exploração de petróleo".

Horas antes, a UE anunciara sanções aos setores de defesa, petróleo e alta tecnologia. Os europeus vinham relutando por causa do impacto sobre a economia do continente, que ainda não se recuperou plenamente da crise. Agora, 23 empresas e 95 indivíduos são alvos das sanções europeias.

A Rússia fornece um terço do gás consumido pela UE. O Reino Unido temia perder o capital russo que se abriga no centro financeiro de Londres. E a França, que vendeu dois porta-helicópteros à Rússia, nas palavras do presidente François Hollande, vai "entregar o primeiro e aguardar o comportamento da Rússia".

O governo russo reagiu limitando as exportações de frutas e outros produtos para a UE.

Israel mata mais de cem palestinos num dia

Com mais de 60 bombardeios aéreos, Israel intensificou hoje os ataques à Faixa de Gaza, matando mais de cem palestinos. A única usina de energia elétrica do território foi destruída, o que afeta hospitais e serviços de emergência. Entre os mortos, há funcionários das Nações Unidas, revela a televisão pública britânica BBC. Também foi atingida a casa do vice-líder do Hamas e ex-primeiro-ministro palestino, Ismail Haniya.

Para um porta-voz militar israelense, os ataques são "um aumento gradual da pressão sobre o Hamas", o Movimento de Resistência Islâmica, que continua bombardeando Israel, com foguetes e morteiros muito menos poderosos do que as armas do inimigo.

O Hamas rejeitou hoje uma proposta de trégua humanitária de 24 horas feita pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, que perde prestígio com a guerra, enquanto os extremistas muçulmanos se apresentam como os únicos capazes de infligir danos ao inimigo.

No 22º de conflito, o total mortos passou de 1,2 mil palestinos e chegou a cerca de 55 israelenses.

EUA acusam Rússia de violar acordo nuclear

Os Estados Unidos acusam a Rússia de violar o Tratado sobre Forças Nucleares Intermediárias, assinado em 8 de novembro de 1987 na Casa Branca pelo então presidente Ronald Reagan e o líder da União Soviética, Mikhail Gorbachev, noticia o jornal The New York Times. Foi o primeiro acordo a reduzir os arsenais nucleares das superpotências.

Toda uma classe de mísseis nucleares de cruzeiro ou baseados em terra com alcance entre 500 e 5,5 mil quilômetros foi eliminada. Agora, os EUA dizem que a Rússia começou a testar mísseis nucleares de cruzeiro em 2008. Em 2011, as autoridades americanas concluíram que os testos violavam o acordo. Em maio de 2013, o Departamento de Estado fez a primeira reclamação oficial.

Em carta ao presidente Vladimir Putin entregue ontem pela embaixada americana em Moscou, o presidente Barack Obama manifesta a intenção de manter um diálogo de alto nível para preservar o tratado, mas a atual confrontação causada pela intervenção militar russa na Ucrânia complica a negociação.

O conflito entre o governo ucraniano e os rebeldes apoiados pelo Kremlin se intensificou nos últimos dias. As forças ucranianas tentam isolar a região de Donetsk. Hoje, o secretário de Estado americano, John Kerry, observou que não há "o menor sinal de evidências de que a Rússia está interessada em reduzir o apoio".

A União Europeia anunciou novas sanções à Rússia. O presidente Barack Obama deve fazer o mesmo em breve.

Câmara Municipal anuncia trégua em Trípoli

A Câmara Municipal de Trípoli, a capital da Líbia, anunciou hoje ter chegado a um acordo entre milícias rivais para um cessar-fogo de 24 horas na Batalha do Aeroporto. O maior objetivo é proteger os bombeiros que lutam contra um incêndio num depósito de combustível próximo.

Há três semanas, a milícia islamita da cidade de Missurata enfrenta um grupo armado secularista da cidade de Zintan. O conflito já se alastrou pelo país. Atingiu Bengázi, a segunda maior cidade líbia, e ameaça se transformar numa guerra civil nacional entre fundamentalistas muçulmanos e secularistas. Pelo menos cem pessoas morreram até agora.

Três anos depois da queda do ditador Muamar Kadafi, os rebeldes apoiados em 2011 pela força aérea da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) brigam entre si. A União Europeia adverte que a Líbia está à beira da anarquia.

Câmara dos EUA reforça sanções à Coreia do Norte

A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou ontem um aperto nas sanções financeiras para restringir o acesso do regime comunista da Coreia do Norte a moedas fortes, informou hoje a televisão estatal japonesa NHK.

Os bancos estrangeiros que financiem a Coreia do Norte estão proibidos de operar no sistema financeiro americano. A medida vai na contramão do que fez recentemente o primeiro-ministro Shinzo Abe, principal aliado dos EUA no Leste da Ásia, anunciando o afrouxamento das sanções ao regime stalinista de Pionguiangue.

China investiga ex-ministro da Segurança por corrupção

O ex-ministro da Segurança Pública Zhou Yongkang está sendo investigado por "violações disciplinares sérias", expressão usada pelo regime comunista chinês em denúncias de corrupção. Ele era membro do Comitê Permanente do Politburo do Comitê Central do Partido Comunista, um dos nove imperadores que governavam a China na presidência de Hu Jintao; hoje, são apenas sete.

Em uma nota curta, a agência oficial de notícias Nova China, citada pela televisão estatal britânica BBC, informou que o inquérito será realizado pela Comissão Central para Inspeção Disciplinar do partido.

Zhou é o mais alto dirigente comunista chinês sob inquérito desde o processo contra a Gangue dos Quatro, que incluía a viúva de Mao Tsé-tung, Jiang Ching, em 1981. O grupo e o ex-expoente da linha dura Lin Piao, falecido num acidente de avião suspeito quando fugia do país, foram acusados pelos excessos da Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76).

A atual investigação faz parte da campanha de combate à corrupção do presidente Xi Jinping, que promete caçar de "moscas a tigres". Deflagrou uma onda de choque entre a elite dirigente chinesa, em que parentes de altos funcionários do partido fazem fortunas rapidamente sob a proteção da censura e da ditadura militar.

Mais de 300 parentes, sócios, aliados políticos, protegidos e funcionários de Zhou foram presos ou interrogados nos últimos meses. As autoridades chinesas apreenderam US$ 14,5 bilhões em bens e ativos de parentes e sócios de Zhou. Ele fez carreira no partido e no governo dentro do serviço secreto e da Companhia Nacional de Petróleo da China.

Os investigadores congelaram depósitos bancários, confiscaram bônus, ações e outros títulos negociados no mercado financeiro, 300 casas e apartamentos, objetos de arte, antiguidades, bebidas caras, ouro, prata, joias e dinheiro em várias moedas.

Alguns analistas acusam Xi de fazer uma manobra para consolidar seu poder. Ao alvejar dirigentes importantes como Zhou, o presidente quer indicar que desta vez será diferente. O dirigente que caiu em desgraça era ligado a Bo Xilai.

Bo era a estrela em ascensão da linha dura saudosa do maoísmo. Sonhava em ser líder do PC e presidente da China quando foi preso, em março de 2012, expurgado do partido em abril e condenado no mesmo ano por corrupção, abuso de poder e envolvimento no assassinato do empresário britânico Neil Heywood, ordenado por sua mulher Gu Kailai.

Rebeldes de Xinjiang matam 13 na China

Um ataque com facas na cidade de Yarkant, na província de Xinjiang, no Leste da China, perto da fronteira com o Tajiquistão matou 13 pessoas, informou hoje a televisão pública britânica BBC.

Todas as vítimas eram chineses da etnia hã, dominante no país. Eles estão sendo enviados a regiões remotas para mudar a composição étnica e enfraquecer a minoria uigur, predominantemente muçulmana, numa política de assimilação cultural como a aplicada ao Tibete.

O governo central de Beijim está preocupado com as ações terroristas da minoria uigur e do Movimento pela Libertação do Turquestão Oriental. Nenhum meio de comunicação estatal chinês deu a notícia.

Epidemia de ebola avança e ameaça Nigéria

Depois de infectar pelo menos 1.021 pessoas e de matar 672 desde março de 2014 na África Ocidental, a maior epidemia da febre hemorrágica ebola registrada até hoje ameaça a Nigéria, país mais populoso do continente, com 177 milhões de habitantes. Sem vacina nem tratamento, a única saída é isolar os doentes e tentar controlar os sintomas da fase aguda.

A situação é mais grave na Guiné, onde começou o surto, na Libéria e em Serra Leoa. Com a morte em Lagos, maior cidade do continente, com 20 milhões de habitantes, de um liberiano de 40 anos que esteve em Lomé, capital do Togo, soou o alarme. O risco de contágio chegou à Nigéria. Todos os portos e aeroportos foram colocados em estado de alerta.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Cruz Vermelha Internacional, o Crescente Vermelho e a organização não governamental Médicos sem Fronteiras (MsF), o maior surto da história da doença desde a descoberta do vírus ebola, em 1976, virou uma "epidemia regional" e assim deve ser combatido e contido.

Apesar de ter se tornado o país mais rico da África, superando a África do Sul ao mudar a metodologia de cálculo do produto interno bruto para incorporar novos setores da economia, a Nigéria tem infraestrutura e os serviços de saúde pública precários e mal financiados.

O Ministério da Saúde nigeriano declarou que o morto não teve tempo de circular entre a população de Lagos para transmitir o vírus. Os outros passageiros e os tripulantes que voo que o levou ao país estão sendo alertados e examinados.

Por orientação da OMS, a Nigéria não fechou suas fronteiras para tentar barrar a entrada do vírus. A agência da ONU considera a medida, tomada domingo pela Libéria, "contraproducente e totalmente ineficiente".

Todas as capitais dos países atingidos registram casos, sinal de que a epidemia pode se propagar rapidamente. No domingo, uma cabeleireira de 32 anos tornou-se a primeira vítima de Freetown, a capital de Serra Leoa. Conacri, na Guiné, e Monróvia, na Libéria, já tiveram suas mortes.

O vírus ebola é transmitido pelas secreções humanas, não pelo ar, mas pelo contato físico, o que facilita muita o contágio desta doença fatal em quase 90% dos casos.

"Como não existe nenhum tratamento propriamente dito nem vacina, é essencial acompanhar as pessoas que tiveram contato com mortos ou doentes", comentou o epidemiologista Michel van Herp, dos MsF. "Esse contato pode ser em massa em funerais comunitários nas aldeias, especialmente na Libéria e em Serra Leoa."

Todo o mundo que teve contato com mortos ou doentes deve ser observado durante três semanas. Depois desse período, se a pessoa não tiver febre alta, diarreia, vômitos e grande cansaço, os sintomas da doença, não precisa mais ser acompanhada.

Dois americanos foram infectados na Libéria. Um é médico. Trabalha para a instituição beneficente evangélica Bolsa do Samaritano. A outra é uma mulher que trabalha num hospital de caridade.

Em Kenema, em Serra Leoa, 15 funcionários dos serviços de saúde pegaram a doença e morreram, o que provocou greves e protestos de médicos e enfermeiros. Equipes dos MsF foram atacadas no interior da Guiné por pessoas que acusam profissionais de saúde de levar a doença para suas aldeias.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Grande Guerra forjou o século 20

Em 28 de julho de 1914, o Império Austro-Húngaro declarou guerra à Sérvia em resposta ao assassinato do herdeiro do trono, arquiduque Francisco Ferdinando, pelo estudante radical sérvio Gavrilo Princip um mês antes em Sarajevo. A Alemanha apoiou a Áustria. A França e a Rússia ficaram do lado da Sérvia.

No início de agosto 1914, as grandes potências da Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália) e da Tríplice Entente (França, Grã-Bretanha e Rússia) iniciavam os combates da Primeira Guerra Mundial.

Era para ser uma guerra curta. Todos voltariam para casa no Natal. Virou a Grande Guerra. Quando os canhões silenciaram, às 11h de 11 de novembro de 1918, pelo menos 18 milhões de pessoas tinham sido mortas. Outros milhões morreram na pandemia de gripe espanhola, propagada pelo soldados que voltavam das frentes de batalha.

Foi o fim do que o historiador britânico Eric Hobsbawm chamou de Era dos Impérios. Os impérios Alemão, Áustro-Húngaro, Russo e Otomano (turco) desapareceram, redesenhando os mapas da Europa e do Oriente Médio. A Polônia renasceu das cinzas dos impérios europeus.

Os impérios Britânico e Francês criaram o moderno Oriente Médio, fonte de tantos conflitos e ressentimentos históricos. A criação de Israel começou com a Declaração de Balfour, de 1917, em que o ministro do Exterior britânico, Arthur James Balfour, prometeu ao Barão de Rothschild criar uma pátria para o povo judeu na Palestina.

A guerra deixava definitivamente de ser um esporte de aristocratas montados a cavalo com espadas e penachos na cabeça para se transformar numa atividade industrial com milhões de soldados enviados de trem para as linhas de frente, onde eram submetidos a um incessante bombardeio da artilharia inimiga. Os franceses ainda usavam um uniforme branco que os tornavam alvos mais fáceis para as novas tecnologias militares.

Num único dia de agosto de 1914, a França perdeu 22 mil soldados. No primeiro dia da Batalha do Somme, 1º de julho de 1916, morreram 19.240 britânicos, no pior dia da história do Exército Real.

O avião se tornou uma arma de guerra pela primeira vez. Os tanques e as armas químicas também. Um grande impasse na frente ocidental fez com que os dois lados estagnassem numa longa linha de trincheiras que ia da Bélgica à França. Quando a Alemanha parecia estar em vantagem, em março de 1918, os americanos entraram na guerra e romperam o equilíbrio.

Derrotados e humihados na frente oriental, os soldados do Exército Imperial da Rússia voltaram para casa e se juntaram às revoluções que derrubaram o czar e levaram os comunistas ao poder, em 1917. No mesmo ano, os Estados Unidos declaravam guerra à Alemanha depois de terem vários navios afundados no Oceano Atlântico. O Brasil faz o mesmo.

Quando a guerra acabou, o presidente dos EUA, Woodrow Wilson, apresentou seu plano de paz de 14 pontos que incluía a criação da Liga das Nações, a primeira organização internacional de caráter universal dedicada à paz mundial.

Wilson convencera os americanos de que era "a guerra para acabar com todas as guerras". Mas a Conferência de Versalhes produziu "a paz para acabar com todas as pazes", e o Congresso dos EUA não ratificou a Convenção da Liga das Nações. O isolacionismo dos EUA e o fracasso da Liga contribuíram para minar a paz.

Sem o colapso da economia alemã no começo dos anos 1920s sob o peso das dívidas de guerra impostas pelo Tratado de Versalhes, de 1919, talvez o nazismo não tivesse tomado conta da Alemanha e deflagrado a Segunda Guerra Mundial.

Poetas e escritores que serviram nas trincheiras produziram vasta literatura sobre a agonia nas frentes de combate. Adeus às Armas, de Ernest Hemingway; Terra Arrasada, de Thomas Stearn Eliot; e Nada de Novo na Frente Ocidental, de Erich Maria Remarque; estão entre as obras-primas do século 20. O poeta britânico Siegfried Sassoon, condecorado na frente ocidental, ironizou em versos o patriotismo exaltado que empolgou e desgraçou o mundo.

Sunitas formam milícias contra o Estado Islâmico

Alguns líderes tribais sunitas do Norte do Iraque anunciaram ontem a formação de milícias para combater o grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

A tribo obeidi está formando uma milícia nas províncias de Kirkuk e Saladino. Também em Saladino, a tribo jaburi faz o mesmo. Ambas se opõem ao governo central do primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki, acusado de alienar a comunidade sunita com políticas sectárias.

Hamas sofre isolamento político no mundo árabe

Do lado palestino, uma das dificuldades para cessar fogo na atual guerra contra Israel é o enfraquecimento político do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) no Oriente Médio depois desde a queda do governo da Irmandade Muçulmana no Egito em 3 de julho de 2013. Só o emirado do Catar o apoia e um pouco a Turquia, que não é árabe.

A Arábia Saudita e o Egito, os principais aliados dos Estados Unidos no mundo árabe, consideram o Hamas um de seus maiores inimigos. Disfarçadamente, apoiam a ofensiva militar de Israel. Por isso, o Hamas rejeitou totalmente a proposta egípcia de cessar-fogo, que não contemplava nenhuma de suas exigências políticas, a começar pelo fim do bloqueio à Faixa de Gaza.

Desde a morte de nove turcos no ataque a uma flotilha que tentava romper o bloqueio a Gaza, em 31 de maio de 2010, as relações entre Israel e a Turquia foram abaladas, prejudicando o papel do governo turco como interlocutor.

Em entrevista à televisão pública britânica BBC, a pesquisadora especialista em Oriente Médio Rosemary Hollis, professora da City University de Londres, observou que a Arábia Saudita e o Egito gostariam que "o Hamas desaparecesse da Faixa de Gaza, sendo substituído não por Mahmoud Abbas, mas pelos líderes da Fatah que derrotou em 2007", na guerra civil palestina que terminou com o domínio da Fatah nas áreas palestinas da Cisjordânia e do Hamas em Gaza.

O problema, acrescentou Hollis, é que o Hamas não é apenas um grupo armado. É um movimento político com escolas, centros de saúde, obras sociais e uma forte base política em Gaza: "A população de Gaza quer que Israel sofra como eles estão sofrendo. E quem impõe algum sofrimento a Israel é o Hamas, mais do que os governos do Cairo, Riade e Ramalá" (sede da Autoridade Nacional Palestina).

O total de mortos chegou hoje a pelo menos 1.065 palestinos, sendo 75% civis, e 51 israelenses, entre os quais 48 era soldados.

Netanyahu adverte que guerra será longa

Em mensagem para reduzir as esperanças de cessar fogo, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu advertiu hoje a população de Israel a se preparar para uma longa guerra contra o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas).

"Ainda não terminamos o que temos de fazer", alertou Netanyahu, referindo-se à intenção de destruir os túneis clandestinos usados para invadir e surpreender as patrulhas de fronteira de Israel. "Não há guerra mais justa do que esta", declarou, sem anunciar uma possível ampliação da ofensiva como alguns esperavam..

Os dois lados se acusam mutuamente por ataques que atingiram o hospital Al-Chifa, o maior da Faixa de Faza, e o campo de refugiados de Al-Chati. Dez palestinos morreram no campo. Oito eram crianças.

Batalha do Aeroporto causa incêndio em Trípoli

Um grande reservatório de petróleo pegou fogo hoje durante um conflito armado de milícias pelo controle do aeroporto de Trípoli, a capital da Líbia, que os bombeiros não estão conseguindo controlar.

A Batalha do Aeroporto já dura 20 dias. Opõe a milícia islamita da cidade de Missurata à milícia anti-islamita da cidade de Zintan, no Leste. As embaixadas dos Estados Unidos e do Reino Unido foram totalmente esvaziadas.

O que começou há três semanas como um conflito entre forças irregulares pelo controle do aeroporto se transformou numa batalha pelo controle da capital líbia. Já se espalhou pelo país, chegou a Bengázi, a segunda maior cidade do país, que no momento enfrenta o pior da violência, e ameaça se transformar numa guerra civil total entre islamitas e anti-islamitas.

Com a ampliação do conflito, os jihadistas estão convocando milicianos testados na guerra civil na Síria, enquanto o principal comandante militar das forças secularistas, Khalifa Haftar, arregimenta quem pode para enfrentar os fundamentalistas muçulmanos.

Três anos depois da queda do ditador Muamar Kadafi, os revolucionários lutam entre si. A Líbia está à beira da anarquia, adverte o enviado especial da União Europeia, o espanhol Bernardino León. O Exército da Líbia inexiste na prática, e o primeiro-ministro Abdullah al-Thinni limitou-se a pedir às Nações Unidas que enviem uma missão de paz. Isso enfureceu as milícias. Os jihadistas bloquearam três tentativa do chefe de governo de fugir de Trípoli.

Ataque de Israel atinge hospital na Faixa de Gaza, diz TV do Hamas

O principal hospital e um grande campo de refugiados da Faixa de Gaza foram alvejados hoje por um bombardeio aéreo israelense, informou a televisão palestina Al-Aqsa. Pelo menos dez pessoas foram mortas.

A situação é confusa. Israel declarou que os alvos podem ter sido atingidos por engano por foguetes defeituosos do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas). Como as leis de guerra protegem hospitais, o bombardeio pode ser enquadrado como crime de guerra.

Um morteiro palestino caiu hoje do lado israelense da fronteira, matando pelo menos quatro pessoas e ferindo outras seis. Cinco soldados israelenses morreram em combate na Faixa de Gaza.

Daqui a uma hora, o governo de Israel deve fazer um pronunciamento. A ONU e os Estados Unidos pressionam o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a aprovar um cessar-fogo humanitário imediato e inconcional que conduza à cessão total das hostilidades e à retomada do processo de paz.

"Os líderes precisam mostrar seu senso humanitário. Quem está morrendo são os civis", apelou o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon. Na sua opinião, falta vontade política para o cessar-fogo.

Israel quer manter suas forças em Gaza para continuar destruindo bases de lançamento de foguetes e túneis usados para invadir Israel. Quer desmilitarizar o Hamas. Por sua vez, o movimento palestino exige o fim do bloqueio à Faixa de Gaza.

Rússia terá de pagar US$ 50 bi a acionistas da Yukos

Numa das maiores multas impostas a um país soberano, a Rússia foi condenada pela Corte Internacional de Arbitragem, com sede em Haia, na Holanda, a pagar US$ 50 bilhões aos acionistas da companhia de petróleo Yukos, que pediam US$ 100 bilhões.

O painel de arbitragem concluiu que a falência, venda de ativos e desapropriação da empresa na década passada foram ilegais, informa o jornal inglês Financial Times. A Rússia pretende recorrer a todas as instâncias possíveis.

O presidente Vladimir Putin começou a perseguir o empresário Mikhail Khodorkovsky, na época o maior acionista da empresa e homem mais rico da Rússia, quando ele financiou partidos de oposição, insatisfeito com o autoritarismo do homem-forte do Kremlin.

Khodorkovsky era o 16º homem mais rico do mundo na lista da revista americana Forbes quando foi preso, em 25 de outubro de 2003. Ficou dez anos na cadeia por sonegação de impostos e fraude fiscal. Sempre afirmou que o processo foi político.

"Do início ao fim, o caso Yukos foi exemplo de um saque descarado de uma empresa de sucesso por uma máfia ligada ao Estado", disse ele hoje, admitindo ter recebido a decisão "com um sentimento de satisfação".

Com a estatização da Yukos, seus ativos hoje formam a maior parte do patrimônio da empresa de economia mista Rosneft, a maior companhia petrolífera do mundo cotada em bolsa de valores, que está sob sanções dos Estados Unidos por causa da intervenção militar russa na Ucrânia. O caso revelou os métodos autocráticos de Putin para restabelecer o controle estatal sobre os setores de gás e petróleo, os mais importantes da economia russa.

domingo, 27 de julho de 2014

ONU e Obama pressionam Israel por cessar-fogo

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, falou hoje por telefone com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pela terceira vez desde que Israel iniciou uma operação militar contra o Movimento de Resistência Islâmica e seus aliados na Faixa de Gaza há 20 dias, desta feita para pressioná-lo a declarar um cessar-fogo.

Obama afirmou que uma trégua humanitária imediata é um "imperativo estratégico" para "a cessação definitiva das hostilidades. À noite, o Conselho de Segurança da ONU aprovou resolução exigindo um "cessar-fogo incondicional".

O total de mortos nesta guerra está em mais de 1.030 paletinos, sendo 70% civis e 20% crianças, e 45 israelenses, entre os quais dois eram civis.

Boko Haram sequestra mulher do vice-primeiro-ministro de Camarões

A milícia extremista muçulmana nigeriana Boko Haram sequestrou a mulher do vice-primeiro-ministro da República de Camarões numa incursão ao país vizinho, noticiou hoje a agência Associated Press (AP) citando como fontes o governo camaronês.

Os alvos do ataque à cidade de Kolofata, no Norte de Camarões, foram a casa do primeiro-ministro Amadou Ali e de um líder político local.

Hamas pede nova trégua, por 12 horas

O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) declarou um novo cessar-fogo de 12 horas no conflito contra Israel, a partir das 14h locais deste domingo (8h em Brasília).

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rejeitou a proposta, alegando que "o Hamas violou seu próprio cessar-fogo ao disparar foguetes.

sábado, 26 de julho de 2014

Chanceler Figueiredo explica posição do Brasil

Esta foi a carta de resposta do ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, às críticas do embaixador Israel Klabin à posição do Itamaraty em relação à atual guerra entre o Estado de Israel e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas):

Meu querido Israel,

Muito agradeço sua mensagem, pois me permite dar explicações ao amigo de tantos anos, a quem sempre respeitei e respeitarei. Sinto muito ter causado ofensa, pois isto jamais foi minha intenção. Peço sua paciência para arrolar algumas considerações:

- Em nota do dia 17 deste mes o Itamaraty condenou tanto os ataques de foguetes pelo Hamas contra Israel, quanto o ataque desproporcional israelense a Gaza, mantendo nossa postura de equilíbrio e reclamando o cessar fogo imediato e a solução de dois Estados, Israel e Palestina, vivendo em paz e segurança;

- a nova nota, datada de ontem, se prende à tragédia humanitária da morte de crianças, mulheres e idosos, em grande número, como consequência da luta;

- hoje dei várias declarações à imprensa, em que ressalto e reitero nossa condenação aos ataques do Hamas e defendi o direito de auto-defesa de Israel. Esclareci que nossa nota se prende à proporcionalidade da resposta israelense, diante da elevada perda de vidas na população civil. Morreram cerca de 200 crianças palestinas. Sejam palestinas, sejam israelenses, são 200 crianças.

- apesar de declarações destemperadas de um porta-voz israelense, optei por não polemizar, dizendo que povos e países amigos podem discordar eventualmente, e que isso deve ser feito sempre de maneira respeitosa;

- ressaltei que a amizade e as relações com Israel devem ser preservadas.

Você me conhece e sabe que não sou dado a radicalismos. Nem teria por que fazê-lo com relação a Israel. O Brasil é um belo exemplo de como as comunidades de origem judaica e árabe convivem em paz e harmonia. Acho apenas que criticar as ações de um governo não quer dizer criticar um país ou um povo. Não aceito que essas coisas se confundam. Tenho muitos amigos de origem judaica que são críticos do atual governo israelense, e em termos muito duros. Nem por isso suas críticas são consideradas ofensas.

Eu agradeço muito sua franqueza e respeito suas colocações. Peço ao amigo que também aceite as explicações que dou. Muito longe de mim ofender amigos tão queridos como meus amigos judeus. Muito menos, ofender uma pessoa como você. Mas quero ter o direito de discordar respeitosamente do governo israelense, quando for o caso, sem que isso seja lido como uma ofensa a todo um povo. A morte de um número elevado de mulheres, crianças e idosos é uma perda para todos, pouco importa sua origem.

Um abraço muito afetuoso,

Luiz Figueiredo

Embaixador Israel Klabin critica o Itamaraty

Em meio ao bate-boca antidiplomático entre o Brasil e Israel, o embaixador brasileiro aposentado Israel Klabin enviou carta de protesto ao ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo:

Carta endereçada ao Ministro das Relações Exteriores, Sua Exª. Luiz Alberto Figueiredo
Por: Sr. Israel Sérgio Klabin
Assunto: Ofensa feita ao Estado de Israel e a todos nós judeus, pelo Itamaraty.
Conflito em Gaza

Meu caro Figueiredo,

Aproveito-me da nossa velha amizade e associação permanente no trato da política brasileira de meio ambiente para pedir-lhe que passe ao atual Ministro das Relações Exteriores, Sua Exª. Luiz Alberto Figueiredo Machado, as minhas observações abaixo:

Ao Excelentíssimo Senhor
Ministro das Relações Exteriores
Luiz Alberto Figueiredo Machado
 
Sempre tive, bem como a minha família, íntima relação com o Itamaraty através de dois chanceleres: Horácio Lafer e Celso Lafer, ambos judeus, que honraram não apenas o nome da família, mas o Brasil e sua política externa. Não preciso lembrá-lo também da importância de Oswaldo Aranha, quando Embaixador junto a ONU, na criação do Estado de Israel, trazendo com isso o agradecimento de todos os judeus do mundo.

É, portanto, com estranheza que acabei de ler a séria ofensa feita ao Estado de Israel e a todos nós judeus, pelo Itamaraty, quando “chamou o Embaixador para consulta”.

Tanto meus pais quanto eu, fazemos parte das gerações que atravessaram o holocausto e herdaram a missão de prestar serviços à humanidade e aos países que agasalharam os judeus na fuga milenar das perseguições oriundas de preconceitos, de ódios raciais e religiosos.

A nota do Itamaraty demonstra claramente um retrocesso da política fracassada de levar o Brasil para um envolvimento errado e desnecessário, antagônico ao princípio de não intervenção, o que tem sido um dos pilares da política externa brasileira através dos tempos.

A análise preconceituosa do que realmente está acontecendo no conflito em Gaza, seguramente levou o Itamaraty a conclusões apressadas e equivocadas.

Israel se defende de ataques de grupos terroristas, do Hamas associado ao Hezbollah, ao Irã e de tudo aquilo que é mais odiento na evolução política do Oriente Médio. Estranho o Brasil omitir-se em relação a esses grupos que tentam, pelo terror, “jogar os judeus ao mar”. Isto seguramente não acontecerá.

Ninguém mais do que o próprio Estado de Israel e as comunidades judaicas do mundo lamentam a perda inútil de vidas humanas provocadas pelo uso suicida das populações civis de Gaza, pelos terroristas de Hamas. Por outro lado, choramos também pelos soldados israelenses que tombaram lutando pela segurança do Estado e de suas famílias.

Pela admiração que tenho por V. Exª., gostaria que fosse levado em conta não apenas pressões políticas imediatistas, internas ou externas ao Itamaraty, mas também os grandes serviços que a comunidade judaica brasileira vem prestando ao nosso país no passado, no presente, bem como nosso compromisso com o futuro do Brasil, nosso país, e de Israel como centro da nossa cultura.

Respeitosos cumprimentos,

Israel Sergio Klabin

Hamas rejeita extensão da trégua com Israel

Com três foguetes e três morteiros que não causaram maiores danos em Israel, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) rejeitou há pouco a extensão por mais quatro horas da trégua humanitária de 12 horas observada hoje na Faixa de Gaza, dificultando ainda mais os esforços diplomáticos internacionais para negociar um cessar-fogo definitivo.

Para não sair da guerra sem ganhar nada, o Hamas exige o fim do bloqueio a Gaza e Israel a desmilitarização do território palestino. Como houve conflitos anteriores em 2008-9 e 2012, sem um acordo de paz definitivo e a criação de uma pátria para o povo palestino, a trégua será apenas temporária.

O total de palestinos mortos chegou hoje a 1.032.

Putin quer manter a influência sobre toda a Ucrânia

Bom tático, mas mau estrategista, o presidente Vladimir Putin conseguiu pequenas vitórias como a anexação da Ucrânia. Mas qual é sua visão estratégica? Qualquer que seja, a queda do avião da Malaysia Airlines e a morte das 298 pessoas a bordo desnuda a insensatez da intervenção militar do homem-forte da Rússia no Leste da Ucrânia.

Nesta semana, dei entrevista ao programa Sem Fronteiras, da Globo News, sobre a crise ucraniana e a queda do Boeing 777 que fazia ia da capital da Holanda, Amsterdã, para a da Malásia, Kuala Lumpur.

Putin vê o fim da União Soviética, em 1991, como "a maior catástrofe geopolítica do século 20", lamenta que 25 milhões de russos vivam em outras ex-repúblicas soviéticas e considera seu dever protegê-las. Quando era vice-prefeito de São Petersburgo, numa conferência internacional, o professor Timothy Garton Ash, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, observou que sob esta lógica seu país poderia recriar o Império Britânico.

Ex-diretor do serviço secreto russo formado nas entranhas do KGB (Comitê de Defesa do Estado), a antiga polícia política soviética, Putin sonha em restaurar pelo menos parte do poder imperial soviético. A Ucrânia é uma peça fundamental desse quebra-cabeça.

No discurso de anexação da Crimeia no Parlamento da Rússia, em 17 de março de 2014, o homem-forte do Kremlin chamou a capital da Ucrânia, Kiev, de "mãe de todas as cidades russas". A Rússia nasceu em Kiev. Uma carta de Vladimir, príncipe de Kiev, de 988, adotando o cristianismo como religião oficial do principado, é considerada o primeiro documento da história da Rússia.

Por isso, o projeto de Putin é manter a influência da Rússia sobre toda a Ucrânia. Aparentemente, não lhe interessa tomar mais um naco do país, a região Leste, o vale do Rio Don, onde a maioria é étnica e linguisticamente russa, mas sim desestabilizar a Ucrânia inteira para enfraquecer o governo de Kiev. Já conseguiu.

Mas, ao intervir militarmente na Ucrânia, Putin alienou a maior parte da população ucraniana, que se voltou contra a Rússia, enquanto o governo ucraniano também faz inimigos ao bombardear seu próprio país. Como a Ucrânia vai se associar à União Eurasiana, a mini-União Soviética de Putin, depois de um conflito que a Rússia contina a fomentar, enviando armas para os rebeldes mesmo depois da queda do avião malasiano?

Se a guerra, na definição do estrategista alemão Carl von Clausewitz, é a continuação da política por outros meios, a vitória na guerra exige que o resultado final seja uma reorientação da política de acordo com as aspirações do vencedor. Neste sentido, Putin sofre uma derrota.

A crise atual começou em novembro de 2013, quando o então presidente Viktor Yanukovich rompeu, sob pressão do Kremlin, negociações para associar a Ucrânia à União Europeia. Nenhuma ex-república soviética se livrou do domínio de Moscou, com a exceção dos países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), que entraram para a UE e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Na Revolução Laranja, contra uma fraude eleitoral para beneficiar Yanukovich, em 2004, a maioria dos ucranianos manifestara o interesse de se aproximar da Europa moderna, liberal e democrática, de um grupo de países que decidiram superar os nacionalismos responsáveis por duas guerras mundiais, construir uma comunidade supranacional e resolver seus conflitos pacificamente.

É com esta promessa da UE de um futuro próspero e democrático para a Ucrânia, e o exemplo da Polônia mora ao lado, que a Rússia de Putin não tem como competir.

EUA esvaziam embaixada na Líbia

Diante da batalha entre milícias rivais pelo controle do aeroporto de Trípoli, os Estados Unidos evacuaram hoje sua embaixada na capital da Líbia, noticiou o jornal The Washington Post. As funções diplomáticas foram transferidas para a embaixada na vizinha Tunísia.

Pelo menos 23 trabalhadores egípcios morreram neste sábado, quando a casa onde estavam, em Trípoli, foi atingida por um foguete durante a batalha do aeroporto, tornando-a no conflito mais sério desde a guerra civil que derrubou o ditador Muamar Kadafi, em 2011. Desde então, a Líbia não reconstruiu o Estado nacional.

Brasil joga para a plateia no Oriente Médio

Ao não condenar também o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), não participar das negociações de cessar-fogo com Israel e ignorar outros conflitos mais mortíferos no Oriente Médio, o Brasil usa dois pesos e duas medidas e joga para a plateia no conflito israelo-palestino. Isso ajuda a entender a reação agressiva, grosseira, deselegante e antidiplomática do Ministério de Exterior israelense ao chamar o país de "irrelevante" e "anão diplomático".

Em entrevista a O Globo de hoje, observo que raramente o Brasil faz uma condenação tão explícita a outro país. Diante do silêncio perante mais de 170 mil mortes na Síria, apesar do evidente uso de força desproporcional pelas Forças de Defesa de Israel, a estridência na questão palestina revela um desequilíbrio ou falta de critérios uniformes de avaliação de crises internacionais. Como do ponto de visto democrático, toda vida tem o mesmo valor, o número de mortos é que diz qual é o pior conflito.

Também não se justifica a acusação de genocídio feita pelo assessor especial de relações internacionais do governo Dilma Rousseff. Por mais que se possa criticar o massacre do povo palestino, não há comparação possível com o Holocausto e isso atinge diretamente o aspecto mais sensível da memória coletiva do povo judeu.

Certamente o Brasil não foi considerado um anão diplomático por Israel quando o então ex-chanceler Osvaldo Aranha proferiu, como presidente da primeira reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas, o voto de minerva para a criação do Estado de Israel, em 1947.

Em 2010, o Brasil reconheceu a independência da Palestina com base nas fronteiras anteriores à guerra de 1967. Faria mais para transformá-la em realidade se participasse construtivamente das negociações de paz.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Economia britânica supera nível pré-crise

Com um crescimento de 0,8% no segundo trimestre de 2014,  a economia do Reino Unido superou em 0,2% o pico anterior à Grande Recessão de 2008-9. Na comparação anual, o avanço foi de 3,1%, noticiou hoje a televisão pública britânica BBC, citando como fonte o Escritório Nacional de Estatísticas.

Do pico até o pior momento da crise, a economia britânica encolheu 7,2%. Até agora, só o setor de serviços, responsável por 80% do produto interno bruto do país, ultrapassou o nível recorde. Outros setores importantes, como a construção civil e a indústria manufatureira, ainda não se recuperaram totalmente.

Na quinta-feira, ao revisar suas previsões para a economia mundial, o Fundo Monetário Internacional aumentou de 2,8% para 3,2% sua expectativa de crescimento para o Reino Unido neste ano. Foi um dos poucos países a melhorar suas perspectivas em relação ao relatório anterior.

Israel aceita trégua humanitária de 12 horas no sábado

Depois de rejeitar por unanimidade uma proposta de trégua de uma semana feita pelos Estados Unidos, o governo de Israel declarou um cessar-fogo unilateral de 12 horas a partir das 7h30 da manhã deste sábado pelo horário local, na guerra contra o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) na Faixa de Gaza, para deixar chegar ajuda humanitária aos palestinos, informou há pouco o jornal francês Libération.

A notícia foi dada pelo secretário de Estado americano, John Kerry, às agências de notícias Associated Press (AP) e France Presse (AFP). O Hamas concordou com a trégua.

Neste momento, o chefe da diplomacia dos EUA viaja para Paris, onde vai se reunir com representantes da ONU, França, Reino Unido, Egito e Catar para retomar os esforços para um cessar-fogo permanente e a retomada das negociações de paz.

O total de mortos em 18 dias de conflito armado está em 826 palestinos e 36 israelenses.

A maior dificuldade para negociar um cessar-fogo é que nenhum lado quer sair desta guerra sem ganhar nada. Israel insiste na desmilitarização dos palestinos na Faixa de Gaza. O Hamas exige o fim do bloqueio ao território.

Israel rejeita proposta de trégua dos EUA e da ONU

Por unanimidade, o governo de Israel recusou hoje uma proposta de cessar-fogo por sete dias feita pelo secretário de Estado americano, John Kerry, com o apoio do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon, para permitir ajuda humanitária aos palestinos na Faixa de Gaza e encaminhar uma solução para o conflito com o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas).

"Vamos continuar trabalhando até que os dois lados voltem ao bom senso", lamentou o chefe da diplomacia dos Estados Unidos ao admitir mais um fracasso para obter uma trégua.

Israel exige o desarmamento do Hamas, que por sua vez rejeita qualquer trégua que não inclua o fim do bloqueio a Gaza.

As Nações Unidas, os EUA e o Egito, que lideram as negociações de cessar-fogo, sabem que sem um acordo de paz definitivo a situação voltará a explodir, como no fim de 2008 e em 2012.

A proposta americana é de retomada do processo de paz assim que terminar o atual conflito armado, mas o primeiro-ministro linha-dura de Israel aproveitou o momento para descartar qualquer possibilidade de devolver a Cisjordânia ocupada sob a alegação de que "seriam 20 Gazas". Isto seria o fim da paz baseada na existência de dois países convivendo lado a lado, com a criação de uma pátria para os palestinos.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Estado Islâmico ordena excisão de todas mulheres

Os extremistas do Estado Islâmico baixaram um decreto religioso (fatwa) no Iraque obrigando todas as mulheres de 11 a 46 anos a se submeterem à excisão ou mutilação genital feminina.

As Nações Unidas foram surpreendidas, admitiu a subchefe da missão da ONU no país, Jacqueline Badcock. Ela estimou que 4 milhões de mulheres podem ser alvo dos jihadistas.

A excisão é uma prática adotada em alguns países muçulmanos, extirpando o clitóris e parte dos lábios vaginais para impedir a mulher de ter prazer sexual e assim evitar que traia o marido em sociedades patriarcais machistas nas quais o sexo feminino supostamente tem poderes demoníacos.

Mali acerta trégua com seis grupos rebeldes

O governo do Mali assinou hoje acordos de cessar-fogo com seis grupos rebeldes atuantes no Norte do país, informou o sítio de notícias Jeune Afrique. A proposta é realizar futuras negociações para chegar a acordos definitivos.

Entre os grupos rebeldes, há milícias jihadistas ligadas à rede terrorista Al Caeda e o Movimento Nacional de Libertação de Azawade, que luta para criar uma pátria para os tuaregues, mais conhecidos como os nômades do Deserto do Saara.

FMI adverte que recuperação exige estímulos

O Fundo Monetário Internacional (FMI) baixou de 3,7% para 3,4% sua previsão para o crescimento da economia mundial em 2014 e advertiu que "a recuperação mundial precisa de forte apoio". Para 2015, a expectativa é de um avanço de 4%.

No Brasil, pelos cálculos do fundo, a expansão neste ano deverá ser de 1,3%, em vez do 1,8% anunciado em abril. As projeções do mercado já estão abaixo disso, em torno de 1%, enquanto o governo promete 1,8%. Em contraste, as economias emergentes vão crescer em média 4,6%.

A queda mais significativa foi para a economia dos Estados Unidos. Depois de encolher num ritmo de 2,9% ao ano no primeiro trimestre de 2014, a maior economia do mundo deve crescer 1,7% e não os 2,8% da previsão anterior. O FMI recomenda ao governo americano medidas para estimular a atividade econômica.

A China teve uma redução de expectativa mais moderada, de 7,6% para 7,4%. O índice dos gerentes de compras calculado pelo banco HSBC, divulgado hoje constatou um forte avanço da produção industrial chinesa, o mais forte em um ano e meio, confirmando a retomada do crescimento do setor na segunda maior economia do mundo.

Desemprego na Espanha cai abaixo de 25%

A taxa de desemprego na Espanha ficou 24,47% no fim do segundo trimestre de 2014, caindo abaixo de 25% pela primeira vez desde o terceiro trimestre de 2012, informou hoje o Instituto Nacional de Estatística.

De abril a junho deste ano, 402.400 pessoas conseguiram emprego no país, o maior número absoluto da série estatística, mas a Espanha ainda tem mais de 5,5 milhões de desempregados; 17,353 milhões estão empregados.

Ucrânia deve antecipar eleições parlamentares

Com o colapso da coalizão de governo em plena guerra contra os separatistas apoiados pela Rússia e a demissão hoje do primeiro-ministro Arseni Yatseniuk, o Parlamento da Ucrânia tem 30 dias para formar uma nova aliança majoritária. Se não conseguir, o presidente Petro Porochenko pode dissolver o parlamento e antecipar as eleições legislativas.

Os partidos Svoboda (Liberdade), de extrema direita, e a Aliança Democrática Ucraniana para a Reforma (ADUR), liderada pelo ex-campeão de boxe e ex-prefeito de Kiev Vitali Klitschko, retiraram o apoio ao governo. Eles foram as maiores forças por trás do movimento popular contra o presidente Viktor Yanukovich iniciado em novembro de 2013, quando ele rejeitou um acordo de associação com a União Europeia.

A atual legislatura ainda é a mesma, mas passou por grandes mudanças desde a revolta que derrubou Yanukovich, apoiado pela Rússia, o que levou à intervenção militar promovida pelo Kremlin e à anexação da Crimeia à Federação Russa.

Quando a revolta começou, o Partido das Regiões, de Yanukovich, tinha 187 das 450 cadeiras do Parlamento da Ucrânia. Governava com o apoio dos 32 deputados comunistas e dos 43 independentes. Com a queda de Yanukovich, houve uma debandada geral. O PR tinha ontem 87 deputados.

Com a revolução, surgiram três novos partidos: Ucrânia Europeia Soberana, com 35 deputados; Desenvolvimento Econômico, com 39; e Pela Paz e Estabilidade, com 34 cadeiras. Os dois primeiros apoiam a aproximação à UE e o terceiro, a aliança com a Rússia.

Os três partidos de oposição a Yanukovich que viraram parte do governo revolucionário também sofreram mudanças. O maior, chamado de Pátria, liderado pelos ex-primeiros-ministros Yatseniuk e Yulia Timochenko, é pró-Ocidente. Tem 86 deputados. A ADUR tem 41 deputados e a Svoboda, 35.

Porochenko, um bilionário conhecido como rei do chocolate, foi eleito em maio pelo partido Solidariedade, que não tem representação no Parlamento. As eleições parlamentares seriam assim uma oportunidade para fortalecer o poder do presidente.

Comissão da Câmara autoriza processo contra Obama

Uma comissão da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, dominada pela oposição republicana, aprovou hoje uma resolução autorizando seu presidente, deputado John Boehner, a processar o presidente Barack Obama por abuso de poder.

O plenário da Câmara deve votar a matéria na próxima semana.

A maioria dos analistas políticos e juristas considera o processo inútil. Faz parte da campanha eleitoral para as eleições intermediárias de novembro de 2014, quando o Partido Republicano espera explorar a impopularidade de Obama para manter o domínio sobre a Câmara e conquistar a maioria no Senado.

Se ficar em minoria nas duas casas do Congresso dos EUA, o presidente será literalmente um "pato manco", expressão usada pelos americanos para falar de políticos em fim de mandato.

Voo da Argélia com 116 pessoas cai no Saara

Um avião da empresa espanhola SwiftAir fretado pela companhia aérea argeliana Air Algérie caiu à 1h55 da madrugada de hoje pelo hora local (22h55 de ontem em Brasília) no Deserto do Saara, na África, quando ia da Uagadugu, capital de Burkina Fasso, para Argel, a capital da Argélia, com 110 passageiros e seis tripulantes a bordo.

No último contato, 50 minutos depois da decolagem, o Boeing MD-83 sobrevoava a cidade de Gao, no Mali. A queda foi em Tilemsi, a cerca de 100 km de Gao.

Há um conflito na região, onde jihadistas ligados à rede terrorista Al Caeda e rebeldes tuaregues do Movimento Nacional pela Libertação de Azawade lutam contra o governo central do Mali com o apoio da França. Mas os rebeldes não têm armas para abater aviões em alta altitude. As primeiras informações são de que havia uma tempestade de areia na região, o que teria levado o voo 5017 a pedir autorização para mudar de rota poucos antes de desaparecer dos radares.

Cerca de 50 passageiros a bordo eram franceses, 24 burquinenses, oito libaneses, seis argelianos, cinco canadenses, quatro alemães e dois luxemburgueses. Também havia a bordo cidadãos da Bélgica, Camarões, Egito, Níger, Romênia, Suíça e Ucrânia. Os seis tripulantes eram espanhóis da empresa SwiftAir.

Mais tarde, o governo do Mali anunciou que os destroços do avião foram encontrados e não há sobreviventes.

Israel atinge escola e chama Brasil de "anão"

Pelo menos 16 pessoas morreram e outras 200 foram feridas hoje num bombardeio de Israel contra uma escola das Nações Unidas usada como abrigo por civis palestinos em Beit Hanoun, no Norte da Faixa de Gaza. Em 16 dias de guerra, o total de mortos chegou a 725 palestinos e 35 israelenses, noticia a televisão pública britânica BBC.

Ontem, o Conselho de Direitos Humanos da ONU, com sede em Genebra, na Suíça, criou uma comissão para investigar possíveis crimes de guerra cometidos na guerra entre Israel e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas).

"ANÃO DIPLOMÁTICO"
Hoje, o governo israelense protestou contra as críticas do Brasil à Operação Margem Protetora. O governo Dilma Rousseff deplorou como "inaceitável" o "uso desproporcional da força", cobrou explicações do embaixador de Israel em Brasília e retirou temporariamente o embaixador brasileiro em Telavive, convocando-o para consultas em Brasília, gestos diplomáticos usados para manifestar descontentamento.

"O Brasil prefere ser parte do problema, em vez da solução", declarou o porta-voz do Ministério de Exterior de Israel à Folha de S. Paulo. "Seu comportamento nesta questão ilustra a razão por que esse gigante econômico e cultural permanece politicamente irrelevante."

Em outra entrevista, Yigal Palmor, chamou o Brasil de "anão diplomático" e ainda fez ironia sobre a derrota do Brasil na Copa do Mundo: "Desproporcional é perder um jogo de futebol por 7-1."

Em resposta, o ministro das Relações Exteriores, embaixador Luiz Alberto Figueiredo, rejeitou a qualificação, dizendo que o Brasil é um dos 11 países que mantêm relações com todos os países membros da ONU e tem uma longa tradição de luta pela paz. O porta-voz israelense lamentou que o governo brasileiro não esteja envolvido nos esforços diplomáticos para negociar uma trégua.

Uma tentativa de negociar um cessar-fogo realizada pelo secretário de Estado americano, John Kerry, em visita ao Oriente Médio fracassou ontem. O Hamas exige a libertação de prisioneiros e o fim do bloqueio à Faixa de Gaza. Israel quer desarmar as milícias palestinas como parte do cessar-fogo.

EUA voltam a autorizar voos para Telavive

A agência federal de aviação civil dos Estados Unidos voltou a autorizar voos de companhias aéreas americanas de e para o aeroporto Ben Gurion, em Telavive, o mais importante de Israel.

Cabe agora às empresas decidir se retomam seus voos, suspensos desde anteontem, 22 de julho de 2014, depois que um foguete palestino caiu a quilômetros da pista de pouso na guerra entre Israel e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas).

quarta-feira, 23 de julho de 2014

EUA prorrogam proibição de voo em Telavive

A agência nacional de avião civil dos Estados Unidos (FAA, Federal aviation Administration) estendeu por mais 24 horas a proibição de que companhias aéreas americanas voem de ou para o aeroporto internacional Ben Gurion, próximo a Telavive, a maior cidade de Israel.

A proibição foi adotada ontem, depois de um foguete palestino caiu a poucos quilômetros da pista na guerra de Israel contra o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas).

Ucrânia acusa Rússia de derrubar dois caças

O governo da Ucrânia acusou hoje a Rússia de ter disparado os mísseis que derrubaram dois aviões de caça Su-25 da Força Aérea ucraniana, afirmando que eles partiram do lado russo da fronteira entre os dois países.

Os rebeldes separatistas do Leste da Ucrânia reivindicaram a autoria do ataque.

Guerra suspende 160 voos para Israel

Mais de 160 voos com origem ou destino no aeroporto Ben Gurion, o maior de Israel, foram suspensos desde ontem, quando um foguete palestino caiu a poucos quilômetros da pista em meio à guerra contra o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) na Faixa de Gaza.

Enquanto o secretário de Estado americano, John Kerry, viaja pelo Oriente Médio para negociar um cessar-fogo, o total de mortos chegou hoje a 650 palestinos e 29 israelenses, além de um tailandês que trabalhava em Israel.

Rebeldes expulsam Estado Islâmico de Damasco

Os rebeldes que lutam contra a ditadura de Bachar Assad na guerra civil da Síria conseguiram expulsar os militantes extremistas do Estado Islâmico de quatro bairros da capital, Damasco, informou ontem o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma organização não governamental com sede em Londres.

O Estado Islâmico começou a vender no Iraque petróleo das regiões sob seu controle na Síria. Em Mossul, no Norte do Iraque, depois de expulsar os cristãos, os jihadistas tomaram o antigo mosteiro de Mar Behnam e prosseguiram em sua ofensiva sem enfrentar maior resistência.

Na fronteira da Turquia com a Síria, dois soldados turcos foram mortos ao surpreender um grupo de contrabandistas.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Japão reduz previsão de crescimento para 2014

O governo do Japão reduziu de 1,4% para 1,2% a previsão oficial de crescimento para o ano fiscal japonês de 2014, que termina em 31 de março de 2015, informou hoje o jornal Mainichi Shimbun. A expectativa é que o primeiro aumento do imposto sobre consumo em 17 anos, em vigor desde 1º de abril, tenha um peso sobre a economia.

Dentro da política do primeiro-ministro Shinzo Abe para combater a estagnação e a deflação, o Banco do Japão está injetando desde o ano passado US$ 60 bilhões e US$ 80 bilhões por mês. Esse aumento da quantidade de moeda em circulação pode ajudar a compensar o fim do "alívio quantitativo" feito pelo banco central dos Estados Unidos para comater a crise econômica.

Joko Widodo é eleito presidente da Indonésia

O prefeito reformista de Jacarta, Joko Widodo, de 53 anos, é o novo presidente da Indonésia, anunciou hoje a comissão eleitoral da terceira maior democracia do mundo.

Jokowi, como é mais conhecido, obteve 53% dos votos válidos contra 47% para o general Prabowo Subianto, genro do falecido ditador Mohamed Suharto, que denunciou fraude e prometeu recorrer à Justiça.

Empresas aéreas suspendem voos para Telavive

A Agência Federal de Avião dos Estados Unidos proibiu hoje por 24 horas o voo de empresas americanas de e para o aeroporto internacional Ben Gurion, em Israel.Várias companhias americanas, entre elas a American, a Delta e a United Airlines, haviam suspendido os voos para Telavive, a maior cidade de Israel, por causa de ataques de foguetes palestinos que caíram perto do aeroporto internacional Ben Gurion.

Há pouco, a companhia aérea alemã Lufthansa cancelou seus voos para lá e de lá por 36 horas, o que aumenta a pressão sobre as grandes empresas europeias para fazerem o mesmo.

O ministro dos Transportes de Israel, Yisrael Katz, afirmou que o aeroporto Ben Gurion é seguro e as companhias aéreas devem retomar suas atividades normais.

Em duas semanas de conflito armado entre Israel e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), pelo menos 605 palestinos e 29 israelenses foram mortos. As Nações Unidas, os EUA, o Egito, a Turquia e o Catar tentam negociar um cessar-fogo.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Rebeldes entregam caixas-pretas à Malásia

Os rebeldes apoiados pela Rússia suspeitos de abater por engano um Boeing 777 no Leste da Ucrânia matando todas as 298 pessoas a bordo entregaram hoje a autoridades da Malásia as caixas-pretas com a gravação das comunicações de bordo, uma peça fundamental na investigação.

Em Nova York, por unanimidade, o Conselho de Segurança das Nações Unidas determinou que as equipes de investigação tenham acesso amplo, sem quaisquer restrições, à área de cerca de 20 quilômetros quadrados por onde estão espalhados os destroços do avião.

O voo MH17 fazia a rota Amsterdã-Kuala Lumpur quando foi atingido por um míssil ao passar sobre uma região controlada pelos rebeldes étnica e linguisticamente russos.

Israel apostou no conflito para atacar o Hamas

Em meio a mais uma guerra no Oriente Médio, a questão que se coloca é quem tem responsabilidade por mais uma matança entre israelenses e palestinos. Vamos aos fatos e a uma tentativa de interpretá-los:

1. Três adolescentes israelenses foram sequestrados e mortos em junho de 2014 na Cisjordânia ocupada por terroristas palestinos.

2. Por vingança, um adolescente palestino foi sequestrado e queimado vivo por colonos no setor oriental (árabe) de Jerusalém, progressivamente colonizado por Israel na política de tornar a ocupação um fato consumado e irreversível.

3. O governo linha-dura de Israel acusou coletivamente o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) sem apresentar provas concretas, alegando que o grupo aplaudiu os assassinatos. Punição coletiva é crime previsto no direito internacional. Os nomes de dois militantes foram citados como responsáveis. Mais de 500 membros do Hamas foram presos. Na minha visão, é evidente que o primeiro-ministro Netanyahu aproveitou o sequestro para atacar o Hamas, bombardear o acordo de reconciliação nacional entre a Fatah e o Hamas, e assim minar o processo de paz mediado pelos EUA, que ainda me parece a melhor solução para o fim do conflito, com a criação de um Estado nacional palestino convivendo pacificamente com Israel.

4. Sem outra arma para atingir Israel, o Hamas e aliados começaram a lançar foguetes de Gaza no início de julho. É óbvio que Israel tem o direito de se defender, mas essa estratégia de defesa em que a cada dois anos ou quatro anos Israel invade Gaza e massacra a população local evidentemente não funciona. Não garante a segurança de Israel a longo prazo. Mas o governo Benjamin Netanyahu não vê os palestinos como uma ameaça à existência de Israel. Afinal, eles não têm Estado nacional, Exército, Forças Armadas etc. Sua obsessão é com o programa nuclear do Irã. Tem razão ao temer a bomba iraniana, mas a paz com os palestinos tiraria um importante instrumento de propaganda dos terroristas interessados em destruir Israel.

5. Assim, parece evidente que este governo de Israel não quer a paz com os palestinos. Dois importantes ministros e líderes de partidos de extrema direita, o chanceler Avigdor Lieberman (Israel Nossa Casa) e o ministro da economia, Natali Bennett (Casa Judaica) defendem abertamente a reocupação de Gaza, que incorporaria mais 1,8 milhões de árabes à população israelense. Em futuro breve, os judeus seriam minoria em Israel.

6. Placar atual da mortandade: 545 palestinos e 27 israelenses mortos.

7. O risco para Israel, numa região em que proliferam grupos jihadistas como o Estado Islâmico, Jihad Islâmica e a Frente al-Nusra, é que a destruição do Hamas crie um vácuo político no movimento fundamentalista capaz de ser ocupado por jihadistas aliados da rede terrorista Al Caeda ainda mais radicais. A Jordânia já pediu ajuda militar a Israel, caso seja atacada pelo Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Dá para imaginar o Exército de Israel lutando ao lado de um Exército árabe contra extremistas muçulmanos? Se isso realmente acontecer algum dia, será melhor para Israel ter feito a paz com os palestinos antes.

8. O conflito foi sequestrado por extremistas dos dois lados sem interesse na paz. A atual guerra é um exemplo disso. Dois sequestros bárbaros e cruéis evoluíram para uma confrontação muito maior.

Seca ameaça causar nova fome em massa na Somália

Três anos depois de uma fome em massa com mais de 250 mil mortes na Somália, só uma ajuda de alimentos urgente pode impedir uma nova tragédia causada pela seca, advertem 19 organizações não governamentais locais e internacionais, entre elas a Ação contra a Fome, Acted, Oxfam e World Vision.

"Os sinais da seca reaparecem na Somália", alertam as ONGs, "e não devem ser ignoradas para evitar a repetição da catástrofe de 2011."

Situada no chamado Chifre da África, a Somália perdeu a importância estratégica com o fim da Guerra Fria. Desde a queda, em 1991, do ditador Mohamed Siad Barre, que mudou da União Soviética para os Estados Unidos durante a Guerra Fria, o país vive em estado de anarquia.

No Norte, há um governo autônomo na Somalilândia, a parte do país que pertencia ao Império Britânico no período colonial. O resto da Somália é dominado por clãs e senhores da guerra, com um governo provisório formado nos últimos anos que não consegue impor sua autoridade nem na capital, Mogadíscio.

Para enfrentar o maior desafio, a milícia extremista muçulmana Al Chababe (Os Jovens), alinhada ideologicamente à rede terrorista Al Caeda, o governo provisório somaliano depende da missão de paz da União Africana, aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em fevereiro de 2007. Desde agosto de 2011, o governo retomou Mogadíscio, mas é alvo de ataques frequentes dos jihadistas.

Em reação à participação de soldados quenianos na força da UA, Al Chababe têm atacado o Quênia. Já aterrorizou um centro comercial de Nairóbi e ataca cidades turísticas do litoral do Oceano Índico. A Etiópia, que como o Quênia é majoritariamente cristã, também contribui para a missão internacional.

domingo, 20 de julho de 2014

ETA anuncia início do desarmamento

O grupo guerrilheiro separatista ETA (Euskadi ta Askatasuna = Pátria Básca e Liberdade) anunciou hoje em nota divulgada no jornal basco Gara o começo de um processo de desarmamento que marca o fim da guerra contra a Espanha.

"Sem esperar acordos" de paz, diz a nota, a ETA afirma ter "desmontado suas estruturas logísticas e operacionais" e estar se preparando para lacrar seus arsenais .

Desde que a ETA aderiu à luta armada pela independência do País Basco, em 1968, o conflito deflagrado causou pelo menos 829 mortes. Nesse período, o grupo fez declarações de cessar-fogo em 1989, 1996, 1998, 2006 e 2010. Mais de 700 etarras estão em prisões da Espanha, da França e de outros países.

Quando a milícia voltou a atacar, explodindo um caminhonete no estacionamento do aeroporto Barajas em Madri,  em 30 de dezembro de 2006, em meio a negociações de paz, o então primeiro-ministro José Luis Rodríguez Zapatero, suspendeu o diálogo e declarou mais uma vez que a ETA era um grupo terrorista.

Em 5 de setembro de 2010, a ETA declarou a trégua em vigor até hoje. Pouco mais de um ano depois, em 20 de outubro de 2011, a guerrilha basca anunciou "a cessação definitiva das atividades armadas". Em 24 de novembro de 2012, disse estar pronto a negociar um "fim definitivo" de suas ações e se desmobilizar.

Mais 13 soldados de Israel morrem na invasão a Gaza

Pelo menos 13 soldados de Israel e 87 palestinos foram mortos hoje, no terceiro e mais violento dia da invasão por terra da Faixa de Gaza na luta contra o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e milícias aliadas. Dezenas de militares israelenses foram hospitalizados.

Em 13 dias de guerra, pelo menos 20 israelenses, sendo dois civis, e 410 palestinos foram mortos. Ao justificar a operação militar em entrevista à CNN, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que 75% do território de Israel são alvo de ataques de foguetes palestinos.

sábado, 19 de julho de 2014

Holanda acusa Rússia de descaso com mortos

Diante do caos no local onde caiu um Boeing 777 da Malaysia Airlines em território dominado por rebeldes ucranianos aliados à Rússia, o primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, afirmou hoje que o presidente Vladimir Putin tem uma última chance de mostrar que está interessado no resgate dos corpos e numa investigação independente. A maioria dos 298 mortos (192) era holandesa.

O avião fazia o voo MH17 entre Amsterdã, a capital de Holanda, e Kuala Lumpur, a capital da Malásia, quando foi abatido a 10 mil metros de altitude por um míssil terra-ar provavelmente disparado por engano pelos rebeldes apoiados pelo Kremlin. Ontem, uma missão de observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) foi hostilizada pelo rebeldes e obrigada a deixar a área.

Como há denúncias de que os corpos estão sendo retirados do local e os pertences da vítimas estão sendo roubados, Rutte não escondeu sua revolta. O avião levava passageiros e tripulantes de 11 países. Não havia nenhum brasileiro a bordo.

Boko Haram mata mais de cem na Nigéria

A milícia terrorista muçulmana Boko Haram matou mais de 100 pessoas na vila de Damboa, perto de Maiduguri, capital do estado de Borno, no Nordeste da Nigéria, contaram sobreviventes do ataque citados pela agência de notícias Associated Press (AP).

Os terroristas atacaram as casas da vila com bombas e granadas disparadas por morteiros. Quando os moradores saíram de suas casas, foram fuzilados. Centenas de moradores de cidades e vilas próximas estão fugindo da região por causa das ameaças do Boko Haram.

Em cinco anos de luta armada para impor a lei islâmica ao Norte da Nigéria, o Boko Haram, que significa "não à educação ocidental", matou um total estimado em 15 mil pessoas.

Israel mata cem palestinos em dois dias em Gaza

Em dois dias de invasão terrestre da Faixa de Gaza, as Forças de Defesa de Israel mataram pelo menos cem palestinos, noticiou hoje o jornal liberal israelense Haaretz.

Mais dois soldados e um civil israelenses morreram hoje, elevando para cinco o número de israelenses mortos no conflito com o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), que está no 12º dia. O total de palestinos mortos já passa de 300.

O civil israelense foi morto por um foguete que caiu perto de Dimona. Quatro soldados foram feridos por militantes que tentaram invadir Israel através de túneis clandestinos; dois morreram.

Até agora, a Operação Margem Protetora custou 2 bilhões de shekels, cerca de US$ 585 milhões ou R$ 1,33 bilhão.

Carros-bomba matam 22 pessoas em Bagdá

Vários atentados terroristas com carros-bomba mataram pelo menos 22 pessoas hoje na capital do Iraque. Em uma hora, automóveis carregados de explosivos explodiram em três bairros xiitas de Bagdá, Baiá, Cadímia e Jihad, matando 15 pessoas.

Horas antes, um carro-bomba foi detonado diante de um posto de controle policial no distrito Abu Dchir. Sete pessoas morreram.

Como os alvos foram xiitas e a polícia, as principais suspeitas recaem sobre grupos extremistas muçulmanos como o Estado Islâmico do Iraque e do Levante e a rede terrorista Al Caeda.

Rebeldes somalianos matam sete no Quênia

Pelo menos sete pessoas foram mortas hoje num ataque a um ônibus perto de Witu, na província litorânea de Lamu, no Quênia, informou a agência de notícias Bloomberg. O grupo jihadista somaliano Al Chababe (Os Jovens) reivindicou a autoria da ação.

As forças de segurança quenianas fazem buscas na floresta de Boni, perto da fronteira com a Somália. Os militantes somalianos exigem a retirada dos militares do Quênia da força de paz da União Africana que apoia o frágil governo provisório do país.

Hamas exige fim de sanções em troca de trégua

O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e outros grupos militantes palestinos apresentaram hoje uma proposta de cessar-fogo no conflito contra Israel que exige o fim das sanções econômicas e do bloqueio à Faixa de Gaza, informou o jornal The Jerusalem Post.

O Hamas alega ter o apoio do Catar, da Turquia e dos Estados Unidos, mas o Egito, que fez uma proposta inicial de cessar-fogo rejeitada pelo partido fundamentalista palestino, se nega a alterar os termos.

Em entrevista ao lado do ministro do Exterior da França, Laurent Fabius, o chanceler egípcio, Sameh Shukri, declarou que "o cessar-fogo atende às necessidades de todas as partes".

O movimento radical palestino queria incluir cláusulas para acabar com as sanções econômicas e o bloqueio a Gaza. Israel gostaria de aproveitar a oportunidade para remover os foguetes palestinos. Nenhuma dessas exigências foi contemplada.

Segundo israelense morre na guerra contra o Hamas

No 11º dia da Operação Margem Protetora contra o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), morreu ontem o primeiro soldado israelense. As Forças de Defesa de Israel disseram que foi Eitan Barak, de 20 anos, alvejado por um companheiro. É o segundo israelense morto; o primeiro era civil.

Na sexta-feira, o total de palestinos mortos passou de 280, sendo 30 ontem, segundo dia de uma invasão terrestre na Faixa de Gaza.

O comando militar israelense declarou hoje ter descoberto e destruído 20 túneis usados pelo Hamas para contrabando e infiltração em Israel, e matado pelo menos 20 guerrilheiros palestinos ontem, noticiou o jornal liberal israelense Haaretz.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Rebeldes russos impedem investigação sobre Boeing

Uma equipe de observadores da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) que esteve hoje no local do Leste da Ucrânia onde caiu ontem um Boeing 777 da companhia aérea Malaysia Airlines lamentou que o trabalho tenha sido prejudicado. Os separatistas pró-Rússia que dominam a área e são os maiores suspeitos deram tiros para o alto e intimidaram os observadores.

A missão da OSCE não conseguiu nem identificar o comandante militar da área, dominada pelos rebeldes que lutam para anexar o Leste da Ucrânia à Federação Russa. Os destroços dos 298 passageiros e tripulantes continuam jogados pela relva. A grande operação para resgatar restos mortais e investigar o acidente nem começou. Não há pessoal qualificado na região para fazer o trabalho.

O Boeing 777 fazia o voo M17, na rota Amsterdã-Kuala Lumpur, quando foi atingido por um míssil terra-ar quando atravessava o espaço aéreo ucraniano, a 50 km da fronteira da Rússia.

Berlusconi é absolvido de prostituição de menor

Um tribunal de recursos de Milão anulou hoje a condenação ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi a sete anos de prisão por prostituição de menor a abuso de poder no chamado Rubygate.

Ruby é uma prostituta que teria mantido relações sexuais com Berlusconi com apenas 16 anos da idade. Além disso, o então primeiro-ministro pressionou a polícia a libertá-la quando ela tinha sido presa sob a acusação de roubo.

Obama pede investigação internacional sobre avião

O presidente Barack Obama defendeu hoje uma "investigação internacional com credibilidade" para esclarecer a queda de um avião da companhia Malaysia Airlines com 298 pessoas a bordo, abatido ontem no Leste da Ucrânia por um míssil terra-ar provavelmente disparado por rebeldes apoiados pela Rússia.

Obama chamou a tragédia de “ultraje de proporções indescritíveis”. Os Estados Unidos ainda não conseguiram determinar quem disparou o míssil, mas sabem que partiu de território dominado pelos rebeldes separatistas.

Por outro lado, o presidente russo, Vladimir Putin, culpou o governo ucraniano pela situação de conflito no país, mas não pelo ataque ao Boeing 777. Ele pediu a realização de negociações de paz entre o governo de Kiev e os aliados da Rússia.

Gravação incrimina rebeldes, diz Ucrânia

Com base em gravações supostamente interceptadas pelos seus serviços secretos, a Ucrânia acusa um grupo rebelde que luta para anexar o Leste do país à Federação Russa baseado na vila de Chernukhino, na província de Luhansk, de disparar o míssil terra-ar que derrubou um Boeing 777 da Malaysia Airlines com 298 pessoas a bordo.

Chernukhino fica a menos de 20 quilômetros do local da tragédia, em território controlado pelos rebeldes, que anunciaram ter recolhido a caixa-preta com o registro das comunicações de bordo, prometendo enviá-la a Moscou para análise.

O telefonema foi dado por alguém identificado pela espionagem ucraniana como Igor Bezler, oficial de inteligência da Rússia e um dos principais comandantes da autoproclamada República Popular de Donetsk. Às 16h40 pela hora local, 20 minutos depois da queda do avião, na versão ucraniana, ele ligou para um homem identificado como Vassili Geranin, coronel do serviço de inteligência das Forças Armadas da Rússia, e disse: "Acabamos de derrubar um avião."

Quarenta minutos mais tarde, num segundo telefonema, depois de inspecionar o local, um homem que se apresenta como o Major diz o seguinte: "Aqui são os caras de Chernukhino que derrubaram o avião. Aqueles cossacos baseados em Chernukhino." Em seguida, afirma estar "100% certo de que era um avião de passageiros".

O interlocutor ainda pergunta se não havia armas ou equipamentos militares espalhados pelo são. Não havia. Ao contrário, havia roupas e guias de viagem de quem sai em férias, "medicamentos, toalhas e lenços de papel".

No Brasil, onde participa da reunião de cúpula do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o presidente russo, Vladimir Putin, culpou o governo da Ucrânia pelo incidente, alegando que é o responsável pela guerra civil no Leste do país.

Os Estados Unidos ainda não conseguiram determinar com precisão de onde saiu o míssil para saber se foi de território sob o controle do governo ou dos rebeldes.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Israel inicia invasão terrestre da Faixa de Gaza

Depois de uma "trégua humanitária" de cinco horas para permitir a distribuição de ajuda aos necessitados, o Exército de Israel lançou hoje uma operação terrestre contra o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e seus aliados na Faixa de Gaza.

O atual conflito estourou há dez dias, depois de morte de três adolescentes israelenses sequestrados na Cisjordânia ocupada e de um jovem palestino queimado vivo por vingança. Desde então, mais de 200 palestinos e um israelense foram mortos.

Em nota, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que o objetivo da operação terrestre é desmantelar a rede de túneis construídos pelo Hamas para tentar invadir Israel. Neste caso, será uma ação limitada à área próxima da fronteira, tanto com Israel, por onde 13 palestinos tentaram invadir hoje, quanto da fronteira entre Gaza e o Egito, por onde há um contrabando de armas e suprimentos.

EUA crescem moderadamente

As 12 delegacias regionais da Reserva Federal (Fed), o banco central dos Estados Unidos, registraram expansão da atividade econômica, anunciou ontem o Fed na sua análise conjuntural conhecida como Livro Bege, publicado oito vezes por ano. Cinco regiões tiveram crescimento "moderado" e os outros sete apenas "modesto".

O relatório confirma a impressão de que a maior economia do mundo está se recuperando depois de sofrer no primeiro trimestre sua maior contração em cinco anos, de 2,9% ano, por causa do inverno rigoroso.

A economia ganhou força como aumento do consumo doméstico, com boas vendas de automóveis e de avanços modestos no varejo da "maioria" das regiões.

Morre Johnny Winter, a lenda albina dos blues

O guitarrista americano Johnny Winter, um dos grandes mestres de blues, morreu ontem em Zurique, na Suíça, aos 70 anos.

John Dawson Winter III era albino como o irmão Edgar Winter. Fez sua primeira apresentação aos 10 anos de idade e o último show no Festival de Blues de Cahors, na França, dois dias antes de morrer. A causa da morte não foi revelada.

Mais conhecido por seus riffs em guitarras de cordas de aço nos anos 1960s e 1970s, Winter produziu três albuns do legendário Muddy Waters que ganharam prêmio Grammy.

Governo da Ucrânia diz que Boeing foi abatido

Um assessor do Ministério do Interior da Ucrânia, Anton Herachenko, afirmou que o Boeing 777 da companhia aérea Malaysia Airlines que desapareceu hoje perto da fronteira com a Rússia "foi abatido" pelos rebeldes apoiados pelo Kremlin.

O avião teria sido atingido por um míssil terra-ar Buk 9K37, parte de um sofisticado sistema de defesa antiaéreo cedido aos rebeldes pela Rússia, acrescentou o assessor ministerial, enquanto o líder rebelde Alexander Borodai acusava o governo ucraniano.

A aeronave caiu numa região dominada pelos rebeldes, que recuperaram a caixa-preta com as gravações de bordo e prometeram entregá-la ao governo da Rússia para análise.

Na Malásia, o primeiro-ministro Najib Razak declarou estar "em choque com a notícia". O voo MH17, Amsterdã-Kuala Lumpur, levava 283 passageiros e 15 tripulantes quando caiu em Chakhtiansk, na Ucrânia, a 50 km da fronteira com a Rússia. A maioria (189) era de holandeses.

Horas antes, o Conselho de Defesa e Segurança Nacional da Ucrânia acusou hoje a Rússia de derrubar um avião militar ucraniano Sukhoi-25. Os rebeldes advertiram aviões comerciais e não cruzar o espaço aéreo da região conflagrada.

Em 1º de setembro de 1983, no auge da chamada Segunda Guerra Fria, quando os Estados Unidos estavam prestes a instalar mísseis nucleares de curto e médio alcances na Europa, a União Soviética abateu um Boeing 747 da companhia aérea sul-coreana Korean Air supostamente confundido com um avião-espião. Todas as 269 pessoas a bordo morreram, inclusive um deputado federal americano.

Em 3 de julho de 1988, um mês antes do fim da guerra entre Irã e Iraque, navios de guerra dos EUA estacionados no Golfo Pérsico derrubaram um Airbus 300 da companhia aérea Iran Air matando todas as 290 pessoas a bordo. O atentado contra o Jumbo da empresa PanAm que matou 270 pessoas em Lockerbie, na Escócia, em 21 de dezembro daquele ano, teria sido uma retaliação iraniana.

Há quatro meses, em 8 de março de 2014, um Boeing 777 com 239 pessoas a bordo desapareceu quando fazia a rota Kuala Lumpur-Beijim sem deixar sinal. Até hoje, não foi encontrado. Suspeita-se que tenha sido desviado por alguém da tripulação para o Oceano Índico, onde teria afundado em local indeterminado.