sábado, 22 de outubro de 2011

Morre príncipe herdeiro da Arábia Saudita

O herdeiro do trono da Arábia Saudita, príncipe Sultan ben Abdul Aziz al Saud, meio-irmão do rei Abdala, morreu hoje aos 83 anos nos Estados Unidos, onde fazia tratamento de saúde suscitando dúvidas sobre a sucessão no reino. Ele era vice-primeiro-ministro, ministro da Defesa e da Aviação.

O mais cotado para ocupar a posição é o príncipe Nayaf, irmão de Sultan e ministro do Interior, considerado um conservador. Até hoje, os sultões sauditas foram filhos do fundador do país e do primeiro de todos, Abdul Aziz al Saud, informa a Agência France Presse.

Desde sua morte, em 1953, cinco filhos governaram o maior produtor mundial de petróleo, que trava um duelo com o Irã pela liderança na região do Golfo Pérsico, acirrada pelos conflitos entre sunitas e xiitas.

Talvez a principal revelação dos documentos sigilosos do Departamento de Estado americano vazados pela organização não governamental WikiLeaks tenha sido um apelo do sultão saudita para que os EUA atacassem o Irã para destruir seu programa nuclear.

A recente acusação do secretário da Justiça e procurador-geral dos EUA, Eric Holder, de que uma conspiração iraniana articulou a morte do embaixador saudita em Washington agravou ainda mais a crise entre os dois países.

Meses atrás, durante visita ao Brasil, o cientista político americano Parag Khanna, autor de O Segundo Mundo, afirmou que o maior risco para a estabilidade do Oriente Médio é uma guerra entre o Irã e a Arábia Saudita.

Como país onde ficam as cidades sagradas de Meca e Medina, a Arábia Saudita é o maior centro de peregrinação do islamismo e exporta sua versão ultrapuritana da religião, o wahabismo ou salafismo, principal fonte de inspiração da ideologia assassina da rede terrorista Al Caeda.

Ossama ben Laden era saudita. Seu problema com os americanos começou quando os EUA enviaram forças para a Arábia Saudita, em agosto de 1990, depois que o Iraque de Saddam Hussein invadiu o vizinho Kuwait. Ele ofereceu seus guerrilheiros árabes veteranos da guerra contra a União Soviética no Afeganistão para proteger o reino, mas o sultão preferiu confiar no então presidente George Bush, o pai.

A presença de tropas americanas, com mulheres comandando homens e dirigindo caminhões do Exército num país onde elas são proibidas de dirigir, irritou profundamente os fundamentalistas muçulmanos. Foi um grande instrumento de propaganda d'al Caeda.

Depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, quando 15 dos 19 suicidas eram sauditas, a tensão entre o reino e os EUA aumentou. Um dos objetivos de Ben Laden era romper uma aliança feita pelo presidente Franklin Roosevelt com o sultão Abdul Aziz num encontro histórico em fevereiro de 1945.

Nenhum comentário: