Um bombardeio aéreo com armas químicas matou pelo menos cem pessoas, inclusive dez crianças, e feriu outras 400 na cidade de Khan Cheikhun, na província de Idlibe, dominada por rebeldes, no Noroeste da Síria, informou a união dos socorristas voluntários que prestam assistência às vítimas.
Os rebeldes acusam a ditadura de Bachar Assad, que atribui as mortes a uma explosão numa indústria química onde os rebeldes produziriam armas químicas. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma organização não governamental com sede em Londres, confirmou pelo menos 58 mortes.
A comissária de relações exteriores da União Europeia, a ex-ministra do Exterior da Itália Federica Mogherini, culpou o governo Assad e prometeu processar os responsáveis. Um hospital que atendia as vítimas também foi bombardeado.
Nos Estados Unidos, o governo Donald Trump acusou o antecessor, Barack Obama, que não reagiu a um ataque químico em 2013 depois de ameaçar Assad. Trump se aproximou da Rússia e está mais interessado em combater grupos extremistas muçulmanos do que o ditador de Damasco.
O novo governo americano aceita a manutenção do ditador sírio no poder: "O futuro de Assad será decidido pelos sírios", declarou recentemente o secretário de Estado, Rex Tillerson, seguindo a linha do Kremlin.
Em pelo menos três ocasiões anteriores, o regime sírio foi acusado de usar armas químicas contra seu próprio povo. O mais grave foi em setembro de 2013, quando mais de mil pessoas morreram em Guta, na periferia da capital, Damasco.
O presidente Barack Obama, que ameaçara com uma intervenção militar no caso do uso de armas químicas, hesitou e a Rússia, aliada de Assad, propôs o desarmamento do arsenal químico da Síria, que foi apenas parcial. Depois anos depois, a Rússia entrou decisivamente na guerra civil síria para evitar a queda de Assad.
Há hoje pelo menos 7 mil soldados russos na Síria e outros tantos muçulmanos russos lutando na Síria e no Iraque. O atentado terrorista de ontem contra o metrô de São Petersburgo, que matou 11 pessoas, pode ter sido uma retaliação.
Três grandes potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas, os EUA, a França e o Reino Unido, apresentaram projeto de resolução condenando o uso de armas químicas.
Desde o início da guerra civil síria, a Rússia e a China, que também têm direito de veto, rejeitam qualquer tentativa de condenar o regime de Assad. Alegam que serviria de pretexto para uma intervenção militar como a que derrubou Muamar Kadafi na Líbia, deixando o país em estado de anarquia até hoje.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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