domingo, 30 de abril de 2017

EUA vão pagar pela defesa antimísseis da Coreia do Sul, diz McMaster

Num aparente desmentido do presidente Donald Trump, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, general Herbert McMaster, admitiu que os Estados Unidos vão pagar pelo sistema de Defesa Aérea Terminal a Alta Altitude (THAAD), em instalação na Coreia do Sul.

Em uma de suas declarações intempestivas recentes, Trump afirmou que a Arábia Saudita e a Coreia do Sul deveriam pagar mais pela aliança militar com os EUA, que são sua garantia de segurança. A bateria instalada custou US$ 1 bilhão.

Durante telefonema de 35 minutos na manhã deste domingo, o general McMaster disse ao assessor de Segurança Nacional do governo da Coreia do Sul, Kim Kwan Jin, que os EUA vão financiar o novo sistema de defesa antimísseis, como combinado pelos dois países no ano passado.

A curto prazo, o THAAD está orientado para a ameaça da Coreia do Norte, que está desenvolvendo mísseis e tecnologia nuclear. A longo prazo, pode se voltar também para a China, que vê no sistema uma vantagem dos EUA na competição estratégica entre as grandes potências.

Desde a Guerra da Coreia (1950-53), os EUA mantêm forças na Coreia do Sul com mandato do Conselho de Segurança das Nações Unidas para reunificar a Península Coreana. Nunca houve um acordo de paz nesta guerra, apenas um armistício (cessar-fogo).

Há uma tensão permanente ao longo do paralelo 38º Norte, a última fronteira da Guerra Fria. Com o colapso do comunismo e de sua maior aliada, a União Soviética, o regime stalinista norte-coreano entrou em crise e passou a fazer uma chantagem atômica em troca de ajuda em energia e alimentos.

Dois presidentes dos EUA, Jimmy Carter e Bill Clinton, fizeram acordos para desarmar o programa nuclear norte-coreano, sem sucesso. O atual ditador, Kim Jong Un, acelerou os programas nucleares e desenvolvimento de mísseis.

A ditadura de Pionguiangue vê nas armas atômicas a chave para a sobrevivência do regime. Por isso, durante a transição, o presidente Barack Obama advertiu o então presidente eleito Donald Trump de que o programa nuclear da Coreia do Norte é hoje a maior ameaça à segurança nacional dos EUA.

McMaster reafirmou o compromisso dos EUA com a Coreia do Sul como "a aliança mais sólida" e uma prioridade de Washington na Ásia. O telefonema tentou acalmar os ânimos e apagar o incêndio depois das declarações de Trump.

Depois de apenas cem dias, o corpo diplomático em Washington não dá atenção aos desatinos verbais do atual hóspede da Casa Branca. Está mais interessado nos atos e nos assessores que realmente governam os EUA.

sábado, 29 de abril de 2017

Zidane e Thuram defendem voto em Macron contra a Frente Nacional

Dois símbolos da seleção multiétnica que deu à França seu único título de campeã mundial de futebol, Zinédine Zidane e Lilian Thuram, declararam voto no candidato independente Emmanuel Macron no segundo turno da eleição presidencial, em 7 de maio, anunciou a televisão francesa.

Quando a França foi eliminada da Euro 1996, o então líder da extrema direita e pai da atual candidata, Jean-Marie Le Pen, declarou: "Não tem nenhum francês nesse time." Dois anos depois, a mesma equipe seria consagrada e desfilaria em glória na Avenida dos Campos Elísios, em Paris.

Zidane, de origem árabe e argelina, é o maior jogador da história do futebol francês, capitão e autor de dois gols na vitória de 3-0 sobre o Brasil na final da Copa do Mundo de 1998 e vice-campeão do mundo em 2006. Hoje é treinador do Real Madrid.

"A mensagem hoje é a mesma de 2002", falou Zidane ontem em entrevista coletiva em Madri, lembrando a única vez anterior em que a extrema direita chegou ao segundo turno da eleição presidencial francesa. "Sou distante de todas essas ideias da Frente Nacional. Então, é preciso evitar isso ao máximo. Os extremos jamais são bons."

Lilian Thuram, de origem africana, nasceu em Guadalupe, uma colônia francesa no Mar do Caribe. Autor dos dois gols na vitória sobre a Croácia na semifinal da Copa de 1998, é o jogador que mais atuou pela seleção francesa: 142 vezes. Hoje dirige a Fundação Educação contra o Racismo.

"É preciso entender que a Frente Nacional é um partido de extrema direita. A partir do momento em que Marine Le Pen tenta explicar que é legítimo que haja uma hierarquia entre as pessoas na França e que os estrangeiros não tenham os mesmos direitos que os franceses... Isto é extremamente perigoso", afirmou Thuram na TV francesa.

Assim, ele acredita que "deve haver uma mobilização em massa para votar em Emmanuel Macron". O ex-jogador acusou quem pretende votar em branco ou anular o voto porque considera o candidato independente liberal demais em economia de "fazer o jogo da Frente Nacional".

Suas críticas se dirigiram principalmente ao candidato da frente França Insubmissa, de ultraesquerda, Jean-Luc Mélenchon, que teve mais de 7 milhões de votos (19,58%) em 23 de abril e se nega a apoiar Macron no segundo turno. Thuram aconselha seus eleitores a "deixar a emoção a decepção e a cólera para ir a caminho da razão".

As pesquisas dão vantagem a Macron por 60% a 40%.

Cem dias confirmam improvisação e despreparo de Trump

Nos primeiros cem dias de governo, o magnata imobiliário Donald Trump não cumpriu nenhuma grande promessa de campanha, a não ser eliminar regulamentações ambientais e financeiras do governo Barack Obama e nomear um novo ministro para a Suprema Corte. Trump revelou-se um presidente dos Estados Unidos inseguro e imprevisível, com um governo marcado pela improvisação e pelo despreparo.

Durante a campanha, o bilionário garantiu que com ele tudo seria fácil. O programa de Obama para dar cobertura universal de saúde aos americanos seria substituído por outro muito melhor, com custo menor. Um muro selaria a fronteira com o México. Os imigrantes ilegais seriam expulsos e os muçulmanos barrados. Os acordos comerciais seriam renegociados e os empregos industriais voltariam para os EUA. Os inimigos tremeriam diante do poderio militar americano.

Trump festejou os cem dias com uma entrevista à agência Reuters em que alertou para o risco de um "grande conflito" com a Coreia do Norte, brincando com fogo com um regime comunista paranoico que tem nas armas nucleares sua única garantia de sobrevivência. Até agora, quem falava em guerra era a ditadura stalinista de Pionguiangue, não os presidentes americanos.

"A paciência estratégica dos EUA acabou", advertiu o secretário de Estado, Rex Tillerson, em mais um sinal de que o governo Trump tenta intimidar a ditadura de Kim Jong Un com ameaças de ação militar. Os EUA enviaram porta-aviões e fazem manobras militares conjuntas com a Coreia do Sul. A Coreia do Norte fez um novo teste de míssil, aparentemente fracassado.

Com o aumento de tensão e a imprevisibilidade de Trump, o risco de uma guerra nuclear é o maior desde o fim da Guerra Fria. A China não tem interesse em desestabilizar o regime norte-coreano e usa a crise como carta na manga para negociar com os EUA e desviar a atenção de seu militarismo agressivo no Mar do Sul da China.

A Coreia do Sul também não quer o colapso do Norte. Os dois candidatos favoritos na eleição presidencial de abril querem reatar relações com Pionguiangue e não alimentar a retórica belicista

O presidente festeja amanhã na Pensilvânia, um dos estados do cinturão da ferrugem, uma região desindustrializada sob o impacto da globalização onde o discurso protecionista de Trump seduziu a classe trabalhadora branca que votava no Partido Democrata.

Em 26 de outubro de 2016, em discurso em Gettysburg, na Pensilvânia, local de um pronunciamento histórico de Abraham Lincoln durante a Guerra Civil (1861-65), Trump apresentou seu Contrato com o Eleitor Americano, com mais de 30 itens. Alguns ele prometia realizar no primeiro dia e os outros em cem dias.

Mais de 90% dos eleitores de Trump não estão arrependidos, mas cada vez mais surgem dúvidas, entre eles e nos meios empresariais e financeiros, sobre a capacidade do presidente de cumprir suas promessas. De acordo com levantamento do jornal Los Angeles Times, só quatro promessas foram realizadas.

Uma promessa central da campanha era "repelir e substituir" o programa de saúde de Obama. O presidente da Câmara, deputado Paul Ryan, chegou a apresentar uma proposta que não agradou a ninguém e acabou não sendo colocada em votação. Os democratas a consideraram insuficiente e a direita republicana Obamacare light.

No início do governo, o presidente baixou um decreto discriminando cidadãos de sete países muçulmanos e impedindo a entrada de refugiados por 120 dias. A Justiça declarou o decreto inconstitucional por discriminação religiosa.

Trump apresentou uma segunda versão com seis países, excluindo o Iraque por causa da Batalha de Mossul, onde os EUA apoiam os iraquianos. A Justiça anulou o decreto pelo mesmo motivo.

Nesta semana, outro decreto cortou a ajuda federal às chamadas cidades-refúgio ou santuário, que acolhem refugiados. Mais uma vez, a Justiça barrou a iniciativa, a pedido das cidades de Santa Clara e São Francisco, na Califórnia, que alegaram "prejuízos imediatos e irreparáveis". O governo promete recorrer até a Suprema Corte.

A deportação de imigrantes ilegais é outra prioridade, mas o governo Obama fazia isso ativamente. Há uma expectativa de aumento das deportações no segundo semestre. Até agora, o total está abaixo do mesmo período em 2016.

A construção de um muro na fronteira com o México quase gerou uma crise entre a Casa Branca e o Congresso. Trump queria incluir US$ 2,6 bilhões para iniciar a obra no orçamento suplementar que precisava ser aprovado até este fim de semana para evitar o fechamento das atividades não essenciais do governo federal dos EUA. Diante da oposição dentro do próprio Partido Republicano, recuou.

Como o Partido Republicano domina o Executivo e as duas casas do Legislativo, a crise orçamentária seria mais um absurdo. Em discurso ontem na Associação Nacional do Rifle (NRA), o lobby dos fabricantes de armas, Trump insistiu em tom de campanha que "vamos construir o muro" e "o México vai pagar pelo muro".

Para o eleitorado mais reacionário e canhestro de Trump, o muro é um compromisso inarredável. Mas os fazendeiros e deputados do Texas, um estado tradicionalmente republicano, e empresas instaladas na fronteira sul, são contra. Talvez o muro nunca saia do papel

Na desproteção ao meio ambiente, Trump cumpriu suas promessas. Suspendeu as restrições à produção de carvão, petróleo e óleo de xisto betuminoso. Autorizou projetos de infraestrutura como um oleoduto através de uma reserva dos índios sioux. Cancelou pagamentos a programas das Nações Unidas para mitigar a mudança do clima. E ameaçou retirar os EUA do Acordo de Paris para combater o aquecimento global. A companhia de petróleo Exxon o aconselhou a não abandonar o acordo.

Outra promessa cumprida foi a nomeação de um juiz conservador, Neil Gorsuch, para a Suprema Corte. O Partido Republicano precisou violar as regras não escritas de tramitação de matérias no Senado para acabar com a obstrução do Partido Democrata. Gorsuch foi confirmado, mas a regra do jogo mudou, reduzindo o poder da minoria.

Depois da rápida queda do general Michael Flynn como assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, por causa de negar contatos indevidos com agentes da Rússia, os três adultos, o secretário da Defesa, James Mattis; o secretário de Estado, Rex Tillerson; e o novo assessor de Segurança Nacional, general Herbert McMaster; trouxeram estabilidade ao setor, afastando os populistas mais exaltados, como Flynn e o assessor especial Steve Bannon.

O novo governo aumentou o orçamento de defesa em US$ 54 bilhões para US$ 639 bilhões em 2018. Mas não renegociou o acordo nuclear com o Irã, a conselho de seus assessores mais equilibrados. Em 18 de abril, o secretário Tillerson declarou ao Congresso que a República Islâmica está cumprindo o acordo para congelar seu programa nuclear.

Trump também não reverteu o processo de normalização das relações com Cuba iniciado por Obama nem transferiu a embaixada dos EUA em Israel de Telavive para Jerusalém.

O rei da Jordânia teria convencido o presidente a não mudar a embaixada para evitar uma nova explosão de violência no Oriente Médio. O próprio governo linha-dura de Israel não tem interesse em acirrar os ânimos.

Diante do ataque do governo sírio contra seu próprio povo com armas químicas, Trump cumpriu a ameaça de Obama e bombardeou o aeroporto de onde partiu o ataque com mísseis de cruzeiro Tomahawk. Puniu um ditador sanguinário. Mostrou a decisão que Obama não teve. Mandou um recado a Rússia, China e Irã de que há um novo presidente na Casa Branca disposto a usar a força. Recompôs sua base no Partido Republicano, sempre pronto a usar a força nas relações internacionais. E melhorou sua popularidade.

Ao atacar a Síria, Trump enterrou as chances de uma reaproximação com a Rússia, principal sustentáculo da ditadura de Bachar Assad. Serviu para abafar o escândalo de um suposto conluio com a Rússia durante a campanha eleitoral, mas a investigação continua e o ex-assessor Michael Flynn está cada vez mais implicado por contatos com os russos. Trump acabou adotando a política de Obama de que Assad precisa ser afastado num acordo de paz na Síria.

Na área econômica, o novo presidente retirou os EUA da Parceria Transpacífica, um acordo de 12 países negociado pelo governo Obama para criar uma aliança comercial e regras comuns na região mais dinâmica da economia mundial. Ao tirar os EUA do jogo, Trump faz exatamente o que Obama tentou evitar, que a China, superpotência emergente, ocupe o espaço e imponha suas regras.

Nos últimos dias, o governo Trump ameaçou sair do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), recuou e prometeu ficar se uma renegociação com o Canadá e o México acabar com o que considera condições desfavoráveis aos EUA.

Um memorando interno da Casa Branca revelado pelo jornal inglês Financial Times indica que o governo Trump pretende criar atrito com todos os países que têm saldo positivo no comércio com os EUA, tentando reequilibrar a balança comercial através de negociações com mão pesada, aproveitando o peso da maior economia do mundo.

Com a China, a única potência em condições de contrastar com o poderio americano, o caubói Trump afinou o discurso. Depois de tentar pôr na mesa o status de Taiwan e a política do regime comunista chinês de que só existe uma China, aceitou a exigência de Beijim.

Em busca do apoio chinês para conter o programa nuclear da Coreia do Norte, o governo Trump desistiu de acusar a China de manipular o câmbio para baixar o preço e aumentar a competitividade das exportações. Está sempre disposto a barganhar, mesmo abrindo mão de princípios e promessas.

Ainda não houve anúncios de grandes investimentos em infraestrutura. Trump prometeu US$ 1 trilhão em financiamento público e privado. E a economia não bombou. Cresceu em rimo de apenas 0,7% ao ano no primeiro trimestre de 2017, o menor índice desde o início de 2014.

Depois de se apresentar na campanha como a voz dos que não têm voz, Trump acaba de propor o maior corte de impostos para empresas e grandes fortunas, com benefício pessoal para o presidente e suas companhias. O imposto para pessoas físicas terá três alíquotas, em vez das sete atuais. A alíquota do imposto de renda das empresas vai cair de 35% para 15%.

Quando assumiu  o cargo, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, prometeu que não haveria cortes de impostos líquidos para os ricos porque seriam eliminadas isenções e deduções. Nada disso está previsto na proposta veiculada nesta semana. A previsão é de um rombo colossal nas contas públicas.

O amadorismo de Trump é mais evidente no nepotismo sem precedentes na história recente dos EUA que marca seu governo. A filha, Ivanka Trump, e seu marido, Jared Kushner, sem qualquer experiência política ou administrativa, são assessores especiais da Casa Branca.

Kushner é responsável não só pela reorganização da Casa Branca como é o enviado especial para o processo de paz no Oriente Médio. Na semana passada, a chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, convidou Ivanka para um evento.

Merkel sabe que no governo Trump políticos como a ex-governadora Nikki Haley, embaixadora dos EUA na ONU, são descartáveis. Os parentes são os assessores estáveis em quem Trump realmente confia. E os conflitos de interesses são inevitáveis. A China autorizou Ivanka a vender seus produtos no país quando seu pai recebia o presidente Xi Jinping na estação de veraneio de Mar-a-Lago, uma propriedade particular de Trump.

Aos 70 anos, Trump confessou a amigos que tem saudades de sua vida de empresário. Entrou na campanha como desafio. Ganhou, mas aparentemente não sabe o que fazer. Exalta o seu governo como o maior da história nos primeiros cem dias. No mesmo período, em 1933, Franklyn Roosevelt lançou o New Deal, o programa social-democrata para combater a Grande Depressão (1929-39).

Perante o festival de mentiras, meias-verdades e declarações da boca para a fora, o corpo diplomático em Washington deixou de tentar interpretar as falas do presidente. Passou a julgá-lo pelos seus atos. Afinal, palavras faladas voam com o vento.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

EUA têm menor crescimento no primeiro trimestre em três anos

Numa derrota para as promessas do presidente Donald Trump de acelerar o crescimento para 4% ao ano, a economia dos Estados Unidos teve no primeiro trimestre de 2017 o menor crescimento em três anos. O produto interno bruto avançou em ritmo de apenas 0,7% ao ano, rewvelou hoje o Departamento do Comércio, citado pelo jornal The Wall Street Journal.

Sem nenhuma grande realização nos primeiros cem dias de governo, completados amanhã, Trump se vê diante de um consumo doméstico fraco, com o menor crescimento desde 2009, e do menor índice de crescimento trimestral desde o início de 2014.

Nos últimos 12 meses, a maior economia do mundo avançou 1,9%. A previsão da Reserva Federal (Fed), o banco central dos EUA, é de uma alta de 2,1% do PIB em 2017. No último trimestre do ano passado, a expansão foi de 2,1% ao ano.

Com a incerteza econômica causada pelas políticas erráticas e a imprevisibilidade de Trump, caiu a confiança do consumidor, que comprou menos bens duráveis como automóveis e gastou menos com energia durante um inverno menos rigoroso no Hemisfério Norte.

O núcleo do índice de preços ao consumidor, excluídos os preços mais voláteis de energia e alimentos, subiu para 2,4% ao ano, acima da meta de inflação seguida informalmente pelo Fed, de 2% ao ano. A inflação em alta ajudou a reduzir o poder de compra dos consumidores.

Do lado positivo, o investimento das empresas aumentou em 9,4% num ano e as exportações cresceram num ritmo anual de 5,8%. A maioria dos economistas espera que a queda no crescimento seja temporária e que o crescimento fique em 3% a 4% ao ano no segundo trimestre.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Jornalistas denunciam censura da Frente Nacional

As associações de jornalistas de 29 meios de comunicação da França, inclusive o jornal Le Monde, protestaram hoje contra a decisão da neonazista Frente Nacional de "escolher as mídias autorizadas a seguir Marine Le Pen", candidata da ultradireita à Presidência da República.

Depois de vários casos em que jornalistas foram impedidos de cobrir eventos da campanha de Marine, os jornalistas divulgaram a seguinte nota:

"Por ocasião da campanha para o segundo turno da eleição presidencial, a Frente Nacional decidiu escolher os meios de comunicação autorizados a seguir Marine Le Pen. Várias publicações viram assim seus representantes ser privado de toda informação e de toda possibilidade de seguir a candidata da Frente Nacional no terreno.

"Assim, depois da Mediapart e do Quotidien (e antes dele, de seu predecessor Le Petit Journal), a Agência France Presse (AFP), a Rádio France, a Rádio France International, France 24, Le Monde, Libération e Marianne foram em algum momento vítimas dessas exclusões. Não se trata portanto de um recurso à prática do pool de jornalistas, quando informações e imagens são compartilhadas.

"Protestamos da maneira mais firme contra este entrave à liberdade de fazer nosso trabalho e cumprir nosso dever de informar. Não cabe a uma formação política, qualquer que seja, de dedicir que meios de comunicação estão habilitados a exercer seu papel democrático na nossa sociedade", concluíram os jornalistas.

O segundo turno da eleição presidencial na França, marcado para 7 de maio, é um duelo entre o liberalismo de Emmanuel Macron e o antiliberalismo neofascista da FN.

Israel derruba drone da Síria nas Colinas do Golã

Horas depois de uma explosão atribuída a um bombardeio israelense perto do aeroporto de Damasco, Israel abateu hoje um drone vindo da Síria na região das Colinas do Golã, um território árabe ocupado na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e anexado em 1981, informou o jornal liberal israelense Haaretz.

Um míssil de defesa Patriota interceptou uma aeronave não tripulada que invadiu o espaço aéreo israelense nas Colinas do Golã no fim da tarde de hoje, anunciaram as Forças de Defesa de Israel. Os moradores na cidade de Safed, no Norte de Israel, viram dois mísseis antiaéreos sendo disparados.

O ataque frustrado aconteceu horas depois de um bombardeio israelense à Síria. Na madrugada de hoje, noite de ontem no Brasil, Israel alvejou depósitos de armas e munições num complexo militar próximo do aeroporto da capital da Síria usado como ponto de apoio para milícias xiitas financiadas pelo Irã.

Desde o início da guerra civil síria, em março de 2017, Israel bombardeou a Síria várias vezes, supostamente para destruir carregamentos de armas e munições para a milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus). O objetivo agora teria sido o mesmo.

Israel volta a bombardear a Síria

Cinco explosões ouvidas nesta noite perto do aeroporto internacional de Damasco, a capital da Síria, seguidas de um incêndio, foram atribuídas a um bombardeio de Israel, noticiou o jornal liberal israelense Haaretz citando fontes árabes.

Eram 3h25 da madrugada (21h25 em Brasília) quando o ataque começou. Os alvos foram depósitos de armas e munições usados por milícias apoiadas pelo Irã para lutar ao lado da ditadura de Bachar Assad na guerra civil síria, especialmente do grupo fundamentalista xiita libanês Hesbolá (Partido de Deus).

Israel tenta evitar de todas as formas que as armas colocadas à disposição do Hesbolá sejam desviadas para futuros conflitos com o Estado judaico. A área bombardeada tem hangares, depósitos e fábricas.

Depois da intervenção militar da Rússia no conflito sírio, a partir de 30 de setembro de 2017, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, foi a Moscou negociar com o presidente Vladimir Putin uma licença para continuar atacando carregamentos de armas capazes de ameaçar Israel.

Putin gostou de ser tratado como grande potência no Oriente Médio e concordou em aceitar o jogo do maior aliado dos Estados Unidos na região.

Venezuela de Maduro deixa OEA e se isola ainda mais

Por orientação do presidente Nicolás Maduro, cada vez mais acuado e isolado, a Venezuela vai deixar a Organização dos Estados Americanos (OEA) para evitar qualquer tipo de "intervencionismo", anunciou ontem a ministra do Exterior, Delcy Rodríguez, noticiou o jornal El Nacional. O processo deve durar 24 meses.

A chanceler venezuelana citou o exemplo de Cuba, excluída por causa da natureza antidemocrática do regime comunista, que descreveu como "revolucionário", e acusou uma "coalizão intervencionista" de agir para desestabilizar a Venezuela.

Com inflação de 800%, queda do produto interno bruto estimada em 19% no ano passado e desabastecimento generalizado, a Venezuela enfrenta a pior crise econômica de sua história recente.

Enquanto paga bilhões de dólares em juros de bônus da estatal Petróleos de Venezuela (PdVSA) e dos títulos da dívida pública do país para evitar o calote, o governo Maduro não é capaz de garantir o suprimento de produtos básicos. Faltam papel higiênico, medicamentos, alimentos básicos, farinha de trigo, óleo comestível. Os venezuelanos ficam horas em filas em busca de preços menores ou produtos escassos.

Pelo menos 30 pessoas morreram na atual onda de protestos iniciada em 6 de abril depois que o Tribunal Supremo de Justiça tentou dissolver a Assembleia Nacional, dominada pela oposição, e usurpar seus poderes legislativos, impondo na prática uma ditadura de Maduro.

Sob pressão interna e externa, o presidente recuou, mas acusa a burguesia nacional de conspirar com potências estrangeiras, notadamente os Estados Unidos, para derrubar o regime chavista. Entre as medidas de "resistência", prometeu ampliar os chamados "coletivos", as milícias da revolução bolivarista, responsáveis por várias mortes nos últimos dias.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Mélenchon não apoia Macron mas não quer voto na Frente Nacional

O candidato da ultraesquerda à Presidência da França, Jean-Luc Mélenchon, se nega a apoiar o independente Emmanuel Macron, um defensor da economia de mercado, mas não quer que nenhum de seus mais de 7 milhões de eleitores (19,6%) vote na neofascista Frente Nacional.

Desde domingo, os candidatos derrotados no primeiro turno da eleição presidencial francesa estão sob pressão para definir suas posições para o segundo turno, marcado para 7 de maio. O ex-primeiro-ministro conservador François Fillon e o ex-ministro da Educação socialista Benoît Hamon declararam apoio a Macron.

Mélenchon, uma das surpresas desta eleição, chegou a sonhar com uma vaga no segundo turno. Ganhou com o descontentamento da esquerda com a presidência de François Hollande. No primeiro momento, ele se negou a orientar seus eleitores, alegando não ter mandato para isso.

Agora, seu movimento França Insubmissa desceu parcialmente do muro sem assumir o apoio a Macron: "Nenhum voto deve ir para a Frente Nacional", declarou hoje Alexis Corbière, porta-voz de Mélenchon.

A reação vem porque a ultradireitista Marine Le Pen tenta aproveitar o sentimento antiglobalização dos eleitores de Mélenchon para tentar conquistar seus votos para o segundo turno.

Na sua estratégia de caracterizar Macron como candidato das oligarquias e da "globalização selvavem", Le Pen tenta captar o voto operário. Hoje ela fez uma visita de surpresa à fábrica da empresa Whirlpool em Amiens, enquanto o ex-ministro participava um encontro intersindical na Câmara de Comércio da cidade.

A fábrica está em greve. Os trabalhadores tentam impedir seu fechamento e reabertura na Polônia. Le Pen afirmou que "está no meio dos trabalhadores que resistem à globalização selvagem".

Há uma certa inquietação na França com a possibilidade de uma vitória da extrema direita. Em 21 de abril de 2002, quando Jean-Marie Le Pen, pai de Marine, derrotou o primeiro-ministro socialista Lionel Jospin, todas as outras forças políticas se mobilizaram para apoiar a reeleição do presidente Jacques Chirac, inclusive Mélenchon.

Chirac teve 20% no primeiro turno e 80% no segundo. Agora, Mélenchon é contra a FN, mas não pede voto para Macron. O eleitorado direitista cristão que se mobilizou contra o casamento gay e apoiou Fillon tende a votar em Le Pen. Prefere o antiliberalismo ou casamento gay.

Justiça rejeita decreto de Trump contra cidades-refúgio

Em mais uma derrota do governo Donald Trump na Justiça, um juiz federal de São Francisco da Califórnia declarou inconstitucional ontem um decreto do presidente que cortava a ajuda para as chamadas cidades-refúgio dos Estados Unidos, que acolhem refugiados e imigrantes.

O juiz William Orrick aceitou a petição dos condados de Santa Clara e São Francisco alegando que teriam prejuízos imediatos e irreparáveis. Decidiu que o governo federal não pode negar verbas federais a cidades que se neguem a cooperar com as autoridades de imigração.

A medida "privaria os condados de centenas de milhões de dólares para sustentar serviços essenciais", concluiu o juiz. Na sentença, ele afirma que o decreto viola a separação de poderes estabelecida pela Constituição, a 5ª Emenda à Constituição, que garante o direito a um processo legal, e a 10ª Emenda, que proíbe obrigar jurisdições locais a aplicar leis federais.

"A Constituição dá ao Congresso, não ao presidente, os poderes para ordenar gastos, então um decreto não pode constitucionalmente impor novas condições aos fundos federais", argumentou o juiz. O governo Trump promete levar o caso até a Suprema Corte.

Ex-presidente Sarkozy declara voto em Macron

Mais um líder do partido gaulista Os Republicanos, de centro-direita, adere à Frente Republicana antiextrema-direita e anuncia apoio à candidatura do ex-ministro da Economia Emmanuel Macron à Presidência da França. O ex-presidente Nicolas Sarkozy declarou hoje que vai votar em Macron no segundo turno, em 7 de maio de 2017.

"É uma escolha de responsabilidade que não significa de modo algum apoio a seu projeto", escreveu Sarkozy no Facebook, deixando claro que o objetivo é barrar a ascensão ao poder de Marine Le Pen, da neonazista Frente Nacional.

Ao mesmo tempo, Sarkozy defendeu uma mobilização de seu partido para vencer as eleições parlamentares: "No próximo mês de junho, por ocasião das eleições legislativas, os franceses terão de novo a possibilidade de fazer a escolha de uma verdadeira alternância dando seus sufrágios aos candidatos indicados pelo centro e pela direita."

Como o favorito Emmanuel Macron não tem partido, lançou há menos de um ano seu movimento Em Marcha para sustentar sua candidatura, é improvável que consiga maioria parlamentar para governar. Se Os Republicanos tiverem maioria na Assembleia Nacional, será obrigado a nomear um primeiro-ministro do partido de Sarkozy.

Os Republicanos poderiam ter vencido e se firmado mais uma vez como o maior partido da França, se não tivessem insistido na candidatura do ex-primeiro-ministro François Fillon, abalada por denúncias de que empregou a mulher e os filhos como funcionários-fantasmas do Senado.

Antes do escândalo, Fillon saiu da eleição primária republicana com 30% das preferências. Teria um caminho tranquilo até o Palácio do Eliseu. Mas o partido que dominou a política francesa durante a maior parte da 5ª República, fundada em 1958 pelo general Charles de Gaulle, deu um tiro no pé.

Assim, neste caso, não fazem sentido as análises sobre a decadência dos partidos tradicionais. Os gaulistas presidiram a França por 33 anos desde 1958, com De Gaulle, Georges Pompidou, Jacques Chirac e Sarkozy. Não há partido mais tradicional na política francesa e as eleições legislativas tendem a confirmá-lo como maior partido do país, a não ser que Macron surpreenda mais uma vez.

terça-feira, 25 de abril de 2017

Total de mortos nos protestos na Venezuela chega a 26 pessoas

Com mais quatro mortes ontem, o total de mortos na atual onda de protestos contra o regime chavista da Venezuela subiu para 26 pessoas, confirmou hoje a procuradora-geral da República, Luisa Ortega Díaz, citada pelo jornal venezuelano El Nacional.

"Quero manifestar meu repúdio a todos os atos de violência ocorridos no país, os rechaço", declarou a procuradora-geral. "Sou uma mulher de paz. Não tolero a violência. Lamento a morte de 26 venezuelanos. Dói muito a morte de pessoas, sejam do governo ou da oposição."

Além das mortes, desde 4 de abril de 2017, 437 pessoas foram feridas, 1.289 detidas, 217 apresentadas aos tribunais e 65 ficaram presas.

"Ninguém quer para nosso país um cenário de confrontação bélica, de guerra civil ou ingerência estrangeira", acrescentou Luisa Ortega. Ela criticou a violência de parte da oposição e, diante da gravíssima crise econômica, afirmou que "não se pode promover um discurso de ódio e desqualificar quem pensa de maneira distinta."

Por fim, a procuradora-geral pediu calma ao governo Nicolás Maduro e à oposição: "Todos os dirigentes devem baixar o tom de confrontação e para com os discursos racistas, xenófobos e desqualificantes."

A violência política explodiu na Venezuela depois que o Tribunal Supremo de Justiça, subordinado ao Poder Executivo, decidiu usurpar os poderes da Assembleia Nacional, dominada pela oposição. Pego em flagrante num golpe contra seu próprio regime, Maduro recuou, mas a oposição intensificou a campanha por eleições diretas já para substituir o presidente.

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Marine Le Pen deixa presidência do partido para ampliar eleitorado

Em grande desvantagem nas primeiras pesquisas depois do segundo turno, a candidata de extrema direita à Presidência da França, Marine Le Pen, anunciou hoje que vai deixar a presidência da Frente Nacional. 

É uma jogada para vender uma imagem mais centrista e tentar captar os votos, por exemplo, dos eleitores de Jean-Luc Mélenchon, da ultraesquerda, descontentes com as políticas pró-mercado do favorito, Emmanuel Macron, a quem ela acusa de apoiar uma "globalização selvagem".

Candidato independente, o ex-ministro da Economia Macron venceu o primeiro turno com 8.657.326 ou 24% dos votos com propostas a favor da globalização, do internacionalismo liberal, da União Europeia e da economia de mercado.

Le Pen ficou em segundo com 21,3% com uma plataforma ultranacioanalista, prometendo combater o terrorismo islâmico, expulsar os imigrantes, deixar o euro, convocar um plebiscito para sair da UE, fechar as fronteiras e proteger a economia. Ela obteve 7.679.593 votos, batendo o recorde do pai, Jean-Marie Le Pen. Ele obteve 6,8 milhões em 2012, quando derrotou o primeiro-ministro socialista Lionel Jospin e foi para o segundo turno.

Os candidatos conservador François Fillon (20%) e socialista Benoît Hamon (6,36%) deram apoio a Macron para vencer a ameaça da extrema direita. O presidente François Hollande, o mais impopular da história recente da França, também declarou apoio a seu ex-ministro da Economia.

As pesquisas dão 60% a 64% das preferências para Macron no segundo turno, marcado para 7 de maio de 2017.

Marine tenta reagir apresentando o adversário como "filho do hollandismo", liberal e pró-europeu. Na visão da ultradireita, isso significa que "as fronteiras continuaram abertas e a França e sua cultura continuarão sendo invadidas".

Macron é o grande vencedor. Há um ano, estava no governo. Saiu e criou o movimento Em Marcha para lançar a candidatura. Foi beneficiado pelo escândalo que abalou o favorito, o ex-primeiro-ministro conservador Fillon, acusado de empregar mulher e filhos como funcionários-fantasmas do Senado.

O grande derrotado é o Partido Socialista, que teve a pior votação de sua história, apenas 6,36% dos votos no primeiro turno. A ala mais moderada apoiou Macron e a mais radical votou em Mélenchon. Mas o partido gaulista Os Republicanos também perdeu muito ao insistir num candidato manchado pela corrupção e rejeitado pelo eleitoral.

A Europa e o mercado festejaram o resultado, com alta generalizada nas bolsas de valores. O fantasma da ascensão da extrema direita, alimentado pelo plebiscito que decidiu pela saída do Reino Unido da UE e pela vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, não assombrou a eleição presidencial francesa.

domingo, 23 de abril de 2017

Macron vai para o segundo turno contra Le Pen

O ex-ministro da Economia e candidato independente Emmanuel Macron ficou em primeiro lugar na pesquisa de boca de urna divulgada há pouco pela televisão francesa France2 e venceu o primeiro turno da eleição presidencial. Ele recebeu 23,9% dos votos, à frente da neofascista Marine Le Pen, da Frente Nacional, com 21,5%.

Em terceiro lugar, ficou o ex-primeiro-conservador François Fillon com 19,7% pouco à frente do candidato da ultraesquerda, Jean-Luc Mélenchon, com 19,2%.

Pela primeira vez desde que o general Charles de Gaulle fundou a 5ª República Francesa, em 1958, nenhum dos grandes partidos vai para o segundo turno. Mas isso se deve principalmente ao escândalo que envolveu Fillon, que empregou mulher e filhos como funcionários-fantasmas do Senado.

O candidato gaulista era o favorito e se negou a abandonar a campanha, abrindo espaço para a migração dos votos mais centristas para Macron. Em pronunciamento minutos atrás, Fillon reconheceu a derrota, declarou ser necessária uma união contra a extrema direita no segundo turno e anunciou o voto em Macron.

Marine Le Pen afirmou que "é hora de uma grande alternância libertar o povo francês das elites arrogantes. Eu sou a candidata do povo." Com 6,9 milhões de votos, ela bateu um novo recorde para a extrema direita francesa.

Todas as pesquisas dão a vitória a Macron no segundo turno, a ser disputado em 7 de maio de 2017. Numa sondagem divulgada pelo jornal Le Monde depois da divulgação do resultado do primeiro turno neste domingo, o candidato independente tem 62% das preferências contra 38% para a ultradireitista Le Pen.

sábado, 22 de abril de 2017

Trump não autoriza Exxon a explorar petróleo na Rússia

O governo Donald Trump negou autorização para a companhia de petróleo Exxon Mobil a perfurar poços atrás de petróleo na Rússia, anunciou ontem o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, depois de consultar o presidente.

A Exxon Mobil tinha pedido uma isenção das sanções impostas pelos EUA e a União Europeia à Rússia depois da intervenção militar russa na ex-república soviética da Ucrânia e da anexação da Crimeia, em 2014. Queria retomar uma parceria com a empresa estatal russa Rosneft.

Com a crise na Ucrânia, as relações entre a Rússia e o Ocidente sofreram a maior deterioração desde o fim da Guerra Fria e do desaparecimento da União Soviética, em 1991. Durante a campanha, Trump prometeu melhorar as relações e fazer uma aliança no combate ao terrorismo dos muçulmanos jihadistas. Foi acusado de conluio com a Rússia, que pirateou e divulgou informações negativas sobre a candidata democrata, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton.

O ataque dos EUA à Síria, maior aliada de Moscou no Oriente Médio, em retaliação ao uso de armas químicas, minou esta tentativa de reaproximação. Ao não deixar a Exxon procurar petróleo na Rússia, Trump avaliza as sanções aplicadas pelo governo Barack Obama (2009-17).

Em sociedade com a Rosneft, a Exxon Mobil poderia explorar petróleo no Mar Negro e no Mar Kara, na Sibéria. Os campos de petróleo do Mar Kara são considerados os mais promissores da Rússia no Oceano Ártico.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Ataque ao ônibus do Borussia Dortmund não foi terrorismo

A polícia da Alemanha prendeu o principal suspeito pelo ataque ao ônibus da equipe do Borussia a caminho de um jogo da Liga dos Campeões da Europa em 11 de abril, em Dortmund foi adiado. Sergej W., de 28 anos e origem russa, tentava lucrar com uma manobra no mercado financeiro.

Em 3 de abril de 2017, Sergej tomou empréstimo para financiar uma operação de venda a descoberto (short selling) de ações do clube, apostando na queda do preço para pagar depois com o mesmo número de ações mas com valor mais baixo, denunciam os procuradores alemães.

O acusado investiu 79 mil euros no mercado de opções, e poderia ter ganho até um milhão de euros se as ações do Borussia entrassem em colapso, estimou o secretário do Interior do estado da Renânia do Norte-Vestifália, Ralf Jäger.

"Fiquei chocado", declarou Jäger, com "este tipo de motivo para realizar um ataque. Mostra mais uma vez do que as pessoas são capazes."

No primeiro momento, a suspeita era de extremistas islâmicos. Em 13 de novembro de 2015, o ataque  terrorista que deixou 130 mortos em Paris começou com explosões ao redor e na entrada do Estádio da França, na cidade-satélite de Saint-Denis, onde era disputada uma partida amistosa entre Alemanha e França. O presidente François Hollande assistia ao jogo e foi retirado às pressas pelo serviço secreto.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Estado Islâmico reivindica ataque a policiais em Paris

A organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante reivindicou a autoria do atentado terrorista que matou um policial e deixou outros dois feridos em estado grave hoje na Avenida dos Campos Elísios, em Paris.

O terrorista foi morto pela polícia. Ele foi identificado como Karim C., de 29 anos. Ao assumir a responsabilidade, o Estado Islâmico o chamou de Abu Youssef al-Belgiki (o Belga), morador de Chelles, a 45 quilômetros a leste da capital francesa.

Ele tinha uma condenação de 15 anos de prisão por tentativa de assassinato e era considerado um terrorista em potencial pelos serviços secretos da França. Chegou a ser preso, mas não estava sob vigilância permanente, informou a televisão France2.

Eram cerca de 21 horas em Paris (16h em Brasília) quando o atirador saiu de um carro com um fuzil de guerra e disparou contra os três policiais, que faziam patrulha estática dentro de uma viatura numa esquina da avenida, considerada pelos franceses a "mais linda do mundo".

É uma avenida ampla, rodeada de bares, cafés e restaurantes que avançam sobre a calçada, lojas e o Palácio do Eliseu, sede da Presidência da França. Vai da Praça da Concórdia, onde ficava a principal guilhotina durante o período do terror da Revolução Francesa de 1789, até o Arco do Triunfo de Napoleão. Está sempre cheia de franceses e turistas. Hoje à noite, estava tomada por policiais.

Em pronunciamento pela TV, o presidente François Hollande confirmou se tratar de um caso de terrorismo.

As autoridades franceses estão em estado de alerta por medo de atentados terroristas no primeiro turno da eleição presidencial, a ser disputado no domingo, 23 de abril de 2017. A polícia conseguiu evitar um atentado terrorista que estava sendo planejado em Marselha, a segunda maior cidade da França, onde há uma grande população muçulmana de origem norte-africana.

O atentado em Paris será explorado pela candidata da Frente Nacional, de extrema direita, Marine Le Pen, que centra a campanha no discurso contra a imigração e contra o terrorismo.

Em pesquisa divulgada hoje, Marine aparece em segundo lugar, com 24% das preferências, logo abaixo e em empate técnico, dentro da margem de erro da pesquisa, com o ex-ministro da Economia Emmanuel Macron, que concorre como independente, com 25%.

Logo atrás, vem o ex-ministro e candidato da ultraesquerda Jean-Luc Mélenchon, com 20%, seguido pelo ex-primeiro-ministro conservador François Fillon, do partido Os Republicanos, com 19%.

Mais de 80% dos eleitores de Marine afirmam que sua decisão de voto está tomada, mas apenas 36% dos eleitores de Macron têm a mesma segurança.

As pesquisas indicam que Macron venceria qualquer oponente no segundo turno. Mas, se o eleitorado flutuante se impressionar com o discurso linha dura da neonazista Marine Le Pen, há o risco de um segundo turno entre ultradireita e ultraesquerda, um fantasma para a União Europeia, já que ambas pretendem deixar o bloco.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Conselho Eleitoral Superior nega anulação do referendo na Turquia

Por 10 a 1, o Conselho Eleitoral Superior rejeitou hoje 19 petições da oposição para anular o referendo constitucional de 16 de abril de 2017 por desequilíbrio na campanha, fraudes na votação e apuração dos resultados, noticiou a agência turca Anadolu.

O presidente Recep Tayyip Erdogan e seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento, no poder desde 2003, obtiveram 51,4% dos votos na consulta popular que transformou o regime político do país de parlamentarista em presidencialista e deu superpoderes ditatoriais ao chefe de Estado e agora também de governo.

A oposição e observadores internacionais da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) questionaram a legitimidade do referendo. O governo usou a máquina pública, inclusive os meios de comunicação estatais na campanha, e milhões de cédulas não estariam carimbadas.

Diante das denúncias de fraude, Erdogan mandou prender dezenas de oposicionistas que participaram de manifestações de protesto depois da divulgação dos resultados oficiais.

Médicos em 62 países são maior fonte de divisas de Cuba

A exportação de serviços médicos virou a principal fontes de divisas de Cuba, na frente do turismo. No fim de 2016, havia médicos cubanos. Entre 2011 e 2015, o país ganhou em média mais de US$ 11 bilhões por ano com a medicina, indicam dados oficias do regime comunista. O turismo faturou US$ 2,8 bilhões em 2016.

Os médicos cubanos estão em 24 países da América Latina e do Caribe, 27 países da África, sete da Ásia e do Pacífico, dois do Oriente Médio, na Rússia e em Portugal.

Em Cuba, a saúde e educação são totalmente gratuitas e financiadas pelo Estado, motivo de orgulho e propaganda do regime comunista. A exportação de serviços médicos ajuda hoje a sustentar o sistema.

O Brasil convidou médicos cubanos a participar do programa Mais Médicos, criado em resposta às Jornadas de Junho de 2013, quando milhões de pessoas saíram às ruas para protestar contra os serviços de saúde, educação e transportes.

A maior parte do dinheiro ia para o governo cubano e vários médicos desertaram e entraram na Justiça reivindicando o direito de asilo no Brasil.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Primeira-ministra britânica convoca eleições para 8 de junho

Com o Partido Trabalhista, o maior da oposição, mais de 20 pontos percentuais atrás do Partido Conservador nas pesquisas, a primeira-ministra Theresa May anunciou hoje a convocação de eleições antecipadas para a Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico em 8 de junho de 2017. Tenta obter um mandato para se fortalecer nas negociações sobre a saída do Reino Unido da União Europeia.

May chegou à chefia do governo em consequência do plebiscito que decidiu pela saída da UE, realizado em 23 de junho de 2016. A derrota derrubou o primeiro-ministro David Cameron. Ele convocou o plebiscito para tentar acabar com a guerra civil interna do Partido Conservador. Acabou dividindo o país e comprometendo seu futuro.

O não à Europa ganhou por 52% a 48%, contrariando as pesquisas e a maioria do eleitorado jovem. Nem os defensores da Brexit (British exit = saída britânica, em inglês) esperavam isso. Não estavam preparados para os enormes desafios do divórcio com a UE.

Com a demissão de Cameron, o Partido Conservador teve de eleger um novo líder. Os líderes da campanha pela saída da UE dentro do partido, o ex-prefeito de Londres Boris Johnson e o ex-ministro da Educação e da Justiça Michael Gove brigaram entre si. E uma regra não escrita da política britânica se mostrou válida mais uma vez: quem mata o rei não ascende ao trono.

Foi assim quando Michel Heseltine derrubou a primeira-ministra Margaret Thatcher num disputa interna pela liderança do partido, em novembro de 1990. Quem herdou a liderança do partido e a chefia foi John Major.

O regicídio de Thatcher fraturou irremediavelmente o Partido Conservador entre as alas pró e antieuropeia. A guerra civil levou à convocação do plebiscito, promessa da campanha à reeleição de Cameron, em 2015.

Theresa May era ministra do Interior e apoiou Cameron durante o plebiscito por uma questão de lealdade. Essa lealdade foi sua maior credencial na disputa pela liderança conservadora. Mas, diante do país, é uma primeira-ministra que chegou ao poder sem o aval do voto popular.

Ao mesmo tempo, a vitória da Brexit abalou profundamente a oposição trabalhista. O líder do partido, Jeremy Corbyn, nunca foi grande fã da União Europeia, que considera um projeto capitalista e liberal demais para suas ideias socialistas.

Com a hesitação de Corbyn, a oposição trabalhista não fez uma campanha decidida em defesa da permanência do Reino Unido na UE, contrariando a posição da maioria de seus deputados.

A liderança de Corbyn foi desafiada, mas mais uma vez, com o apoio dos sindicatos, ele venceu a disputa interna, onde todos os filiados ao partido têm direito a voto.

Essa oposição frágil e divida foi a principal razão para May antecipar as eleições.

Presos palestinos fazem greve de fome em Israel

Cerca de 1,1 mil dos 6,2 mil palestinos presos em prisões de Israel anunciaram uma greve de fome ontem, sob a liderança do comandante Marwan Barghouti, da Fatah (Luta), apontado por alguns como provável sucessor de Mahmoud Abbas na presidência da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e da Autoridade Nacional Palestina (ANP).

Alguns analistas internacionais do Ocidente já o chamaram de Mandela palestino, mas o ex-ministro do Exterior israelense Silvan lembra que ele "foi condenado por assassinato a sangue frio a cinco prisões perpétuas".

A greve de fome começa a uma semana das eleições provinciais da Palestina. Isso indica que há uma disputa interna dentro da Fatah entre as alas de Abbas e Marghouti.

Em reação à greve de fome, Israel colocou Barghouti numa cela solitária.

Presidente do Paraguai anuncia que não vai concorrer à reeleição

O presidente Horacio Cartes, o homem mais rico do Paraguai, anunciou ontem que não vai disputar a reeleição em 2018 mesmo que o Congresso reforme a Constituição para permitir isso, noticiou a agência Reuters.

A aprovação de emenda constitucional autorizando a reeleição em sessão secreta do Senado provocou uma revolta popular. Em 31 de março de 2017, os manifestantes invadiram a sede do parlamento e tocaram fogo em gabinetes de deputados e senadores.

Diante da revolta, a Câmara adiou a votação do projeto. A expectativa era que fosse arquivado. O anúncio de Cartes tentar desarmar os espíritos. Mas a oposição certamente não confia nas promessas de um presidente do Partido Colorado, que comandou o Paraguai quase ininterruptamente desde 1947.

Outro beneficiário de uma reforma constitucional que autorize a reeleição presidencial seria o padre Fernando Lugo, que governou o país de 2008 a 2012 e foi afastado num processo de impeachment relâmpago em menos de 48 horas, sem pleno direito de defesa, como em qualquer democracia. 

No momento, Lugo lidera as pesquisas. Com a máquina pública trabalhando a seu favor, Cartes talvez seja o único candidato capaz de vencer o padre.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Observadores internacionais denunciam referendo na Turquia

Depois de acumular superpoderes, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, merece cada vez mais o apelido de Sultão, por seu sonho de restaurar o poder e a glória do Império Otomano, mas observadores internacionais não consideraram honesto o referendo constitucional de domingo, que mudou o regime de governo de parlamentarista para presidencialista.

A missão da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) concluiu que as duas partes não tiveram as mesmas oportunidades para defender suas posições. Durante a campanha, o sim teve 90% do tempo destinado pela televisão.

Ao aceitar cédulas sem o carimbo oficial no versão, o Conselho Eleitoral da Turquia eliminou o principal mecanismo para evitar fraudes. A oposição denuncia que mais de 3 milhões de votos não carimbados foram considerados válidos.

A União Europeia reagiu negativamente e pode suspender as negociações já estagnadas sobre o acesso da Turquia. Nada parece mais distante. Erdogan, um político que chegou ao poder em 2003 como um islamita moderado, tornou-se cada vez mais autoritário nos últimos anos, especialmente depois da fracassada tentativa de golpe de Estado de 15 de julho de 2016.

Desde então, o cada vez mais ditador turco prende quem quer. Até líderes da oposição foram presos durante a campanha. Hoje o estado de emergência foi prorrogado por mais três meses.

Com a vitória por 51,4% a 48,6%, o presidente passa a concentrar os poderes de chefe de Estado e de governo. Desaparece o cargo de primeiro-ministro. Tudo será decidido diretamente pelo presidente e pela Assembleia Nacional, que tende a simplesmente referendar as decisões do Executivo.

Outro regime autoritário, da Rússia, pediu respeito ao resultado do referendo. Com um populista autoritário na Casa Branca, a Turquia terá condições de manter boas relações com os Estados Unidos, mas não com a Europa.

Trump telefonou para cumprimentar Erdogan pela vitória sem fazer qualquer restrições nem aos métodos nem aos superpoderes.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Eleição presidencial da França embola na reta final

A oito dias do primeiro turno da eleição presidencial na França, quatro candidatos estão tecnicamente empatados dentro da margem de erro e podem chegar ao segundo turno, indica pesquisa divulgada pelo jornal francês Le Monde.

Os dois favoritos até agora, o ex-ministro da Economia Emmanuel Macron, independente, e a líder da extrema direita, Marine Le Pen, lideravam com 24% das preferências.
Eles perderam dois pontos e caíram para 24%.

Ao mesmo tempo, Jean-Luc Mélenchon, da Aliança França Insubmissa, de ultraesquerda, subiu, 1,5 ponto percentual e chegou a 20%, enquanto o ex-primeiro-ministro François Fillon, ganhou um ponto e tem agora 19% das intenções de voto. O socialista Benoît Hamon caiu para 7,5%.

A pesquisa ouviu 1.509 eleitores inscritos em 12 e 13 de abril. Cerca de dois terços dos eleitores franceses pretendem votar. O segundo turno será realizado em 7 de maio.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Maduro é atacado com garrafas e ovos na Venezuela

Com o aumento da revolta popular contra o governo por causa da crise econômica na Venezuela, o presidente Nicolás Maduro foi xingado e alvejado com ovos e garrafas na terça-feira à noite em Caracas quando andava num jipe do Exército aberto. Cinco jovens de 15 a 20 anos foram presos como suspeitos do ataque.

Foi o segundo ataque contra Maduro em seis meses. Em setembro de 2016, a comitiva do presidente venezuelano foi atacada em Vila Rosa, na Ilha Margarita. Maduro foi obrigado a descer e fugir a pé cercado de gente que o xingava.

Dezenas de pessoas foram presas depois da revolta popular de Vila Rosa. Braulio Jatar, o primeiro jornalista a divulgar um vídeo do evento, está preso até hoje.

A ação direta contra Maduro acontece num momento de aumento da violência política na Venezuela. O país vive a pior crise econômica de sua história moderna, com inflação de 720% ao ano, queda de 17% do produto interno bruto nos últimos anos e desabastecimento generalizado.

Diante do fracasso do regime chavista e do "socialismo do século 21", a oposição obteve uma ampla vitória nas eleições parlamentares de 2015. Desde o início do ano passado, tem maioria na Assembleia Nacional.

Por orientação do regime, a Justiça impugnou a eleição de três deputados para tirar a maioria qualificada de dois terços, que daria direito de reformar a Constituição da República Bolivarista da Venezuela. Como os deputados foram empossados, o Tribunal Supremo tentou cassar os poderes constitucionais do Legislativo sob a acusação de desacato a uma decisão da Justiça.

Também na terça-feira, 11 de abril, aniversário do golpe contra o então presidente Hugo Chávez em 2002, um jovem de 14 anos, Brayan Principal, foi morto durante protesto contra Maduro em Barquisímetro, no estado de Lara.

Desde o início da atual onda de protestos, em 6 de abril, três pessoas morreram.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Ataque ao ônibus do Borussia Dortmund foi terrorismo

Depois de encontrar uma carta com exigências, a polícia da Alemanha começou a tratar como ato terrorista a explosão de três bombas perto do ônibus que levava o time do Borussia para um jogo contra o Mônaco, da França, pela Liga dos Campeões da Europa na cidade alemã de Dortmund. Antes, o caso estava sendo tratado como "tentativa de assassinato".

As bombas estavam escondidas perto do hotel onde estava a equipe do Borussia e foram detonadas no momento da passagem do ônibus, às 19h15 de ontem pela horal local (14h15 em Brasília). Um jogador espanhol, Marc Batra, de 26 anos, foi ferido pelos estilhaços do vidro e operado ontem à noite. A partida foi adiada para hoje.

Na carta, o terrorista exigia a retirada da Força Aérea da Alemanha da coalizão de 68 países liderada pelos Estados Unidos para combater na Síria a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, apoiada pelos suspeitos, e o fechamento da base aérea dos Estados Unidos em Ramstein, na Alemanha.

terça-feira, 11 de abril de 2017

Rússia tem de optar entre Irã e Síria ou EUA, diz secretário de Estado

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, chegou hoje a Moscou com uma mensagem clara ao presidente Vladimir Putin: a Rússia terá de escolher entre os Estados Unidos ou a Síria, o Irã e a milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus).

Num ultimato a Putin, o chefe da diplomacia americana declarou em Lucca, na Itália, onde ontem participou de uma reunião do Grupo dos Sete (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá) antes de seguir para Moscou: "Queremos aliviar o sofrimento do povo sírio. A Rússia pode ser parte deste futuro e ter um papel importante. Ou a Rússia pode manter sua aliança com este grupo, que acreditamos que não vá servir os interesses russos a longo prazo."

Tillerson conheceu Putin quando era presidente da companhia de petróleo Exxon. Agora, questiona o compromisso real da Rússia com o desarmamento químico da Síria, decidido em 2013 depois que o então presidente americano, Barack Obama, resolveu não bombardear o regime sírio depois do uso de um ataque químico que mais 1.421 pessoas em Guta, na periferia de Damasco.

Na sua opinião, não está claro se a Rússia foi incompetente ou agiu de má fé, mas para os mortos "não faz muita diferença": "A Rússia falhou ao não manter os acordos feitos com base em múltiplas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Essas acordos estipulavam que a Rússia garantiria que a Síria não teria mais armas químicas."

A Rússia insiste em que a ditadura de Bachar Assad é o governo legítimo da Síria. Em linha com o regime, acusa todos os seus inimigos de "terroristas" e não aceita a exigência dos EUA e da Europa de que o ditador seja afastado em qualquer processo de paz. Putin não abre mão de manter o aliado Assad no poder em Damasco.

Quando assumiu, o presidente Donald Trump estava disposto a melhorar as relações com o Kremlin. Tillerson chegou a dizer que "o futuro de Assad será decidido pelos sírios". Depois do bombardeio químico da semana passada, voltou à posição de Obama, que exigia a remoção do ditador.

"Está claro para todos nós que o reino da família Assad está chegando ao fim", afirmou o secretário de Estado. "A questão é como vai terminar e como será a transição tendo em vista a durabilidade e a estabilidade de uma Síria unida."

Para aumentar ainda mais a tensão entre as superpotências da Guerra Fria, altos funcionários dos EUA acusaram a Rússia de saber do bombardeio químico, ou seja, de cumplicidade com o crime de guerra da Síria.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Marine Le Pen desculpa governo francês que colaborou com nazismo

A menos de duas semanas do primeiro turno da eleição presidencial na França, a líder da neofascista Frente Nacional, Marine Le Pen, negou a responsabilidade do país na prisão em massa de judeus, levados para o Velódromo de Inverno de Paris e depois deportados para campos de concentração onde a maioria morreu.

Em 16 de julho de 1942, 4,5 mil policiais franceses prenderam 13.142 judeus em Paris e arredores, a pedido da Alemanha nazista, que ocupara a França em maio de 1940, colocando no poder o governo colaboracionista de Vichy.

"A França não é responsável pelo Velódromo de Inverno", declarou Le Pen no domingo, 22 dois anos depois que o presidente Jacques Chirac reconheceu oficialmente a responsabilidade do país pela deportação de judeus, lembrou o jornal francês Le Monde.

"Se há responsáveis, foram aqueles que estavam no poder na época, não a França. A França é maltratada nesta questão há anos", reclamou Marine Le Pen no Grande Júri, um programa de televisão. "Ensinamos a nossas crianças que elas têm todas as razões para criticá-la, de não ver os aspectos históricos, a não ser os mais sombrios. Quero que voltem a ter orgulho de serem francesas."

Foi uma declaração chocante. Nos últimos anos, Marine se esforçou para limpar a imagem neonazista da Frente Nacional criada por seu pai, Jean-Marie Le Pen, que nega o Holocausto e chegou a dizer que "as câmaras de gás eram uma nota de rodapé da história".

"Ao negar a responsabilidade da França pelo Velódromo de Inverno, Marine Le Pen se junta a seu pai no banco da indignidade e do rejeicionismo", criticou o governador regional da Provença-Alpes-Costa Azul, Christian Estrosi, do partido de centro-direita Os Republicanos.

O candidato independente Emmanuel Macron, que disputa com Le Pen a liderança nas pesquisas sobre o primeiro turno, marcado para 23 de abril, não perdeu a oportunidade: "Algumas pessoas haviam esquecido que Marine Le Pen é filha de Jean-Marie Le Pen. Foi uma falta grave", acrescentou, elogiando Chirac por "ter assumido sua responsabilidade num gesto de coragem".

Macron e Le Pen lideram as pesquisas com 24% das preferências. Devem disputar o segundo turno em 7 de maio. Em pesquisa divulgada ontem, a surpresa foi o avanço do candidato Jean-Luc Mélenchon, do Partido de Esquerda, candidato da França Insubmissa, com 18%, à frente do ex-primeiro-ministro François Fillon, dos Republicanos, o grande partido conservador de centro-direita, herdeiro das ideias políticas do general Charles de Gaulle, grande herói da França na Segunda Guerra Mundial.

Fillon era o favorito até ser revelado que empregou a mulher e os filhos como funcionários-fantasmas do Senado. Está agora para o quarto lugar. O outro grande partido que governou a França na 5ª República, fundada por De Gaulle em 1958, o Partido Socialista, representado pelo ex-ministro da Educação Benoît Hamon, caiu para quinto lugar com apenas 9% das intenções de voto.

Duas bombas matam dez pessoas na Somália

Um homem-bomba matou pelo menos nove soldados do Exército da Somália e feriu muitos outros hoje em ataque a um acampamento militar em Mogadíscio, a capital do país, noticiou a agência Reuters.

O terrorista suicida estava com uniforme do Exército e abriu fogo contra os soldados antes de detonar os explosivos que levava junto ao corpo. A milícia extremista muçulmana Al Chababe (A Juventude) reivindicou a autoria do atentado.

Em outro ponto da capital, outra bomba matou um funcionário público, informou a Prefeitura de Mogadíscio.

A Somália vive em estado de anarquia e guerra civil. Não tem um governo estável, que controle a maior parte do território do país, desde a morte do ditador Mohamed Siad Barre em 1991.

domingo, 9 de abril de 2017

Estado Islâmico mata 46 cristãos no Egito a semanas da visita do papa

O ditador do Egito, marechal Abdel Fattah al-Sissi, decretou estado de emergência por três meses no Egito depois de dois ataques contra igrejas cristãs coptas com pelo menos 46 mortos neste Domingo de Ramos, informou a televisão árabe Al Jazira

A organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante reivindicou a autoria dos atentados, realizados 19 dias antes da visita do papa Francisco ao país. Aumenta a preocupação com a segurança do papa.

O primeiro ataque foi contra a Igreja de São Jorge, na cidade de Tanta, que fica no Delta do Rio Nilo a cerca de uma hora ao norte do Cairo. Pelo menos 29 pessoas morreram e outras saíram 71 feridas.

"Vários corpos foram destroçados e os restos ficaram espalhados no chão", descreveu um homem que estava no altar na hora do ataque. Uma mulher contou ter visto labaredas subirem até o teto da igreja: "Havia uma fumaça densa. Não conseguia ver ninguém. Ouvi vocês dizendo-nos para fugir rapidamente. As pessoas empurravam tanto que entortaram o portão."

A segunda explosão foi de um homem-bomba do lado de fora da Igreja de São Marcos, em Alexandria, onde o papa Teodoro II, chefe da Igreja Copta, rezava a missa. Pelo menos 17 pessoas morreram. O papa copta não foi ferido.

Em 11 de dezembro de 2016, uma atentado contra a Catedral Copta do Cairo matou 25 pessoas e feriu outras 49. Foi o pior ataque contra cristãos em anos. Os cristãos coptas são cerca de 9 milhões, cerca de 10% da população do Egito.

O país enfrenta uma rebelião muçulmana desde o golpe militar de 3 de julho de 2013, que derrubou o primeiro e único presidente eleito democraticamente da história do Egito, Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, o mais antigo grupo fundamentalista muçulmano, fundado em 1928 por Hassan al-Bana para "reislamizar a umma", o conjunto de todos os muçulmanos, livrando-os das influências do colonialismo europeu.

Um grupo extremista muçulmano com base no Deserto do Sinai aderiu ao Estado Islâmico e se apresenta como a Província do Sinai do Estado Islâmico. Foi fundado em janeiro de 2011. Com a queda da ditadura de Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro daquele ano, os jihadistas expulsaram as forças de segurança do Sinai e passaram a ameaçar Israel, disparando foguetes contra a cidade de Eilat.

A mais mortífera ação do grupo foi o abate de um avião de passageiros da companhia aérea russa Metrojet na Península do Sinai em 31 de outubro de 2015, um mês depois que a Rússia interveio militarmente na guerra civil da Síria. Todos os 224 passageiros e tripulantes do voo entre Charm al-Cheikh, no Egito, e São Petersburgo, na Rússia, morreram.

Fox usa gravação de abuso de Trump para combater assédio sexual

Nos últimos meses, a Fox TV está usando a gravação em que Donald Trump se gabava de pegar e bolinar mulheres em treinamentos internos para combater o assédio sexual dentro da empresa. O diretor-geral e alguns astros da Fox News foram acusados de assédio.

O presidente dos Estados Unidos é usado como exemplo de comportamento inadequado no local de trabalho que deve denunciado. Na semana passada, Trump defendeu o maior astro do canal de notícias da Fox, Bill O'Reilly, acusado de assédio sexual.

Durante o seminário, a gravação é analisada para que os funcionários da Fox possam compreender por que os atos de Trump configuram o assédio e por que isso deve ser sempre relatado aos responsáveis pela empresa.

Vários funcionários ficaram surpresos. Justo o canal de televisão que é um porta-voz do conservadorismo americano e do Partido Republicano usa os abusos de Trump como mau exemplo.

sábado, 8 de abril de 2017

Suécia prende segundo suspeito do ataque terrorista com caminhão

A polícia da Suécia prendeu hoje um segundo suspeito de envolvimento no ataque terrorista com um caminhão jogado contra pedestres ontem à tarde no centro comercial de Estocolmo. Pelo menos quatro pessoas morreram e outras 15 foram feridas, nove em estado grave.

O principal suspeito é um refugiado da ex-república soviética do Usbequistão, de 39 anos, que fez declarações de apoio à organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante no Facebook. Ele foi preso ontem à noite. Já havia sido investigado por indícios de extremismo muçulmano.

Uma bomba caseira foi encontrada dentro do caminhão, revelou o chefe de polícia de Estocolmo, Dan Eliasson. Provavelmente o terrorista pretendia detoná-la quando jogou o veículo contra uma grande loja de departamentos. Houve um pequeno incêndio logo controlado.

Foi o quarto atentado terrorista com veículos, frequente em Israel, realizado na Europa. Em 14 de julho de 2016, 86 pessoas foram mortas por um imigrante tunisiano durante a festa de aniversário da Revolução Francesa em Nice, na França.

Em 20 de dezembro de 2016, houve 12 mortes quando um caminhão invadiu uma feira de Natal, em Berlim, na Alemanha. O terrorista era um imigrante tunisiano que tivera seu pedido de asilo rejeitado.

Em 22 de março de 2017, um terrorista britânico de origem jamaicana matou cinco nos arredores do Palácio de Westminster, sede do Parlamento Britânico.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Senado dos EUA aprova nomeado por Trump para Suprema Corte

Depois de apelar para a "opção nuclear", a maioria do Partido Republicano no Senado dos Estados Unidos confirmou hoje por 54 a 45 a indicação do juiz conservador Neil Gorsuch para a Suprema Corte, encerrando uma batalha legislativa de semanas em que o Partido Democrata tentou barrar a nomeação feita pelo presidente Donald Trump.

Tradicionalmente, o Senado dava à minoria o direito de barrar indicações e projetos de lei. Para impedir a obstrução, eram necessários 60 do total de 100 votos.

Ontem, por iniciativa do líder da maioria, senador Mitch McConnell, o Senado adotou a chamada "opção nuclear", decidindo por 52 a 48 que a nomeação de juízes pode ser feita por maioria simples.

O temor é que isto crie tribunais mais radicalizados, já que um partido majoritário seria capaz de confirmar as indicações sem qualquer apoio da oposição. Usando a metáfora das armas atômicas, não houve uma explosão nuclear, mas a radioatividade pode contaminar o já radicalizado ambiente político em Washington.

No ano passado, o presidente Barack Obama nomeou Merrick Garland, mas a maioria republicana no Senado se negou a convocar a Comissão de Justiça para entrevistá-lo e examinar a indicação. Os democratas gostariam de dar o troco agora, mas não tem maioria no Senado, a que cabe referendar a nomeação, nem na Câmara.

Gorsuch vai substituir o arquiconservador Antonin Scalia, que morreu em fevereiro de 2016. Os republicanos temiam que uma indicação de Obama virasse o equilíbrio entre os nove juízes do supremo tribunal federal dos EUA em favor dos liberais.

Como Scalia, o novo ministro segue a linha do constitucionalismo estrito. Entende que cabe ao juiz aplicar a lei e não reinterpretá-la. Isso seria o equivalente a legislar da bancada, em vez de simplesmente julgar.

Sua indicação mantém a relação de 5 a 4 com maioria conservadora, embora às vezes o ministro Anthony Kennedy vote com as teses liberais.

Terrorista atropela e mata quatro pessoas no centro de Estocolmo

O grande herói do jihadismo, Ossama ben Laden, declarou certa vez: "Não atacamos a Suécia", sugerindo que seus alvos eram países imperialistas que interferem nos países muçulmanos. Na era do Estado Islâmico, isto mudou.

Um homem sequestrou hoje um caminhão e jogou-o contra uma loja de departamentos e pessoas que faziam compras no centro de Estocolmo, a capital da Suécia. Pelo menos quatro pessoas morreram. O governo descreveu a ação como "um ataque terrorista". 

"A Suécia está sob ataque", declarou o primeiro-ministro Stefan Löfven. O terrorista continua solto.

O método foi semelhante ao dos atentados contra a festa de aniversário da Revolução Francesa na cidade de Nice, em 14 de julho de 2016, quando morreram 86 pessoas; uma feira de Natal em Berlim, na Alemanha, em 20 de dezembro passado, matando 12 pessoas; e à area do Parlamento Britânico, em Londres, em 22 de março de 2017, com cinco mortes.

A organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante reivindicou a responsabilidade pelos atentados. Em 22 de setembro de 2014, quando a aliança militar liderada pelos Estados Unidos começou a bombardear o grupo, Abu Muhammed al-Adnani, considerado ministro da Propaganda e chefe de operações externas do Estado Islâmico, conclamou os jihadistas a atacar cidadãos ocidentais de todas as formas possíveis.

"Se você puder matar um infiel americano ou europeu - especialmente os maldosos e nojentos franceses -, ou um australiano ou canadense, ou qualquer outro infiel de países infiéis que estão em guerra, inclusive os cidadãos dos países que entraram numa coalizão contra o Estado Islâmico, então confie em Alá e mate-o de qualquer maneira ou método, qualquer que seja. Esmague sua cabeça com o pedra, o abata com uma faca ou o atropele com seu carro, ou o jogue de um lugar alto, ou o sufoque ou o envene", pregou Al-Adnani, morto por um bombardeio americano em 30 de agosto do ano passado na província de Alepo, na Síria.

Hoje o alvo foi a capital da Suécia, um país neutro há dois séculos. "Uma das cidades mais vibrantes e coloridas da Europa aparece ter sido atacada por aqueles que querem atingir nosso estilo de vida", reagiu o presidente da Comissão Europeia, o ex-primeiro-ministro luxemburguês Jean-Claude Juncker.

A ação de hoje ocorreu perto do local do centro de Estocolmo onde Taimur Abdulwahab, um cidadão sueco de origem árabe, se suicidou num atentado suicida em dezembro de 2010. O homem-bomba morreu e outras duas pessoas saíram feridas.

quinta-feira, 6 de abril de 2017

EUA avisaram à Rússia sobre bombardeio à base aérea da Síria

Os Estados Unidos entraram em contato com a Rússia várias vezes para alertar que iam atacar a base aérea de onde partiu o bombardeio químico que matou pelo menos 86 pessoas em Khan Cheikhun, no Noroeste da Síria, noticiou a televisão americana CNN. Como havia militares russos na base nos últimos dias, o alerta serviu para retirá-los. Até agora, não há informações sobre feridos.

Dois contratorpedeiros americanos baseados no Leste do Mar Mediterrâneo dispararam hoje à noite 59 mísseis de cruzeiro Tomahawk contra a base de Al-Chairate, perto da cidade de Homs, na Síria. Os EUA têm imagens de satélite e radar dos aviões e das explosões do ataque químico.

Em declaração a jornalistas durante o encontro de cúpula dos presidentes Donald Trump e Xi Jinping, da China, em Mar-a-Lago, na Flórida, o secretário de Estado, Rex Tillerson, declarou que "claramente a Rússia não cumpriu o compromisso assumido em 2013", quando negociou com os EUA o desarmamento total do arsenal de armas químicas do regime de Assad.

Trump, em breve pronunciamento, afirmou se tratar de um ataque "limitado" e pediu uma união das "nações civilizadas" para acabar com a guerra civil da Síria e o terrorismo internacional.

Essa ação limitada lembra o ataque ordenado pelo presidente Donald Trump contra os palácios do ditador Muamar Kadafi, em abril de 1986, em retaliação a um atentado terrorista numa boate frequentada por soldados dos EUA na Alemanha. Foi uma punição.

O presidente americano assumiu uma superioridade moral. Acusou Assad de violar a Convenção para Proscrição Total de Armas Químicas e de cometer um crime de guerra: "Anos de tentativas de mudar o comportamento de Assad fracassaram", disparou Trump.

Depois do bombardeio químico, Trump voltou a adotar a política de Obama de afastar Assad num futuro acordo de paz mesmo que o regime seja a parte mais forte na negociação. Dias atrás, o secretário Tillerson falou que "o futuro de Assad será decidido pelos sírios".

Agora, o secretário insiste que a política dos EUA não mudou. Vai tentar afastar Assad pela via diplomática nas negociações de paz conduzidas pelas Nações Unidas em Genebra, na Suíça.

A mensagem é clara: os EUA não vão tolerar ataques com armas químicas. A Rússia, o Irã, a China e a Coreia do Norte ficam avisados de que há um novo presidente na Casa Branca disposto a usar a força.

Ao mesmo tempo, Trump pune Assad, adverte os possíveis inimigos externos, consolida sua base de poder no Partido Republicano, sempre favorável ao uso da força, e desvia a atenção dos problemas internos, inclusive a investigação sobre conluio com a Rússia durante a campanha eleitoral. Tudo isso somado aumenta sua popularidade, que era a menor de um presidente no início de mandato, em torno de 35%.

EUA atacam base aérea da Síria com 59 mísseis de cruzeiro

O presidente Donald Trump reagiu rapidamente ao bombardeio da cidade de Khan Cheikhun, na Síria, com armas químicas pela ditadura de Bachar Assad. Hoje à noite, dois contratorpedeiros dos Estados Unidos estacionados no Mar Mediterrâneo dispararam 59 mísseis de cruzeiro Tomahawk contra a base área de onde teria partido o ataque.

Trump aproveita para se mostrar um líder decidido no momento em que recebe no seu clube de golfe em Mar-a-Lago, na Flórida, o presidente da China, Xi Jinping. Também faz um contraste com o então presidente Barack Obama, que em 2012 ameaçou atacar, se Assad usasse armas químicas contra seu próprio povo.

As forças de Assad atacaram Guta, na periferia de Damasco, com armas químicas em 21 de agosto de 2013, matando mais de 1,4 mil pessoas, e Obama não reagiu. Trump aproveita para mostrar que com ele será diferente.

Ao escolher mísseis de cruzeiro e não seguir o ataque com aviões de guerra, os EUA evitaram pôr em risco pilotos americanos, que poderiam ser abatidos pelas baterias antiaéreas de última geração fornecidas à Síria pela Rússia, que controla o espaço aéreo sírio.

O Tomahawk, nome de uma machadinha usada como arma pelos índios norte-americanos, é um míssil de cruzeiro subsônico de longo alcance e baixa altitude. Voa a 880 quilômetros por hora, um pouco menos do que os grandes aviões de carreira. Pode levar carga nuclear de até 280 quilotons (toneladas de dinamite) ou 450 kg de explosivos convencionais. Cada míssil custa US$ 1,6 milhão.

Com a intervenção militar russa de 30 de setembro de 2015, os EUA não poderiam fazer uma campanha aérea contra Assad nem impor uma zona de proibição de voo, uma antiga aspiração da Turquia. Os mísseis de cruzeiro foram uma opção para dar um recado limitado militarmente, mas de grande alcance diplomático.

A Síria e seus aliados Rússia e Irã, e também a China e a Coreia do Norte sabem que há um novo presidente na Casa Branca disposto a usar a força. E Trump se fortalece internamente. Sua popularidade, em torno de 35%, era a mais baixa de um presidente americano no início do mandato.

Sob Obama, os EUA relutaram em se envolver diretamente na guerra civil da Síria, um conflito envolvendo múltiplos grupos rebeldes, quase todos hoje dominados por extremistas muçulmanos. Não bombardearam Assad, mas defendiam o afastamento do presidente sírio em qualquer acordo de paz.

O governo Trump começou declarando que a prioridade no Oriente Médio era acabar com a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante. "O futuro de Assad será decidido pelos sírios", declarou dias atrás do secretário de Estado, Rex Tillerson.

Depois das imagens de bebês chorando e se contorcendo em convulsões, Trump declarou ontem, ao lado do Rei da Jordânia, nos jardins da Casa Branca, que mudou de posição sobre Assad. A resposta veio em seguida.

Estado Islâmico derruba helicóptero do Iraque na Batalha de Mossul

A milícia jihadista Estado Islâmico do Iraque e do Levante abateu hoje um helicóptero do Exército do Iraque na Batalha de Mossul, a segunda maior cidade do país, tomada em 10 de junho de 2014 pela organização terrorista. Os dois tripulantes morreram, declarou o Ministério da Defesa, citado pela agência de notícias Associated Press (AP).

A Força Aérea e helicópteros do Exército do Iraque têm uma atuação importante na batalha iniciada em outubro de 2016 para retomar a principal base do Estado Islâmico no país.

Se perder Mossul e Rakka, na Síria, a capital do califado autoproclamado pelo líder do grupo, Abu Baker al-Baghdadi, seu protoestado desaparece na prática. O Estado Islâmico volta a ser apenas uma organização terrorista. Isso não o torna menos perigoso.

Talvez o terrorismo jihadista se torne mais difuso, com a dispersão dos milhares de voluntários dos quatro cantos do mundo seduzidos pelo sonho do califado. Mesmo sem território, a guerra ideológica via Internet e o terrorismo continuarão, sem força suficiente para tomar o poder, mas com capacidade para realizar massacres e causar grandes danos.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Terrorista suicida mata seis pessoas no Paquistão

Um ataque suicida matou pelo menos seis pessoas e feriu outras 20 na cidade de Lahore, no Paquistão, noticiou o jornal paquistanês Dawn. A explosão aconteceu perto de um veículo militar, matando cinco soldados e um civil.

A milícia extremista muçulmana dos Talebã do Paquistão reivindicou a autoria do atentado.

O secretário de Justiça da província do Punjab, a mais populosa e mais desenvolvida do país, Rana Sanaullah, acredita que o alvo foi uma equipe que realizava o censo populacional sob a proteção das forças de segurança. Vários outros veículos foram danificados.

Há menos de dois meses, uma bomba matou pelo menos dez pessoas num bairro rico de Lahore. Em 27 de março de 2016, durante a Semana da Páscoa, a cidade foi alvo de um atentado terrorista que matou 75 pessoas e feriu outras 340.

EUA ameaçam atacar Síria se ONU não agir

A Rússia usou seu poder de veto para rejeitar uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas condenando a Síria por um bombardeio com armas químicas que matou cem pessoas ontem em Khan Cheikhun. Em resposta, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, observou que, se a organização não fizer nada, só resta aos países-membros tomarem suas próprias iniciativas.

Desde o início da guerra civil na Síria, em março de 2011, a Rússia e a China vetam sistematicamente qualquer tentativa do Conselho de Segurança da ONU de condenar a ditadura de Bachar Assad. Alegam que serviria de pretexto para uma intervenção militar como a da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Líbia, que desde a queda do ditador Muamar Kadafi, em 2011, vive em estado de anarquia.

O projeto de resolução apresentado pelos EUA, a França e o Reino Unido, as outras grandes potências com direito de veto, ao lado da China e da Rússia, condena o ataque e pede uma investigação internacional. A Rússia, que intervém militarmente na Síria desde 30 de setembro de 2015 para sustentar o regime de Assad, também foi acusada de crimes de guerra como o bombardeio de clínicas e hospitais.

Tanto a Rússia como a Síria culpam os rebeldes pelo ataque a uma área controlada por eles. Na versão de Damasco, o gás letal teria saído de uma fábrica de armas químicas dos rebeldes. Esta hipótese foi descartada por especialistas.

terça-feira, 4 de abril de 2017

Coreia do Norte testa míssil de médio alcance

A Coreia do Norte lançou hoje um míssil balístico de médio alcance KN-15, também conhecido como Pukguksong-2, de uma base terrestre perto da cidade de Sinpo, declarou o Comando do Pacífico das Forças Armadas dos Estados Unidos.

O Pukguksong-2 é um míssil de combustível sólido testado pela primeira vez em 12 de fevereiro de 2017. Hoje, caiu no Mar do Japão, em mais um desafio à sociedade internacional e aos presidentes dos EUA, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, que se encontram na quinta-feira na residência de verão de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida.

Apesar da grande diferença de poder entre os EUA e a Coreia do Norte, Washington é impotente para controlar o programa nuclear e o regime comunista de Pionguiangue. Desde o fim da União Soviética e do comunismo, em 1991, a Coreia do Norte perdeu sua patrocinadora e faz uma chantagem nuclear barganhando ajuda em energia e alimentos.

Para a ditadura stalinista norte-coreana, a bomba atômica é uma garantia de sobrevivência. Trump manifestou a intenção de pressionar a China no encontro de cúpula de 6 e 7 de abril com Xi Jinping.

Se a China não enquadrar a Coreia do Norte, Trump promete fazê-lo. Não há uma opção ótima, mas a melhor solução é diplomática. Os EUA podem destruir o aparato nuclear norte-coreano, mas o alvo de um contra-ataque imediato seria a Coreia do Sul.

Seul seria arrasada, com risco para dezenas de milhões de pessoas. Seria uma guerra num país vizinho da China, podendo gerar uma onda de refugiados em busca de proteção desestabilizando toda a região.

Rússia identifica autor do atentado terrorista em São Petersburgo

O principal suspeito pelo atentado terrorista que matou 14 pessoas no metrô de São Petersburgo, a segunda maior cidade da Rússia, foi identificado. Era Jalilov Akbarjon Akramjanovich, de 22 anos, cidadão russo com origem na ex-república soviética do Quirguistão.

A identidade foi confirma pelo Comitê de Segurança Nacional do Quirguistão, a que as autoridades russas recorreram, informou a agência de notícias Interfax. Sua imagem havia sido mostrada no Canal 5 da televisão em São Petersburgo, a segunda maior cidade russa.

A bomba estaria numa mochila. O total de mortos subiu para 14 pessoas. Outra bomba foi desativada numa estação de metrô próxima do local da explosão, que aconteceu dentro de um trem, entre as estações Praça Sennaya e Instituto de Tecnologia.

Nos últimos quatro anos, com a exceção das repúblicas muçulmanas conflagradas do Norte do Cáucaso, a Rússia não foi alvo. Um mês depois do início da intervenção militar russa na Síria, um atentado terrorista derrubou um avião da companhia aérea Metrojet na rota entre Charm al-Cheikh, no Egito, e São Petersburgo, matando todas as 224 pessoas a bordo, em 31 de outubro de 2015.

Como observa a empresa de consultoria e análise estratégica americana Stratfor, quem quer que seja o responsável favorece a estratégia do presidente Vladimir Putin e do Kremlin na busca de inimigos externos ou internos mas não russos étnicos para justificar os problemas do país.

Putin deve aproveitar para reforçar a segurança e atacar os críticos de seu regime autoritário. Ele nasceu em São Petersburgo, foi vice-prefeito da cidade antes de se tornar primeiro-ministro e presidente, e estava lá na hora do atentado.

Ao aumentar a sensação de vulnerabilidade dos russos, o atentado justificaria novas medidas repressivas.

Em 1999, Putin se firmou como primeiro-ministro e se credenciou para ser presidente, substituindo Boris Yeltsin, depois de uma série de atentados atribuídos a extremistas muçulmanos da região do Cáucaso que levaram à Segunda Guerra da Chechênia, marcada por uma política de terra arrasada semelhante à usada pela Rússia na Síria.

Quando sua popularidade estava em queda, em setembro de 2004, terroristas muçulmanos atacaram uma escola primária em Beslã, matando 385 pessoas, sendo 186 crianças. Putin aproveitou para censurar os meios de comunicação, restringir a atividade de organizações não governamentais, ampliar o conceito de terrorismo e fortalecer os serviços de segurança.

Com a alta nos preços do petróleo antes da Grande Recessão de 2008-9, o governo estabilizou as finanças, fortaleceu a moeda e reestruturou os bancos. A qualidade de vida melhorou para a população em geral.

O partido de Putin, Rússia Unida, conquistou 64% das cadeiras na Duma do Estado, a câmara baixa do Parlamento, nas eleições de 2007. A câmara alta, o Conselho da Federação, é formada pelos governadores das 85 unidades administrativas da Rússia, que o presidente passou a nomear diretamente depois de acabar com as eleições regionais a pretexto de evitar o separatismo.

Na primeira década do reinado de Putin, a Rússia foi do colapso econômico de agosto de 1998 à recuperação parcial da glória do passado de superpotência. O presidente infiltrou seus aliados em toda a máquina estatal e incentivou um culto da personalidade de padrão soviético.

A forte recessão dos últimos anos abalou a imagem de prosperidade do putinismo. Em 2014, ele aproveitou a queda do presidente Viktor Yanukovich numa revolta popular para intervir militarmente na ex-república soviética da Ucrânia e anexar a península da Crimeia, fomentando um conflito com o Ocidente, que impôs sanções à Rússia.

Com a intervenção militar na Síria, a partir de 30 de setembro de 2015, Putin conseguiu sustentar o ditador aliado Bachar Assad no poder. A Rússia voltou a ser uma grande potência no Oriente Médio pela primeira vez desde que o ditador egípcio Anuar Sadat abandonou a União Soviética, em 1977, e se aliou aos EUA para recuperar a península do Sinai, ocupada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Isso aumenta o risco de atentados terroristas de extremistas muçulmanos, que já existia por causa dos conflitos no Norte do Cáucaso.

Ataque químico atribuído ao governo mata cem pessoas na Síria

Um bombardeio aéreo com armas químicas matou pelo menos cem pessoas, inclusive dez crianças, e feriu outras 400 na cidade de Khan Cheikhun, na província de Idlibe, dominada por rebeldes, no Noroeste da Síria, informou a união dos socorristas voluntários que prestam assistência às vítimas. 

Os rebeldes acusam a ditadura de Bachar Assad, que atribui as mortes a uma explosão numa indústria química onde os rebeldes produziriam armas químicas. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma organização não governamental com sede em Londres, confirmou pelo menos 58 mortes.

A comissária de relações exteriores da União Europeia, a ex-ministra do Exterior da Itália Federica Mogherini, culpou o governo Assad e prometeu processar os responsáveis. Um hospital que atendia as vítimas também foi bombardeado.

Nos Estados Unidos, o governo Donald Trump acusou o antecessor, Barack Obama, que não reagiu a um ataque químico em 2013 depois de ameaçar Assad. Trump se aproximou da Rússia e está mais interessado em combater grupos extremistas muçulmanos do que o ditador de Damasco.

O novo governo americano aceita a manutenção do ditador sírio no poder: "O futuro de Assad será decidido pelos sírios", declarou recentemente o secretário de Estado, Rex Tillerson, seguindo a linha do Kremlin.

Em pelo menos três ocasiões anteriores, o regime sírio foi acusado de usar armas químicas contra seu próprio povo. O mais grave foi em setembro de 2013, quando mais de mil pessoas morreram em Guta, na periferia da capital, Damasco.

O presidente Barack Obama, que ameaçara com uma intervenção militar no caso do uso de armas químicas, hesitou e a Rússia, aliada de Assad, propôs o desarmamento do arsenal químico da Síria, que foi apenas parcial. Depois anos depois, a Rússia entrou decisivamente na guerra civil síria para evitar a queda de Assad.

Há hoje pelo menos 7 mil soldados russos na Síria e outros tantos muçulmanos russos lutando na Síria e no Iraque. O atentado terrorista de ontem contra o metrô de São Petersburgo, que matou 11 pessoas, pode ter sido uma retaliação.

Três grandes potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas, os EUA, a França e o Reino Unido, apresentaram projeto de resolução condenando o uso de armas químicas.

Desde o início da guerra civil síria, a Rússia e a China, que também têm direito de veto, rejeitam qualquer tentativa de condenar o regime de Assad. Alegam que serviria de pretexto para uma intervenção militar como a que derrubou Muamar Kadafi na Líbia, deixando o país em estado de anarquia até hoje.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Piratas da Somália sequestram navio indiano

Os piratas da Somália sequestraram um pequeno navio comercial com bandeira da Índia há dois dias, revelaram hoje fontes do setor de segurança da navegação, citados pela agência de notícias Reuters. O barco saiu de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e foi tomado no mar da região do Chifre da África.

Com seus 12 tripulantes, o navio foi levado para o porto de Eil, situado na região autônoma somaliana da Puntlândia. Os piratas atacam com frequência pequenas embarcações, mas ganham muito pouco com isso em comparação com os resgates que pedem por grandes navios.

Em 14 de março, os piratas somalianos tomaram um petroleiro no primeiro sequestro de um grande navio desde 2012. Sob pressão internacional e ameaça de intervenção militar dos Estados Unidos, o governo da Puntlândia mandou suas forças libertar os reféns e liberar o navio-tanque.

A Somália vive em estado de anarquia desde a queda do ditador Mohamed Siad Barre, em 1991. Em 1992, o então presidente George H. W. Bush mandou os militares americanos distribuir comida para a população faminta.

No ano seguinte, o presidente Bill Clinton decidiu atacar o senhor da guerra Mohamed Farah Aidid, que dominava a capital Mogadíscio, sem ter força militar suficiente. Pelo menos 18 americanos foram mortos e alguns arrastados pelas ruas como troféus de guerra na Batalha de Mogadíscio, retratada no filme Falcão Negro em Perigo.

Esse fracasso levou Clinton a não intervir durante o genocídio em Ruanda, de abril a junho de 1994, quando pelo menos 800 mil pessoas foram mortas. O ex-presidente considera a omissão diante do genocídio seu maior erro.

Como a Somália continua em estado de anarquia, com um governo reconhecido internacionalmente que só controla uma pequena parte do país e é sustentado por uma força da União Africana, é possível que meninos que Bush salvou da fome estejam hoje pirateando navios no Golfo de Áden, no Mar da Arábia e no Oceano Índico.

Atentado mata 11 e fere 50 no metrô de São Petersburgo

Uma explosão atingiu hoje o metrô de São Petersburgo, a segunda maior cidade da Rússia, matando pelo menos 11 pessoas e ferindo outras 50. O primeiro-ministro Dimitri Medvedev descreveu o caso como uma ação terrorista, noticia a televisão pública britânica BBC.

A bomba estava escondida numa mala de mão. Explodiu às 14h40 pela hora local (8h40 em Brasília). A polícia emitiu mandados de busca de dois suspeitos. Outra bomba teria sido encontrada em outra estação. Os dois artefatos seriam rudimentares. Todo o metrô de São Petersburgo está fechado.

Os principais suspeitos são extremistas muçulmanos ligados ao Estado Islâmico do Iraque e Levante ou a rebeldes da região da Chechênia, uma república de maioria muçulmana da Federação Russa.

Quando a Rússia entrou na guerra civil da Síria em 30 de setembro de 2015 para apoiar a ditadura do aliado Bachar Assad, o presidente Vladimir Putin alegou estar combatendo o Estado Islâmico. Um mês depois, um avião da companhia russa Metrojet foi derrubado no Deserto do Sinai quando fazia a rota entre o balneário de Charm al-Cheikh, no Egito, e São Petersburgo. Todas as 224 pessoas a bordo, na maioria turistas russos, morreram.

Como o Estado Islâmico atrai jihadistas do mundo inteiro, há chechenos na organização terrorista. O mais notório foi Abu Omar al-Chichani (Omar, o Checheno), nascido na então república soviética da Geórgia. Era um dos comandantes militares do Estado Islâmico na Síria até ser morto por um bombardeio dos Estados Unidos em 10 de julho de 2016.

Trump está pronto para ação unilateral contra a Coreia do Norte

Se a China não pressionar a ditadura comunista de Pionguiangue a parar com sua chantagem atômica, os Estados Unidos estão prontos para agir unilateralmente e neutralizar a ameaça nuclear da Coreia do Norte, advertiu o presidente Donald Trump.

Em entrevista ao jornal inglês Financial Times, Trump declarou que este será um tema central de seu primeiro encontro de cúpula com o presidente chinês, Xi Jinping, nos dias 5 e 6 de abril de 2017.

"A China tem uma grande influência sobre a Coreia do Norte. Vai ter de decidir se vai nos ajudar com a Coreia do Norte ou não", afirmou o presidente americano no Salão Oval da Casa Branca. "Se ajudarem, será muito bom a para a China. Se não ajudarem, não será bom para ninguém."

Mais adiante, reforçou a ameaça: "Bem... se a China não resolver o problema da Coreia do Norte, nós o faremos."

Depois de cinco testes nucleares e de vários testes de mísseis, os EUA consideram hoje a Coreia do Norte a maior ameaça de um ataque direto ao território americano, conforme o ex-presidente Barack Obama alertou Trump durante a transição.

O Conselho de Segurança Nacional dos EUA teme que até o fim do governo Trump o regime stalinista de Pionguiangue tenha capacidade de atacar o país com um míssil nuclear.

Desde a posse, o atual presidente pediu uma revisão da opções para lidar com a chantagem atômica norte-coreana. O estudo será examinado por Trump antes do encontro com Xi. A "paciência estratégica" dos EUA acabou, avisou recentemente o secretário de Estado, Rex Tillerson.

No mês passado, o ministro do Exterior chinês, Wang Yi, avaliou que os EUA e a Coreia do Norte são "trens acelerando em rota de colisão frontal sem ninguém disposto a ceder." Para evitar uma guerra na Península Coreana, ele pediu o fim do programa nuclear norte-coreano e das manobras militares conjuntas dos EUA com a Coreia do Sul.

Em relação à Europa, o presidente americano acredita que a saída britânica da União Europeia fará bem ao Reino Unido e ao bloco.

Oposição rejeita resultado oficial da eleição no Equador

Com 96,27% das urnas apuradas no segundo turno da eleição presidencial no Equador, o candidato governista Lenín Moreno vence com 51,12% contra 48,88% do oposicionista Guillermo Lasso, que contesta o resultado oficial do Conselho Nacional Eleitoral e promete recorrer à Justiça para denunciar fraude eleitoral.

O CNE convocou uma entrevista para anunciar o resultado à meia-noite pela hora de Quito (2h em Brasília). Diante dos ataques da oposição, cancelou a entrevista.

A oposição alega que três pesquisas de boca de urna deram vitória ao milionário Guillermo Lasso, mas outras deram vantagem a Moreno. Seus militantes continuam mobilizados. Devem passar a noite na sede da campanha e diante do CNE, onde romperam o cerco policial, noticia o jornal La Hora.

Do lado governista, o presidente Rafael Correa, que deixará o cargo depois de dez anos, liderou a festa cantando músicas e lemas da Aliança País. Os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e da Venezuela, Nicolás Maduro, e a ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner cumprimentaram Moreno pela vitória.

domingo, 2 de abril de 2017

Candidato de Correa canta vitória no Equador

Com 94,27% das urnas apuradas no segundo turno da eleição presidencial no Equador, o candidato do presidente Rafael Correa, Lenín Moreno lidera com 51,07% contra 48,3% para o milionário Guillermo Lasso e já canta vitória, noticia o jornal equatoriano El Comércio citando como fonte o Conselho Nacional Eleitoral.

A oposição não reconhece a derrota, alegando que três pesquisas deram vitória a Lasso. O candidato oposicionista chegou a se proclamar vencedor com base nessas pesquisas. Neste momento, a oposição dá entrevista denunciando fraude eleitoral.

O eleito será o sucessor de Rafael Correa, que governou o Equador durante dez anos depois de uma década de grande instabilidade e várias quedas de presidentes.

Um dos líderes do movimento bolivarista inspirado pelo caudilho venezuelano Hugo Chávez, sem os mesmos recursos do petróleo, Correa adotou uma política fiscal prudente.

Sob Correa, o governo fez investimentos sociais, mas não atraiu investimentos privados. Também sofreu com a dolarização, que engessou a economia equatoriana em meio à queda nos preços internacionais do petróleo, impedindo o país de fazer desvalorizações competitivas.

Assim, o Equador cresce menos do que os vizinhos Colômbia e Peru, que adotam políticas econômicas mais liberais.