Os líderes mundiais praticamente adiaram as negociações de um acordo para combater o aquecimento global para depois da Conferência das Nações Unidas contra Mudança de Clima a ser realizada em Copenhague, na Dinamarca, de 7 a 18 de dezembro. Seu objetivo central é fechar um acordo para substituir o Protocolo de Quioto, que expira em 2012.
A proposta de redução de 50% até 2050 das emissões dos gases que agravam o efeito estufa foi excluída do documento final.
Nesta segunda-feira, começa em Copenhague uma reunião de ministros do Meio Ambiente de 40 países para salvar a conferência de cúpula de dezembro.
Esse processo de negociações começou na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Cúpula da Terra, realizada em junho de 1992 no Rio de Janeiro.
Na Rio 92, foi aprovada a Convenção sobre Mudança do Clima, mas os países não se comprometeram com nenhuma medida específica para combatê-lo. Por isso, em 1997, foi aprovado em Quioto, a antiga capital do Japão, um protocolo adicional à convenção.
O Protocolo de Quioto estabelecia metas específicas de redução das emissões de gases em até 5% abaixo dos níveis de 1990 para 37 países industrializados, já que o aumento da concentração de gases carbônicos na atmosfera é fruto da queima de carvão e petróleo na era industrial. Sua vigência acaba em 2012.
A questão central é que o país que historicamente mais poluiu a atmosfera da Terra, os Estados Unidos, nunca aderiu ao Protocolo de Quioto. O presidente Bill Clinton (1993-2001) só o assinou no fim do governo porque sabia que o Senado não aprovaria um acordo internacional considerado lesivo aos interesses econômicos dos EUA, deixando o ônus com George Walker Bush.
Em 1992, o presidente George Herbert Walker Bush, o pai, rejeitou qualquer cláusula obrigatória na Convenção do Clima, refletindo a posição do Partido Republicano e dos meios empresariais conservadores americanos. Seu filho repudiou o protocolo.
Agora, quando se tornou evidente que o imobilismo pode criar uma crise ambiental de graves proporções, com fenômenos climáticos mais radicais como secas e enchentes piores, degelo das calotas polares, elevação do nível dos mares, quebra de sagras agrícolas e propagação de doenças contagiosas, um presidente democrata é pressionado a cumprir a promessa de campanha de agir de modo diferentes.
Mas os EUA se recusam a limitar suas emissões se grandes países em desenvolvimento, especialmente a China, não assumirem um compromisso de conter as emissões, ainda que em escala menor, o que teria estar sendo negociado.
Já a China se recusa a prejudicar seu desenvolvimento. Como cresceu rapidamente sob uma ditadura militar, sem o menor respeito pelo meio ambiente, o país vai sofrer diretamente as consequências do aquecimento global. Isso pressiona o regime comunista chinês a assumir uma posição clara.
Mais uma vez, os líderes mundiais decidiram dar um tempo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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