segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Grécia fará referendo sobre acordo da dívida

Em uma manobra que aumenta o risco político da crise das dívidas públicas da Zona do Euro, o primeiro-ministro George Papandreou anunciou hoje que vai submeter a um referendo o acordo que reduz a dívida da Grécia pela metade até 2020.

O acordo saiu na madrugada de quinta-feira, depois de uma longa reunião de cúpula extraordinária da União Europeia. Sob pressão da Alemanha, os credores da Grécia aceitaram uma redução da dívida, em vez do alongamento proposta inicialmente. O país recebeu ainda um novo empréstimo de emergência, no valor de 130 bilhões de euros.

A contrapartida é a necessidade de manter as políticas de cortes de gastos públicos e aumentos de impostos que fizeram de Atenas e outras grandes cidades do país praças de guerra onde manifestantes desempregados, jovens, funcionários públicos e anarquistas enfrentam a polícia numa onda sem fim de greves.

Depois de negociar a redução na dívida, Papandreou tenta virar a opinião a seu favor. É um desafio democrático que vai fazer o mercado financeiro enfrentar um pouco mais de turbulência, não pelo diminuto peso econômico da Grécia, mas por causa das consequências para a união monetária europeia e o processo de integração do continente como um todo.

Se o governo perder, a participação da Grécia na união monetária europeia estaria ameaçada. A alternativa para o país seria abandonar o euro.

Liga Árabe intima Síria a cessar violência e negociar

A Liga Árabe apresentou hoje uma proposta de três pontos para acabar com a violência política na Síria, onde há sete meses e meio manifestantes pedem o fim da ditadura de Bachar Assad.

O plano exige o "fim imediato" da violência, a "retirada dos tanques das ruas" para "mandar uma mensagem tranquilizadora" à população e o início, no Cairo, a capital do Egito e sede da Liga Árabe, de "um diálogo nacional entre o regime e todos os componentes da oposição".

No domingo, em entrevista ao jornal britânico The Sunday Telegraph, Assad descartou a possibilidade de conversar com o Conselho Nacional Sírio, formado em Istambul, na Turquia, pelos principais grupos de oposição: "Não vou perder meu tempo falando com eles. Não os conheço, mas vale a pena investigar para investigar se realmente representam os sírios", mais uma insinuação de interferência estrangeira nos assuntos interno do país.

Mais de 3 mil sírios foram mortos no conflito iniciado em 15 de março de 2011, estimam as Nações Unidas. Por causa do veto da China e da Rússia, o Conselho de Segurança da ONU não conseguiu condenar a ditadura síria.

Empresário é escolhido primeiro-ministro da Líbia

O empresário Rahim Abdel al-Kib foi eleito hoje pelo Conselho Nacional de Transição da Líbia novo chefe do governo provisório dos rebeldes que derrubaram a ditadura do coronel Muamar Kadafi.

Ele foi escolhido entre cinco candidatos, no primeiro turno, com 26 dos 51 votos.

Rebeldes líbios acham armas de destruição em massa

Os rebeldes da Líbia descobriram um arsenal de armas químicas há cerca de um mês e pediram ajuda à sociedade internacional para garantir sua segurança, admitiu hoje um porta-voz do Conselho Nacional de Transição, o governo provisório dos rebeldes que acabaram com 42 anos de ditadura do coronel Muamar Kadafi.

"Encontramos mísseis com gás mostarda em Jufra e pedimos ajuda a nossos amigos", revelou o coronel Ahmed Bani. Os Estados Unidos e a Organização Internacional para Proscrição de Armas Químicas (OPAQ) foram avisados, noticia a TV americana CNN.

Ao se reaproximar do Ocidente em 2003, diante da invasão dos EUA ao Iraque, a ditadura de Kadafi prometeu destruir todo o seu arsenal de armas químicas, que teria 25 toneladas de gás mostarda.

Antes da revolta popular, a Líbia tinha destruído 55% da quantidade declarada de gás mostarda e 40% dos  produtos químicos usados na fabricação dessas armas.

Primeiro-ministro líbio quer eleições logo

O primeiro-ministro interino da Líbia, Mahmoud Jibril, que está deixando o cargo, advertiu ontem para o risco de um perigoso vácuo de poder no país se não foram realizadas eleições logo para formação de um governo com legitimidade popular.

Pelos planos atuais, a Líbia teria de esperar até junho para escolher uma comissão encarregada de redigir uma nova constituição e só depois realizar eleições legislativas e presidencial.

"Não queremos uma espera de oito meses", alertou Jibril, citado pelo jornal The Washington Post. "A demora pode ser perigosa".

Seus comentários indicam uma falta de consenso dentro do Conselho Nacional de Transição, a organização política dos rebeldes que derrubaram a ditadura do coronel Muamar Kadafi.

Centenas de milícias revolucionárias estão impondo a ordem em todo o país. Grupos de defesa dos direitos humanos temem que esses grupos se fortaleçam, se o governo central não impuser rapidamente sua autoridade.

Há um risco de que o país caia num ciclo de violência marcado pela vingança e acertos de contas entre kadafistas e rebeldes, alertam a agência de notícias Reuters e a televisão pública britânica BBC.

OTAN termina intervenção militar na Líbia

Durante visita a Trípoli, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), o ex-primeiro-ministro dinamarquês Anders Fogh Rasmussen, encerrou oficialmente hoje a intervenção militar na Líbia, autorizada em 17 de março de 2011 pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas para "proteger a população civil" dos ataques do coronel Muamar Kadafi.

"É ótimo estar na Líbia, numa Líbia livre", declarou Rasmussen. "Agimos para proteger vocês. Juntos, tivemos sucesso. A Líbia está finalmente livre, de Bengázi a Brega, de Missurata às montanhas do Oeste e a Trípoli", informa a agência Reuters.

Desde a morte de Kadafi, em 20 de outubro, a aliança militar da América do Norte e da Europa, fazia apenas patrulhamento aéreo.

O Brasil, a China e a Rússia criticaram a intervenção militar, acusando a OTAN de ir além do mandato para proteger civis e participar diretamente do ataque que matou o ditador, embora não haja notícias de massacres de civis por bombardeios da aliança militar ocidental.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, declarou que o Brasil vai propor a criação de um mecanismo de fiscalização das operações militares aprovadas pela ONU. Parece-me mais jogo de cena, porque a medida provavelmente será vetada pelas grandes potências do Conselho de Segurança.

Correa atacou Banco Mundial na cúpula ibero-americana

Em um duro ataque ao Banco Mundial, o presidente Rafael Correa acusou a instituição de chantagear o Equador, quando era ministro da Fazenda. Ele se retirou do plenário da Conferência de Cúpula Ibero-Americana realizada no último fim de semana no Paraguai para não ouvir a vice-presidente do banco.

Quando o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, dirigia os trabalhos como anfitrião e passou a palavra à vice-presidente do banco, Pamela Cox, no sábado, Correa reagiu indignado: "E quando o Banco Mundial vai nos escutar? Temos de receber o Banco Mundial?"

O presidente equatoriano expôs suas razões: "Quando eu era ministro da Economia, nos negou um crédito porque mudamos a política econômica. Foi defensor do grande capital, dos interesses hegemônicos extrarregionais. Por que temos de escutar o Banco Mundial neste fórum?"

Lugo argumentou que a reunião de cúpula era "um fórum amplo e aberto", e acrescentou: "Sei que muitas pessoas e governos têm questionamentos em relação ao Banco Mundial, mas qual a melhor oportunidade do que lhes escutar aqui e digerir e repensar criticamente?"

Correa insistiu: "E quando o Banco Mundial vai nos ouvir? Este é um fórum ibero-americano e me nego a escutar uma instituição que chantageou abertamente meu país. Vou me retirar durante sua intervenção e voltarei depois", noticia a revista América Economia.

Palestina torna-se membro pleno da Unesco

A Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura (Unesco) aprovou hoje a adesão da Palestina como membro pleno. A França, onde fica a sede do órgão, votou a favor, e os Estados Unidos não podem vetar a decisão.

Diante do impasse nas negociações de paz no Oriente Médio, no mês passado, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, pediu à Assembleia Geral da ONU que reconheça a independência do país. O pedido está sob exame do Conselho de Segurança, onde os EUA devem vetá-lo, apoiando o argumento israelense de que seria contraproducente para o processo de paz.

Em retaliação, os EUA suspenderam sua contribuição anual de US$ 60 milhões à Unesco. O presidente Ronald Reagan fez o mesmo nos anos 80, alegando que a organização tinha tendências esquerdistas.

Desemprego bate recorde na Zona do Euro

A taxa de desemprego da Zona do Euro subiu de 10,1% para 10,2% em setembro. O total de trabalhadores sem emprego aumentou 188 mil em agosto e setembro, chegando a 16,2 milhões, informa a Eurostat, órgão oficial de estatísticas da União Europeia.

Com os cortes de gastos governamentais anunciados para enfrentar a crise das dívidas públicas, o banco suíço UBS reduziu de 1% para 0,2% sua expectativa de crescimento para a Eurozona em 2012.

Pela mesma razão, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) teme uma volta da recessão no início do próximo ano e apela aos países do Grupo dos Vinte (as 19 maiores economias do mundo e a União Europeia) para que tomem medidas ousadas para superar a crise.

domingo, 30 de outubro de 2011

Hillary teve papel decisivo na queda de Kadafi

Quando quatro caças-bombardeiros da França atacaram uma coluna de tanques do coronel Muamar Kadafi a caminho de Bengázi, principal foco da rebelião na Líbia, em 19 de março de 2011, o primeiro-ministro Silvio Berlusconi ficou furioso. Acusou o presidente Nicolas Sarkozy de passar por cima da Organização do Atlântico Norte (OTAN) e ameaçou vetar o uso das bases na operação para proteger a população civil.

Foi necessário um longo e delicado trabalho diplomático para articular e manter unida a aliança durante os sete meses até a queda e morte de Kadafi. Uma personagem central nesta história foi a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, a ministra mais destacada do governo Barack Obama, que colecionou mais uma vitória em política externa para tentar compensar a situação difícil da economia doméstica, informa o jornal The Washington Post.

Vários deputados da oposição republicana ironizaram a expressão "liderar de trás", sem estar na primeira linha das operações nem usar todo o poder aéreo dos Estados Unidos para vencer logo a resistência de Kadafi, principal crítica do senador John McCain, candidato derrotado por Obama em 2008.

Mas uma intervenção considerada desnecessária num conflito onde não havia interesses estratégicos dos EUA em jogo nem apoio popular se transformou num modelo. Como observou o vice-presidente Joe Biden, o custo foi de US$ 2 bilhões e não morreu nenhum americano.

"Houve períodos de angústia e remorso" nesses sete meses, admitiu Hillary, mas "adotados uma política que estava do lado certo da História, dos nossos valores e interesses estratégicos na região".

De sua primeira ação armada, em 18 de fevereiro, até 9 de março, o desorganizado movimento rebelde conquistou sucessivas vitórias. Quando Kadafi reagiu e prometeu esmagá-los como "ratos", os rebeldes pediram ajuda internacional.

Por iniciativa da França e do Reino Unido, em 17 de março, o Conselho Segurança das Nações aprovou a Resolução 1.973, autorizando o uso da força para "proteger a população civil" da Líbia da contraofensiva das forças leais ao coronel Kadafi por 1o a zero, com quatro abstenções, da Alemanha, China, Rússia, Brasil e Índia.

A proposta inicial era criar uma zona de exclusão aérea ou proibição de voo para impedir Kadafi de usar a Força Aérea para atacar os rebeldes. No último momento, sob pressão dos EUA, o texto foi mudado para autorizar o uso de "todos os meios necessários" para proteger a população civil líbia.

Na Casa Branca, temia-se que a guerra aérea não fosse suficiente para derrotar Kadafi. O secretário da Defesa, Robert Gates, era contra envolver os EUA em mais uma guerra. Em duas visitas à Europa no início de março, Hillary deixou claro que os americanos não estavam dispostos a liderar mais uma ação militar arriscada contra um país muçulmano.

"Éramos contra fazer algo meramente simbólico", relembra Hillary. "Teríamos cruzado a barreira da intervenção sem conseguir nada."

Em 12 de março, a Liga Árabe aprovou a imposição de uma zona de exclusão aérea na Líbia. Era a aprovação que faltava para o modelo de intervenção do que poderá a ser a Doutrina Obama (ou Hillary) para lidar com conflitos desta natureza, em que que ditadores ameaçam massacrar seu próprio povo. Os EUA agem em conjunto, com o apoio de uma aliança e a aprovação da ONU, afastando-se do unilateralismo do governo George W. Bush.

No dia seguinte, em Paris, durante uma conferência do Grupo dos Oito (G-8), a secretária de Estado recebeu pela primeira vez Mahmoud Jibril, vice-líder do Conselho Nacional de Transição da Líbia. Ela também negociou o apoio militar de países árabes da região do Golfo Pérsico para que não fosse uma intervenção militar só do Ocidente e esteve com o ministro do Exterior da Rússia, que poderia vetar a resolução da ONU.

"Quando Hillary chegou à França, não tinha orientação expressa da Casa Branca para apoiar o uso da força contra a Líbia", observa um diplomata americano. Não havia consenso no governo Obama sobre o que fazer.

Dois dias depois, a secretária de Estado tinha uma resposta: "É uma oportunidade para os EUA atenderem a um pedido árabe. Iria melhorar a imagem dos EUA no mundo árabe a mandar um sinal importante para os movimentos da primavera árabe".

Ao falar com Obama em 15 de março, Hillary se tornara uma forte defensora da intervenção militar. O presidente concordou.

Quando Sarkozy decidiu iniciar os bombardeios aéreos, Berlusconi não gostou e o presidente da Turquia, Abdullah Gul, manifestou suspeita de que a França tivesse "interesses secretos" intervenção militar.

A estrutura de comando das operações da OTAN foi definida numa conferência telefônica entre Hillary e os ministros do Exterior da França, Alain Juppé; do Reino Unido, William Hague; e da Turquia, Ahmet Davutoglu.

Com a OTAN pacificada, foram os aliados árabes que se rebelaram. A Jordânia, o Catar e os Emirados Árabes Unidos tinham prometido mandar aviões de combate. Três dias depois do início dos bombardeios, recuaram temendo a reação interna de suas populações e descontentes com as críticas de Washington à intervenção militar da Arábia Saudita no Bahrein.

Hillary pressionou diretamente o emir do Catar e o rei da Jordânia: "É importante para os EUA, é importante para o presidente e é importante para mim pessoalmente."

Em 25 de março, os aviões catarinos entraram em combate. Logo a força aérea internacional conteve o avanço dos kadafistas rumo à capital rebelde. Mas, em maio, a guerra civil líbia entrou num impasse, sem avanços significativos de nenhuma parte.

No início de julho, os rebeldes estavam sem armas, munições e até mesmo comida. Hillary pediu a Obama que reconhecesse o CNT como governo provisório da Líbia, contrariando a recomendação dos advogados do Departamento de Estado. Num encontro em Istambul, na Turquia, em 15 de julho, convenceu 30 outros governos árabes e ocidentais a fazer o mesmo.

Assim, os rebeldes teriam acesso aos fundos líbios congelados pelas sanções contra a ditadura do coronel Kadafi.

Cinco semanas depois, Trípoli caiu. A Força Aérea dos EUA fez menos de um terço das 14 mil missões de ataque, mas deu apoio logístico e realizou operações de reabastecimento no ar.

O balanço final da intervenção ainda está longe de ser concluído. Vai depender da natureza do regime que os rebeldes construírem na Líbia. Mas foi claramente uma tentativa dos EUA de tentar manter sua preeminência nas relações internacionais de forma discreta, formando alianças e economizando recursos.

Uma pesquisa da revista Time divulgada na semana passada indicou que, se fosse a candidata do Partido Democrata à eleição presidencial de 2012, Hillary venceria todos os possíveis adversários republicanos. Obama ficaria num empate técnico com o ex-governador de Massachusetts Mitt Romney.

Para a maioria do eleitorado, Hillary teria dado uma presidente melhor, mais firme e decidida do que Obama.

EUA saem do Iraque e reforçam bases no Kuwait

Enquanto retiraram todos os seus soldados do Iraque, os Estados Unidos pretendem reforçar seu poderio militar no Kuwait para garantir seus interesses no Oriente Médio, revela hoje o jornal The New York Times.

Essas forças seriam, por exemplo, capazes de intervir em conflitos internos no Iraque ou de participar de uma guerra contra o Irã.

Assad adverte Ocidente a não intervir na Síria

Uma intervenção militar ocidental na Síria provocaria "um terremoto no Oriente Médio" e criaria um "novo Afeganistão", advertiu o ditador Bachar Assad em entrevista publicada hoje pelo jornal britânico The Sunday Telegraph.

A oposição síria descreveu suas ameaças como uma tentativa de evitar ingerência externa para resolver o conflito no país, onde mais de 3 mil pessoas foram mortas desde 15 de março, quando começaram manifestações pacíficas contra uma ditadura que governa a Síria desde 1967.

No seu palácio, em Damasco, Assad alega que é popular porque vive como um cidadão comum, sem luxo nem riqueza. Continua surdo à voz das ruas. Afirma que começou a fazer reformas para liberalizar o regime uma semana depois do início dos protestos.

Jihad Islâmica anuncia trégua após atacar Israel

Vinte e quatro horas depois de um ataque em que nove de seus milicianos e um civil israelense foram mortos, o grupo radical Jihad Islâmica para a Libertação da Palestina anunciou neste domingo ter chegado a um acordo para fazer uma trégua com Israel.

Em tom de desafio, um comunicado das Brigadas Al-Qods, o braço armado do grupo declarou: "A Jihad Islâmica respondeu aos anseios por uma trégua, mas nos reservamos o direito de responder a qualquer agressão. Criamos um clima de horror para o inimigo, que implorou por uma trégua."

Brasil deve ser sexta maior economia do mundo

Com a crise na Europa, o Brasil superou a Itália em 2010 e deve ultrapassar o Reino Unido em 2011, tornando-se a sexta maior economia do mundo, depois de Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e França.

Pelos cálculos da Economist Intelligence Unit, o Brasil deve ter neste ano um produto interno bruto de US$ 2,44 trilhões, superando o PIB britânico, que ficaria em US$ 2,44 trilhões.

Em 2013, como cresce menos do que os emergentes da Ásia, o Brasil será ultrapassado pela Índia. Deve recuperar o sexto lugar em 2014, superando a França.

Ainda nesta década, vai passar a Alemanha e passar para o quinto lugar.

Esses números apontam o declínio relativo da Europa, que tem como alternativa aprofundar a integração econômica europeia rumo a uma união política, uma espécie de Estados Unidos da Europa.

A União Europeia é o maior mercado do mundo, com um produto regional bruto de US$ 18 trilhões. Unida, a Europa joga nesse primeiro time da economia mundial. Fragmentada, seu declínio tende a se acentuar.

sábado, 29 de outubro de 2011

Marrocos condena terrorista à morte

O principal responsável pelo atentado que matou 17 em Marrakech no fim de abril, Adil al-Atmani, foi condenado à morte por um tribunal antiterrorista da cidade de Salé, perto de Rabat, a capital do Marrocos, informa o jornal francês Le Monde.

Um de seus cúmplices, Hakim Dah, pegou prisão perpétua. Quatro dos sete acusados foram sentenciados a quatro anos de cadeia e os outros três réus, dois anos.

Confiança do consumidor americano aumenta

A confiança do consumidor americano cresceu pelo segundo mês seguido em outubro, com a melhora das expectativas em relação à economia dos Estados Unidos, indica uma pesquisa da Universidade de Michigan encomendada pela agência de notícias Reuters.

O resultado contradiz o índice do Conference Board, que vê confiança do consumidor caiu a seu menor nível em dois anos e meio.

Em setembro, as vendas no varejo avançaram 0,6%, três vezes mais do que previsto pelos economistas, mas a renda subiu só 0,1% e a poupança diminuiu, indicando que esse crescimento do consumo não é sustentável.

Atentado mata 13 americanos no Afeganistão

Pelo menos 17 pessoas morreram, inclusive quatro soldados e oito civis americanos a serviço das Forças Armadas dos Estados Unidos, num atentado terrorista suicida com carro-bomba contra um comboio da Organização de Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em Cabul, a capital do Afeganistão.

Com a exceção de quedas de helicóptero, foi o ataque mais mortífero em dez anos de guerra. O país foi invadido em 7 de outubro de 2001 por forças internacionais lideradas pelos EUA depois dos atentados terroristas de 11 de setembro porque lá ficavam as bases da rede terrorista Al Caeda.

O ataque foi reivindicado pela milícia fundamentalista muçulmana dos Talebã (Estudantes), derrubada pela invasão americana, mas os serviços secretos ocidentais culpam a rede Haqqani, formada por extremistas muçulmanos do Paquistão, que seria cada vez mais ativa no Afeganistão, em aliança com os Talebã.

Como a rede Haqqani tem o apoio do serviço secreto militar paquistanês, é mais um elemento de distúrbio nas relações EUA-Paquistão. O ex-capitão da seleção de críquete do Paquistão Imran Khan alega que a rede é um dos instrumentos paquistaneses para intervir no conturbado país vizinho, dentro da lógica de que um dia os americanos vão embora e mais uma vez o Afeganistão será entregue à sua própria sorte, voltando a ser um campo de batalha para vizinhos mais poderosos.

A Guerra do Afeganistão já é a mais longa da História dos EUA.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Síria mata mais 30 manifestantes

No dia mais sangrento em semanas, as forças de segurança da Síria atiraram em multidões que protestavam e depois fizeram uma perseguição casa a casa, matando pelo menos 30 manifestantes.

Apesar da violenta repressão que matou mais de 3 mil pessoas desde 15 de março de 2011, a revolta contra a ditadura do presidente Bachar Assad resiste, animada pelo triste fim do ditador líbio Muamar Kadafi.

A maioria das mortes aconteceu depois dos protestos de hoje, quando agentes armados com metralhadores perseguiram os manifestantes nas cidade de Hama e Homs.

Mulher terá direito igual ao trono da Inglaterra

O Reino Unido e os outros 15 países da Comunidade Britânica que tem a rainha Elizabeth II, da Inglaterra, como chefe de Estado decidiram mudar uma regra de sucessão ao trono: as mulheres passarão a ter o mesmo direito que os homens. A linha de sucessão será baseada na ordem cronológica de nascimento dos filhos do casal real.

Até agora, os homens tinham primazia. Assim, o herdeiro de Elizabeth II é seu filho mais velho, o príncipe Charles, seguido por seus dois filhos, os príncipes William e Henry. Depois, vem o príncipe Andrew, embora seja mais moço do que a princesa Anne.

Anne não será beneficiada, mas se o novo casal real, formado pelos príncipes William e Kate Middleton, tiver uma filha primogênita, ela entra na linha sucessória logo atrás do pai.

A mudança acontece quando a rainha está prestes a completar, em 2012, 60 anos de reinado. É o segundo mais longo da História da Inglaterra, atrás apenas de outra mulher, a rainha Vitória (1837-1901).

Com o sucesso de suas rainhas, não havia razão para manter a discriminação. Nem sempre foi assim.

Henrique VIII reinou de 1509 a 1547 e se casou seis vezes com o pretexto de que precisava um filho homem para herdar o trono. Sua terceira mulher, Jane Seymour, lhe deu um filho homem, depois dele se livrar de Catarina de Aragão, o que levou à reforma protestante e foi a semente de guerras religiosas, e de Ana Bolena.

Mas Eduardo VI, nascido em 12 de outubro de 1537, era fraco e doente. Ascendeu ao trono com nove anos e morreu aos 15, em 6 de julho de 1553.

A falta de um príncipe herdeiro levou à guerra civil que Henrique VIII temia, desta vez entre suas duas filhas, a católica Maria I e protestante Elizabeth I. Seu rompimento com a Igreja Católica Apostólica Romana gerou um conflito religioso que causou a Guerra Civil Inglesa (1630-88) e subsiste até hoje na Irlanda do Norte.

TPI confirma negociação com filho de Kadafi

O procurador-geral do Tribunal Penal Internacional (TPI), Luis Moreno Ocampo, confirmou que houve contatos de Seif al-Islam Kadafi, um filhos do ditador deposto e morto Muamar Kadafi, que estaria interessado em se entregar para não ser julgado no Iraque por crimes contra a humanidade.

Seif al-Islam (Espada do Islã) estaria no Sul da Líbia, perto da fronteira com o Níger, ou já teria cruzado a fronteira para não ser linchado por uma multidão como aconteceu com seu país há oito dias.

Consumo supera previsão mas poupança cai nos EUA

As vendas no varejo registraram alta de 0,6% em setembro nos Estados Unidos, três vezes mais do que previam os economistas, um dado importante já que o consumo pessoal representa 70% do produto interno bruto do país - a soma de todas as riquezas produzidas num ano menos as importações. Mas a cresceu só 0,1%.

Em consequência, a taxa de poupança caiu de 4,1% em agosto para 3,6% em setembro, a menor desde dezembro de 2007, quando começou a Grande Recessão, noticia a agência Reuters.

Como o consumo cresceu mais do que a renda, o consumidor americano foi obrigado a lançar mão de sua poupança. Isso significa que a aceleração da economia no terceiro trimestre para um ritmo de expansão de 2,5% ao ano pode não se sustentar, adverte The Wall St. Journal.

Enchente reduz PIB da Tailândia em até 1,5%

O enchente que já matou 373 pessoas na Tailândia deve levar a uma queda de 1% a 1,5% no produto interno bruto do país neste ano, previu hoje o economista Santitarn Sathirathai, analista do banco Credit Suisse em Bangkok, em entrevista à TV americana CNBC, especializada em noticiário econômico.

Adesão da Grécia ao euro foi erro, diz Sarkozy

Em uma dura crítica à união monetária europeia feitas por seus antecessores, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, declarou ontem que a Grécia não deveria ter adotado o euro como moeda.

"A Grécia não estava preparada", disse o presidente francês. "Os dados usados eram falsos."

Quando o euro começou a existir como moeda contábil, em 1º de janeiro de 1999, passou a ser usado por 11 dos 15 países-membros que a União Europeia tinha na época: Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo e Portugal.

Ficaram fora Dinamarca, Reino Unido e Suécia, para não ceder sua soberania, e a Grécia porque foi considerada sem condições. Por razões políticas, a Grécia foi admitida na Zona do Euro em 2001.


quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Bolsas operam em forte alta

O acordo da União Europeia para ajudar a Grécia, recapitalizar os bancos e aumentar para 1 trilhão de euros o Fundo Europeu de Estabilização Financeira animou o mercado. No mundo inteiro, as bolsas tiveram fortes altas.

Na Europa, Paris avançou 6,28%; Milão, 5,49%; Frankfurt, 5,35%; Madri, 4,96%; e Londres, que está fora da Zona do Euro mas é o maior centro financeiro do continente, 2,89%.

Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones, que mede o desempenho das 30 principais ações da Bolsa de Nova York, subiu 2,9%, passando de 12 mil pontos pela primeira vez desde o início de agosto. O índice amplo S&P 500 ganhou 3,4%, e a bolsa Nasdaq, de empresas de alta tecnologia, 3,3%.

A Bolsa de Valores de São Paulo teve alta de 3,72% e fechou em 59.270 pontos.

Vida dura na adolescência traz doenças na maturidade

Uma condição social e financeira difícil durante a adolescência e o início da vida adulta leva a problemas de saúde na maturidade por causa do estresse que provoca, independentemente do que acontecer entre um período e outro da vida, concluíram o pesquisador Per Gustafsson e sua equipe da Universidade de Umea, na Suécia.

O esgotamento físico e psicológico causado por uma vida difícil é fator de risco para uma série de doenças da meia idade, como hipertensão arterial, excesso de peso e colesterol alto.

A pesquisa analisou os dados de 822 pessoas durante 27 anos, a partir dos 16 anos de idade. Observou adversidades causadas por perda de parentes, doenças na família, desemprego, isolamento social, baixo padrão de vida, baixa renda e dificuldades financeiras.

Aos 43 anos, foram examinados 12 fatores relacionados ao aparelho cardiovascular, inclusive os níveis de gordura acumulada, metabolismo das gorduras, metabolismo dos açúcares e funcionamento das glândulas endócrinas, aquelas que produzem hormônios.

Turquia abriga grupo armado da Síria

Em apoio aberto à luta para derrubar a ditadura de Bachar Assad, a Turquia está dando proteção ao grupo armado Exército da Síria Livre, revela o jornal The New York Times, permitindo que se refugie em seu território e o use como base para atacar a ditadura síria.

A exemplo dos Estados Unidos e de outros países ocidentais, a Turquia deve impor em breve sanções econômicas à ditadura síria. Essas sanções são consideradas uma ameaça maior ao regime de Assad do que os manifestantes que resistem a uma violenta repressão, com mais de 3 mil mortes nos últimos sete meses e meio.

No plano político, o governo turco, islamita moderado, apoia o Conselho Nacional da Síria, uma aliança de grupos de oposição formada em Istambul.

O Exército da Síria Livre é uma milícia formada por militares que desertaram das Forças Armadas do país por não concordar em atacar a oposição. Ontem, o grupo anunciou ter matado nove militares sírios, inclusive um oficial fardado, durante uma incursão dentro do país.

Seus militantes estão alojados num campo de refugiados na Turquia, perto da fronteira com a Síria. O Ministério do Exterior turco alega que o país está apenas dando ajuda humanitária e não vai impedir os exilados de se manifestar.

"Quando essas pessoas fugiram da Síria, não sabíamos quem eram", alegou porta-voz da chancelaria turca. "Não estava escrito na testa de ninguém 'eu sou um soldado' ou 'eu sou um oposicionista'. Estamos dando residência temporária a essas pessoas por razões humanitárias, e isso vai continuar."

O exército rebelde ainda é muito pequeno para ameaçar o poder de Assad. Mas seu líder, o coronel Riad Asaad, prometeu, em entrevista coletiva organizada pelo governo turco, não dar trégua ao ditador: "Vamos lutar até a queda do regime e construir uma nova era de segurança e estabilidade na Síria. Somos os líderes do povo sírio. Vamos lutar por ele."

Ele pediu armas à sociedade internacional para que, "como um exército, o Exército da Síria Livre possa proteger o povo sírio. Se a comunidade internacional nos der armas, podemos derrubar o regime rapidamente".

China propõe nova lei antiterrorismo

Um projeto de lei apresentado ontem ao Congresso Nacional do Povo da China define terrorismo como "comportamentos que causem ou tentem causar ferimentos, grande perda econômica, danos a instalações públicas e desordem social, ou que ponham em risco a sociedade através de violência, destruição e ameaças ou outras medidas que provoquem pânico social para coagir o governo".

Ao justificar a proposta, o vice-ministro da Segurança Pública, Yang Huanning, alegou que "a atual legislação da China não tem definições precisas sobre terrorismo, organização terrorista e indivíduo terrorista, o que afeta a luta contra o terrorismo, o controle sobre os recursos dos terroristas e a cooperação internacional contra o terrorismo", informa a newsletter Asia Briefing.

Como se trata de uma ditadura, há o temor de que a lei seja usada para perseguir inimigos do regime não envolvidos em atividades violentas.

Uruguai revoga anistia para militares

Com 50 votos a favor de 90 possíveis, a Câmara dos Deputados do Uruguai revogou ontem a lei que anistiava civis e militares que cometeram crimes contra os direitos humanos durante a ditadura de 1973 a 1984. O projeto, já aprovado no Senado, vai agora para sanção do presidente José Mujica, um ex-guerrilheiro.

A oposição criticou a medida, já que o povo uruguaio aprovou a anistia em dois referendos. Seus defensores alegam que a Corte Interamericana de Direitos Humanos exige a investigação de crimes imprescritíveis como tortura e desaparecimento de pessoas cometidos pelas ditaduras do continente.

Cerca de 7 mil presos políticos foram presos e torturados no Uruguai, informa a rádio e televisão pública britânica BBC.

ONU aprova fim da intervenção na Líbia

Por unanimidade, o Conselho de Segurança das Nações Unidas decidiu hoje que a intervenção militar na Líbia termina em 31 de outubro de 2011.

O uso da força para "proteger a população civil" foi autorizado pela Resolução 1.973 do Conselho de Segurança, aprovada em 17 de março, quando as forças leais ao coronel Muamar Kadafi estavam prestes a tomar Bengázi, a segunda maior cidade líbia, e massacrar o movimento popular pela democracia.

Duas semanas depois, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar da América do Norte com a Europa, assumiu o controle das operações militares, que já tinham sido iniciadas pelas forças aéreas dos Estados Unidos, da França e do Reino Unido.

A intervenção foi criticada pelo Brasil, a China e a Rússia, países que se abstiveram na votação para autorizar o uso da força, sob a alegação de que o Conselho de Segurança não deu um mandato para mudar o regime nem para matar o coronel Kadafi.

Ao justificar a ação, as potências ocidentais argumentaram que não haveria segurança para os civis com Kadafi no poder. A campanha foi mais longo do que previsto, mas não houve denúncias de grande mortandade de civis causada por erros das forças da OTAN.

PIB dos EUA cresceu 2,5% ao ano no terceiro trimestre

O ritmo de crescimento da economia dos Estados Unidos no terceiro trimestre de 2011 foi o mais forte em um ano, projetando uma expansão anual de 2,5%, quase o dobrou do 1,3% do segundo trimestre. Isso afasta pelo menos temporariamente a ameaça de volta da recessão. A expectativa é de uma recuperação lenta mas sustentável.

Responsável por 70% do produto interno bruto do país, o consumo doméstico avançou num ritmo de 2,4% ao ano.

A má notícia foi uma queda de 4,6% nas vendas de imóveis residenciais usados, o pior resultado em cinco meses. Na semana passada, o número de novos pedidos de seguro-desemprego caiu em 2 mil; o mercado esperava uma baixa de 3 mil.

O desemprego, acima de 9%, continua sendo um dos maiores obstáculos à recuperação da maior economia do mundo depois da Grande Recessão (2008-9) e à reeleição do presidente Barack Obama em 2012.

CNT promete processar assassinos de Kadafi

O vice-presidente do Conselho Nacional de Transição da Líbia, Abdel Hafez Ghoga, afirmou hoje que o governo provisório dos rebeldes que derrubaram a ditadura de 42 anos do coronel Muamar Kadafi já iniciou uma investigação sobre sua morte.

Em entrevista à TV Al Arabiya, Ghoga declarou que, "em relação a Kadafi, não esperamos ninguém dizer o que temos de fazer. Criamos um código de ética sobre como tratar prisioneiros de guerra. Tenho a certeza de que foi um ato de um indivíduo e não de revolucionários nem do Exército Nacional. Quem for responsável será submetido a um julgamento justo".

Anjo da Morte é condenado à prisão perpétua

O ex-capitão da Marinha Alfredo Astiz, conhecido como o Anjo Louro da Morte, e outros 11 réus foram condenados à prisão perpétua ontem na Argentina por crimes cometidos na Escola de Mecânica da Armada (Esma), o mais notório centro de detenção e tortura da última ditadura militar, que aterrorizou o país de 1976 a 1983 e caiu por causa da vergonhosa derrota na Guerra das Malvinas (1982).

Na verdadeira guerra, Astiz, acusado de matar pelas costas uma menina argentina de origem sueca de apenas 17 anos, foi nomeado governador das ilhas Geórgias do Sul. Rendeu-se ao Reino Unido sem disparar um tiro. Em 1998, antes do governo Néstor Kirchner revogar as leis que garantiam a impunidade dos repressores, ele declarou ser "o homem mais preparado da Argentina para matar jornalistas e políticos" e não se arrepender de nada.

Cerca de 5 mil pessoas foram presas e torturadas na Esma. Umas 200 escaparam com vida. Vários foram drogados e jogados em alto mar no Oceano Atlântico, noticia o jornal francês Le Monde. O local foi transformado em memorial em homenagem às vítimas.

No fim de um processo que durou um ano e dez meses, com depoimento de 79 sobreviventes como testemunhas, 12 réus pegaram prisão perpétua e quatro foram condenados e quatro a penas de 18 a 25 anos. Entre eles, estava Jorge Acosta, o Tigre, que afirmou que "as violações de direitos humanos são inevitáveis numa guerra".

Astiz, já condenado à revelia na França pela morte de duas freiras franceses e na Suécia pelo assassinato de Dagmar Hagelin, foi sentenciado desta vez por perseguir pessoas que se reuniam na Igreja de Santa Cruz. No início da ditadura, os parentes dos primeiros desaparecidos se encontravam lá. Eles foram marcados e sequestrados.

O Anjo da Morte foi condenado agora por "privação ilegal de liberdade, tortura e homicídio" em 11 casos e outros cinco casos semelhantes. Também foi considerado culpado pela morte e roubo dos bens do jornalista Rodolfo Walsh, informa o jornal argentino Clarín.

Walsh ficou famoso ao entrar para a clandestinidade para descobrir onde estavam sobreviventes de um massacre cometido em 1956, depois do golpe militar que derrubou Juan Domingo Perón em 1955. Não sobreviveu para contar histórias parecidas da última ditadura.

Apesar do frio, centenas de pessoas se concentraram diante do tribunal, no centro de Buenos Aires, e aplaudiram cada veredito.

Ao todo, a última ditadura militar argentina matou cerca de 30 mil pessoas. Em 2005, o Supremo Tribunal da Argentina, a pedido do então presidente Néstor Kirchner, revogou as leis Ponto Final e de Obediência Devida, do governo Raúl Alfonsín, e os indultos do presidente Carlos Menem (1989-99), que garantiam a impunidade de torturadores e assassinos.

Partido Comunista aumenta censura na China

Talvez por medo das novas mídias e suas redes sociais, que tiveram um papel fundamental nas revoluções liberais no mundo árabe, ou da troca de liderança prevista para 2012, o Partido Comunista da China está impondo novos limites aos meios de comunicação, especialmente à Internet, alerta hoje o jornal The New York Times.

Ontem, a Administração Estatal de Rádio, Cinema e Televisão ordenou 34 estações que transmitem em rede via satélite a não levar ao ar mais do que dois shows de auditório com no máximo 90 minutos cada um. Elas também foram obrigadas a reservar duas horas no início da noite para divulgar notícias aprovadas pelo governo.

As medidas, destinadas a conter "o excesso de entretenimento e a tendência à vulgaridade", entram em vigor em 1º de janeiro de 2012.

Europa anuncia acordo para salvar o euro

Depois de dez horas de negociações, às 4h da manhã em Bruxelas, meia-noite em Brasília, os 17 países da Zona do Euro chegaram a um acordo para salvar a Grécia, aumentar para 1 trilhão de euros, cerca de US$ 1,4 bilhão, os recursos do Fundo Europeu de Estabilização Financeira e recapitalizar os bancos do continente.

Os bancos e grandes credores aceitaram uma redução de 50% na dívida pública grega , uma insistência da Alemanha e de outros países do Norte da Europa, que insistiam na necessidade de penalizar os investidores que aplicaram seu dinheiro em títulos de países com problemas para honrar seus compromissos, informa o jornal The New York Times.

Sorridente, o primeiro-ministro George Papandreou declarou que "é o amanhecer de uma nova era para a Grécia". Ele agradeceu a todo o povo grego, que está sendo submetido a enormes sacrifícios e tentou reivinidicar algum mérito para a redução da dívida. Na verdade, foi uma exigência da Alemanha, que não estava disposta a remunerar especuladores que investiram em países periféricos.

A Grécia vai receber um segundo pacote de ajuda, no valor de 130 bilhões de euros, da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional, informa o jornal Financial Times.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Renda dos ricos cresceu 3x em 30 anos nos EUA

Enquanto a renda média dos americanos cresceu 62% em 30 anos até 2007, os ganhos do 1% mais rico aumentaram 275% e os dos 20% mais pobres apenas 18%, revelou pesquisa do Escritório de Orçamento do Congresso dos Estados Unidos, citado num blogue do jornal The Wall St. Journal.

É mais um argumento para o movimento Ocupe Wall St. A pesquisa considerou a renda real, depois do pagamento de impostos.

Analista vê transição lenta e islamização na Tunísia

O resultado das primeiras eleições democráticas realizadas depois das revoluções da primavera árabe, no domingo, na Tunísia, indicam "uma vontade de mudar o sistema sem muita pressa", afirma o professor Vincent Geisser, pesquisador do Instituto de Estudos e Pesquisas sobre o Mundo Árabe e do Instituto Francês do Oriente Médio. Ele acaba de lançar o livro A Renascença Árabe: sete questões-chaves sobre as revoluções em marcha. Considera islamização inevitável.

Em entrevista ao jornal francês Libération, Geisser falou sobre o Partido da Renascença Islâmica (Nahda), vencedor das eleições para a Assembleia Constituinte da Tunísia, descrito na mídia ocidental como islamita moderado: "Liberal no plano econômico e político, ele reconhece a primazia do sistema pluralista, renuncia à teocracia" e é "profundamente conservador" em valores e moral.

Ao votar nele, na opinião do pesquisador, os eleitores tunisianos não estariam querendo a transformação do país numa república islâmica no modelo do Irã, mas "a volta da ordem anterior à efervescência revolucionária".

Diante da vitória do Nahda e das declarações do presidente do Conselho Nacional de Transição da Líbia, Mustafá Abdel Jalil, de que o direito islâmico será a base legal da nova Líbia, vários sinais de alerta foram acesos no Ocidente, que há uma década luta contra o terrorismo de extremista muçulmanos.

A tendência de votar em islamitas é inevitável, argumenta Geisser: "Eles fizeram uma revolução em nome da democracia e é em nome dessa aspiração democrática que votaram a favor de uma maioria islâmica. Pode parecer contraditório aos olhos de observadores ocidentais, mas é lógico para numerosos tunisianos. A reapropriação de sua islamicidade é vista como um avanço democrático".

Quando à evolução ideológica do Nahda, o orientalista considera que seu modelo político não se assemelha ao da revolução iraniana: "Não penso que este partido queira criar uma teocracia, mas um regime pluralista com fortes referências ao islamismo".

O professor confia na força que a sociedade civil da Tunísia mostrou ao acabar, em 14 de janeiro de 2011, com a ditadura de Zine ben Ali, que durava 23 anos: "Os islamistas não está sozinhos e não se de ve subestimar a força da sociedade civil. Os tunisianos não se livraram de um ditador barbeado para colocar no poder um ditador barbado. Se os islamitas forem tentados a instalar um novo regime autoritário, vão enfrentar resistência".

Seif Kadafi negocia rendição, diz CNT

O filho que era apontado como provável sucessor do coronel Muamar Kadafi, Seif al-Islam Kadafi, e o ex-chefe do serviço secreto da Líbia, Abdullah al-Senussi, estão negociando uma rendição para o Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, na Holanda, disse hoje o Conselho Nacional de Transição, o governo provisório dos rebeldes líbios.

Como o ex-ditador morto há seis dias, eles foram denunciados por crimes de guerra. O CNT acredita que Seif al-Islam (Espada do Islã) esteja escondido no Sul da Líbia, perto da fronteira com o Níger.

Em Haia, no TPI não confirmou a notícia, divulgada pela agência Reuters e publicada no sítio do jornal liberal israelense Haaretz.

Juppé: queda de Assad é inevitável na Síria

A ditadura de Bachar Assad está condenada e vai cair sob pressão das manifestações de rua e das sanções internacionais à Síria, afirmou hoje o ministro do Exterior da França, Alain Juppé, mas o processo deve ser lento por causa da complexidade da política interna e regional.

Mais de 3 mil pessoas foram mortas em sete meses e 11 dias de protestos contra um ditador que está há 11 anos no cargo, depois de herdar o poder do pai, Hafez Assad, que governou a Síria durante 40 anos.

"É verdade que em Nova York [na ONU] estamos paralisados, é uma mancha no Conselho de Segurança, que não disse quase nada contra essa repressão bárbara", declarou Juppé à Rádio France Internacional, informa a agência de notícias Reuters, citada pelo jornal israelense Haaretz.

Um projeto de resolução apresentado por quatro países europeus condenando a Síria foi vetado pela China e a Rússia, dois países com governos autoritários que se consideram no direito de massacrar seus próprios povos e não querem sanções internacionais contra quem faz o mesmo, alegando que são questões internas cobertas pelos princípios de soberania nacional e não intervenção.

Ordens à indústria têm maior alta em meses nos EUA

As encomendas à indústria de bens duráveis, com mais de três anos de uso, superaram a expectativa em setembro e tiveram a maior alta em seis meses, consolidando a impressão de que os Estados Unidos cresceram no terceiro trimestre de 2011 e vão escapar de uma segunda recessão na atual crise.

Depois de uma queda de 0,4% em agosto, as ordens de bens duráveis cresceram 0,8%. O resultado só não foi melhor por causa da queda de 7,5% no setor de transportes, a maior desde abril. Sem esse setor, as ordens teriam subido 1,7%, informa a agência de notícias Reuters.

Integração da Europa enfrenta seu maior desafio

Os líderes dos 27 países da União Europeia estão reunidos neste momento numa reunião de cúpula de emergência em Bruxelas, na Bélgica, para tentar resolver a crise das dívidas públicas e salvar a união monetária do bloco e sua moeda comum, o euro. É seu maior desafio, em 60 anos de integração europeia.

Três problemas centrais precisam ser solucionados:
• o valor total de recursos à disposição do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF);
• como recapitalizar os bancos do continente, que precisariam de no mínimo 100 bilhões de euros; e
• qual a porcentagem de desconto que será imposta aos credores da Grécia, que terão de sofrer prejuízos numa renegociação da dívida.

Até o momento, não há sinal de que os líderes tenham chegado a um acordo.

A Alemanha, maior economia do continente, insiste numa perda de 60% para os títulos gregos, considerada excessiva pela França, que teme pânico nos mercados financeiros com um calote parcial desta monta. Também discorda da proposta francesa de transformar o fundo numa espécie de banco de onde governos e instituições financeiras em dificuldades pudessem sacar dinheiro.

FGV debate autodeterminação e Terceiro Mundo


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 CONVITE PARA SÉRIE DE PALESTRAS
Bradley Simpson
O Centro de Relações Internacionais da FGV convida para as palestras A Global History of Self-Determination The Meaning of the "Third World" Today, com Bradley Simpson. 
Bradley SimpsonBradley Simpson é professor assistente no Departamento de História da Universidade Princeton. Sua pesquisa está focada em temas relativos à história da política externa americana e história internacional. Ele publicou Economists with Guns: Authoritarian Development and U.S.-Indonesian Relations, 1960-1968(Stanford University Press, 2008). Simpson atualmente trabalha em uma história global da auto-determinação.
O evento é aberto a todos e não há necessidade de inscrição. O debate será em inglês e sem tradução simultânea.
O Centro de Relações Internacionais é sediado no CPDOC/Escola de Ciências Sociais e História da FGV. Mais informações em www.fgv.br/cpdoc/ri.
A Global History of Self-Determination
  31 de outubro de 2011, segunda-feira, às 18h
Local: Fundação Getulio Vargas, sala 1333
Praia de Botafogo, 190, Rio de Janeiro
The Meaning of the "Third World Today"
  1º de novembro de 2011, terça-feira, às 18h
Local: Fundação Getulio Vargas, sala 1333
Praia de Botafogo, 190, Rio de Janeiro
 A entrada é gratuita e não é preciso fazer reserva.
CPDOC/FGV 
Centro de Relações Internacionais da FGV
Internet: http://www.fgv.br/cpdoc/ri

Confiança e preços das casas caem nos EUA

A dois dias da divulgação do resultado do produto interno bruto no terceiro trimestre, dois outros indicadores sinalizaram ontem a persistência de fatores centrais da crise econômica nos Estados Unidos: a confiança do consumidor americano caiu ao nível mais baixo em dois anos e meio, e os preços das casas em 20 regiões metropolitanas estão 3,8% abaixo do nível de agosto de 2010.

Os últimos dados sobre a produção industrial indicam que a maior economia do mundo deve evitar uma segunda recessão, mas esses problemas renitentes apontam para um longo período de crescimento baixo, alerta a agência Reuters.

A melhor notícia foi uma queda anual nos preços das casas menor do que os 4,2% do mês de julho, um sinal de que finalmente possam estar se estabilizando num mercado imobiliário ainda deprimido., observa o jornal The Washington Post.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Mortos no terremoto na Turquia já são 432

Uma menina de 14 dias, sua mãe e sua avó foram resgatadas hoje dos escombros do terremoto que abalou a província da Van, no extremo leste da Turquia, no domingo passado. E um garoto de dez anos foi salvo depois de ficar enterrado vivo 54 horas. O total de mortos subiu para 432.

Quênia vai à guerra contra extremistas da Somália

A intervenção do Exército do Quênia na guerra civil da Somália, sua primeira operação no exterior em 44 anos, foi anunciada inicialmente como "uma perseguição" à milícia fundamentalista muçulmana Al Chababe, mas é muito mais do que isso, afirma a publicação analítica Africa Confidential. Faria parte de uma grande estratégia regional para conter os extremistas muçulmanos.

Para a publicação, as alegações de que os Estados Unidos e o Reino Unido foram surpreendidos pela ofensiva queniana não fazem sentido, já que estes dois países fazem várias ações de combate ao terrorismo a partir de Nairóbi.

Os soldados quenianos entraram na vizinha Somália, que vive em estado de anarquia há 20 anos, depois do sequestro de duas médicas europeias da organização não governamental Médicos sem Fronteiras num campo de refugiados situado no Quênia.

Brasil é eleito para conselho socioeconômico da ONU

Com 186 votos de um total de 191 possíveis, o Brasil foi eleito ontem para o Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (Ecosoc), um dos órgãos mais importantes da organização, responsável por questões sociais, econômicas, culturais e de direitos humanos, para um mandato de três anos (2012-14).

O país fortalece assim sua posição como defensor do desenvolvimento econômico e social como melhor forma de atingir e garantir a paz e a segurança internacionais, principais objetivos da ONU.

Cristina Kirchner recupera maioria no Congresso

Além de sua retumbante vitória com 54% dos votos, a presidente Cristina Fernández de Kirchner recuperou a maioria na Câmara dos Deputados e manteve o controle do Senado, informa o jornal argentino Clarín.

É a terceira vitória seguida em eleições presidenciais do kirchnerismo, que domina a política argentina depois do colapso da economia na crise de 2001.

Reservada, a presidente deu poucas indicações sobre seu futuro governo, observou a revista América Economia, mas pediu contenção nas reivindicações de salário, que crescem com a inflação alta, escamoteada nas estatísticas oficiais.

A fragmentada oposição argentina já teme uma reforma constitucional para permitir a reeleição do presidente sem qualquer limite.

Kadafi foi enterrado ao amanhecer

O ex-ditador da Líbia Muamar Kadafi, seu filho Mutassim, que chefiava a segurança interna, e seu ministro da Defesa, Abu Bakr Younes, foram enterrados hoje numa cerimônia assistida por poucas pessoas, informou o conselho militar rebelde da cidade de Missurata.

Desde sua morte, há cinco dias, os corpos estavam numa câmara frigorífica no mercado público da cidade, onde ficaram em exibição para que o povo líbio tivesse a certeza de que o ditador está realmente morto.

Eles foram capturados vivos e ao que tudo indica foram executados sumariamente em seguida. O Conselho Nacional de Transição prometeu investigar as mortes, mas será difícil, admite o jornal The Washington Post.

Índia eleva taxa básica de juros

O Banco da Reserva da Índia decidiu hoje aumentar a taxa que cobra para emprestar dinheiro aos bancos do país em 0,25 ponto percentual para 8,5% ao ano.

Foi o décimo terceiro aumento de juros na Índia desde o início de 2010, mas os analistas acreditam que o ciclo de alta esteja no fim. A inflação de setembro ficou em 9,72% ao ano, o décimo mês seguido acima de 9%. Os economistas esperam que comece a cair até dezembro.

A expectativa de crescimento da economia indiana para o ano fiscal que termina em março de 2012 foi reduzida de 8% para 7,6%, informa a TV americana especializada em notícias econômicas CNBC.

Negociadores exigem desconto de 60% na dívida grega

Os negociadores da União Europeia estão exigindo dos credores da Grécia um desconto de 60% no valor nominal escrito nos títulos, uma posição dura que, na opinião do jornal inglês Financial Times, vai muito além do que foi acertado há três meses, quando bancos, empresas e investidores privados aceitaram ficar com parte do ônus.

A proposta foi apresentada a um comitê de banqueiros internacionais no fim de semana pelo secretário do Tesouro da Itália, Vittorio Grilli, principal negociador das autoridades monetárias da Zona do Euro.

Até agora, era uma exigência de um grupo de países liderado pela Alemanha e Holanda que os investidores privados tenham prejuízo por terem comprado títulos da dívida de um país que não tem como pagar.

Do outro lado, a França, o Banco Central da Europa (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) temem uma grande redução forçada. Um calote organizado pode levar a um aumento de operações de liquidação de obrigações colateralizadas de crédito (credit default swaps, em inglês). Elas funcionam como uma espécie de seguro dos compradores de bônus, causando mais prejuízos a um setor financeiro bastante debilitado.

A França, o BCE e o FMI acabaram cedendo.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

EUA retiram embaixador da Síria

O embaixador americano Robert Ford foi retirado da Síria. Normalmente, este tipo de atitude é uma represália. No caso, o motivo alegado é a segurança pessoal do diplomata, que foi atacado por partidários da ditadura de Bachar Assad quando se reunia com um líder oposicionista, há pouco menos de um mês.

Um dos maiores críticos da violenta repressão ao movimento pela democracia, Ford teria recebido "sérias ameaças à sua segurança", noticia o jornal The New York Times.

Em resposta, a Síria chamou seu embaixador em Washington para consultas em Damasco.

Kadafi será enterrado amanhã no deserto

O ex-ditador da Líbia Muamar Kadafi, morto há quatro dias, será enterrado amanhã em local secreto, no Deserto do Saara, na presença de clérigos muçulmanos, informou hoje o Conselho Nacional de Transição, o governo provisório dos rebeldes que o derrubaram. Seu filho Mutassim deve ser sepultado no mesmo lugar.

Um novo governo deve ser formado dentro de duas semanas. O CNT promete ainda investigar a morte de Kadafi.

Em Sirte, dezenas de corpos de kadafistas foram encontrados num hotel com sinais de execução sumária depois da queda da cidade. A cena do crime foi desfeita sem qualquer investigação, revela o jornal The New York Times.

Partido islamita moderado vence eleições na Tunísia

Numa prévia do que se pode esperar dos países libertados de ditaduras na chamada primavera árabe, o partido islamita moderado Nahda ganhou as eleições realizadas ontem na Tunísia.

O país onde começaram as revoltas populares no mundo árabe foi o primeiro a realizar eleições. A projeção é que Nahda eleja 40% dos deputados da assembleia que vai redigir uma nova constituição.

Como observador internacional, o ex-presidente peruano Alejandro Toledo ajudou a fiscalizar a votação e atestou a lisura do pleito.

Quando se pensa em democracia no mundo árabe, é inevitável a existência de partidos religiosos e nacionalistas. As manifestações de massa surpreenderam ao revelar a presença de uma opinião pública liberal, mas os islamitas talvez fossem o único setor organizado da oposição.

Em 1991, a França e os Estados Unidos apoiaram o golpe militar contra as eleições na Argélia, que seriam vencidas pela Frente Islâmica de Salvação com ampla maioria. O resultado foi uma violenta guerra civil, com cerca de 100 mil mortes.

Durante décadas, os ditadores árabes acenaram com o fantasma do fundamentalismo islâmico como desculpa para justificar a ausência de democracia. Em países como o Egito e a Tunísia, com instituições mais fortes, o Exército deve exercer algum controle do processo de democratização, a exemplo do que aconteceu na Turquia.

Na Líbia, onde Kadafi destruiu todas as instituições, o desafio de criar uma ordem liberal que garanta a pluralidade democrática é muito mais difícil.

Numa comparação com o Brasil, aqui houve uma breve experiência democrática de 1946 a 1964, com muito radicalismo e autoritarismo, que levaram a 21 anos de ditadura. A transição começa em 1974, com a posse do general Ernesto Geisel na Presidência, depois que o embargo à venda de petróleo dos países árabes gerou uma crise internacional que acabou com o modelo econômico da ditadura, baseado em energia e mão de obra baratas.

Esses países árabes recém-libertados não tiveram qualquer experiência democrática no passado. O Egito era uma semicolônia do Ocidente desde a invasão napoleônica de 1798. Quando os coronéis liderados por Gamal Abdel Nasser derrubaram a monarquia, em 1952, aliaram-se à União Soviética e criaram uma ditadura de partido único comandada pelas Forças Armadas que só caiu em 11 de fevereiro de 2011.

A Tunísia foi governada por Habib Bourguiba durante 30 anos, da independência da França, em 1957, até o golpe de Zine Abidine ben Ali, em 1987. Ben Ali só foi derrubado em 14 de janeiro de 2011.

O teste da democracia no mundo árabe está apenas começando. A conferir como os islamitas vão se comportar no poder.

EUA lançam refinanciamento de hipotecas

O governo federal dos Estados Unidos anunciou hoje um novo programa para que compradores da casa própria que devem mais do que o atual valor do imóvel possam refinanciar suas hipotecas a juros e valores mais baixos.

É mais uma esperança de recuperar o deprimido setor habitacional do mercado imobiliário americano, onde começou a crise econômica internacional.

Saldo comercial do Japão supera expectativa

Com alta de 2,4% nas exportações em relação ao ano passado, o saldo comercial do Japão em setembro foi de 300 bilhões de ienes, cerca de US$ 3,9 bilhões, confirmando a recuperação da economia do país depois do terremoto e maremoto de 11 de março de 2011, informou hoje o Ministério das Finanças do país.

A expectativa era de um saldo de 200 bilhões de ienes, com alta de 1% nas exportações. Mesmo assim, o superávit comercial ficou 61,2% abaixo do registrado em setembro de 2010. Essa queda foi atribuída ao agravamento da crise internacional e à valorização da moeda japonesa.

Mortos no terremoto na Turquia já são 273

Subiu hoje para pelo menos 273 o número total de mortos no terremoto de 7,2 graus na escala Richter que atingiu ontem a província de Van, no Leste da Turquia. Outras 1,5 mil pessoas foram feridas.

domingo, 23 de outubro de 2011

Oposição reconhece reeleição de Cristina Kirchner

A presidente Cristina Fernández de Kirchner, viúva do ex-presidente Néstor Kirchner, foi releeita hoje presidente da Argentina no primeiro turno, com mais de 50% dos votos para um segundo mandato de quatro anos. É a maior vitória desde a redemocratização do país, em 1983. Os candidatos oposicionistas Ricardo Alfonsín, Eduardo Duhalde e Elisa Carrió foram os primeiros a reconhecer sua vitória.

Em segundo lugar, ficou o governador socialista da província de Santa Fé, Hermes Binner, com 17% dos votos, seguido pelo deputado Ricardo Alfonsín, candidato da União Cívica Radical e filho do ex-presidente Raúl Alfonsín, com 13%.

"Queremos celebrar e felicitar os argentinos por mais uma jornada democrática, queremos cumprimentar todos os partidos políticos que participaram destas eleições, e em particular queremos saudar e curimentar a presidente Cristina Kirchner", declarou Alfonsín.

O ex-presidente Duhalde, um dissidente do peronismo, líder da Frente Popular, também se apressou a cumprimentar Cristina pela vitória da Frente para a Vitória, a coligação governista.

Como presidente interino depois do colapso da dolarização do presidente Carlos Menem (1989-99), em 2001, foi Duhalde que indicou Néstor Kirchner como candidato da esquerda peronista na eleição de 2003. Abriu caminho para o casal que dominou a política argentina na primeira década do século 21 e foi atropelado por ele já nas eleições intermediárias de 2005, quando Cristina foi eleita senadora por Buenos aires, preparando sua ascensão a Presidência.

A vitória do kirchnerismo deve ser atribuída ao forte crescimento econômico do país desde a crise de 2001 e às políticas sociais adotadas para combater as consequências daquele colapso econômico, um dos piores de qualquer país moderno até hoje.

O governo argentino é acusado de:
• aumentar os gastos públicos, gerando uma inflação escondida sob estatísticas manipuladas;
• sobretaxar as exportações e congelar tarifas, inibindo o investimento em setores importantes;
• discriminar os meios de comunicação independentes, usando a Receita Federal para pressioná-los e apoiando bloqueios de sindicalistas amigos que impediram a circulação de grandes jornais;
• estatizar as transmissões de futebol do Campeonato Argentino por motivos políticos; e
• adotar um protecionismo econômico que abala suas relações com os países vizinhos, inclusive o Brasil, para proteger indústria obsoletas e os empregos ferozmente defendidos pelos sindicatos peronistas, aliados de Cristina.

Mas ela vai fortalecida para o segundo mandato.

Com a vitória esmagadora, é improvável que Cristina mude este estilo personalista de fazer política característico da Argentina, em que o líder se confunde com o país e o pessoal se torna político. A composição do ministério deve dar os primeiros sinais do que a presidente pretende.

É certo que, na onda de uma economia em forte crescimento, Cristina deu a volta por cima depois de ser considerada desamparada e perdida com a morte do marido, há um ano.

Terremoto mata pelo menos 200 no Leste da Turquia

Um forte tremor de terra, de 7,2 graus na escala aberta de Richter, abalou hoje o Leste da Turquia, matando pelo menos 200 pessoas e deixando outras 350 feridos.

Foi o terremoto mais forte na região nos últimos dez anos. Depois, houve mais de 20 tremores secundários, o mais forte de 6 graus.

Na cidade mais atingida, Van, 93 pessoas morreram e outras 45 na cidade vizinha de Ercis, informou o primeiro-ministro Recep Tayyip Ergogan. Ele disse que em Ercis, na margem norte do Lago Van, 55 edifícios desabaram.

As equipes de resgate lutam para encontrar sobreviventes durante uma noite em que a temperatura na área abalada deve cair a zero grau.

Rebeldes proclamam libertação da Líbia

Neste momento, o presidente do Conselho Nacional de Transição da Líbia, Mustafá Abdel Jalil, está anunciando a libertação do país depois de 42 anos de ditadura do coronel Muamar Kadafi, morto há três dias, e de oito meses de revolução. Ele fez um apelo aos combatentes para que não deem tiros para o ar para não ferir a população civil.

Jalil fez um agradecimento especial aos mártires na luta pela libertação: "Todos os mártires, civis e militares, queriam ver este dia. Que eles nos vejam do céu. A hora chegou."

"Esta revolução começou como uma revolução pacífica para exigir um mínimo de legitimidade e direitos. Enfrentamos uma violência desproporcional. Agradecemos ao Conselho de Cooperação do Golfo, à Liga Árabe, à União Europeia e ao Conselho de Segurança das Nações Unidas pela Resolução 1.973, implementada pela OTAN, cujo profissionalismo  ajudou a salvar inúmeros companheiros e nos levou à vitória", acrescentou.

"Esta revolução foi abençoada por Alá", afirmou o líder do CNT. "Acredito os rebeldes que obtiveram a vitória no campo de batalha, sejam civis ou militares. Não posso deixar de citar todas as organizações líbias que apoiaram nossa luta, organizações empresariais, profissionais, esportivas e religiosas. Elas foram a base desta revolução. Agradeço aos empresários que financiaram essa luta."

"Como um país islâmico, escolhemos a charia, a lei islâmica, como base de nossa legislação", prosseguiu. "Todas as leis que forem contra a charia serão rejeitadas. Vamos criar bancos islâmicos que não cobrem juros."

Jalil também pediu a todos que lutem por seus direitos por meios legais, rejeitem a intolerância e acabem com a onda de violência. O CNT quer reorganizar o Exército: "Povo líbio, confie em Deus, mantenha a unidade. Nós nos amamos. Queria expressar minhas condolências ao povo turco pelo terremoto, ao povo saudita pela morte do príncipe herdeiro Sultan e ao povo sírio, que compartilha conosco a esperança da vitória. Do fundo do coração, desejamos vitória aos povos do Iêmen e da Síria, e paz ao povo líbio."

sábado, 22 de outubro de 2011

Cristina Kirchner deve ser reeleita com maioria absoluta

A presidente Cristina Kirchner deve ser reeleita neste domingo para um segundo mandato de quatro anos, com a maioria absoluta dos votos, diante de uma oposição enfraquecida numa Argentina com sérias debilidades institucionais.

As pesquisas indicam que a presidente terá entre 52% a 58% dos votos. Pela lei argentina, ganha no primeiro turno quem tiver mais de 45% dos votos ou mais de 40% e dez pontos percentuais de vantagem sobre o segundo colocado.

Nesta eleição, o segundo colocado, o candidato socialista Hermes Binner, tem 12% das preferências, enquanto Ricardo Alfonsín, filho e sósia do ex-presidente Raúl Alfonsín, da União Cívica Radical (UCR), nem chega a 10%.

O que está realmente em jogo é se o governo terá maioria no Congresso para emendar a Constituição. Sem adversários à altura, a oposição teme que Cristina seja mais autoritária.

Na Câmara, a expectativa é que a aliança governista eleja de 115 a 125 deputados, o que deixaria Cristina Kirchner perto da maioria absoluta de 129. Não seria difícil conquistar mais alguns aliados.

No Senado, a Frente pela Vitória, coalizão articulada pelo ex-presidente Néstor Kirchner, falecido no ano passado, deve ficar com 38 das 72 cadeiras.

Rebeldes líbios prometem eleições em oito meses

Em nome do Conselho Nacional de Transição da Líbia, o primeiro-ministro interino Mahmoud Jibril anunciou hoje a realização de eleições dentro de oito meses para escolher um Congresso Nacional para formar um governo provisório e redigir uma nova Constituição para o país.

Durante reunião do Fórum Econômico Mundial em Amã, na Jordânia, Jibril prometeu renunciar ao cargo imediatamente para que o CNT assuma o controle da Líbia.

As prioridades agora, disse ele, são desarmar a população, restaurar e segurança pública e promover a reconciliação nacional.

Neste domingo, os rebeldes devem proclamar oficialmente a "libertação" da Líbia depois de 42 anos de ditadura do coronel Muamar Kadafi. No sábado, milhares de pessoas foram ver o cadáver de Kadafi e do filho Mutassim numa sala refrigerada do mercado de Missurata.

Morre príncipe herdeiro da Arábia Saudita

O herdeiro do trono da Arábia Saudita, príncipe Sultan ben Abdul Aziz al Saud, meio-irmão do rei Abdala, morreu hoje aos 83 anos nos Estados Unidos, onde fazia tratamento de saúde suscitando dúvidas sobre a sucessão no reino. Ele era vice-primeiro-ministro, ministro da Defesa e da Aviação.

O mais cotado para ocupar a posição é o príncipe Nayaf, irmão de Sultan e ministro do Interior, considerado um conservador. Até hoje, os sultões sauditas foram filhos do fundador do país e do primeiro de todos, Abdul Aziz al Saud, informa a Agência France Presse.

Desde sua morte, em 1953, cinco filhos governaram o maior produtor mundial de petróleo, que trava um duelo com o Irã pela liderança na região do Golfo Pérsico, acirrada pelos conflitos entre sunitas e xiitas.

Talvez a principal revelação dos documentos sigilosos do Departamento de Estado americano vazados pela organização não governamental WikiLeaks tenha sido um apelo do sultão saudita para que os EUA atacassem o Irã para destruir seu programa nuclear.

A recente acusação do secretário da Justiça e procurador-geral dos EUA, Eric Holder, de que uma conspiração iraniana articulou a morte do embaixador saudita em Washington agravou ainda mais a crise entre os dois países.

Meses atrás, durante visita ao Brasil, o cientista político americano Parag Khanna, autor de O Segundo Mundo, afirmou que o maior risco para a estabilidade do Oriente Médio é uma guerra entre o Irã e a Arábia Saudita.

Como país onde ficam as cidades sagradas de Meca e Medina, a Arábia Saudita é o maior centro de peregrinação do islamismo e exporta sua versão ultrapuritana da religião, o wahabismo ou salafismo, principal fonte de inspiração da ideologia assassina da rede terrorista Al Caeda.

Ossama ben Laden era saudita. Seu problema com os americanos começou quando os EUA enviaram forças para a Arábia Saudita, em agosto de 1990, depois que o Iraque de Saddam Hussein invadiu o vizinho Kuwait. Ele ofereceu seus guerrilheiros árabes veteranos da guerra contra a União Soviética no Afeganistão para proteger o reino, mas o sultão preferiu confiar no então presidente George Bush, o pai.

A presença de tropas americanas, com mulheres comandando homens e dirigindo caminhões do Exército num país onde elas são proibidas de dirigir, irritou profundamente os fundamentalistas muçulmanos. Foi um grande instrumento de propaganda d'al Caeda.

Depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, quando 15 dos 19 suicidas eram sauditas, a tensão entre o reino e os EUA aumentou. Um dos objetivos de Ben Laden era romper uma aliança feita pelo presidente Franklin Roosevelt com o sultão Abdul Aziz num encontro histórico em fevereiro de 1945.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

TV Senado discute criação do Banco do Sul

O programa Diplomacia, a revista de política internacional da TV Senado, já está disponível na internet para cópia e visualização. Basta clicar em http://bitly.com/r8v7yk  . Neste fim de semana tem Diplomacia na TV Senado. Veja os destaques. Veja abaixo a sinopse do programa.


Sinopse do Diplomacia Edição nº83 – outubro 2011

A edição de outubro do Diplomacia, a revista de política internacional da TV Senado,  traz três reportagens especiais. Na economia, o destaque é o debate sobre a criação do Banco do Sul, que acaba de ser aprovado pelo parlamento argentino, mas que ainda nem chegou ao Congresso Nacional do Brasil. Autoridades econômicas, parlamentares e especialistas analisam a proposta desta nova instituição financeira, voltada para financiar o desenvolvimento da América do Sul.
O espaço Dossiê Diplomático revela os detalhes de o acordo militar entre o Brasil e a Namíbia. Mais de 600 homens da marinha da nação sul-africana já foram treinados no Brasil, e o país se prepara agora para assessorar na construção e operação da primeira base naval namibiana

A terceira reportagem vem de Redenção, no Ceará. O Diplomacia visitou a Unilab – a Universidade da Integração Luso-africana do Brasil que forma universitários dos países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP.

No Diplomacia Entrevista, o convidado é a alta-autoridade do Mercosul, o embaixador Samuel Pinheiro, ex-ministro do Planejamento Estratégico do governo Lula, que tem como missão agilizar as ações internas do bloco econômico.

No Arte & Diplomacia, o olhar fotográfico de Sérgio Guerra, sobre os Hereros, um povo nômade do sudoeste africano. E nas colunas culturais as análises do filme “Antes da Chuva”, do livro "O Rio – Uma viagem pela alma do Amazonas",e o som das Montanhas do Pamir, na Ásia Central

Serviço:
O programa Diplomacia, a revista de Política Internacional da TV Senado, vai ao ar neste final de semana.
Sábado, 22/10 às 2h30 e 22h30, e Domingo, 23/10, às 9h e às 17 h.

A TV Senado pode ser sintonizada em canal aberto (UHF) nas seguintes cidades:
·         36 UHF (Gama-DF)
·         40 UHF (João Pessoa-PB)
·         43 UHF (Fortaleza-CE)
·         49 UHF (Rio de Janeiro-Zona Oeste)
·         51 UHF (Brasília-DF)
·         52 UHF (Natal-RN)
·         53 UHF (Salvador-BA)
·         55 UHF (Recife-PE)
·         56 UHF (Cuiabá-MT)
·         57 UHF (Manaus-AM)
Também nos canais 07 (Net Brasília), 118 (Sky), 217 (Direct TV) e 17 (TECSAT), 121 (VIA-Embratel), 903 (OI-TV) ou na Internet pelo www.senado.gov.br/tv.