Os piratas da Somália sequestraram um pequeno navio comercial com bandeira da Índia há dois dias, revelaram hoje fontes do setor de segurança da navegação, citados pela agência de notícias Reuters. O barco saiu de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e foi tomado no mar da região do Chifre da África.
Com seus 12 tripulantes, o navio foi levado para o porto de Eil, situado na região autônoma somaliana da Puntlândia. Os piratas atacam com frequência pequenas embarcações, mas ganham muito pouco com isso em comparação com os resgates que pedem por grandes navios.
Em 14 de março, os piratas somalianos tomaram um petroleiro no primeiro sequestro de um grande navio desde 2012. Sob pressão internacional e ameaça de intervenção militar dos Estados Unidos, o governo da Puntlândia mandou suas forças libertar os reféns e liberar o navio-tanque.
A Somália vive em estado de anarquia desde a queda do ditador Mohamed Siad Barre, em 1991. Em 1992, o então presidente George H. W. Bush mandou os militares americanos distribuir comida para a população faminta.
No ano seguinte, o presidente Bill Clinton decidiu atacar o senhor da guerra Mohamed Farah Aidid, que dominava a capital Mogadíscio, sem ter força militar suficiente. Pelo menos 18 americanos foram mortos e alguns arrastados pelas ruas como troféus de guerra na Batalha de Mogadíscio, retratada no filme Falcão Negro em Perigo.
Esse fracasso levou Clinton a não intervir durante o genocídio em Ruanda, de abril a junho de 1994, quando pelo menos 800 mil pessoas foram mortas. O ex-presidente considera a omissão diante do genocídio seu maior erro.
Como a Somália continua em estado de anarquia, com um governo reconhecido internacionalmente que só controla uma pequena parte do país e é sustentado por uma força da União Africana, é possível que meninos que Bush salvou da fome estejam hoje pirateando navios no Golfo de Áden, no Mar da Arábia e no Oceano Índico.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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