No fim da reunião de trabalho com o presidente Hu Jintao agora há pouco em Beijim, o presidente Barack Obama agradeceu à China por ajudar a tirar o resto do mundo da pior recessão de sua geração.
Dentro da proposta americana de uma economia mundial mais equilibrada, em que os asiáticos poupem menos e consumam mais, Obama falou "num mundo os os americanos gastem menos e poupem mais, e os chineses gastem mais. Isso vai aumentar as exportações e gerar empregos nos EUA e melhorar o bem estar dos chineses".
Os dois países declararam que a abertura econômica leva à prosperidade. "A China se comprometeu a adotar um regime cambial mais orientado pelo mercado", disse Obama.
Esta é uma das principais reivindicações dos americanos, que a China deixe sua moeda flutuar para refletir o saldo de sua balança comercial, de serviços e de conta corrente.
"Também fizemos progresso na mudança do clima", declarou Obama. "Como maiores produtores e consumidores, não vai haver acordo sem a China e os EUA. Acertamos uma série de novas iniciativas nesta área. Criamos um centro para eficiência energética, carvão limpo, o desenvolvimento de energias alternativas."
Obama prometeu "trabalhar pelo sucesso de Copenhague, por um acordo que cubra todos os itens da negociação e tenha efeito imediato, não um meio acordo. Esse tipo de acordo será um passo importante.
Todos teremos de tomar medidas para mitigar as emissões."
Na questão atômica, "os EUA e a China vão trabalhar juntos para evitar a proliferação de armas nucleares. Concordamos na necessidade de reiniciar as negociações hexapartites com a Coréia do Norte. É uma oportunidade para a Coreia do Norte se aproximar da comunidade internacional, renunciando às armas nucleares."
Da mesma forma, prosseguiu Obama, "o Irã deve mostrar à comunidade internacional que seu programa nuclear é pacífico. O Irã teve a chance de provar seus fins pacíficos. Caso contrário, haverá consequencias", advertiu.
Como um presidente do Partido Democrata, Obama não poderia deixar de tocar na questão dos direitos humanos, desrespeitados na China, que tecnicamente é uma ditadura militar do Partido Comunista e seu braço armado, o Exército Popular de Libertação. Mas foi bastante moderado: "Acreditamos que esses direitos não são só americanos, são direitos universais, e os dois países concordaram em levar adiante esta discussão.
Depois de reafirmar o respeito à soberania e à integridade territorial da China, e o firme compromisso com a política de que só há uma única China, o presidente americano disse que gostaria de ver o regime comunista chinês dialogando com o Dalai Lama, líder político e espiritual do Tibete, ocupado em 1951 e anexado à China em 1959, quando o Dalai Lama fugiu para a Índia.
Por fim, Obama quis dizer que os EUA aceitam a irresistível ascensão da China. Já tinha dito no Japão que "os EUA não pretendem contar a China", como fizeram com a União Soviética durante a Guerra Fria, mesmo porque é impossível conter um país com mais de 1 trilhão de habitantes: "O sucesso de um país não implica o fracasso de outros. Os EUA admiram a ascensão da China. Com a cooperação, seremos mais prósperos e seguros, nossas relações serão baseadas no engajamento e no respeito mútuo."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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