O grande herói do jihadismo, Ossama ben Laden, declarou certa vez: "Não atacamos a Suécia", sugerindo que seus alvos eram países imperialistas que interferem nos países muçulmanos. Na era do Estado Islâmico, isto mudou.
Um homem sequestrou hoje um caminhão e jogou-o contra uma loja de departamentos e pessoas que faziam compras no centro de Estocolmo, a capital da Suécia. Pelo menos quatro pessoas morreram. O governo descreveu a ação como "um ataque terrorista".
"A Suécia está sob ataque", declarou o primeiro-ministro Stefan Löfven. O terrorista continua solto.
O método foi semelhante ao dos atentados contra a festa de aniversário da Revolução Francesa na cidade de Nice, em 14 de julho de 2016, quando morreram 86 pessoas; uma feira de Natal em Berlim, na Alemanha, em 20 de dezembro passado, matando 12 pessoas; e à area do Parlamento Britânico, em Londres, em 22 de março de 2017, com cinco mortes.
A organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante reivindicou a responsabilidade pelos atentados. Em 22 de setembro de 2014, quando a aliança militar liderada pelos Estados Unidos começou a bombardear o grupo, Abu Muhammed al-Adnani, considerado ministro da Propaganda e chefe de operações externas do Estado Islâmico, conclamou os jihadistas a atacar cidadãos ocidentais de todas as formas possíveis.
"Se você puder matar um infiel americano ou europeu - especialmente os maldosos e nojentos franceses -, ou um australiano ou canadense, ou qualquer outro infiel de países infiéis que estão em guerra, inclusive os cidadãos dos países que entraram numa coalizão contra o Estado Islâmico, então confie em Alá e mate-o de qualquer maneira ou método, qualquer que seja. Esmague sua cabeça com o pedra, o abata com uma faca ou o atropele com seu carro, ou o jogue de um lugar alto, ou o sufoque ou o envene", pregou Al-Adnani, morto por um bombardeio americano em 30 de agosto do ano passado na província de Alepo, na Síria.
Hoje o alvo foi a capital da Suécia, um país neutro há dois séculos. "Uma das cidades mais vibrantes e coloridas da Europa aparece ter sido atacada por aqueles que querem atingir nosso estilo de vida", reagiu o presidente da Comissão Europeia, o ex-primeiro-ministro luxemburguês Jean-Claude Juncker.
A ação de hoje ocorreu perto do local do centro de Estocolmo onde Taimur Abdulwahab, um cidadão sueco de origem árabe, se suicidou num atentado suicida em dezembro de 2010. O homem-bomba morreu e outras duas pessoas saíram feridas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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2 comentários:
Lembro-me que os serviços de inteligência americanos advertiam sobre o uso de caminhões para comemorar o 11 de setembro. E agora a moda é matar com caminhões, premonição?
Como caminhão não é propriamente uma arma, fica mais fácil para o terrorista, que não precisa de outras armas e explosivos. Não há como proibir a entrada de caminhões nas grandes cidades.
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