Durante debate com universitários chineses em Xangai, na segunda-feira, o presidente Barack Obama declarou que os Estados Unidos não querem impor nenhum regime político, mas apresentou os valores da democracia liberal, como eleições e liberdade de expressão, descrevendo-os como direitos universais.
Em um apelo à cooperação, o presidente americano afirmou que a solução dos grandes problemas do mundo hoje depende da colaboração entre China e EUA.
Obama aproveitou para defender o fim de censura à Internet. A transmissão via site da Casa Branca foi censurada.
O regime comunista chinês não deu ao atual presidente o privilégio dado a seus antecessores Bill Clinton e George W. Bush de se dirigir diretamente ao povo da China pela televisão.
Esse foi o evento que mais ansiedade poderia causar ao regime comunista chinês na primeira visita de Obama ao país. É um tipo de relação que os dirigentes da China não tem com seu povo.
Obama foi controlado, com uma preocupação visível de não melindrar a alta cúpula do governo e do Partido Comunista. As perguntas foram bem comportadas, nenhuma incisiva e agressiva como faria uma platéia ocidental.
A questão sobre a venda de armas americanas a Taiwan parecia ter sido feita por um porta-voz do regime chinês.
Hoje o presidente dos EUA tem o encontro de trabalho com o presidente da China, Hu Jintao, para discutir a recuperação econômica internacional, câmbio, comércio, proliferação nuclear, segurança internacional, direitos humanos e aquecimento global.
Os EUA pressionam a China a deixar o iuã flutuar livremente, o que levaria à apreciação da moeda chinesa em função do alto saldo comercial de seu país.
Desde que a crise internacional reduziu as exportações chinesas, o governo chinês voltou a colar a moeda no dólar.
Assim, enquanto o dólar caía diante de todas as moedas durante a crise, o iuã caía junto, numa jogada para manter a competitividade das exportações chinesas.
Para os americanos, a subvalorização das moedas asiáticas, especialmente da chinesa, é um dos fatores de desequilíbrio da economia internacional.
Os chineses contra-atacaram dizendo que a política monetária de juros zero da Reserva Federal (Fed), o banco central dos EUA, alimenta "investimentos especulativos" capazes de prejudicar a recuperação da economia mundial.
É uma indicação de que a China não vai ceder. Tem US$ 2,4 trilhões em moedas fortes, sendo dois terços em dólares. Isso significa que os chineses estão bancando a dívida pública do governo dos EUA. Tem interesse na manutenção do valor do dólar e na recuperação da capacidade de consumo dos americanos.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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