segunda-feira, 10 de abril de 2017

Marine Le Pen desculpa governo francês que colaborou com nazismo

A menos de duas semanas do primeiro turno da eleição presidencial na França, a líder da neofascista Frente Nacional, Marine Le Pen, negou a responsabilidade do país na prisão em massa de judeus, levados para o Velódromo de Inverno de Paris e depois deportados para campos de concentração onde a maioria morreu.

Em 16 de julho de 1942, 4,5 mil policiais franceses prenderam 13.142 judeus em Paris e arredores, a pedido da Alemanha nazista, que ocupara a França em maio de 1940, colocando no poder o governo colaboracionista de Vichy.

"A França não é responsável pelo Velódromo de Inverno", declarou Le Pen no domingo, 22 dois anos depois que o presidente Jacques Chirac reconheceu oficialmente a responsabilidade do país pela deportação de judeus, lembrou o jornal francês Le Monde.

"Se há responsáveis, foram aqueles que estavam no poder na época, não a França. A França é maltratada nesta questão há anos", reclamou Marine Le Pen no Grande Júri, um programa de televisão. "Ensinamos a nossas crianças que elas têm todas as razões para criticá-la, de não ver os aspectos históricos, a não ser os mais sombrios. Quero que voltem a ter orgulho de serem francesas."

Foi uma declaração chocante. Nos últimos anos, Marine se esforçou para limpar a imagem neonazista da Frente Nacional criada por seu pai, Jean-Marie Le Pen, que nega o Holocausto e chegou a dizer que "as câmaras de gás eram uma nota de rodapé da história".

"Ao negar a responsabilidade da França pelo Velódromo de Inverno, Marine Le Pen se junta a seu pai no banco da indignidade e do rejeicionismo", criticou o governador regional da Provença-Alpes-Costa Azul, Christian Estrosi, do partido de centro-direita Os Republicanos.

O candidato independente Emmanuel Macron, que disputa com Le Pen a liderança nas pesquisas sobre o primeiro turno, marcado para 23 de abril, não perdeu a oportunidade: "Algumas pessoas haviam esquecido que Marine Le Pen é filha de Jean-Marie Le Pen. Foi uma falta grave", acrescentou, elogiando Chirac por "ter assumido sua responsabilidade num gesto de coragem".

Macron e Le Pen lideram as pesquisas com 24% das preferências. Devem disputar o segundo turno em 7 de maio. Em pesquisa divulgada ontem, a surpresa foi o avanço do candidato Jean-Luc Mélenchon, do Partido de Esquerda, candidato da França Insubmissa, com 18%, à frente do ex-primeiro-ministro François Fillon, dos Republicanos, o grande partido conservador de centro-direita, herdeiro das ideias políticas do general Charles de Gaulle, grande herói da França na Segunda Guerra Mundial.

Fillon era o favorito até ser revelado que empregou a mulher e os filhos como funcionários-fantasmas do Senado. Está agora para o quarto lugar. O outro grande partido que governou a França na 5ª República, fundada por De Gaulle em 1958, o Partido Socialista, representado pelo ex-ministro da Educação Benoît Hamon, caiu para quinto lugar com apenas 9% das intenções de voto.

Nenhum comentário: