O líder revolucionário chinês Mao Tsé-tung apoiou o Vietnã desde sua guerra pela independência porque temia que uma intervenção dos Estados Unidos no Sudeste Asiático levasse a uma invasão americana ao Sul da China, afirmou hoje o historiador Mark Bradley, professor da Universidade de Chicago.
Em palestra no Centro de Relações Internacionais na Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro, o professor americano disse que a União Soviética dava um apoio meramente retórico à luta dos comunistas vietnamitas, liderados por Ho Chi Minh.
Com a rendição do Japão e o fim da Segunda Guerra Mundial na Ásia, em 2 de setembro de 1945, Ho declarou a independência do Vietnã, rejeitada pela França, a antiga potência colonial, interessada em retomar suas possessões tomadas pelos japoneses.
Mais impressionante, observou o historiador, "em apenas 18 meses, eles construíram um Estado: uma máquina militar, uma estrutura administrativo-burocrática e um sentimento nacional".
Durante a Guerra da Indochina (1946-54), a China apoiou a revolução vietnamita, mas a ajuda dos EUA à França foi 17 vezes maior. A Indochina incluía ainda o Laos e o Camboja, que Mao queria colocar sob influência chinesa, acrescentou Bradley.
Em uma visita que fez a Moscou no início de 1950, meses depois da vitória da revolução comunista na China, Mao pressionou Stalin a ajudar Ho.
A França perdeu a guerra, mas os EUA não aceitaram o domínio comunista. O acordo de paz previa a realização de eleições que nunca foram realizadas. Sob pressão americana, o Vietnã foi dividido entre o Norte comunista e o Sul capitalista.
Uma guerra civil levou à intervenção militar americana nos anos 60 e a uma das guerras mais traumáticas da História dos EUA, sua maior derrota até hoje, e com certeza também do Vietnã, onde morreram cerca de 2 milhões de pessoas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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