domingo, 23 de outubro de 2011

Oposição reconhece reeleição de Cristina Kirchner

A presidente Cristina Fernández de Kirchner, viúva do ex-presidente Néstor Kirchner, foi releeita hoje presidente da Argentina no primeiro turno, com mais de 50% dos votos para um segundo mandato de quatro anos. É a maior vitória desde a redemocratização do país, em 1983. Os candidatos oposicionistas Ricardo Alfonsín, Eduardo Duhalde e Elisa Carrió foram os primeiros a reconhecer sua vitória.

Em segundo lugar, ficou o governador socialista da província de Santa Fé, Hermes Binner, com 17% dos votos, seguido pelo deputado Ricardo Alfonsín, candidato da União Cívica Radical e filho do ex-presidente Raúl Alfonsín, com 13%.

"Queremos celebrar e felicitar os argentinos por mais uma jornada democrática, queremos cumprimentar todos os partidos políticos que participaram destas eleições, e em particular queremos saudar e curimentar a presidente Cristina Kirchner", declarou Alfonsín.

O ex-presidente Duhalde, um dissidente do peronismo, líder da Frente Popular, também se apressou a cumprimentar Cristina pela vitória da Frente para a Vitória, a coligação governista.

Como presidente interino depois do colapso da dolarização do presidente Carlos Menem (1989-99), em 2001, foi Duhalde que indicou Néstor Kirchner como candidato da esquerda peronista na eleição de 2003. Abriu caminho para o casal que dominou a política argentina na primeira década do século 21 e foi atropelado por ele já nas eleições intermediárias de 2005, quando Cristina foi eleita senadora por Buenos aires, preparando sua ascensão a Presidência.

A vitória do kirchnerismo deve ser atribuída ao forte crescimento econômico do país desde a crise de 2001 e às políticas sociais adotadas para combater as consequências daquele colapso econômico, um dos piores de qualquer país moderno até hoje.

O governo argentino é acusado de:
• aumentar os gastos públicos, gerando uma inflação escondida sob estatísticas manipuladas;
• sobretaxar as exportações e congelar tarifas, inibindo o investimento em setores importantes;
• discriminar os meios de comunicação independentes, usando a Receita Federal para pressioná-los e apoiando bloqueios de sindicalistas amigos que impediram a circulação de grandes jornais;
• estatizar as transmissões de futebol do Campeonato Argentino por motivos políticos; e
• adotar um protecionismo econômico que abala suas relações com os países vizinhos, inclusive o Brasil, para proteger indústria obsoletas e os empregos ferozmente defendidos pelos sindicatos peronistas, aliados de Cristina.

Mas ela vai fortalecida para o segundo mandato.

Com a vitória esmagadora, é improvável que Cristina mude este estilo personalista de fazer política característico da Argentina, em que o líder se confunde com o país e o pessoal se torna político. A composição do ministério deve dar os primeiros sinais do que a presidente pretende.

É certo que, na onda de uma economia em forte crescimento, Cristina deu a volta por cima depois de ser considerada desamparada e perdida com a morte do marido, há um ano.

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