O candidato da ultraesquerda à Presidência da França, Jean-Luc Mélenchon, se nega a apoiar o independente Emmanuel Macron, um defensor da economia de mercado, mas não quer que nenhum de seus mais de 7 milhões de eleitores (19,6%) vote na neofascista Frente Nacional.
Desde domingo, os candidatos derrotados no primeiro turno da eleição presidencial francesa estão sob pressão para definir suas posições para o segundo turno, marcado para 7 de maio. O ex-primeiro-ministro conservador François Fillon e o ex-ministro da Educação socialista Benoît Hamon declararam apoio a Macron.
Mélenchon, uma das surpresas desta eleição, chegou a sonhar com uma vaga no segundo turno. Ganhou com o descontentamento da esquerda com a presidência de François Hollande. No primeiro momento, ele se negou a orientar seus eleitores, alegando não ter mandato para isso.
Agora, seu movimento França Insubmissa desceu parcialmente do muro sem assumir o apoio a Macron: "Nenhum voto deve ir para a Frente Nacional", declarou hoje Alexis Corbière, porta-voz de Mélenchon.
A reação vem porque a ultradireitista Marine Le Pen tenta aproveitar o sentimento antiglobalização dos eleitores de Mélenchon para tentar conquistar seus votos para o segundo turno.
Na sua estratégia de caracterizar Macron como candidato das oligarquias e da "globalização selvavem", Le Pen tenta captar o voto operário. Hoje ela fez uma visita de surpresa à fábrica da empresa Whirlpool em Amiens, enquanto o ex-ministro participava um encontro intersindical na Câmara de Comércio da cidade.
A fábrica está em greve. Os trabalhadores tentam impedir seu fechamento e reabertura na Polônia. Le Pen afirmou que "está no meio dos trabalhadores que resistem à globalização selvagem".
Há uma certa inquietação na França com a possibilidade de uma vitória da extrema direita. Em 21 de abril de 2002, quando Jean-Marie Le Pen, pai de Marine, derrotou o primeiro-ministro socialista Lionel Jospin, todas as outras forças políticas se mobilizaram para apoiar a reeleição do presidente Jacques Chirac, inclusive Mélenchon.
Chirac teve 20% no primeiro turno e 80% no segundo. Agora, Mélenchon é contra a FN, mas não pede voto para Macron. O eleitorado direitista cristão que se mobilizou contra o casamento gay e apoiou Fillon tende a votar em Le Pen. Prefere o antiliberalismo ou casamento gay.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quarta-feira, 26 de abril de 2017
Mélenchon não apoia Macron mas não quer voto na Frente Nacional
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