O ditador do Egito, marechal Abdel Fattah al-Sissi, decretou estado de emergência por três meses no Egito depois de dois ataques contra igrejas cristãs coptas com pelo menos 46 mortos neste Domingo de Ramos, informou a televisão árabe Al Jazira.
A organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante reivindicou a autoria dos atentados, realizados 19 dias antes da visita do papa Francisco ao país. Aumenta a preocupação com a segurança do papa.
O primeiro ataque foi contra a Igreja de São Jorge, na cidade de Tanta, que fica no Delta do Rio Nilo a cerca de uma hora ao norte do Cairo. Pelo menos 29 pessoas morreram e outras saíram 71 feridas.
"Vários corpos foram destroçados e os restos ficaram espalhados no chão", descreveu um homem que estava no altar na hora do ataque. Uma mulher contou ter visto labaredas subirem até o teto da igreja: "Havia uma fumaça densa. Não conseguia ver ninguém. Ouvi vocês dizendo-nos para fugir rapidamente. As pessoas empurravam tanto que entortaram o portão."
A segunda explosão foi de um homem-bomba do lado de fora da Igreja de São Marcos, em Alexandria, onde o papa Teodoro II, chefe da Igreja Copta, rezava a missa. Pelo menos 17 pessoas morreram. O papa copta não foi ferido.
Em 11 de dezembro de 2016, uma atentado contra a Catedral Copta do Cairo matou 25 pessoas e feriu outras 49. Foi o pior ataque contra cristãos em anos. Os cristãos coptas são cerca de 9 milhões, cerca de 10% da população do Egito.
O país enfrenta uma rebelião muçulmana desde o golpe militar de 3 de julho de 2013, que derrubou o primeiro e único presidente eleito democraticamente da história do Egito, Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, o mais antigo grupo fundamentalista muçulmano, fundado em 1928 por Hassan al-Bana para "reislamizar a umma", o conjunto de todos os muçulmanos, livrando-os das influências do colonialismo europeu.
Um grupo extremista muçulmano com base no Deserto do Sinai aderiu ao Estado Islâmico e se apresenta como a Província do Sinai do Estado Islâmico. Foi fundado em janeiro de 2011. Com a queda da ditadura de Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro daquele ano, os jihadistas expulsaram as forças de segurança do Sinai e passaram a ameaçar Israel, disparando foguetes contra a cidade de Eilat.
A mais mortífera ação do grupo foi o abate de um avião de passageiros da companhia aérea russa Metrojet na Península do Sinai em 31 de outubro de 2015, um mês depois que a Rússia interveio militarmente na guerra civil da Síria. Todos os 224 passageiros e tripulantes do voo entre Charm al-Cheikh, no Egito, e São Petersburgo, na Rússia, morreram.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
domingo, 9 de abril de 2017
Estado Islâmico mata 46 cristãos no Egito a semanas da visita do papa
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