segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Hesbolá acusa EUA de terrorismo

Em novo manifesto, anunciado hoje por seu líder, o xeque Hassan Nasrallah, a milícia fundamentalista xiita  libanesa Hesbolá (Partido de Deus), se apresenta como uma força de resistência, convoca todos os povos para "libertar Jerusalém" e descreve os Estados Unidos como "a fonte de todo terrorismo no mundo".

Foi o primeiro discurso do líder do Hesbolá depois da formação de um governo de união nacional neste mês, depois do fim de uma obstrução de cinco meses capitaneada por Nasrallah.

"Convido e convoco a todos os árabes e muçulmanos", vociferou Nasrallah, "e a todos os países que querem paz e estabilidade no mundo, a intensificar os esforços e a angariar recursos para libertar Jerusalém da ocupação sionista e restaurar sua verdadeira identidade como cidade sagrada para muçulmanos e cristãos."

Seu objetivo principal foi tentar desmanchar a imagem do partido como um grupo terrorista. Durante 80 minutos, Nasrallah defendeu o Irã e a Síria, e acusou o presidente George W. Bush de "igualar resistência e terrorismo para negar o direito do povo de resistir".

Na sua opinião, "o Irã desempenha um papel central no mundo muçulmano. Tem coragem e determinação para defender posições árabes e islâmicas, especialmente na questão palestina".

Já a Síria, seu outro patrono, "fica do nosso lado e apoia a resistência no conflito".

Nasrallah pediu que os 422 mil refugiados palestinos tenham plenos direitos e defendeu acesso universal à saúde e à educação. Como não tem cidadania, os refugiados não conseguem trabalhar na maioria das profissões. Os xiitas estão entre os segmentos mais pobres da população do Líbano.

Morales é franco favorito na Bolívia

O presidente Evo Morales é o favorito para vencer a eleição presidencial do próximo domingo, 6 de dezembro, na Bolívia.

Morales tem 55% das intenções de voto contra apenas 18% para o ex-governador de Cochabamba Manfred Reyes Villa, que perdeu o cargo no ano passado por causa de um referendo revogatório.

Brasil admite mudar de posição em Honduras

Diante dos pedidos de reconhecimento do presidente eleito de Honduras, Porfirio Lobo, e tendo em vista a participação popular nas eleições de domingo passado, o Brasil pode mudar de posição e reconhecer o resultado das urnas, admitiu hoje o assessor especial do presidente Lula para política externa, Marco Aurélio Garcia, em entrevista em Estoril, em Portugal, onde participa da Conferência de Cúpula Ibero-Americana.

Presidente da Costa Rica critica o Brasil

O presidente da Costa Rica, Óscar Arias, que foi o mediador indicado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) para a crise hondurenha, advertiu para o risco de isolar Honduras. Ele criticou o Brasil sem citar o nome do país, dizendo que não faz sentido apoiar a eleição fraudulenta no Irã e rejeitar o processo eleitoral no país centro-americano.

Durante a Conferência de Cúpula Ibero-Americana realizada em Estoril, em Portugal, o Brasil reiterou a decisão de não aceitar o resultado das eleições presididas por um governo que os países da região consideram ilegítimo.

Índia cresce num ritmo de 7,9% ao ano

A economia da Índia, uma das mais dinâmicas do mundo depois da chinesa, surpreendeu os economistas, crescendo no terceiro trimestre do ano num ritmo anual de 7,9%. O mercado esperava 6,3%.

É o país que sai mais fortalecido da crise econômica mundial, depois da China, com uma diferença. A Índia gastou muito menos para manter a economia em crescimento durante a grande recessão mundial.

Outros destaques econômicos do dia:
• O governo federal dos Emirados Árabes Unidos ofereceu uma ajuda de emergência aos bancos que atuam no país, mas não diretamente ao emirado de Dubai, indicando que ficou irritado ao ser surpreendido pelo anúncio da moratória na quarta-feira passada. A bolsa local desabou.

• O governo de Dubai nega ser responsável pela dívida da empresa Dubai World.

• O índice de preços ao consumidor nos 16 países da zona do euro registrou inflação de 0,6% em novembro, depois de seis meses de deflação, em mais um indicador do fim da crise.

• Como tinha feito com Obama, a China resiste à pressão da União Europeia para valorizar o iuã. A UE cobrou liderança chinesa no combate ao aquecimento global.

• O Canadá saiu da recessão, com crescimento de 0,1% no terceiro trimestre.

• As bolsas de Tóquio, Seul e de HK reagem positivamente depois da moratória de Dubai e voltam a subir.

• As bolsas da Europa caíram hoje, ainda sob o impacto da moratória de Dubai.

• Apesar de Dubai, NY fechou em pequena alta porque o índice dos gerentes de compras da região de Chicago apresentou forte alta.

Porfirio Lobo vence eleição em Honduras

O candidato do conservador Partido Nacional, Porfirio Pepe Lobo, venceu a eleição presidencial de 29 de novembro de 2009 em Honduras. Pelo calendário eleitoral do país, deve assumir o cargo em 27 de janeiro de 2010.

Lobo teve 55% dos votos contra 38% para Elvin Santos, do Partido Liberal, ao qualquer pertencem tanto o presidente deposto em 28 de junho de 2009, José Manuel Zelaya, quanto seu substituto interino, Roberto Micheletti, que antes do golpe era presidente do Congresso.

Micheletti se afastou durante as eleições para não manchar o resultado, mas é uma atitude meramente formal, um teatro da política hondurenha.

O conflito entre zelaystas e antizelaystas dividiu os liberais, dando a vitória o Lobo, o candidato derrotado em 2005 pelo presidente deposto. Ele tem 61 anos e foi comunista na juventude, o que desperta uma certa desconfiança da oligarquia hondurenha.

Em seu primeiro comentário sobre o resultado, Zelaya declarou ser amigo pessoal de Lobo, um grande fazendeiro como ele, mas ressalvou que tem várias diferenças políticas.

A eleição, a apenas cinco meses do golpe, sem a recondução de Zelaya ao poder como exigiram a Organização dos Estados Americanos e a Assembleia Geral das Nações Unidas, dividiu os países do continente.

O Brasil, a Argentina, o Chile, a Venezuela e a maioria dos países latino-americanos recusam-se a reconhecer o resultado de eleições presididas por um governo que consideram ilegal e ilegítimo.

Já os EUA, a Colômbia, o Panamá e o Peru entendem que as eleições são a melhor saída para a pior crise política na América Central depois do fim da Guerra Fria.

EAU apoiam bancos mas não Dubai diretamente

O banco central dos Emirados Árabes Unidos ofereceu dinheiro aos bancos locais, caso eles necessitem, mas não fez nenhuma oferta especial para o emirado de Dubai.

Na quarta-feira, o Dubai World, principal fundo de investimentos do emirado, pediu moratória de seis meses de uma dívida de US$ 59 bilhões, assustando os mercados financeiros, que temem uma volta da crise do ano passado.

Essa atitude fria e distante indica uma irritação das autoridades federais dos EAU com o emirado de Dubai, um dos sete principados que formam o país. Nem o governo federal, nem os detentores dos bônus da dívida e mesmo alguns diretores da Dubai World não sabiam da incapacidade de pagar.

O governo federal dos EAU, que fica em Abu Dhabi, deu empréstimos de US$ 10 bilhões no início do ano. Agora, ainda não se mexeu.

domingo, 29 de novembro de 2009

Ex-tupamaro vai presidir o Uruguai


A Frente Ampla, de esquerda, ganhou hoje a presidência do Uruguai pela segunda vez consecutiva. Seus partidários celebraram a vitória com uma festa à beira do Rio da Prata.

Seu candidato, o senador e ex-guerrilheiro tupamaro José Pepe Mujica, que passou 14 anos na prisão, obteve  52,6% dos votos no segundo turno da eleição presidencial, disputada neste domingo, 29 de novembro de 2009.

O ex-presidente conservador Luis Alberto Lacalle, do Partido Nacional (blanco), teve 43,3% no resultado final.

No próximo governo, a tendência é de continuidade das políticas moderadas de cunho social-democrata do atual presidente, Tabaré Vázquez, um médico sem passado na luta armada que termina o mandato de cinco anos com mais de 60% de aprovação popular.

Para se afastar das acusações de radicalismo durante a campanha, Mujica convidou o ministro da Eonomia de Tabaré Vázquez, Danilo Astori, para vice-presidente e declarou que seu modelo é o presidente Lula e não o caudilho venezuelano Hugo Chávez.

No início da noite, Lacalle reconheceu a derrota e cumprimentou Mujica como "presidente de todos os orientais", numa referência ao nome do país, República Oriental do Uruguai, por ficar a leste do Rio Uruguai.

A mulher de Mujica, Lucía Topolanski, também ex-guerrilheira, foi a senadora mais votada da Frente Ampla. Assim, ela vai tomar o juramento constitucional na posse do marido, em 1º de março de 2010.

UE também pressiona por valorização do iuã

Durante visita à China, uma delegação chefiada pelo presidente da Comissão Europeia, órgão executivo da União Europeia, José Manuel Durão Barroso, manifestou descontentamento com o regime cambial rígido chinês, que vincula a cotação do real ao dólar. Mas não saiu animada quanto à possibilidade de valorização da moeda chinesa em curto prazo.

"Explicamos aos chineses que é difícil convencer nossa população de que a moeda do país que mais cresce no mundo está se desvalorizando", declarou o ex-presidente da CE e ex-primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker.

Em 2005, diante de forte pressão internacional, o regime comunista chinês decidiu que o iuã oscilaria com base na cotação de uma cesta de moeda e não apenas do dólar. O euro, que tem se apreciado em relação à moeda americana passou a ter mais peso.

Quando a crise financeira mundial começou a se agravar, em julho de 2008, as autoridades chinesas voltaram a colar sua moeda nacional na cotação do dólar. Como a moeda americana perdeu valor com a crise da economia dos Estados Unidos, a moeda chinesa caiu junto, aumentando ainda mais a competitividade das exportações do país, que tem um grande saldo comercial.

A economia chinesa foi a primeira a se recuperar e sair da crise. Na verdade, nem entrou em recessão, sempre teve algum crescimento positivo. Mas isso se deve ao programa de estímulo de US$ 585 bilhões anunciado em 6 de novembro de 2009 porque as exportações não se recuperaram.

O comércio internacional deve cair cerca de 12% neste ano, na maior redução depois da Segunda Guerra Mundial. Como as exportações não se recuperaram, o governo chinês teme que a economia não se sustente sem o incentivo oficial e mantém a política cambial de subvalorizar a moeda.

Como é o desenvolvimento econômico e social que legitima a ditadura do Partido Comunista chinês na era pós-Guerra Fria, o regime não vai abrir espontaneamente mão do iuã fraco.

No próximo ano, com a retomada do crescimento em todos os continentes depois da pior recessão em 70 anos, há uma expectativa de que aumentem as denúncias de comércio desleal da China. Os EUA já sobretaxaram os pneus importados da China, motivo de protestos durante a visita do presidente Barack Obama a Beijim.

O Brasil tem interesse nesta briga. O real perdeu mais de 40% do valor diante do iuã e a China avança sobre o mercado latino-americano de produtos manufaturados, deslocando as exportações brasileiras, com sério risco de desindustrialização.

Honduras vota sem grandes incidentes

A polícia de Honduras usou gás lacrimogênio para dispersar cerca de 500 manifestantes favoráveis ao presidente deposto, José Manuel Zelaya, que protestavam contra as eleições deste domingo em San Pedro Sula, a segunda maior cidade do país. Mas a votação transcorreu em relativa calma.

Na capital, Tegucigalpa, o comparecimento às urnas foi semelhante aos de eleições anteriores, num sinal de que os apelos de Zelaya por um boicote não deram resultado.

A pior crise política na América Central depois do fim da Guerra Fria divide o continente.

Enquanto os Estados Unidos decidiram aceitar o resultado das urnas como saída para a crise gerada pelo golpe de 28 de junho de 2009, e tem o apoio da Colômbia, do Panamá e do Peru, o resto da América Latina considera ilegítima a realização do pleito sem a devolução do poder a Zelaya.

Sem apoio internacional, Honduras recebeu delegações de observadores dos dois principais partidos dos Estados Unidos e do Parlamento Europeu. O eurodeputado Carlos Iturgáiz, do bloco conservador, prometeu pediu ao parlamento da União Europeia que aceite o resultado das urnas.

Na sua opinião, o pleito em Honduras foi "transparente" e transcorreu num "ambiente de liberdade e democracia", considerando "ridículo" pensar que exista a possibilidade de fraude: "Os grandes derrotados são os que quiseram boicotar estas eleições porque o tiro saiu pela culata", afirmou o eurodeputado, destacando que "até o momento" não se houve "nenhum incidente".

Itrugáiz considerou o conflito entre zelaystas e a polícia em San Pedro Sula como um fato isolado, insuficiente para ser caracterizado como um problema nacional.

O candidato favorito à Presidência de Honduras, Porfirio Lobo, do Partido Nacional, um fazendeiro conservador, prometeu pedir pessoalmente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que reconheça o resultado das eleições.

Irã vai construir mais 10 centrais nucleares

Em mais um desafio à sociedade internacional, o regime fundamentalista do Irã anunciou a construção de mais 10 centros de enriquecimento de urânio em escala industrial.

A meta é produzir 300 toneladas de urânio enriquecido por ano.

Essa quantidade expressiva reforça a suspeita dos Estados Unidos, da Europa e de Israel de que a república islâmica, cada vez mais dominada pela Guarda Revolucionária Iraniana, esteja desenvolvendo armas nucleares.

Suíços vetam construção de minaretes

Em plebiscito realizado hoje, os suíços decidiram rejeitar por 57% a construção de novos minaretes, aquelas torres que caracterizam as mesquitas muçulmanas.

A nova lei não afeta os minaretes já existentes, mas certamente vai provocar reações negativas dos muçulmanos.

O país tem cerca de 400 mil muçulmanos. A proposta tinha o apoio do Partido do Povo Suíço, de extrema direita.

sábado, 28 de novembro de 2009

Chávez acusa Israel de "exterminar" palestinos

Ao receber o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, em Caracas, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, defendeu a criação de um estado nacional palestino independente com capital em Jerusalém e acusou Israel de querer "exterminar" o povo palestino.

"Estamos ao lado da luta memorável do povo palestino contra o genocida Estado de Israel, que arrasa, mata e quer exterminar o povo palestino", vociferou o caudilho venezuelano.

"Reiteramos nosso grande compromisso e nossa irrestrita solidariedade pela criação de uma Palestina independente, com a cidade sagrada de Jerusalém como capital."

Rússia atribui acidente de trem a atentado terrorista

A Rússia afirma que o acidente com o trem Moscou-São Petersburgo que matou 39 pessoas foi causado pela explosão de uma bomba.

O Serviço Federal de Segurança (FSB), sucessor do temido KGB (Comitê de Defesa do Estado)a temida polícia política da União Soviética, informou ao presidente Dimitri Medvedev que a bomba tinha o poder explosivo equivalente a sete quilos de TNT (trinitrotolueno).

Fiz duas vezes esta viagem nos anos 90, quando era estudante de pós-graduação em Londres. Havia algumas figuras sinistras a bordo. Uma colega americana pediu cobertura para ir ao banheiro durante a noite. Não poderia fazer nada contra bandidos armados.Mas fui.

Hoje o trem é moderno e luxuoso.

Ex-tupamaro deve ser eleito presidente do Uruguai

O senador e ex-guerrilheiro tupamaro José Mujica, que passou 14 anos na prisão, deve ser eleito presidente do Uruguai neste domingo, em segundo turno. As pesquisas de intenção de voto lhe dão uma vantagem de oito a dez pontos percentuais sobre o ex-presidente conservador Luis Alberto Lacalle.

Para fugir das acusações de radical, Mujica convidou para vice-presidente o ministro da Economia, Danilo Astori, do bem-sucedido e bem avaliado governo Tabaré Vázquez, que conseguiu reconstruir o país, duramente abalado pelo colapso da economia argentina, em 2001.

No encerramento de sua campanha, o ex-guerrilheiro insistiu que "o país não está em guerra, ninguém vai esmagar ninguém e no dia seguinte todos os uruguaios voltarão a conviver em harmonia".

Lacalle argumentou que "as pedras que um dia foram usadas para tentar destruir não servem para construir o país", mas já teria admitido a derrota.

Pelas últimas pesquisas, Mujica tem de 48% a 50% das preferências contra 40% a 42% para Lacalle.

Favorito em Honduras pretende pedir apoio a Lula

O candidato do conservador Partido Nacional à Presidência de Honduras, Porfírio Lobo Sosa, que lidera com 42% as pesquisas sobre as eleições deste domingo, prometeu pedir diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que reconheça o resultado das eleições deste domingo.

Ao lado da maioria dos países da América Latina, o Brasil se recusa a aceitar o resultado das urnas. Alega que isso seria legitimar o golpe de 28 de junho de 2009, já que o presidente deposto, José Manuel Zelaya, não foi reconduzido ao cargo, como exigiram a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Assembleia Geral das Nações Unidas.

"Estamos interessados em manter boas relações com todos os países", declarou Lobo, falando como presidente eleito. "O Brasil é um país que admiramos e respeitamos."

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Presidente da Costa Rica aceita eleição hondurenha

O presidente da Costa Rica, Óscar Arias, que foi o primeiro mediador indicado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) para negociar a crise que gerada pelo golpe de 28 de junho de 2009, pediu hoje à sociedade internacional que reconheça o resultado das eleições de domingo em Honduras. Essa posição contraria a maioria dos governos latino-americanos, inclusive do Brasil.

Em nome da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), o presidente do Equador, Rafael Correa, anunciou hoje que o bloco regional não vai reconhecer o resultado das eleições organizadas pelo governo golpista. Mas os Estados Unidos, a Colômbia, o Panamá, o Peru e agora a Costa Rica decidiram aceitar as eleições como a melhor saída para a crise.

Diante da intransigência das duas partes depois que o presidente deposto, José Manuel Zelaya, entrou clandestinamente no país e se refugiou na Embaixada do Brasil em Tegicigalpa, em 21 de setembro, Arias abandonou sua mediação.

O então subsecretário de Estado adjunto para a América Latina, Thomas Shannon, foi à capital hondurenha e negociou um acordo em que a Corte Suprema e o Congresso de Honduras decidiriam se Zelaya voltaria ou não ao cargo.

A lógica da mediação americana era simples: em última análise, os hondurenhos precisam se entender. Mas as duas partes acabaram não indicando os ministros para o governo de união nacional. Zelaya insistiu na sua recondução ao cargo como precondição, os golpistas jogaram para ganhar tempo e o diálogo foi rompido.

Como o governo Barack Obama não pretende fazer pressão exagerada para reconduzir ao cargo um aliado do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, o que o tornaria vulnerável a ataques da oposição republicana, não forçou o governo golpista liderado por Roberto Micheletti a devolver o poder.

Os países latino-americanos, Chávez, o assessor especial de política externa da Presidência do Brasil, Marco Aurélio Garcia, e o próprio Zelaya não param de insistir que, se os EUA quisessem, restituiriam o cargo ao presidente deposto de um dia para o outro.

Mas Obama já tem problemas demais, a pior crise econômica dos últimos 70 anos, a reforma do sistema de saúde dos EUA, as guerras no Iraque e no Afeganistão, a questão nuclear da Coreia do Norte e do Irã, o aquecimento global, a ascensão da China...

É difícil encontrar espaço na agenda do presidente dos EUA para Honduras e mais difícil ainda imaginar que ele vá abrir mais uma frente de luta com a oposição conservadora para defender uma figura caudilhesca como Mel Zelaya.

Garcia argumenta que aceitar o resultado das eleições legitimaria o "golpe preventivo". Mas, então, qual a saída para a crise hondurenha?

Os cinco candidatos dos principais partidos decidiram disputar a Presidência e fizeram um Pacto da Nação, comprometendo-se a investir em energia e programas sociais durante 10 anos para melhorar a situação de um dos países mais pobres da América. Esses são os líderes que vão conduzir o futuro do país.

Há dois dias, a Corte Suprema de Honduras decidiu que Zelaya não pode ser reconduzido ao cargo antes de responder às acusações de tentar obrigar o Exército a realizar um plebiscito sobre a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte sem o aprovação do Congresso nem do Judiciário. Essa foi a origem do golpe e são essas as instituições hondurenhas que decidirão o destino do presidente deposto.

Zelaya foi preso em casa de pijama na madrugada de domingo, 28 de junho, e colocado num avião para a Costa Rica. Isso caracteriza o golpe.

Depois de duas tentativas teatrais de voltar, sem sucesso, ele se entrincheirou há dois meses na sede da representação brasileira, comprometendo a neutralidade que daria ao Brasil a condição de mediador. É um convidado incômodo e trapalhão.

A melhor solução para Zelaya seria se entregar e se submeter a um julgamento para fazer do tribunal um palanque, em vez de usar a Embaixada do Brasil. Mas ele só aceita sair diretamente de volta para o palácio.

Tudo indica que as eleições serão realizadas e seus resultados serão aceitos mais cedo ou mais tarde pelo resto do continente.

Washington Post critica terceiro-mundismo do Brasil

No editorial Um Abraço de Lula, The Washington Post, o jornal que derrubou o presidente americano Richard Nixon, critica hoje a vinda do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, ao Brasil, dizendo que a viagem ao exterior do presidente iraniano, a Gâmbia, Senegal, Brasil, Bolívia e Venezuela, seria patética se não fosse pela escala em Brasília.

O Post afirma que a aproximação a Ahmadinejad, filho da Guarda Revolucionária Iraniana, que se opõe ferozmente à paz com Israel, apoiando grupos radicais como o Movimento de Resistência Islâmica palestino (Hamas) e a milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus), desqualifica o Brasil como intermediário das negociações de paz do Oriente Médio.

“Se o Brasil quiser conquistar uma influência global, precisa reforma o terceiro-mundismo anacrônico de sua política externa”, alerta o Post.

Em outras palavras, o lugar do Brasil é ao lado das grandes democracias, como Índia e EUA, e não de Ahmadinejad e do presidente depostos de Honduras, José Manuel Zelaya, que tem grande responsabilidade pela crise política em seu país e não é simplesmente uma vítima.

Irã cassa Prêmio Nobel da Paz 2003

O Comitê do Prêmio Nobel da Paz acusa o Irã de confiscar o prêmio dado em 2003 à advogada e defensora dos direitos humanos iraniana Shrin Ebadi sob a acusação de que ela não pagou impostos sobre o dinheiro recebido.

AIEA critica falta de cooperação do Irã

Com o apoio da China e da Rússia, a Agência Internacional de Energia Atômica aprovou resolução criticando o Irã por não cooperar com as investigações sobre seu programa nuclear, especialmente em relação à instalação secreta descoberta recentemente perto da cidade sagrada de Kom.

Teerã reagiu dizendo que vai se afastar da agência.

Bancos minimizam risco de Dubai

Os bancos de fora da região do Golfo Pérsico minimizaram hoje o risco de exposição à dívida de Dubai, que pode ser um problema apenas local, mas foi um sinal de alerta para um mercado financeiro cada vez mais complacente, na esperança de que o pior tenha passado.

A ameaça de calote da Dubai World daria um prejuizo de US$ 59 bilhões. O total de dívida do emirado é de US$ 80 bilhões. A crise financeira mundial do ano passado já deu prejuízos de US$ 1,8 trilhão.

Ontem, as ações de bancos britânicos perderam US$ 20 bilhões. Há preocupações com o Vietnã e a Grécia.

Fala de Lula afasta Uribe de reunião da Unasul

Nem o presidente Álvaro Uribe, nem o ministro da Defesa, Jaime Bermúdez, nem o ministro do Exterior da Colômbia, Gabriel Silva, vai à reunião de cúpula da União das Nações da América do Sul (Unasul) na próxima semana em Quito, onde o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, promete pedir um plano de paz para a Colômbia não receber soldados dos Estados Unidos em seu território.

Desde que foi confirmado o acordo que abre sete bases militares colombianas para uso pelas Forças Armadas dos EUA, Chávez está em pé de guerra. Tem feito sucessivas provocações à Colômbia. Chegou a convocar o povo e as Forças Armadas venezuelanas a se preparar para uma "possível guerra contra a Colômbia".

Uribe não gostou quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva equiparou Uribe a Chávez, dizendo que eles precisam "entender que a guerra não é construtiva".

"Creio que o companheiro Chávez e o companheiro Uribe tem que entender que a guerra não é construtiva, que a disputa insana não é construtiva", disse o presidente Lula, citado hoje pelo jornal colombiano El Tiempo.

Para Uribe, a declaração não faz sentido porque ele entende que resiste a todas as provocações de Chávez, reagindo com tolerâncias às repetidas agressões verbais do caudilho venezuelano.

Assim, não haveria garantias para um diálogo com "respeito, objetividade e equilíbrio". Por isso, o governo colombiano vai mandar apenas equipes técnicas dos ministérios da Defesa e das Relações Exteriores, sem peso político para tomar qualquer decisão importante.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Israel pode libertar Marwan Barghouti

Para libertar o sargento Gilad Shalit, sequestrado há três anos pelo Movimento de Resistência Isltâmica (Hamas), Israel teria concordado em libertar Marwan Barghouti, um dos principais líderes da Fatah, que pode ser candidato à presidência da Autoridade Nacional Palestina, se Mahmoud Abbas desistir do cargo definitivamente.

China faz proposta de corte de emissões

A China propôs hoje medidas para aumentar a eficiência energética sem prejudicar o crescimento econômico do país. A promessa é cortar 40% a 45% da “intensidade das emissões de gás carbônico” até 2020, na comparação com 2005.

Cortar a "intensidade das emissões" significa diminuir a quantidade de carvão ou petróleo queimado para produzir a mesma riqueza. O plano chinês é assim mais de eficiência energética do que de redução das emissões.

Na prática, a China pode aumentar as emissões para manter sua meta de crescimento econômico de 8% ao ano. Não pretende prejudicar seu desenvolvimento econômico. É o que legitima o regime, na verdade, uma ditadura militar do Partido Comunista e do Exército Popular de Libertação.

O primeiro-ministro Wen Jiabao vai à Conferência das Nações Unidos sobre o Clima, em Copenhague, anunciou em Beijim o ministério do Exterior chinês.

Economistas estimam que combate ao aquecimento global deve custar trilhões de dólares.

Moratória de Dubai abala mercados financeiros

O fundo estatal de investimentos Dubai World, do principado árabe de Dubai, um dos sete que formam os Emiradores Árabes Unidos, pediu uma moratória de seis meses no pagamento de suas dívidas de US$ 59 bilhões, a maior desde o colapso da dolarização na Argentina, em 2001.

Outros destaques econômicos do dia:
• A confederação empresarial Business Europe se junta às pressões para que a China valorize sua moeda.

• A França espera crescer 0,3% no último trimestre do ano, fechando 2009 com uma queda no PIB de 2,2%. Para 2010, a expectativa é de expansão de 0,75%.

• O governo britânico vai exigir que os bancos revelem os nomes de todos os funcionários que ganham mais de um milhão de libras por ano. Os bônus deveriam ser pagos com um atraso de três para que se possa avaliar se os investimentos foram corretos.

• O alho bateu o ouro, as ações e os imóveis como ativo que mais se valorizou neste ano na China.

• O Banco de Alimentos de Nova York diz que 3,3 milhões, 40% dos habitantes da cidade, tiveram problemas para comprar comida neste ano. Em Los Angeles, milhares de sem-teto fizeram fila para receberem de graça uma refeição para festejar o Dia Nacional de Ação de Graças.

• O dólar atinge a cotação mais baixa em relação ao iene em 14 anos, abaixo de 87 ienes por dólar
.
• A maioria das bolsas da Ásia caiu, com a valorização do iene prejudicando as exportações japonesas.

• Na Europa, foi um dia de queda.

• NY não abriu por causa do feriado do Dia Nacional de Ação de Graças.

Corte Suprema veta volta de Zelaya ao poder

A Corte Suprema de Honduras decidiu na quarta-feira que o presidente José Manuel Zelaya, deposto num golpe de Estado em 28 de junho de 2008, não pode ser reconduzido ao cargo, informou agora há pouco o jornal espanhol El País citando fontes do tribunal.

O governo golpista considerou um "intervencionismo inédito" a proposta do Brasil de adiar as eleições hondurenhas, marcadas para 29 de novembro, por duas semanas, feita em carta ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama

Por um acordo negociado pelo secretário de Estado adjunto para a América Latina, o Congresso deveria decidir sobre a devolução da presidência a Zelaya depois de ouvir a Corte Suprema.

Os ministros do supremo tribunal hondurenho entendem que Zelaya violou a Constituição ao tentar obrigar as Forças Armadas a realizar um plebiscito sobre a convocação de uma Assembléia Constituinte sem a aprovação do Congresso e a autorização do Judiciário.

Mas o presidente Zelaya foi preso em casa, da madrugada, de pijama, e mandado de avião para a Costa Rica, o que carateriza um golpe de Estado. Por isso, a Organização dos Estados Americanos (OEA) condenou unanimemente o golpe e exige a restituição do poder a Zelaya.

Depois que o presidente deposto voltou clandestinamente ao país e se refugiou na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, os EUA entraram na jogada. O pressuposto da mediação americana é que os hondurenhos tem de se entender.

Diante do fracasso do acordo, os EUA decidiram aceitar o resultado das eleições de 29 de novembro como a saída mais democrática para a crise hondurenha. A Colômbia, o Panamá e o Peru resolveram acompanhar a posição americana.

O resto do continente, inclusive o Brasil, negam legitimidade às eleições e não pretendem reconhecer o governo eleito.

Tribunal do Camboja pede 40 anos para Duch

A promotoria do Tribunal das Nações Unidas para o Genocídio no Camboja pediu ontem uma pena de 40 anos de prisão para Kaing Uek Eav, mais conhecido como o Camarada Duch (pronuncia-se Dóic).

Duch era o torturador-chefe da notória prisão S-21, em Phnom Penh um dos principais centros de detenção, tortura e extermínio do regime do Khmer Vermelho. É acusado de crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

A ditadura de Pol Pot é responsável pela morte de 2 milhões de pessoas no pior genocídio depois da Segunda Guerra Mundial.

Tomou o poder em 16 de abril de 1975, duas semanas antes da queda de Saigon, no fim da Guerra do Vietnã. Foi derrubada por uma invasão vietnamita em 9 de janeiro de 1979, fim de um reino de terror registrado no filme Gritos do Silêncio.

Na sua declaração final, Duch, hoje com 67 anos, voltou a pedir desculpas, adotou um tom conciliatório, disse que sofria um "remorso excruciante" e pediu para ser visto como um ser humano. Pelo menos 14 mil pessoas foram mortas sob seu comando.

O procurador William Smith não se comoveu com a autovitimização do carrasco: "Duch não era uma vítima do sistema mas um agente leal e devotado. Um homem às vezes precisa parar de responder a seus superiores para responder à sua consciência. O réu renunciou à sua consciência, a todos os seus deveres com os seus semelhantes enquanto seres humanos."

EUA propõem meta de corte de gases

Pela primeira vez, os Estados Unidos apresentaram uma proposta de redução das emissões dos gases que agravam o efeito estufa, aumentando a temperatura da Terra.

O presidente Barack Obama vai à Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, a ser realizada em Copenhague, na Dinamarca, de 7 a 18 de dezembro, com o objetivo de negociar um acordo que substitua o Protocolo de Quioto.

A Casa Branca revelou ontem que ele vai levar uma proposta de corte de 17% até 2020 e de 83% até 2050 em relação às emissões de gases-estufa de 2005.

Pelo Protocolo de Quioto, nunca foi aprovado pelos EUA, os americanos teriam de fazer um corte de 5,2% em relação às emissões de 1990.

A atual meta é de cerca de 3% das emissões de 1990. Ainda está abaixo da exigência de Quioto. Mas é a primeira vez que o país, que era o maior poluidor mundial e recentemente foi ultrapassado pela China, se compromete em reduzir suas emissões.

Em entrevista na Alemanha, o secretário-geral da Conferência do Clima, Yvo de Boer, saudou a participação do presidente dos EUA afirmando que, "em Copenhague, não há plano B. Só existe Plano A e é A de ação imediata".

Bancos londrinos terão de revelar salários milionários

Os grandes bancos do centro financeiro de Londres terão de revelar a lista dos funcionários que recebem mais de um milhão de libras por ano, cerca de R$ 2,85 milhões.

A proposta é de Sir David Walker, uma das autoridades bancárias da City, revelou o Financial Times.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Renda, consumo e venda de casas sobem nos EUA

A renda pessoal dos americanos cresceu 0,2% em outubro e o consumo nos Estados Unidos, 0,7%.

A venda de casas novas subiu 6,2% em outubro nos EUA, projetando vendas anuais de 430 mil unidades habitacionais, o ritmo mais forte em dois anos. O preço médio caiu 0,2%, ficando em US$ 202 mil.

Com incentivos oficiais, os americanos aproveitaram para comprar a casa própria. O estoque de casas a venda caiu de 250 para 239 mil, o que supriria a demanda de pouco mais de seis meses e meio. Os novos pedidos de hipotecas caíram 5% e de refinanciamentos em 9%.

Mas as encomendas de bens duráveis (mais de 3 anos) caíram 0,6%, também em outubro, e o crédito para consumo nos EUA caiu 7,2% em setembro na comparação anual.

Exportações do Japão crescem 2,5%

As exportações do Japão cresceram 2,5% em outubro, mas registram queda de 23,2% nos últimos 12 meses.

O saldo comercial de US$ 9,1 bilhões foi o maior desde março de 2008.

Desemprego de jovens negros chega a 34,5%

O desemprego de jovens negros de 16 a 24 anos nos Estados Unidos atingiu níveis da Grande Depressão (1929-39), chegando a 34,5%, mais de três vezes acima da taxa para o país como um todo, que está em 10,2%.

EUA e Índia consolidam aliança estratégica

Depois de ouvir vários nãos na visita à China na semana passada, o presidente Barack Obama recebeu ontem na Casa Branca o primeiro-ministro Manmohan Singh para consolidar a parceria estratégica entre os Estados Unidos e a Índia, as duas maiores democracias do mundo. É a primeira visita de Estado nos EUA do governo Obama.

Preocupado com a aproximação entre a China e os EUA, Singh levou apoio à guerra no Afeganistão e às propostas de total desarmamento nuclear do presidente americano.

A relação com a Índia é um eixo importante da política externa americana. O país é um rival da China, com quem a Índia travou uma guerra de fronteiras em 1962 e inevitavelmente terá uma concorrência geoestratégica, na medida em que são as duas superpotências em ascensão no século 21.

Ritmo de transmissão da aids diminui

O vírus da imunodeficiência humana (HIV) ainda infecta 7,4 mil pessoas por dia, sendo 1,2 mil crianças, mas o número de novas contaminações caiu 17% nos últimos oito anos, informaram a UNAIDS, agência de combate à aids das Nações Unidas, e a Organização Mundial da Saúde.

O total de casos novos caiu 25% no Leste da Ásia, 15% na África subsaariana e 10% no Sul e no Sudeste da Ásia, mas aumentou 13% na América Latina.

Em 2007, havia 33 milhões de infectados pelo HIV; hoje, são 33,4 milhões. As mortes também diminuíram por causa do sucesso de tratamentos com um coquetel de medicamentos.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Irã admite enriquecer urânio no exterior

O Ministério do Exterior do Irã pediu hoje garantias para mandar urânio para enriquecimento no exterior. A proposta foi feita pelas cinco potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas, a própria ONU, a Alemanha e a União Europeia para acabar com as suspeitas de que o programa nuclear iraniano esteja desenvolvendo armas nucleares.

Na semana passada, o chanceler iraniano, Manouchehr Mottaki, declarou que todo o processo de enriquecimento seria feito no país. Isso foi interpretado como uma recusa da proposta de negociação.

Hoje, em entrevista em Teerã, um porta-voz iraniano pediu "100 por cento de garantias" de que, se o país enviar ao exterior urânio enriquecido a um teor de 3,5%, receberá de volta urânio enriquecido a 20% para pesquisas médicas num reator nuclear.

Para se tornar carga de armas atômicas, o urânio precisa ser enriquecido a teores acima de 90%.

EUA cresceram menos do que estimado

O segundo cálculo do produto interno bruto dos Estados Unidos no terceiro trimestre de 2009 confirma que o país saiu da pior recessão desde os anos 30, mas num ritmo de crescimento menor. Em vez de 3,5%, a expansão foi de 2,8% por causa das importações e do consumo fraco.

Na primeira estimativa, o consumo tinha crescido 3,4%. Agora, essa número foi revisado para 2,9%.

Hoje, o índice de confiança do consumidor calculado pelo Conference Board aponta para o fortalecimento.

Nesta quinta-feira, Dia Nacional de Ação de Graças, começa a temporada de compras dos americanos, que vai até o Natal. Será um bom termômetro da recuperação econômica.

O PIB é a soma de todas as riquezas que o país produz menos as importações.

Regime iraniano parte para a 'guerra suave'

Depois de esmagar os protestos da oposição contra a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, o regime fundamentalista do Irã lançou o que chama de uma guerra suave, difusa, revela hoje The New York Times.

As novas frentes de luta são os meios de comunicação e as escolas.

O ensino fundamental do país está sendo infiltrado pela milícia Bassij, um braço paralelo da Guarda Revolucionária Iraniana, usado no combate à oposição depois da eleição presidencial de 12 de junho de 2009.

A Guarda já é quem mais manda no país, superando os aiatolás. Uma nova unidade acaba de ser criada para policiar a Internet. E naturalmente a Guarda Revolucionária está em todos os negócios na área de telecomunicações, de linhas fixas a celulares e Internet banda-larga.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Pena de morte é arma contra oposição no Irã

Uma onda de prisões e de sentenças de morte leva grupos de defesa dos direitos humanos a concluir que o regime fundamentalista do Irã está usando a pena capital como instrumento de luta contra a oposição, revela hoje o jornal The New York Times.

Desde a posse do presidente Mahmoud Ahmadinejad para um segundo mandato, em agosto, pelo 115 pessoas foram executadas na república islâmica.

Crescimento chinês está voltando aos dois dígitos

O crescimento da China deve chegar a 10% ao ano no último trimestre de 2009 e passar de 10% no primeiro de 2010, prevê o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento do Conselho de Estado.

Outros destaques econômicos:
• A atividade privada na zona do euro teve em novembro a expansão mais forte em dois anos.

• Os países desenvolvidos saíram da recessão no terceiro trimestre, confirma a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

• A venda de imóveis residenciais usados subiu 10,1% em outubro nos Estados Unidos, na maior alta desde fevereiro de 2007, projetando um ritmo anual de 6,1 milhões de negócios. O preço médio caiu 7,1% em um ano para US$ 173,1 mil.

• O diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Khan, adverte que a economia mundial continua altamente vulnerável e apoia a manutenção dos planos de estímulo.

• No mesmo evento, a conferência da Confederação da Indústria Britânica (CBI, do inglês).

• O diretor regional do banco central dos EUA em Chicago prevê que o desemprego no país chegue a um pico de 10,5% no primeiro semestre do próximo ano e caia para 9,5% no fim de 2010.

• O mercado espera um aumento de vendas nos EUA na temporada de compras que começa nesta quinta-feira, com o Dia Nacional de Ação de Graças.

• A maioria das bolsas da Ásia e da Europa subiu.

• Com a queda do dólar, a onça do ouro chegou à cotação internacional recorde de US$ 1.174.

Conferência de Copenhague terá 65 líderes

Os chefes de Estado ou de governo de 65 países, entre eles do Brasil, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Austrália, confirmaram presença na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a ser realizada de 7 a 8 de dezembro em Copenhague, anunciou neste fim de semana o governo da Dinamarca.

Cerca de 180 países são esperados na Conferência de Copenhague, que deveria negociar um acordo para substituir o Protocolo de Quioto, que expira em 2012. Mas os presidentes da China e dos Estados Unidos, e o primeiro-ministro da Índia, não decidiram se vão.

Esse protocolo adicional à Convenção sobre o Clima, aprovada na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992, estabeleceu em 1997 que 37 países ricos deveriam reduzir suas emissões dos gases que agravam o efeito estufa, na média em 5% abaixo dos níveis de 1990. Os EUA nunca aderiram.

Para substituir Quioto, os países-membros da ONU precisam chegar a um acordo para reduzir as emissões, com metas claramente definidas, e financiar as mudanças necessárias, especialmente em grandes países em desenvolvimento como a China, que já é o maior poluidor mundial, e a Índia.

A União Europeia estima que serão necessário US$ 150 bilhões para ajudar os países em desenvolvimento a também reduzirem suas emissões de gases carbônicos, como os resultantes da queima de carvão e petróleo.

FT: Ahmadinejad testa diplomacia brasileira

Ao receber o presidente do Irã no momento em que cresce a importância internacional do Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva legitima Mahmoud Ahmadinejad, um fundamentalista muçulmano linha-dura que nega o direito de existência de Israel, estaria desenvolvendo armas atômicas e foi reeleito numa fraude em 12 de junho passado.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil alega que a melhor maneira de resolver os problemas da sociedade internacional é através do engajamento político e do diálogo. Mas isso não livra o país de críticas por receber o ditador iraniano.

"É a primeira vez na História da América Latina que um governo islâmico entra no quintal dos Estados Unidos", foi a frase infeliz de um assessor do presidente do Irã citada no Financial Times A visão da América Latina como um quintal dos EUA certamente não agrada a governos e povos da região.

Para o embaixador no Brasil, Mohsen Shatterzadeh, "a morte do unilateralismo criou oportunidades para o surgimento de novas potências no Ocidente e no Oriente que podem desafiar a dominação das potências ocidentais".

O vice-presidente do Conselho das Américas, Eric Farnsworth, observou que "a crescente influência internacional do Brasil significa que os líderes que o presidente do Brasil recebe ganham mais credibilidade e legitimidade".

Isso levou o presidente do Congresso Mundial Judaico, Ronald Lauder, a advertir: "O Brasil não pode ser um ator global e esperar que a recepção a Ahmadinejad passe despercebida. Todo o mundo está vendo e nada será posivito".

Antes de embarcar, Ahmadinejad declarou que "o Irã, o Brasil, a Venezuela podem ter um papel determinante no planejamento, no estabelecimento e na regulamentação de uma nova ordem mundial".

Ahmadinejad tem fraca legitimidade interna por causa da fraude eleitoral e está isolado pela Europa, os EUA e diversos países árabes e muculmanos que discordam do fundamentalismo xiita da república islâmica.

domingo, 22 de novembro de 2009

Ex-vice-presidente é condenado no Irã

O político reformista do Irã Mohammed Ali Abtahi, que foi vice-presidente de Mohammed Khatami, foi sentenciado a seis anos de prisão por causa dos protestos contra a reeleição fraudulenta do presidente Mahmoud Amhadinejad, mas pagou fiança equivalente a US$ 700 mil e vai aguardar o recurso em liberdade.

Abtahi, preso durante as semanas de protestos violentos que se seguiram à eleição presidencial, foi condenado por propaganda antigovernamental e agir contra o interesse nacional.

Irã treina defesa de instalações nucleares

As Forças Armadas do Irã realizam neste domingo um treinamento militar para defender suas instalações nucleares contra um possível ataque dos Estados Unidos ou de Israel, no momento em que as negociações sobre seu programa nuclear, suspeito de desenvolver armas atômicas, estão empacadas.

Isolado internacionalmente, o presidente linha-dura Mahmoud Ahmadinejad chega ao Brasil nesta segunda-feira em busca de apoio político. Será o primeiro país democrático a recebê-lo desde sua reeleição numa gigantesca fraude em 12 de junho de 2009.

Quatro americanos tem gripe suína resistente

Quatro americanos do estado da Carolina do Norte pegaram uma variação do vírus H1N1 resistente ao Tamiflu, o antibiótico mais usado no mundo inteiro para combater a gripe suína eou gripe A. Três morreram.

Todos os quatro estavam gravemente enfermos na unidade de câncer de um hospital da cidade de Duke e devem ter pego a doença no hospital.

sábado, 21 de novembro de 2009

Chávez defende o terrorista Carlos, o Chacal

Em uma reunião de partidos socialistas, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, defendeu o terrorista venezuelano Ilich Ramírez Sánchez, mais conhecido como Carlos, o Chacal. Para Chávez, Carlos não é um terrorista, mas um importante "combatente revolucionário".

O Chacal ganhou esse apelido nos anos 70, quando organizou ataques a bomba, atentados e sequestros. Ele foi preso em 1994 no Sudão e foi deportado para a França, onde foi condenado a prisão perpétua pelo assassinato, em 1975, de dois agentes secretos franceses e um suposto informante.

Além do Chacal, Chávez elogiou ditadores sanguinários como Idi Amin, responsável por cerca de 300 mil mortes em Uganda; Robert Mugabe, que transformou o Zimbábue de celeiro da África em um Estado em colapso, e o iraniano Mahmoud Ahmadinejad, que chega segunda-feira ao Brasil, depois de ser reeleito fraudulentamente em 12 de junho de 2009 e usar a Guarda Revolucionária para acabar com os protestos da oposição.

Democratas tem votos para reformar a saúde

Mais dois senadores democratas decidiram votar a favor da reforma do sistema da saúde dos Estados Unidos proposta pelo presidente Barack Obama. O projeto em discussão no Senado estende o seguro-saúde para 39 milhões de americanos que hoje não tem cobertura, a um custo de US$ 848 bilhões.

A bancada democrata unida tem 60 votos, o número necessário para derrubar qualquer tentativa de obstrução da oposição republicana. Vencido esse obstáculo, a matéria vai agora para debate e votação no plenário.

O líder da maioria no Senado, Harry Reid, espera aprovar a reforma antes do Natal.

Chávez considera destruir pontes rotina

Ao justificar a destruição de duas pontes de pedestres na fronteira com a Colômbia, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, a descreveu como "uma operação de rotina" para impedir a ação de contrabandistas, traficantes e paramilitares que atuariam na região.

"Não eram pontes. Eram passarelas artesanais ilegais", justificou o caudilho venezuelano.

Chávez chamou de "cínica" a iniciativa do governo colombiano de denunciar o fato à Organização dos Estados Americanos, alegando que não eram pontes como a Golden Gate, em São Francisco da Califórnia, e a do Brooklyn, em Nova York.

Com sua necessidade constante de arrumar inimigos externos para aplacar a oposição interna, o líder da chamada "revolução bolivarista" voltou a acusar "o império yankee de estar preparando uma guerra na América Latina. Estão inventendo uma guerra na América do Sul assim como inventaram uma guerra no Iraque. E digo com grande dor que a plataforma contra a agressão à Venezuela é a Colômbia".

No seu discurso confuso, paranoico e apocalíptico, concluiu dizendo que nem a Colômbia nem a Venezuela podem evitar esta guerra, que só depende dos EUA.

Equatoriano ajudou Colômbia a matar Reyes

Um espião equatoriano ajudou a Colômbia a matar, em 1º de março de 2008, no Equador, o subcomandante das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), Raúl Reyes, admitiu o governo equatoriano, que suspeita da participação de seus membros de seus próprios serviços secretos.

"Não sabíamos e graças a uma investigação jornalística agora sabemos", declarou ontem o ministro da Segurança Pública do Equador, Miguel Carvajal.

O jornal El Universal revelou que o espião teria se infiltrado no acampamento das FARC no Equador pelos serviços secretos colombiano e equatoriano, sugerindo que haveria uma colaboração entre os dois no combate à guerrilha colombiana.

Por outro lado, o presidente do Equador, Rafael Correa, é um aliado do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Com base em documentos encontrados em computadores apreendidos no acampamento onde Reyes foi morto, Chávez e Correa foram acusados de apoiar as FARC.

Venezuela vai pedir plano de paz para a Colômbia

Na sua obsessão de impedir o uso de sete bases militares colombianas pelos Estados Unidos, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro, declarou que pretende usar a próxima reunião ministerial da União das Nações da América do Sul (Unasul) para "pedir um plano de paz à Colômbia".

"Vamos exigir que a América do Sul faça um plano de paz para a Colômbia para que se acabem os motivos e as causas pelas quais pretendem e vão instalar bases estadunidenses nesse país, declarou Maduro à Rádio Nacional da Venezuela.

"Também vamos discutir o narcotráfico", acrescentou o chanceler venezuelano. "A Colômbia é o maior produtor e exportador do continente

O governo Chávez vê na presença militar americana uma ameaça para sua "revolução bolivarista", que não vai bem.

Neste momento em que a maioria dos países está saindo da recessão mundial, o produto interno bruto da Venezuela encolheu 4,5% no terceiro trimestre. Depois de uma queda de 2,5% no segundo trimestre, o país está tecnicamente em recessão.

Indignado, Chávez quer mudar a fórmula de cálculo do PIB alegando que serviços de saúde gratuitos e outros benefícios de suas políticas não entram no cálculo.

Mas a realidade é que a economia da Venezuela encolheu com a queda nos preços do petróleo decorrente da crise internacional e por causa do socialismo à la carte de Chávez, que estatiza setores por impulsos do caudilho venezuelano e não tem regras estáveis, criando insegurança jurídica e espantando investimentos.

Numa reunião de 150 partidos esquerdistas de 40 países organizada pelo Partido Socialista Unido da Venezuela, a senadora colombiana Piedad Córdoba defendeu a resistência chavista à instalação de bases militares em seu país.

Ahmadinejad justifica declarações sobre o Holocausto

Em entrevista a William Waack que vai ao ar agora no Jornal da Globo, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, não negou o massacre de judeus pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial, mas disse que "o Holocausto aconteceu na Europa" e "o povo palestino não tem nada a ver com isso". Ahmadinejad chega na segunda-feira ao Brasil, onde deve ser alvo de protestos.

Além de negar o Holocausto em declarações passadas e de ameaçar "varrer Israel do mapa", como líder do regime fundamentalista iraniano Ahmadinejad também persegue homossexuais. Na entrevista à TV Globo, declarou que "o homossexualismo não é normal", é "uma ameaça à sobrevivência da humanidade".

A visita do presidente iraniano ao Brasil, no momento em que o Irã rejeita mais um apelo das Nações Unidas, dos Estados Unidos, da Rússia, da Alemanha, da França, do Reino Unido e da União Europeia para enviar urânio para enriquecimento no exterior, foi duramente criticada pelo Wall Street Journal, o jornal mais vendido nos EUA (2 milhões de cópias por dia).

Na medida em que o Brasil se afirma como uma grande potência no cenário internacional, diz o Journal, poderia ser um aliado natural dos EUA em várias áreas, como energia, democracia, direitos humanos, economia e até mesmo para pressionar a China a valorizar o iuã.

Com o apoio a ditadores como Ahmadinejad, reeleito numa fraude evidente, e o refúgio concedido ao presidente deposto de Honduras, José Manuel Zelaya, diz o Journal que o país teria deixado de ser considerado um parceiro confiável.

Para um deputado democrata dos EUA, o Brasil está legitimando um ditador que fraudou eleições e botou a Guarda Revolucionárias e a milícia Bassij para bater, matar e prender manifestantes que rejeitaram o resultado oficial.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Colômbia denuncia Venezuela à OEA

Depois da destruição de duas pontes de pedestres na fronteira, a Colômbia denunciou a Venezuela à Organização dos Estados Americanos.

O ministro da Defesa colombiano afirmou que ontem "no Norte de Santander, na cidade de Ragonvalia, homens armados com uniformes militares vindos da Venezuela em veículos utilitários esportivos, aparentemente membros do Exército da Venezuela dinamitaram duas pontes de pedestres ligando as comunidades dos lados da fronteira, afetando a vida cotidiana das comunidades."

Ao comentar o incidente, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, disse que não vai aceitar as provocações do presidente venezuelano, Hugo Chávez.

Desemprego cresce em 29 estados americanos

Um número maior de estados tiveram aumento do desemprego em outubro nos Estados Unidos, e 13 estados registraram índices de desemprego acima da média nacional, de 10,2%. Os números foram divulgados.

No mês passado, a taxa de desemprego cresceu em 29 estados e no Distrito de Colúmbia e caiu em 13 estados. O desemprego é maior em Michigan, centro da decadente indústria automobilística americana, com 15,1%, mas ainda está abaixo do recorde de 16,9%, em novembro de 1982.

Presidente da Europa decepciona

Depois de rejeitar o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair por ter se aliado incondicionalmente ao então presidente americano George W. Bush na invasão do Iraque, em 2003, os líderes da União Europeia indicaram na quinta-feira, 19 de novembro de 2009, o inexpressivo primeiro-ministro da Bélgica, Herman van Rompuy, para a presidência executiva do bloco, criada pelo Tratado de Lisboa, por um período de dois anos e meio.

O novo tratado constitutivo da UE entrou em vigor em 1º de novembro para substituir o fracassado projeto de uma Constituição da Europa, que na verdade era outro tratado. Seus autores não tinham o poder constituinte delegado pelo voto dos cidadãos.

Se a proposta era nomear um Sr. Europa, um líder de prestígio que pudesse falar em nome do continente, o resultado é medíocre. Mostra a debilidade da integração europeia. No continente que inventou o nacionalismo, o nacionalismo recusa-se a ceder em nome da união.

A supercomissária de Relações Exteriores da UE será a atual comissária de Comércio do bloco, a baronesa britânica Catherine Ashton. Em princípio, tem muito menos peso político do que o atual ocupante do posto, o ex-ministro do Exterior espanhol Javier Solana.

Sem coesão, sem ideias e sem inspiração, a Europa dos 27 perde consistência política.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

ABC descobre prisão clandestina da CIA

A rede de televisão americana ABC anunciou a descoberta de uma prisão clandestina da CIA, a agência de espionagem dos Estados Unidos, num centro de equitação em Antivilai, no país báltico.

Obama quer acabar chantagem nuclear norte-coreana

No última etapa de sua primeira viagem à Ásia, que não teve nenhum resultado expressivo, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu em Seul, na Coreia do Sul, acabar com a chantagem nuclear da Coreia do Norte, que entra e sai de negociações, sempre faz novas exigências e nunca conclui um acordo.

Obama prometeu uma ajuda efetiva ao regime comunista norte-coreano, se este abandonar definitivamente as armas nucleares. Teve total apoio do presidente sul-coreano, Lee Myung Bak. Mas não indicou como pretende fazer isso.

Só a China tem poder de pressão efetivo sobre os stalinistas de Pionguiangue e, na visita de Obama a Beijim, o governo chinês não se mostrou muito disposto a colaborar com os EUA em nenhum setor.

OCDE melhora previsões para o Brasil

A recuperação mundial será liderada pela Ásia e modesta entre os países ricos, previu hoje a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne 30 países industrializados.

Para o Brasil, a expectativa passou de contração de 0,8% para crescimento zero neste ano, com expansão de 4,8% em 2010 e 4,5% em 2001. Fica abaixo dos 10% previstos para a China e os mais de 7% esperados para a Índia no próximo ano.

O dinamismo da recuperação dos Estados Unidos deve superar as da Europa e do Japão, com a economia americana caindo 2,5% neste ano para crescer 2,5% em 2010.

Causa da guerra no Afeganistão é miséria

A verdadeira causa da guerra civil sem fim no Afeganistão não é a milícia fundamentalista dos Talebã (Estudantes), mas a miséria em que vive a imensa maioria da população do país, disseram 70% dos 704 afegãos numa pesquisa de opinião encomendada pela organização não governamental Oxfam (Comitê de Oxford para o Combate à Fome).

O presidente Hamid Karzai tomou posse hoje para um segundo mandato de cinco anos prometendo combater a corrupção. Mas depois de fraudar a eleição presidencial, sua credibilidade é mínima.

Obama admite não fechar Guantânamo em janeiro

O presidente Barack Obama admitiu hoje que não vai cumprir a promessa de fechar, no primeiro ano de governo, o centro de detenção instalado na base naval de Guantânamo, um enclave dos Estados Unidos em Cuba.

Durante o governo George W. Bush, suspeitos presos na "guerra contra o terrorismo" foram levados para Guantânamo para terem negados os direitos garantidos pela Convenção de Genebra sobre Prisioneiros de Guerra.

Na campanha eleitoral, Obama prometeu acabar com essa aberração jurídica. Mesmo depois que os principais acusados pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 foram levados para julgamento em Nova York, como anunciou na semana passada o ministro da Justiça, Eric Holder, restarão mais de 200 presos no limbo jurídico, uma das tantas heranças malditas de George W.

Por falta de tempo para resolver tantos processos mal iniciados, alega o governo Obama, só será possível fechar a prisão de Guantânamo no fim de 2010.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Fome mata 17 mil crianças por dia

Cerca de 17 mil crianças morrem de fome por dia, uma a cada cinco segundos, afirmou hoje o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon, no encerramento da conferência anual da Organização da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO).

O diretor-geral da FAO, Jacques Diouff, pediu uma ação rápida contra a fome. O Programa Mundial de Alimentos quer US$ 1 bilhão só para o Nordeste da África, onde cinco anos de seca deixaram 23 milhões de pessoas sem comida.

ONU, EUA e França condenam obras em Jerusalém

As retroescavadeiras de Israel demoliram hoje um armazém no setor árabe de Jerusalém. A prefeitura da cidade alegou que o dono não tinha autorização.

Em outro local, 50 judeus americanos que foram incentivar a compra de casas nos territórios árabes ocupados participaram do lançamento da pedra fundamental de mais 900 unidades habitacionais no Leste de Jerusalém, ocupado na Guerra dos Seis Dias, em 1967.

O governo palestino protestou, questionando as declarações do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de que está pronto para negociar a paz.

Em visita oficial, o ministro do Exterior francês, Bernard Kouchner. repudiou as construções e declarou que Israel parece não ter interesse no processo de paz.

Dívida pública dos EUA passa de US$ 12 trilhões

A dívida pública federal dos Estados Unidos passou de US$ 12 trilhões no dia 16 de novembro de 2009. São mais de R$ 20 trilhões, cerca de 80% do produto interno bruto, a soma de tudo o que o país produz num ano menos as exportações. O déficit orçamentário acaba de bater o recorde mensal em outubro, quando chegou a US$ 178 bilhões.

Outra notícia ruim para a recuperação da maior economia do mundo veio do setor habitacional. O início da construção de casas diminui 10,6%, a maior queda em dez meses, projetando a construção de 529 mil casas em um ano, o ritmo mais fraco em seis meses. A expectativa do mercado era de 600 mil casas.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Israel autoriza construções ilegais em Jerusalém

Em mais um desafio à sociedade internacional e à paz no Oriente Médio, o governo linha dura do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu autorizou a construção de mais 900 unidades habitacionais no setor oriental (árabe) de Jerusalém, um dos territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias, em 1967.

A medida sabota os esforços de paz do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Há poucos dias, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, anunciou que não pretende concorrer à reeleição no próximo ano porque não tem qualquer apoio de Israel e dos EUA para reiniciar as negociações com Israel.

Abbas exige agora o fim da colonização dos territórios ocupados como precondição para negociar. O atual governo israelense não admite nem congelar as colônias e quer transformar a ocupação de Jerusalém em fato consumado, expulsando árabes e convidando os israelenses a construir e comprar casas no setor árabe.

O direito internacional proíbe a colonização de territórios ocupados militarmente. Israel anexou a metade árabe de Jerusalém, que pertencia à Jordânia até 1967, mas isso não é reconhecido internacionalmente.

A direita israelense insiste em que "Jerusalém é a indivisível capital de Israel". Os palestinos querem que sua parte na cidade histórica seja a capital do sonhado estado nacional independente prometido desde que as Nações Unidas aprovaram a partilha da Palestina, em 1947, para que fosse criado o Estado de Israel, em 1948.

Há quatro questões centrais a serem resolvidas nas negociações da paz entre israelenses e palestinos:
• a criação do estado nacional palestino e suas fronteiras;
• o direito de retorno dos palestinos expulsos de suas casas desde a criação de Israel;
• o destino das colônias israelenses na Cisjordânia ocupada; e
• a situação de Jerusalém.

Ao inviabilizar um acordo em duas questões centrais, o governo Netanyahu revela não ter intenção de negociar seriamente nem de aceitar a criação de um país para o povo palestino. Mina o processo de paz.

Congresso só vota volta de Zelaya após eleições

O Congresso de Honduras marcou hoje a votação para decidir se o presidente José Manuel Zelaya, deposto em 28 de junho, volta ao cargo para 2 de dezembro. A decisão fica, portanto, para depois das eleições de 29 de dezembro.

Zelaya acusou os Estados Unidos, que consideram as eleições como a melhor saída para a crise, de encobrir o golpe.

García atribui espionagem a setores pinochetistas

O Peru promete mostrar ao Chile todas as provas de uma suposta espionagem cometida por um suboficial da Força Aérea Peruana. Víctor Ariza, ex-adido aeronáutico na embaixada peruana em Santiago, foi detido há 18 dias sob a acusação de vender segredos militares ao Chile.

Em pronunciamento feito ontem à noite, o presidente peruano, Alan García, atribuiu a espionagem chilena ao “medo da grandeza do Peru” porque “o Peru está se desenvolvendo e crescendo”. Ele não acusou o governo democrático do Chile mas “setores que querem manter as práticas da ditadura do general Pinochet”.

Ontem, o ministro das Relações Exteriores do Chile, Mariano Fernández, negou qualquer participaçăo de seu país na espionagem.

UE rejeita independência unilateral palestina

O Conselho de Ministros da União Europeia rejeitou hoje uma proposta de declaração unilitaral de independência da Palestina que o grupo ligado ao presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, pretende fazer nas Nações Unidas, diante da estagnação do processo de paz com Israel.

Para os chanceleres da UE, a medida seria contraproducente. O governo israelense do primeiro-ministro linha dura Benjamin Netanyahu, advertiu que tal declaração representaria a ruptura dos acordos de paz assinados a partir de 1993.

EUA agradecem à locomitiva chinesa

No fim da reunião de trabalho com o presidente Hu Jintao agora há pouco em Beijim, o presidente Barack Obama agradeceu à China por ajudar a tirar o resto do mundo da pior recessão de sua geração.

Dentro da proposta americana de uma economia mundial mais equilibrada, em que os asiáticos poupem menos e consumam mais, Obama falou "num mundo os os americanos gastem menos e poupem mais, e os chineses gastem mais. Isso vai aumentar as exportações e gerar empregos nos EUA e melhorar o bem estar dos chineses".

Os dois países declararam que a abertura econômica leva à prosperidade. "A China se comprometeu a adotar um regime cambial mais orientado pelo mercado", disse Obama.

Esta é uma das principais reivindicações dos americanos, que a China deixe sua moeda flutuar para refletir o saldo de sua balança comercial, de serviços e de conta corrente.

"Também fizemos progresso na mudança do clima", declarou Obama. "Como maiores produtores e consumidores, não vai haver acordo sem a China e os EUA. Acertamos uma série de novas iniciativas nesta área. Criamos um centro para eficiência energética, carvão limpo, o desenvolvimento de energias alternativas."

Obama prometeu "trabalhar pelo sucesso de Copenhague, por um acordo que cubra todos os itens da negociação e tenha efeito imediato, não um meio acordo. Esse tipo de acordo será um passo importante.
Todos teremos de tomar medidas para mitigar as emissões."

Na questão atômica, "os EUA e a China vão trabalhar juntos para evitar a proliferação de armas nucleares. Concordamos na necessidade de reiniciar as negociações hexapartites com a Coréia do Norte. É uma oportunidade para a Coreia do Norte se aproximar da comunidade internacional, renunciando às armas nucleares."

Da mesma forma, prosseguiu Obama, "o Irã deve mostrar à comunidade internacional que seu programa nuclear é pacífico. O Irã teve a chance de provar seus fins pacíficos. Caso contrário, haverá consequencias", advertiu.

Como um presidente do Partido Democrata, Obama não poderia deixar de tocar na questão dos direitos humanos, desrespeitados na China, que tecnicamente é uma ditadura militar do Partido Comunista e seu braço armado, o Exército Popular de Libertação. Mas foi bastante moderado: "Acreditamos que esses direitos não são só americanos, são direitos universais, e os dois países concordaram em levar adiante esta discussão.

Depois de reafirmar o respeito à soberania e à integridade territorial da China, e o firme compromisso com a política de que só há uma única China, o presidente americano disse que gostaria de ver o regime comunista chinês dialogando com o Dalai Lama, líder político e espiritual do Tibete, ocupado em 1951 e anexado à China em 1959, quando o Dalai Lama fugiu para a Índia.

Por fim, Obama quis dizer que os EUA aceitam a irresistível ascensão da China. Já tinha dito no Japão que "os EUA não pretendem contar a China", como fizeram com a União Soviética durante a Guerra Fria, mesmo porque é impossível conter um país com mais de 1 trilhão de habitantes: "O sucesso de um país não implica o fracasso de outros. Os EUA admiram a ascensão da China. Com a cooperação, seremos mais prósperos e seguros, nossas relações serão baseadas no engajamento e no respeito mútuo."

Hu defende soberania chinesa e não cede

Depois de receber o presidente Barack Obama no Grande Salão do Povo, em Beijim, o presidente da China, Hu Jintao, observou agora há pouco que "as bases da recuperação da economia mundial ainda não são sólidas", numa indicação de que o governo chinês vai manter o programa de estímulo de US$ 585 bilhões, anunciado em novembro de 2008, que tirou o país da crise.

A China é a maior credora dos EUA. Tem hoje US$ 2,4 trilhões de reservas, sendo dois terços denominadas em dólares e quer a volta do consumidor americano. Mas não está disposta a aceitar a livre flutuação de sua própria moeda para refletir o sucesso do seu comércio exterior.

Diante da "diferença entre as situações que nossos países estão vivendo no momento, é preciso respeitar e acomodar os interesses, e lutar contra a protecionismo econômico", argumentou o líder chinês.

"As relações entre a China e os EUA melhoraram muito nos últimos anos", afirmou Hu. "O presidente Obama concorda com a política de que só existe uma China, e nós gostamos disso. As duas partes reafirmaram o compromisso com os princípios fundamentais da integridade territorial e da unidade nacional".

Este é o discurso tradicional do Partido Comunista da China para dizer que Taiwan e o Tibete são partes da China e ai de quem declarar independência.

Em toda visita oficial à China, reafirma-se esse princípio fundamental de que só há uma China. Não é toda a verdade.

Hu concluiu que a relação EUA-China é hoje muito importante, especialmente para a economia mundial, em que uma "responsabilidade compartilhada de sustentar um crescimento firme e saudável" da economia mundial".

A China também concordou com as propostas de desarmamento nuclear de Obama e com as tentativa de conter a proliferação nuclear na Coreia do Norte e do Irã.

Obama promete amplo acordo sobre o clima

Em declarações à imprensa no fim do encontro de trabalho com o presidente Hu Jintao, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou ter prometido ao primeiro-ministro da Dinamarca que quer fechar um acordo completo, e não meio acordo, sobre a mudança do clima.

Isso significa definir um prazo para negociações posteriores sobre metas específicas de redução de emissões de gases de efeito estufa e indicar as fontes de financiamento das mudanças que serão necessárias, especialmente nos países em desenvolvimento.

A União Europeia estima que serão necessário US$ 150 bilhões por ano durante 10 anos para cortar as emissões, desenvolver energias alternativas, plantar florestas e outras medidas para neutralizar as emissões de gases carbônicos, os principais responsáveis pelo aquecimento da Terra.

Obama defende valores democráticos na China

Durante debate com universitários chineses em Xangai, na segunda-feira, o presidente Barack Obama declarou que os Estados Unidos não querem impor nenhum regime político, mas apresentou os valores da democracia liberal, como eleições e liberdade de expressão, descrevendo-os como direitos universais.

Em um apelo à cooperação, o presidente americano afirmou que a solução dos grandes problemas do mundo hoje depende da colaboração entre China e EUA.

Obama aproveitou para defender o fim de censura à Internet. A transmissão via site da Casa Branca foi censurada.

O regime comunista chinês não deu ao atual presidente o privilégio dado a seus antecessores Bill Clinton e George W. Bush de se dirigir diretamente ao povo da China pela televisão.

Esse foi o evento que mais ansiedade poderia causar ao regime comunista chinês na primeira visita de Obama ao país. É um tipo de relação que os dirigentes da China não tem com seu povo.

Obama foi controlado, com uma preocupação visível de não melindrar a alta cúpula do governo e do Partido Comunista. As perguntas foram bem comportadas, nenhuma incisiva e agressiva como faria uma platéia ocidental.

A questão sobre a venda de armas americanas a Taiwan parecia ter sido feita por um porta-voz do regime chinês.

Hoje o presidente dos EUA tem o encontro de trabalho com o presidente da China, Hu Jintao, para discutir a recuperação econômica internacional, câmbio, comércio, proliferação nuclear, segurança internacional, direitos humanos e aquecimento global.

Os EUA pressionam a China a deixar o iuã flutuar livremente, o que levaria à apreciação da moeda chinesa em função do alto saldo comercial de seu país.

Desde que a crise internacional reduziu as exportações chinesas, o governo chinês voltou a colar a moeda no dólar.

Assim, enquanto o dólar caía diante de todas as moedas durante a crise, o iuã caía junto, numa jogada para manter a competitividade das exportações chinesas.

Para os americanos, a subvalorização das moedas asiáticas, especialmente da chinesa, é um dos fatores de desequilíbrio da economia internacional.

Os chineses contra-atacaram dizendo que a política monetária de juros zero da Reserva Federal (Fed), o banco central dos EUA, alimenta "investimentos especulativos" capazes de prejudicar a recuperação da economia mundial.

É uma indicação de que a China não vai ceder. Tem US$ 2,4 trilhões em moedas fortes, sendo dois terços em dólares. Isso significa que os chineses estão bancando a dívida pública do governo dos EUA. Tem interesse na manutenção do valor do dólar e na recuperação da capacidade de consumo dos americanos.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

China supera meta de crescimento para 2009

O crescimento chinês pode chegar a 8,5% em 2010, com inflação de 2,5%, previu hoje o Centro de Informações do Estado.

Para este ano, a previsão é de 8,3%, o que supera a meta estabelecida pelo governo, de 8%. O investimento externo direto cresceu 5,7% em outubro.

Japão cresce no ritmo mais forte em dois anos

A economia do Japão, a segunda maior do mundo, surpreendeu no terceiro trimestre de 2009, crescendo a uma taxa anual de 4,8%, o ritmo mais forte em dois anos, graças ao aumento das exportações e aos incentivos ao consumo interno.

Leia mais no Financial Times. O acesso pode ser restrito a assinantes.

Espionagem ao Peru envolve rede maior

O suboficial Víctor Ariza, um técnico de nível superior do serviço de inteligência da Força Aérea Peruana, vendeu a agentes secretos do Chile documentos sigilosos sobre compra de armamento, nomes e códigos de agentes, e fotografias de instalações militares.

"Aparentemente se trata de espionagem financiada pelo Chile", declarou no domingo, 15 de novembro de 2009, o ministro da Defesa do Peru, Rafael Rey, citado pelo jornal espanhol El País.

Ariza foi adido aeronáutico da Embaixada do Peru em Santiago do Chile em 2002. Desde 2005, estaria passando informações confidenciais aos chilenos. Ele recebia pagamentos regulares de US$ 3 mil a US$ 8 mil dólares.

Quando entrou em contato com um colega para ajudá-lo na espionagem, este o denunciou. Discretamente a FAP passou a investigar Ariza, preso há 15 dias.

Diante do peso das provas apresentadas, Ariza teria confessado. Mas ele não agiu sozinho.

A opinião pública peruana, cada vez mais indignada, quer saber a verdadeira dimensão da rede de espionagem.

China censura camisetas de ObaMao

O regime comunista da China proibiu a venda de camisetas com a imagem do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, vestido no estilo do líder da revolução, com o boné que Mao Tsé-tung usava nos anos 50.

A popularidade de um líder como Obama certamente assusta ditaduras militares.

Obama chegou domingo a Xangai, o centro financeiro da China continental, para uma visita de três dias ao país com uma agenda carregada por câmbio, comércio, proliferação nuclear, segurança internacional, direitos humanos e mudança do clima. Na terça-feira, será recebido pelo presidente Hu Jintao.

Com a ascensão chinesa, nos últimos anos, as economias dos dois países se tornaram interdependentes.

A China é a maior compradora da dívida soberana dos EUA e exporta produtos industrialis, muitos fabricados na China por empresas americanas. Os EUA são o principal mercado das exportações chinesas.

Quando a China fala em criar uma moeda internacional para substituir o dólar, dá um tiro no seu próprio pé, porque tem mais de US$ 1 trilhão de reservas na moeda americana.

Como a balança comercial é hoje muito favorável à China, a principal reivindicação de Obama é que a China deixe o iuã flutuar livremente para que sua cotação reflita o comércio exterior e o fluxo de investimentos da China, a entrada e a saída de moedas fortes do país. Mas os EUA ficaram mais frágeis com a crise, e os chineses não sentem necessidade de fazer concessões.

EUA e Rússia dão ultimato ao Irã

Numa reunião paralela à conferência de cúpula do fórum Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC), os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da Rússia, Dimitri Medvedev, deram ontem um ultimado ao Irã, adverindo que o prazo para uma solução diplomática da questão nuclear iraniana está se esgotando.

Obama disse que o Irã tem duas alternativas: ou abandona o desenvolvimento de armas nucleares e aumenta sua integração à sociedade internacional ou será alvo de pressões cada vez maiores para "cumprir suas obrigações internacionais".

No Irã, o presidente Mahmoud Ahmadinejad repudiou as sanções impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas ao regime fundamentalista iraniano.

Para o presidente do Parlamento Iraniano (Majlis), Ari Larijani, ao congelar os bens da Fundação Alavi, considerada nos EUA o braço financeiro do programa nuclear iraniano, o presidente Barack Obama mostrou que não é diferente de seus antecessores.

Modelo de investimento chinês divide africanos

Ao investir nos países da África em troca de matérias-primas, sem exigir contrapartidas econômicas e políticas, a China agrada às elites locais, pressionadas pelos Estados Unidos e a Europa por corrupção e abuso dos direitos humanos. Mas, como leva mão-de-obra chinesa e não se preocupa com questões sociais e ambientais, desagrada às classes menos favorecidas.

Numa pesquisa recente, 63 dos 67 funcionários governamentais ouvidos consideraram positiva a influência chinesa, enquanto 78 de 93 entrevistados do setor não governamental têm uma opinião negativa.

A maior parte do descontentamento vem do fato das empresas chinesas, ao contrário das ocidentais, usarem menos trabalhadores africanos, aproveitando a oferta de mão-de-obra da China, um país de 1,3 bilhão de habitantes.

Em Angola, 70% a 80% dos trabalhadores em projetos chineses são chineses. Em contraste, a companhia petrolífera americana Chevron emprega 90% de mão-de-obra angolana.

Na capital de Moçambique, Maputo, uma obra portuguesa tem cinco portugueses e 120 operários africanos, enquanto numa obra chinesa há 78 egenheiros e operários chineses, e apenas oito moçambicanos

Além de trabalhadores, a China exporta ainda imigrantes ilegais que vendem mercadorias chinesas baratas e degradação ambiental.

Outra questão é se a atividade das empresas chinesas contribui para o desenvolvimento da África ou está apenas saqueando seus recursos naturais para enriquecer a China, num processo neocolonialista.

No 2º Encontro de Cúpula Sino-Africano, realizado na semana passada em Charm-al-Cheikh, no Egito, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, prometeu US$ 10 bilhões em empréstimos ao continente, reacendendo o debate sobre a crescente influência da China na África.

domingo, 15 de novembro de 2009

Líderes mundiais adiam acordo sobre o clima

Os líderes mundiais praticamente adiaram as negociações de um acordo para combater o aquecimento global para depois da Conferência das Nações Unidas contra Mudança de Clima a ser realizada em Copenhague, na Dinamarca, de 7 a 18 de dezembro. Seu objetivo central é fechar um acordo para substituir o Protocolo de Quioto, que expira em 2012.

A proposta de redução de 50% até 2050 das emissões dos gases que agravam o efeito estufa foi excluída do documento final.

Nesta segunda-feira, começa em Copenhague uma reunião de ministros do Meio Ambiente de 40 países para salvar a conferência de cúpula de dezembro.

Esse processo de negociações começou na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Cúpula da Terra, realizada em junho de 1992 no Rio de Janeiro.

Na Rio 92, foi aprovada a Convenção sobre Mudança do Clima, mas os países não se comprometeram com nenhuma medida específica para combatê-lo. Por isso, em 1997, foi aprovado em Quioto, a antiga capital do Japão, um protocolo adicional à convenção.

O Protocolo de Quioto estabelecia metas específicas de redução das emissões de gases em até 5% abaixo dos níveis de 1990 para 37 países industrializados, já que o aumento da concentração de gases carbônicos na atmosfera é fruto da queima de carvão e petróleo na era industrial. Sua vigência acaba em 2012.

A questão central é que o país que historicamente mais poluiu a atmosfera da Terra, os Estados Unidos, nunca aderiu ao Protocolo de Quioto. O presidente Bill Clinton (1993-2001) só o assinou no fim do governo porque sabia que o Senado não aprovaria um acordo internacional considerado lesivo aos interesses econômicos dos EUA, deixando o ônus com George Walker Bush.

Em 1992, o presidente George Herbert Walker Bush, o pai, rejeitou qualquer cláusula obrigatória na Convenção do Clima, refletindo a posição do Partido Republicano e dos meios empresariais conservadores americanos. Seu filho repudiou o protocolo.

Agora, quando se tornou evidente que o imobilismo pode criar uma crise ambiental de graves proporções, com fenômenos climáticos mais radicais como secas e enchentes piores, degelo das calotas polares, elevação do nível dos mares, quebra de sagras agrícolas e propagação de doenças contagiosas, um presidente democrata é pressionado a cumprir a promessa de campanha de agir de modo diferentes.

Mas os EUA se recusam a limitar suas emissões se grandes países em desenvolvimento, especialmente a China, não assumirem um compromisso de conter as emissões, ainda que em escala menor, o que teria estar sendo negociado.

Já a China se recusa a prejudicar seu desenvolvimento. Como cresceu rapidamente sob uma ditadura militar, sem o menor respeito pelo meio ambiente, o país vai sofrer diretamente as consequências do aquecimento global. Isso pressiona o regime comunista chinês a assumir uma posição clara.

Mais uma vez, os líderes mundiais decidiram dar um tempo.

APEC não chega a consenso sobre câmbio

No documento final da reunião de cúpula do fórum Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC), não houve acordo para incluir uma referência a um regime cambial baseado nas leis de mercado, que reflita a entrada e saída de moedas fortes de um país. Há um apelo para a conclusão das negociações de liberalização comercial da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).

A questão cambial é a reivindicação mais importante que Barack Obama leva em sua primeira visita oficial à China como presidente dos Estados Unidos, iniciada hoje em Xangai.

sábado, 14 de novembro de 2009

Senador revela plano para derrubar Lugo

Em entrevista ao jornal argentino Clarín, o senador Alfredo Jaeggli, do Partido Liberal, afirma que Lugo deve ser afastado em seis meses através de um processo de impeachment, ants que consiga fortalecer sua posição com o apoio dos movimentos sociais.

O senador acusa Lugo de trair o Partido Liberal, que deu o vice da chapa, que assim assumiria a presidência.

Comissão Eleitoral complica reeleição de Uribe

Membros da Comissão Nacional Eleitoral da Colômbia consideraram ilegal a campanha para convocar um plebiscito sobre uma segunda reeleição para Uribe, alegando que superou o limite de gastos.

A palavra final será dada em janeiro pelo Supremo Tribunal.

Juíza argentina autoriza casamento homossexual

Numa medida sem precedentes na Argentina, onde o precisa ser católico, a juíza Gabriela Seijas autorizou um casamento de homossexuais.

A decisão ajuda a pressionar o Congresso, onde há um projeto de lei sobre o casamento gay empacado.

Espionagem abala relação entre Peru e Chile

O presidente do Peru, Alan García, suspendeu um encontro que teria com colega chilensa, Michelle Bachelet, durante a reunião do fórum Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC) e voltou para Lima, diante de denúncia de que um suboficial da Força Aérea Peruana que servia na embaixada em Santiago fez espionagem para o Chile, num ato considerado “pouco amistoso e ofensivo”.

Os dois países são inimigos históricos desde a Guerra do Pacífico (1879-83), quando a Bolívia perdeu a saída para o mar.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Obama defende "metas claras" de emissões

No Japão, a primeira escala de sua primeira visita oficial à Ásia como presidente dos Estados Unidos, Barack Obama discursa neste momento em Tóquio. Acaba de defender o comprometimento dos países ricos na Conferência de Copenhague sobre Mudança do Clima, em dezembro, com "metas claras" de redução das emissões dos gases que agravam o efeito estufa, causado o aquecimento da Terra.

Obama voltou a pregar a abolição total das armas nucleares, dirigindo-se especificamente à Coreia do Norte e ao Irã, que estão sendo acusados pela sociedade internacional de desenvolver armas atômicas. Ressalvou que, enquanto isto não acontecer, os EUA vão manter um poderoso mecanismo de dissuasão.

Apesar de pregar a extinção das armas nucleares, Obama rejeitou o convite para visitar Hiroxima, onde os EUA jogaram a primeira bomba atômica, em 6 de agosto de 1945, no fim da Segunda Guerra Mundial. Jamais um presidente americano esteve na cidade-símbolo do início da Era Nuclear.

O presidente americano falou ainda em garantir um crescimento equilibrado e ecologicamente sustentável da economia mundial depois da grande recessão dos últimos meses.

Como nasceu no Havaí e passou a maior parte da infância da Indonésia, terminou se apresentando como o primeiro presidente americano do Oceano Pacífico. Prometeu que os EUA não vão tentar "conter a China" e propôs um relacionamento mais equilibrado com os países da região.

Fome ameaça 178 milhões de crianças

Pelo menos 178 milhões de crianças têm problemas de saúde e desenvolvimento por causa de severa desnutrição, e 20 milhões estão ameaçadas de morrer de fome, alertou hoje a organização não governamental Médicos sem Fronteiras.

A três dias do início da conferência anual da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentos (FAO), que será realiza em Roma, na Itália, de 16 a 18 de dezembro de 2009, os MSF cobraram a criação de um plano de combate à fome de crianças de até cinco anos.

Um porta-voz da ONG considera absurda a estratégia de só intervir em situações de emergência, quando as pessoas estão morrendo de fome. Além dos programas já existentes de distribuição de comida e apoio à agricultura familiar, os MSF querem outro especialmente focado nas crianças.

Grupos de defesa dos direitos humanos acusam Colômbia

A Coalizão Colombiana pelos Direitos Humanos acusa o governo Álvaro Uribe, seus aliados e os grupos paramilitares de direita por 93% dos casos de abuso dos direitos humanos registrados de 2003 a 2008 no país.

Os grupos guerrilheiros de esquerda foram responsabilizados por apenas 7% das denúncias.

Acusados pelo 11/9 serão julgados em Nova York

O principal acusado da planejar os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, Khaled Cheikh Mohammed, e outros quatro suspeitos da rede terrorista Al Caeda serão julgados por um tribunal civil de Nova York, o primeiro alvo de suas ações, informou hoje o ministro da Justiça e procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder, que vai pedir pena de morte para todos.

A decisão é fundamental para que o presidente Barack Obama cumpra a promessa de fechar em um ano a partir da posse o centro de detenção instalado na base naval de Guantânamo, um enclave americano em Cuba.

Houve protestos tanto da oposição republicana quanto dos parentes dos cerca de 3 mil mortos nos atentados. Eles alegam que foi um ato de guerra e que um julgamento civil pode acabar revelando segredos capazes de comprometer a segurança nacional dos EUA.

Durante o governo George W. Bush, organizações de defesa dos direitos humanos repudiaram a prisão de Guantânamo, usada para deixar os suspeitos de terrorismo num limbo legal. Desta forma, negou-lhes os direitos previstos na Convenção de Genebra sobre Prisioneiros de Guerra sob o pretexto de que eram combatentes ilegais civis, não pertenciam a um exército regular nem obedeciam a uma cadeia de comando.

Europa volta a crescer e sai da recessão

Depois de cinco trimestres de contração, a União Europeia como um todo cresceu 0,2% no terceiro trimestre de 2009, saindo da recessão. As economias dos 16 países da UE que usam o euro como moeda cresceram 0,4% no terceiro trimestre.

A Alemanha, maior economia da Europa e quarta do mundo, cresceu 0,7%. A França cresceu 0,3%, e a Itália, 0,6%.

O Reino Unido, que não faz parte da zona do euro, e a Espanha continuam em recessão.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Medvedev quer uma Rússia de alta tecnologia

O presidente Dimitri Medvedev anuncia planos para transformar a Rússia num país de alta tecnologia, admitindo que a dependência de produtos primários, especialmente petróleo, foi responsável pelo forte impacto da crise internacional sobre o país, que está muito atrás dos outros BRICs na recuperação pós-crise, depois de sofrer uma queda no PIB de 9% (a conferir).

Medvedev disse que é hora de superar o modelo soviético. Ele citou áreas que tinham grande desenvolvimento científico na era soviética, como medicina, tecnologias nuclear e espacial, como base das novas reformas econômicas.

Para os analistas, é também uma jogada para se firmar no poder e sair da sombra do primeiro-ministro e ex-presidente Vladimir Putin, que ainda é considerado o homem-forte da Rússia.

Assim, China, Índia e Rússia planejam um futuro de alta tecnologia, enquanto o quarto BRIC (grupo criado por um economista do banco Goldman Sachs para reunir as grandes potências emergente), o Brasil ainda não definiu qual será sua especialização tecnológica.


Vem aí a revolução da biotecnologia. Vai transformar o mundo ainda mais do que a revolução tecnológica em andamento, da informática, à qual está acoplada.

O Brasil é o país com maior diversidade biológica do mundo e oficialmente ainda despreza esse patrimônio genético incalculável.

Outros destaques econômicos do dia:

• A produção industrial da zona do euro cresceu 0,3% em setembro, mas ainda registra queda de 12,9% na comparação anual.

• Os ministros das Finanças do fórum de Cooperação da Ásia e do Pacífico (APEC) defendem a flutuação do câmbio de acodo com os fundamentos econômicos, como defendeu o secretário do Tesouro dos EUA. O principal alvo é a moeda chinesa, o iuã, que está praticamente colada ao dólar para garantir a competitividade das exportações da China.

• O presidente Barack Obama convocou para o próximo mês, na Casa Branca, um fórum de discussões sobre desemprego.

• Os EUA querem reduzir o déficit público federal com o dinheiro que sobrou do Programa de Alívio de Ativos Tóxicos, o primeiro programa lançado por Bush para salvar o sistema financeiro depois que a crise se agravou.

• O número de novos pedidos de seguro-desemprego nos EUA voltou a cair a semana passada.

• A deflação no atacado no Japão chegou a 6,7%.

• Na França, pelo segundo ano seguido deve haver uma queda nas vendas de Natal, agora da ordem de 3,5%.

• O PIB da Espanha continua em queda, com perda de 0,3% no terceiro trimestre.
• A rede de supermercados americana WalMart teve ganhos 3,2% superiores no terceiro trimestre, mas admite que “o clima de vendas continua difícil”. As ações da maior cadeia varejista do mundo caem porque ela tem sido forçada a baixar preços para enfrentar a concorrência.

• As vendas da Ford na Europa subiram 12% em outubro.

• A British Airways e a Iberia anunciaram uma fusão para criar a terceira maior companhia aérea do mundo.

• A Intel, maior fabricante de chips de computador do mundo, vai pagar multa de US$ 1,25 bi num processo antimonopólio.

• As bolsas da Ásia e dos EUA caíram.

• Na Europa, a possível fusão da BA com a Iberia provocou uma pequena alta.

Trabalho compartilhado salva empregos nos EUA

Com mais de 8 milhões de empregos destruídos desde o início da Grande Recessão, em dezembro de 2007, o presidente Barack Obama está sendo pressionado a adotar um programa atualmente adotado por 17 estados, inclusive os com maior população, como Califórnia, Texas, Nova York e Flórida.

Se um trabalhador que ganha US$ 500 por semana perder o emprego, vai ganhar US$ 250 de seguro-desemprego, um ônus para o Estado e para a sociedade ao manter o trabalhador sem produzir.

Quando uma empresa quer cortar 20% dos seus custos trabalhistas por causa da redução dos negócios durante a crise, pode oferecer como alternativa um corte de 20% nos salários e nas horas de trabalho.

Os empregados fazem um trabalho compartilhado, dividiriam entre si o ônus da crise. No exemplo, passam a ganhar US$ 400 por semanas e têm direito a um seguro-desemprego de US$ 50. Ficam na empresa, com a expectativa de voltar a receber o salário integral quando a economia se recuperar.

Shimon Peres comete gafe em Brasília

Ao pedir o apoio do Brasil ao processo de paz no Oriente Médio, o presidente de Israel, Shimon Peres, apelou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que "criou um programa Luz para Todos, leve essa luz aos povos do Oriente Médio".

Logo no dia seguinte ao apagão.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Merkel festeja na França paz na Primeira Guerra Mundial

A primeira-ministra Angela Merkel tornou-se hje a primeira chefe de governo da Alemanha a participar, na França, das comemorações do fim da Primeira Guerra Mundial, o conflito que moldou a História do Século 20.

A visita reforça a aliança entre os dois países, eixo central da integração europeia agora que a UE prepara-se para indicar, no dia 19, o primeiro presidente e uma espécie de ministro do Exterior da Europa.

Chávez nega ameça à Colômbia

Ao receber a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, e uma delegação de empresários brasileiros, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, negou que esteja ameaçando a Colômbia.

No fim de semana, Chávez disse ao povo e às Forças Armadas venezuelanas que se preparem para um "possível conflito" com o país vizinho.

Ontem, alegou que a ameaça vem de sete bases militares colombianas que serão usadas pelos Estados Unidos. Ele disse que o Departamento da Defesa vai monitorar, a partir das bases, toda a América do Sul, inclusive o Brasil e a Argentina, e até a África.

Produção industrial da China cresce 16%

A produção das fábricas da China aumentou 16,1% em outubro, na comparação com o ano passado. O saldo comercial e as vendas no varejo também avançaram, confirmando a recuperação da economia que mais cresceu no mundo nos últimos 30 anos.

Mas, na Europa, a produção industrial da França caiu 1,5% e a da Itália 5,3%.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Analistas melhoram previsão de crescimento dos EUA

A economia dos Estados Unidos deve crescer a uma taxa anual de 2,8% de outubro a dezembro, cofirmando o fim da pior recessão desde a Grande Depressão (1929-39). Mas deve fechar o ano com uma queda de 2,4%, voltando a crescer com força em 2010, preveem analistas econômicos americanos.

Em pesquisa divulgada pela publicação Blue Chip Economic Indicators, 52 economistas preveem, na média, um avanço de 2,7% no próximo ano. No mês passado, a expectativa era de um crescimento de 2,5%.

Emergentes lideram recuperação mundial

O maior banco europeu, o HSBC diz que o pior da crise já passou e que a recuperação será liderada pelos emergentes.

Outros destaques econômicos do dia:
• A Comissão Europeia rejeita a compra da Sun Microsystems pela Oracle por US$ 7 bi com base nas regras antimonopólio. As duas empresas são americanas, mas, se não atenderem à legislação europeia, não poderão fazer negócios na UE, o maior mercado consumidor mundial.

• O banco britânico Lloyds vai demitir mais 5 mil.

• O banco britânico Barclays, que não pediu ajuda ao governo, teve queda de 54% no lucro no terceiro trimestre.

• A libra cai com a ameaça de que a dívida soberana do Reino Unido, um dos países mais abalados pela crise, seja rebaixada por uma agência de classificação de risco.

• As bolsas da Ásia sobem na onda de Wall St. , que ontem atingiu o maior nível em 13 meses. Na Europa, foi um dia de queda. Em Nova York, o Índice Dow Jones teve um pequeno avanço, mas o índice amplo S&P500 e a bolsa eletrônica Nasdaq caíram.

Blackwater pagou suborno de US$ 1 milhão a iraquianos

A empresa americana de segurança Blackwater, considerada o maior exército pagou mais de US$ 1 milhão de suborno a políticos iraquianos para encobrir o massacre de 17 pessoas por agentes da Blackwater, em Bagdá, em setembro de 2007.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Autor do ataque em Forte Hood quis contatar Al Caeda

O major Nidal Malik Hassan, único suspeito até agora do massacre de 12 soldados e um civil na base militar de Forte Hood, no Texas, na semana passada, tentou entrar em contato com a rede terrorista Al Caeda.

As autoridades militares americanas não levaram adiante a investigação. Isso está provocando revolta.

Hassan deu vários sinais de que estava convertido ideologicamente ao jihadismo:
• defendia o direito de militares muçulmanos não lutarem contra muçulmano por "objeção de consciência";
• declarava que "os muçulmanos têm o direito de se defender"
• chegou a defender o terrorismo suicida.

Colômbia recorre a ONU e OEA contra Chávez

Diante das ameaças do presidente Hugo Chávez, que colocou as Forças Armadas da Venezuela de prontidão para uma "possível guerra" contra a Colômbia, o governo de Bogotá anunciou hoje a intenção de recorrer ao Conselho de Segurança das Nações Unidas e à Organização dos Estados Americanos.

Em mais uma de suas bravatas para pressionar o povo venezuelano, o caudilho afirmou que a Venezuela é o verdadeiro alvo do acordo militar que autoriza os militares americanos a usar sete bases militares colombianas, a pretexto de combater o terrorismo e as guerrilhas esquerdistas.

No Brasil, o presidente do Senado, José Sarney mudou de posição. Depois de conchavos com o governo Lula para se manter no cargo apesar da tsuname de denúncias de corrupção, Sarney agora é a favor da entrada da Venezuela no Mercosul. Ele disse hoje não acreditar que a mais nova bravata chavista atrapalhe o ingresso da Venezuela no bloco econômico.

Irã acusa alpinistas americanos de espionagem

Numa medida que piora ainda mais as relações entre os dois países, o regime fundamentalista do Irã decidiu denunciar por espionagem três alpinistas dos Estados Unidos presos no fim de julho, quando teriam cruzado inadvertidamente a fronteira entre Irã e Iraque.

Venda de carros sobe 72,5% na China

Com o forte programa de estímulo governamental para enfrentar a crise econômica internacional, as vendas de automóveis na China cresceram 72,5% em setembro, na comparação com o mesmo mês no ano passado, chegando a 1,23 milhão.

A China superou os Estados Unidos e já é o maior mercado mundial de veículos.

Numa conferência internacional realizada em Charm-al-Cheikh, no Egito, o primeiro-ministro Wen Jiabao prometeu que a China dará empréstimos de até US$ 10 bilhões aos africanos nos próximos três anos.

Muro de Berlim foi a cicatriz da Guerra Fria

No fim da Segunda Guerra Mundial, em maio de 1945, a Alemanha foi ocupada e dividida pelos Estados Unidos, a União Soviética, o Reino Unido e a França. Sua capital, Berlim, ficou no setor soviético e também foi dividida em quatro.

Em 1948, para pressionar os aliados ocidentais no início da Guerra Fria, o ditador soviético Josef Stalin decretou o Bloqueio de Berlim, a segunda crise do conflito entre as superpotências, depois de problemas entre o Irã e a URSS, em 1946. Foi uma reação à aprovação do Plano Marshall, que Stalin chamou de “imperalismo do dólar”.

De 24 de junho de 1948 a 11 de maio de 1949, a passagem por terra da Alemanha Ocidental para Berlim Ocidental foi fechada por ordem do Kremlin. Neste período, mais de 200 mil voos levaram 13 mil toneladas de comida e outros suprimentos para a cidade sitiada.

Quando ficou evidente que o bloqueio não estava funcionando e que a ponte aérea era instrumento de propaganda do Ocidente, a URSS suspendeu o cerco. O aeroporto de Tempelhof, em Berlim Ocidental, foi transformado em museu da ponte aérea montada para furar o bloqueio.

Em 7 de outubro de 1949, a República Democrática da Alemanha, a Alemanha Oriental, nascia oficialmente, reunindo cinco estados da parte central da antiga Alemanha: Meclemburgo-Pomerânia Ocidental, Brandemburgo, Saxônia, Alta Saxônia e Turíngia. Os territórios à margem oriental dos rios Oder e Neisse foram entregues à Polônia para compensá-la pelas terras tomadas pela URSS.

Pelo total de mortos na Segunda Guerra Mundial, 27 milhões de soviéticos e 11 milhões de alemães, foi, acima de tudo, uma guerra entre a Alemanha e a URSS. Stalin aproveitou a ocupação para exigir reparações de guerra.

Em 16 de junho de 1953, o regime comunista alemão-oriental decretou um aumento de 10% na cota de produção dos operarios que construíam uma nova avenida em Berlim Oriental, a Stalinalle, hoje Karl Marx Allee. No dia seguinte, um movimento sindical de protesto se espalhou pelo país levando a uma grave de mais de um milhão de pessoas.

O governo alemão pediu a ajuda da URSS, que usou tanques contra a multidão. Pelo menos 50 pessoas morreram. Cerca de 10 mil foram presas e condenadas pelo Levante de 1953.

Com a ajuda do Plano Marshall, a República Federal da Alemanha, também fundada em 1949, cresceu e se recuperou, atraindo cada vez mais alemães do Leste. Descontentes com a falta de liberdade de oportunidades no regime comunista, cada vez mais eles “votavam com os pés”. Cerca de 3,5 milhões fugiram para o Ocidente.

CONSTRUÇÃO DO MURO
Na noite de 12 para 13 de agosto de 1961, a fronteira com Berlim Ocidental foi fechada. Começava a construção do Muro de Berlim. A cidade se tornava um enclave capitalista.

Durante quase todo o tempo de sua existência, a ordem era atirar para matar em quem tentasse cruzar o Muro de Berlim. Cerca de 200 pessoas morreram tentando fugir (136, segundo um centro de pesquisa de Potsdam que está investigando detalhes dessas mortes). Cerca de 5 mil conseguiram escapar.

A história do Muro está contada no Museu do Check Point Charlie, um dos principais postos de fronteira onde se podia atravessar o Muro. Tem diversos instrumentos usados em tentativas de fuga, inclusive um motor aquático para fugir por baixo da água. Lá, estão as placas do tempo da Guerra Fria, do tipo "Vocé Está Deixando o Setor Americano".

A construção do Muro coincide com um período de elevada tensão na Guerra Fria. Em 15 de abril de 1961, houve a frustrada tentativa de exilados cubanos apoiados pela Agência Central de Inteligência (CIA), a agência de espionagem dos EUA, de invadir a Baía dos Porcos, em Cuba. Isso levaria à tentativa de instalação de mísseis soviéticos em Cuba.

A Crise dos Mísseis (14 a 27 de outubro de 1962) foi o momento de maior tensão da Era Atômica. O mundo nunca esteve tão perto de uma guerra nuclear. Na época, ficou decidido que uma linha telefônica direta ligaria permanentemente a Casa Branca ao Kremlin para desarmar crises mundiais através da comunicação direta. O telefone vermelho começou a funcionar em 30 de agosto de 1963.

No mesmo ano, tanques soviéticos e americanos ficaram frente a frente em posição ameaçadora numa rua de Berlim. Em 26 de junho de 1963, Kennedy fez um famoso discurso Eu Sou um Berlinense diante do Muro: “Todos os homens livres, onde quer que vivam, são cidadãos de Berlim. Portanto, como um homem livre, tenho orgulho das palavras: Ich bin ein Berliner.”

Para aliviar as tensões e evitar que a Alemanha fosse palco da primeira batalha da Guerra Fria, em 1969, o primeiro-ministro social-democrata alemão-ocidental Willy Brandt lançou sua nova Ostpolitik, política para a Alemanha Oriental, numa tentativa de mudar o regime comunista através da reaproximação, do estabelecimento de laços diplomáticos, econômicos e culturais.

Em 1970, Brandt assinou o Tratado de Moscou, renunciando ao uso da força e reconhecendo as fronteiras da Europa, e o Tratado de Varsóvia, reconhecendo a fronteira polonesa nos rios Oder e Neisse. Em 1972, fechou o controvertido Tratado Básico com a Alemanha Oriental, estabelecendo relações diplomáticas entre os dois países.

ERA GORBACHEV
O Muro começou a ruir com a ascensão de Mikhai Gorbachev à liderança do Partido Comunista da União Soviética, em 11 de marco de 1985. Sua abertura democrática (glasnost) e sua reestruturação econômica (perestroika) foram mal recebidas pelos stalinistas da Alemanha Oriental, liderados por Erich Honecker, um entusiasta do Muro.

Dois meses antes do início da construção, o então líder do partido Walter Ulbricht, negou que seria construído, mas aparentemente mudou de ideia ao receber um telefonema do primeiro-ministro soviético, Nikita Kruschev, em 1º de agosto de 1961.

Em discurso diante do muro em 12 de junho de 1987, outro presidente americano, Ronald Reagan, fez um apelo a Gorbachev para derrubar o Muro.

Em 5 de abril de 1989, na Polônia, o sindicato livre Solidariedade fez um acordo com o regime comunista para participar de eleições, que venceu por maioria esmagadora em 4 e 18 de junho, perdendo apenas duas cadeiras das que pôde disputar.

Em 2 de maio, a Hungria rompeu a Cortina de Ferro. Começou a demanchar a cerca eletrificada na fronteira com a Áustria. Em 23 de agosto, em plenas férias de verão na Europa, todas as barreiras nas fronteiras da Hungria tinham caído.

Cidadãos dos países comunistas da Europa Oriental iam para a Hungria e cruzavam para o Ocidente. Cerca de 13 mil alemães-orientais fugiram via Áustria.

Quando começaram a ser mandados de volta da fronteira por pressão da Alemanha Oriental, invadiram embaixadas da Alemanha Oriental em Budapeste e Praga. O ministro do Exterior alemão-ocidental, Hans-Dietrich Genscher, foi pessoalmente a Praga. Os fugitivos foram autorizados a emigrar para a Alemanha Ocidental

O Muro de Berlim, em sua quarta geração, com blocos de concreto de 4 m de altura, resistia à avalanche democrática. Mas, desde setembro, as manifestações de massa de tornaram frequentes.

Em outubro de 1989, a Alemanha Oriental celebrou seus 40 anos com a presença de delegações dos partidos da esquerda brasileira. Mas o veterano líder linha-dura Honecker, que previra em janeiro que o Muro duraria mais cem anos, foi substituído por Egon Krenz, mais tolerante com a fuga dos alemães-orientais através dos países vizinhos.

Em 4 de novembro, um milhão de pessoas se reuniram na Alexanderplatz, no coração de Berlim Oriental, para pedir a abertura do regime.

Estive lá em 1990 e depois em 1998, na primeira eleição do Schröder, quando a praça já estava tomada pelos ex-comunistas do antigo Partido Socialista Unificado, o partido comunista da Alemanha Oriental, que mudou de nome para Partido Democrático Socialista e se fundiu com dissidentes do Partido Social-Democrata para formar um novo partido, A Esquerda.

O pessoal que realmente iniciou o movimento da sociedade civil pelo fim do comunismo formou a Aliança 90, aliada no Leste dOs Verdes. O partido verde alemão é o mais importante do mundo. Esteve no poder em aliança com o Partido Social-Democrata SPD na coligação verde-rosa, sob Schröder.

Sob pressão da fuga em massa que importunava outros países e dos protestos de rua, em 9 de novembro de 1989, o Politburo do partido comunista decidiu permitir que os alemães-orientais saíssem do país para visitar a Alemanha Ocidental através das fronteiras do país.

Com pouco mais do que uma nota em mãos, o encarregado de dar a notícia, o secretário de Propaganda do partido, Günter Schabowski, foi para uma entrevista coletiva fazer o anúncio. Disse que, pelas novas regras, os alemães-orientais poderiam viajar ao exterior. Bastava apresentar o passaporte na fronteira.

Diante de uma pergunta inesperada de um jornalista italiano, acrescentou que a medida entraria em vigor imediatamente.

Dezenas de milhares de alemães-orientais foram para os postos de fronteira em Berlim para cruzar o Muro. Os guardas não sabiam o que fazer. Ligaram para seus superiores, que não tinham sido informados da decisão confusa do Politburo. Cederam para evitar um banho de sangue como o que acontecera na Praça da Paz Celestial, em Pequim.

Os alemães cruzaram e pularam o Muro em diversos pontos. Tenho amigos que me disseram que, quando voltaram, no meio da madrugada, havia soldados postados ao longo de todo o lado oriental, o que foi interpretado como sinal de que o regime ainda estava em dúvida quanto à abertura total.

No dia seguinte, foi anunciada a abertura de mais 10 pontos de passagem. Antes do Natal, cidadãos das duas Alemanhas podiam viajar livremente entre os dois países.

Em 22 de dezembro, foi aberta a Porta de Brandemburgo, um dos principais pontos de Berlim, local das grandes celebrações de Ano Novo. Do lado oriental, leva à Unter den Linden (Avenida das Tílias), um dos lugares bonitos da antiga Berlim Oriental, onde as paredes dos prédios históricos ainda estava cravejadas pelas balas da Segunda Guerra Mundial.

LOCAIS HISTÓRICOS
Ao lado do Reichtstag, sede do Parlamento Alemão, a Porta de Brandemburgo é o principal símbolo de Berlim, Tem também a igreja da avenida Kurfurtensdam, que foi bombardeada e é mantida em ruínas como memória histórica, e a Coluna da Vitória.

O Mitte (Centro) da antiga Berlim Oriental se tornou um dos bairros mais agitados da festiva noite berlinense, para onde foram os artistas plásticos em busca de aluguéis mais baratos e espaço.

Um dos grandes marcos da reunificação da cidade é a Potzdamerplatz, onde em 1928, foi instalado o primeiro sinal de trânsito na Europa. Durante a Guerra Fria, a Potzdamer Platz sumiu. Ficava na terra de ninguém entre os dois lados do Muro. Ali, foi construído um grande centro comercial, com lojas, cinemas, teatros, restaurantes e galerais de arte para celebrar a Alemanha moderna.

REUNIFICAÇÃO
A queda do Muro foi uma bênção para o chanceler (primeiro-ministro) conservador Helmut Kohl, que governava a Alemanha Ocidental desde 1982, depois de romper uma longa hegemonia do SPD que vinha desde 1969.

Kohl estava mal nas pesquisas, mas o trem da História passou e ele pegou uma carona.

Em 1990, as potências ocupantes renunciaram a todos os seus direitos sobre o território alemão. A URSS saiu fora, e os ocidentais ficaram por causa da OTAN.

Em 3 de outubro de 1990, a Alemanha estava reunificada sob a liderança de Kohl que venceu mais uma eleição. A atual chanceler, Angela Merkel, é do Leste e lidera o partido de Kohl, a União Democrata-Cristã (CDU), que venceu as eleições de 27 de setembro deste ano.

Para conquistar o apoio politico dos alemães-orientais, Kohl cometeu o que é considerado o grande erro econômico da reunificação. No mercado, o marco oriental valia seis vezes menos do que o marco alemão-ocidental.

Numa decisão política, Kohl resolveu converter poupanças, salários e pensões na cotação de um por um. Isso aumentou artificialmente os custos e preços do lado oriental e acabou sendo um obstáculo à absorção do Leste pela Alemanha Ocidental.

A nova Alemanha investiu até hoje 1,3 trilhão de euros na antiga Alemanha Oriental. A taxa de juros subiu para financiar tudo isso, pressionando moedas europeias mais fracas, como a lira e a libra, que sofreram fortes desvalorizações em 1992.

ÚLTIMAS ELEIÇÕES
Kohl ainda se reelegeu em 1994 e completou 16 anos no poder. A esquerda só voltou ao poder com Gerhard Schröder, cujo slogan de campanha era Neue Mitte (Novo Centro). Ele se apresentava como uma espécie de Tony Blair alemão, um modernizador que traria a social-democracia mais para o centro para ganhar eleições.

Schröder era um politico pragmático que fechou diversos acordos de bastidores. Nunca teve uma visão programática e ideológica capaz de relançar o SPD a seus momentos de glória. Na verdade, os grandes partidos, o SPD e a CDU, perderam muito espaço para partidos menores nas últimas décadas.

Com algumas reformas liberalizantes, Schröder conseguiu acelerar o crescimento da estagnada economia alemã e reduzir o desemprego, que atingia 4 milhões quando ele se elegeu, em setembro de 1998.

O crescimento e a oposição à invasão do Iraque lhe valeram a reeleição em 2002. Em 2005, ele perdeu por pequena margem para a atual chanceler Angela Merkel, que passou a governar numa grande aliança com o SPD até vencer as eleições de setembro de 2009.

Schröder governou em aliança com Os Verdes, com Joschka Fischer, um ex-líder estudantil e radical dos anos 60 que virou estadista, como ministro do Exterior. Fischer desafiou o então secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, quando a Alemanha, como membro temporário do Conselho de Segurança, foi contra a invasão do Iraque, provocando um grande racha na aliança transatlântica, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

No Kossovo, a Alemanha voltou a entrar em guerra pela primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Em uma convenção dOs Verdes, militantes e Fischer, na mesa, se acusavam de Hitler porque a Alemanha voltaria a entrar em combate na Guerra do Kossovo, em 1999.

A Alemanha quer mudar, mas é um pais maior e mais desigual, mais desequilibrado depois da reunificação, maior do que a aliada França. Isso abalou o eixo central da integração europeia, sob tremendas pressões da globalização,

O modelo social-democrata, símbolo da estabilidade, da paz e da prosperidade do pós-guerra, está ameaçado.

Uma crise que a Alemanha não esperava e acredita que não criou abalou inclusive o sistema financeiro alemão, que tinha excesso de poupança para aplicar, então investiu nos papéis que micaram.

As exportações desabaram. No primeiro semestre, a China superou a Alemanha e se tornou a maior exportadora mundial de produtos industriais.

A Alemanha compete com sua engenharia de ponta, mas seus custos são muito superiores aos da China, Índia, Sudeste Asiático, América Latina e Europa Oriental. A maior cidade industrial da Alemanha hoje é São Paulo, onde as empresas alemães criam mais valor.

Nas eleições de 2005, nenhum partido ganhou um mandato claro. Merkel governou com o SPD do ministro do Exterior, Frank-Walter Steinmeier.

Só agora pôde fazer aliança com os liberais-democratas do FDP, partido que tradicionalmente era o fiel da balança, fazia alianças com a CDU e o SPD para formar o governo.

Longe do poder, o FDP se tornou um partido mais liberal economicamente, a favor de desburocratização, desregulamentação, corte de impostos e subsídios, e reforma das leis de negociação coletiva de salários. Seu líder é Guido Westerwelle, novo ministro do Exterior alemão.

Merkel teme a volta da inflação com o aumento do endividamento público e gostaria de impor mais disciplina ao mercado financeiro. Steinmeier prometia pleno emprego dentro de alguns anos, o que parece impossível.

Resultado: o SPD sofreu sua maior derrota desde as eleições que levaram Hitler ao poder, em 1932.

A Alemanha é uma sociedade complexa, em larga medida introvertida e insegura quanto ao futuro, em crise de identidade, com dificuldades para manter a estabilidade, a harmonia e a paz social conquistadas com a economia social de mercado do modelo social-demcrata. Sua saída é a Europa, mas a UE dos 27 se tornou grande demais e também vive sua crise de identidade.

De qualquer maneira, é um país rico, moderno e bem-sucedido, que está na vanguarda da ciência, da cultura e das artes, berço de poetas e filósofos - e vai continuar sendo um dos mais importantes do mundo.