O presidente Donald Trump reagiu rapidamente ao bombardeio da cidade de Khan Cheikhun, na Síria, com armas químicas pela ditadura de Bachar Assad. Hoje à noite, dois contratorpedeiros dos Estados Unidos estacionados no Mar Mediterrâneo dispararam 59 mísseis de cruzeiro Tomahawk contra a base área de onde teria partido o ataque.
Trump aproveita para se mostrar um líder decidido no momento em que recebe no seu clube de golfe em Mar-a-Lago, na Flórida, o presidente da China, Xi Jinping. Também faz um contraste com o então presidente Barack Obama, que em 2012 ameaçou atacar, se Assad usasse armas químicas contra seu próprio povo.
As forças de Assad atacaram Guta, na periferia de Damasco, com armas químicas em 21 de agosto de 2013, matando mais de 1,4 mil pessoas, e Obama não reagiu. Trump aproveita para mostrar que com ele será diferente.
Ao escolher mísseis de cruzeiro e não seguir o ataque com aviões de guerra, os EUA evitaram pôr em risco pilotos americanos, que poderiam ser abatidos pelas baterias antiaéreas de última geração fornecidas à Síria pela Rússia, que controla o espaço aéreo sírio.
O Tomahawk, nome de uma machadinha usada como arma pelos índios norte-americanos, é um míssil de cruzeiro subsônico de longo alcance e baixa altitude. Voa a 880 quilômetros por hora, um pouco menos do que os grandes aviões de carreira. Pode levar carga nuclear de até 280 quilotons (toneladas de dinamite) ou 450 kg de explosivos convencionais. Cada míssil custa US$ 1,6 milhão.
Com a intervenção militar russa de 30 de setembro de 2015, os EUA não poderiam fazer uma campanha aérea contra Assad nem impor uma zona de proibição de voo, uma antiga aspiração da Turquia. Os mísseis de cruzeiro foram uma opção para dar um recado limitado militarmente, mas de grande alcance diplomático.
A Síria e seus aliados Rússia e Irã, e também a China e a Coreia do Norte sabem que há um novo presidente na Casa Branca disposto a usar a força. E Trump se fortalece internamente. Sua popularidade, em torno de 35%, era a mais baixa de um presidente americano no início do mandato.
Sob Obama, os EUA relutaram em se envolver diretamente na guerra civil da Síria, um conflito envolvendo múltiplos grupos rebeldes, quase todos hoje dominados por extremistas muçulmanos. Não bombardearam Assad, mas defendiam o afastamento do presidente sírio em qualquer acordo de paz.
O governo Trump começou declarando que a prioridade no Oriente Médio era acabar com a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante. "O futuro de Assad será decidido pelos sírios", declarou dias atrás do secretário de Estado, Rex Tillerson.
Depois das imagens de bebês chorando e se contorcendo em convulsões, Trump declarou ontem, ao lado do Rei da Jordânia, nos jardins da Casa Branca, que mudou de posição sobre Assad. A resposta veio em seguida.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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