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quarta-feira, 17 de junho de 2020

Brasil se aproxima de um milhão de casos da covid-19

Com mais 31.745 casos novos em 24 horas, o Brasil passa de 960 mil casos confirmados da pandemia do novo coronavírus. Deve chegar a um milhão na sexta-feira. Mais mil 209 mortes foram registradas num dia, elevando o total de óbitos para 46.665. Há 8.318 pessoas em estado grave. Mais de 503 mil se recuperaram.

No mundo inteiro, são mais de 8,408 milhões de casos, mais de 451 mil mortes e quase 4,415 milhão de pacientes curados. Dos casos encerrados, 9% terminaram em morte. Os Estados Unidos têm mais casos (2.234.471), e mais mortes, quase 120 mil.

As Nações Unidas e a Organização Mundial da Saúde atribuem a pandemia à destruição da natureza, que leva o homem a pegar doenças de animais silvestres.

O Japão começa a examinar a rede de esgotos como possível fonte de contaminação pela covid-19.

Duas mulheres contaminadas que não respeitaram a quarentena de duas semanas ao chegar à Nova Zelândia vindo do Reino Unido tiveram contato com 320 pessoas. A primeira-ministra Jacinda Ardern convocou o Exército para fiscalizar a quarentena.

O Brasil teve uma queda recorde de 12% no setor de serviços em abril. Desde fevereiro, 18,7% de baixa. Meu comentário:

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Trump ameaça cortar ajuda a Guatemala, Honduras e El Salvador

O presidente Donald Trump ameaçou hoje cortar ou suspender boa parte da ajuda dos Estados Unidos a Guatemala, Honduras e El Salvador, se esses países da América Central não contiverem a onda migratória. Uma caravana de cerca de 5 mil pessoas entrou no México no fim de semana e segue a pé por terra rumo à fronteira americana.

Impotentes diante da situação de violência, as máfias do tráfico de drogas e a miséria de seus países, estas repúblicas centro-americanas enfrentarão sérias crises internas tanto pela falta do dinheiro como pela forte reação negativa interna.

Trump quer fazer de sua política anti-imigração um dos temas centrais da campanha para as eleições intermediárias de 6 de novembro, quando o Partido Democrata pode retomar o controle da Câmara dos Representantes, o que prejudicaria sensivelmente seus planos de governo.

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Protesto contra Ortega termina com 16 mortes na Nicarágua

A polícia e unidades paramilitares ligadas à Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) atiraram contra uma manifestação de dezenas de milhares de pessoas ontem em Manágua, a capital da Nicarágua. Pelo menos 16 pessoas morreram e 79 saíram feridas, informou o jornal El Nuevo Diario.

A repressão violenta à marcha em homenagem às mães das mortos nos protestos de abril deve ampliar o movimento. Se o presidente Daniel Ortega cair, as oposições de outros países em crise da América Central, Guatemala e Honduras, devem fazer novas manifestações contra seus governos.

Em abril, Ortega propôs cortes de pensões e aumento nas contribuições previdenciárias, deflagrando uma onda de protestos, levando o presidente a recuar e voltar atrás em 23 de abril, depois de 53 mortes atribuídas principalmente às forças de segurança e a paramilitares ligados ao regime.

A Igreja Católica organiza os protestos contra a violência do governo e o Exército relutava em continuar atacando a multidão revoltada. Diante do uso de força mortal pelo governo, os bispos nicaraguenses se negam a retomar o diálogo.

Por causa do aumento nos preços do petróleo, há 20 dias, motoristas de táxi, ônibus e caminhões aderiram ao movimento. Depois de duas semanas de relativa calma, os protestos voltaram com força em 11 de maio nas principais cidades nicaraguenses: Manágua, León, Granada, Chinandega e Masaya.

No dia 12, o Exército pediu diálogo e declarou que não participaria mais da repressão contra os manifestantes. O Conselho Superior da Iniciativa Privada, que representa a elite empresarial, inclusive muitos aliados de Ortega, também defendeu o diálogo.

A dúvida é se Ortega resiste até a eleição presidencial de 2021, quando poderia voltar a ser candidato com base numa reforma que acabou com a limitação dos mandatos.

Um dos nove comandantes da FSLN, que tomou o poder em 17 de julho de 1979, Daniel Ortega governou a Nicarágua até ser derrotado por Violeta Chamorro na eleição presidencial de 1990. Voltou em 2007, em aliança com a oligarquia somozista que um dia combatera e desde então tenta se eternizar no poder.

Em Honduras, houve uma onda de protestos depois da contestada reeleição do presidente Juan Orlando Hernández, em novembro de 2017. A situação se acalmou com a divisão interna da oposição com a disputa pela liderança entre o ex-presidente José Manuel Zelaya e o candidato presidencial no ano passado, Salvador Nasralla. O Exército sustenta o governo conservador.

Na Guatemala, uma onda de manifestações contra a corrupção levou à queda do presidente Otto Pérez Molina, em 2015. O atual presidente, Jimmy Morales, um ex-humorista que chegou ao poder fazendo campanha contra os políticos e partidos tradicionais, também é alvo de investigações da Comissão contra a Impunidade, um órgão criado pelas Nações Unidas que as elites polícias e empresarias guatemaltecas querem desautorizar, na contramão da opinião pública.

Se Ortega cair, talvez o furacão da mudança varra também os governos do norte e nordeste da América Central.

domingo, 21 de janeiro de 2018

Protesto contra suposta fraude eleitoral tem uma morte em Honduras

Pelo menos uma pessoa morreu, um idoso, e várias outras saíram feridas de manifestações violentas na província de Colón, em Honduras, contra a reeleição supostamente fraudulenta do presidente Juan Orlando Hernández, do conservador Partido Nacional.

Anselo Villareal foi baleado por um tiro disparado pelas forças de segurança durante confronto com manifestantes numa estrada perto de Saba.

Os protestos foram convocados na semana passada pela Aliança de Oposição. Seu candidato à Presidência, Salvador Nasralla, declarou-se vencedor da eleição de 26 de novembro de 2017 e acusa o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de colaborar com a "fraude".

Na maioria das manifestações, as forças de segurança usaram gás lacrimogênio para dispersar a multidão.

A Constituição de Honduras não prevê a reeleição. Em 2009, o então presidente José Manuel Zelaya foi derrubado num golpe militar quando tentava obrigar o Exército a realizar um plebiscito sobre a reeleição sem a aprovação do Congresso e da Corte Suprema.

O atual presidente apelou a uma legislação internacional para alegar que tinha o direito de concorrer à reeleição, atropelando a lei hondurenha. Hernández toma posse para um segundo mandato em 27 de janeiro.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Honduras é pais mais violento do mundo fora de zonas de guerra

A República de Honduras é um pequeno país da América Central com 112,5 mil quilômetros quadrados e 8,6 milhões de habitantes (estimativa de 2013), assolado pela guerra contra as drogas do governo do México, que levou as máfias que traficam drogas para os Estados Unidos a se mudarem para o Sul.

San Pedro Sula, a capital econômica de Honduras, é hoje a cidade mais violentas do mundo, com 169 mortes para cada 100 mil habitantes. Ali perto ficam as magníficas ruínas maias de Copán, uma das grandes atrações turísticas do país, ao lado das praias e ilhas lindas no Mar do Caribe.

O país é cercado pelo Mar do Caribe, ao norte; a Nicarágua, ao sul, onde há uma saída para o Oceano Pacífico, o Golfo de Fonseca; e El Salvador e a Guatemala, a oeste.

Com a natureza exuberante, é um país de grande biodiversidade. Tem mais de 6 mil espécies de plantas vasculares, sendo 630 orquídeas, mais de 700 espécies de pássaros, cerca de 250 de répteis e 110 de mamíferos.

Seu ponto mais alto é o Cerro das Minas, com 2.870 metros.

POPULAÇÃO
A maioria da população de 8,6 milhões de habitantes é de mestiços (90%), seguidos de índios (7%), negros (2%) e brancos (1%). Cerca de 56% têm menos de 25 anos.

Em 2011, 52,2% dos hondurenhos moravam em cidades. A capital, Tegucigalpa, tinha 1,09 milhão de habitantes em 2011.

Mais da metade da população vive na pobreza. Cada mulher tem, em média, 2,86 filhos.

SAÚDE
A mortalidade infantil é de 18,72 mortes para cada mil nascimentos, e a mortalidade materna de 100 mortes para cada 100 mil partos.

A expectativa de vida é de 71 anos; 0,5% têm o vírus HIV, que causa aids. A diarreia bacteriana, a hepatite A e o tifo são endêmicos.

18,4% dos hondurenhos são obesos. Mais de 85% são alfabetizados.

ECONOMIA
Depois de crescer antes da crise em média 7% ao ano, um dos ritmos mais fortes da América Latina, sem salvar os 60% da população que vivem abaixo da linha de pobreza, a economia de Honduras se desacelerou. Cresceu 3,8% em 2011, 3,9% em 2012 e 2,8% em 2013, quando o PIB chegou a US$ 18,8 bilhões.

Os serviços respondem por 57,8% do PIB, a indústria por 28,2% e a agricultura por 14%. Historicamente dependente das exportações de banana e café, Honduras hoje tem fábricas de tecidos e de autopeças.

A renda média por habitante é de US$ 4,8 mil por ano. No ano passado, a taxa de poupança ficou em 17,7%, insuficiente para fazer os investimentos necessários para romper a barreira do subdesenvolvimento.

Cerca de 1,2 milhão de trabalhadores ou 27,9% da população ativa estão desempregados.

A má distribuição da riqueza e o subemprego elevado prejudicam o mercado externo.

Metade da economia está diretamente ligada aos EUA. As exportações para o mercado americano representam 30% do PIB, e as remessas de dinheiro de imigrantes hondurenhos nos EUA para suas famílias em Honduras outros 20%.

O Acordo de Livre Comércio da América Central (Cafta), que entrou em vigor em 2006 aumentou o investimento externo direto, 70% vindos dos EUA. Mas a insegurança física e política, a criminalidade e a corrupção inibem maiores inversões.

Um acordo com o Fundo Monetário Internacional foi suspenso em março de 2012 por causa do desequilíbrio da balança comercial e do déficit público elevado. A dívida pública está em 41% do PIB. A inflação de 2013 ficou em 5,2%.

COMÉRCIO EXTERIOR
As exportações somaram US$ 7,881 bilhões em 2013, com destaque para tecidos, café, camarões, fiação elétrica para automóveis, charutos, bananas, ouro, óleo de palma, frutas e lagostas.

Os maiores compradores de produtos hondurenhos foram os EUA (34,5%), a Alemanha (11%), a Bélgica (6,8%), El Salvador (6,6%), a Guatemala (4,9%) e a Nicarágua (6,4%).

As importações totalizaram US$ 11,34 bilhões em 2013, com destaque para máquinas, equipamentos de transporte, matérias-primas industriais, produtos químicos, combustíveis e alimentos.

Os principais vendores para Honduras foram os EUA (44,3%), Guatemala (8,5%), El Salvador (5,7%), México (5,6%), China (4,7%) e Costa Rica (4,1%).

ENERGIA
Os combustíveis fósseis são responsáveis por 63,7% da geração de energia elétrica, e as hidrelétricas por 31%.

TELECOMUNICAÇÕES
Em 2012, Honduras tinha 610 mil telefones fixos e 7,37 milhões de celulares ativos.

Os usuários de Internet eram 731 mil em 2009.

TRANSPORTE
Honduras tem 103 aeroportos, sendo 13 com pistas pavimentadas.

O país tem apenas 44 km de ferrovias e 14.742 km de rodovias, sendo 3.367 km pavimentados.

A Marinha Mercante tem 88 navios.

GOVERNO
Honduras é uma república com democracia representativa multipartidária. O voto é obrigatório a partir dos 18 anos.

O Congresso Nacional, unicameral, tem 128 deputados eleitos para mandatos de quatro anos que coincidem com o do presidente.

Desde 27 de janeiro de 2014, o presidente é Juan Orlando Hernández Alvarado.

A Corte Suprema de Justiça tem 15 juízes principais e 7 adjuntos. Os ministros da Corte Suprema são escolhidos pelo Congresso a partir de lista preparada por um Comitê de Nomeação

SUBDESENVOLVIMENTO
Como mostraram o golpe de 28 de junho de 2009 e o asilo do presidente deposto José Manuel Zelaya na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, Honduras é a clássica república de bananas, um país pequeno e pobre, disputando com Jamaica, Guiana e Nicarágua pra ver quem é mais miserável depois do Haiti.

Com montanhas e vales escarpados, o país enfrenta problemas de integração física e tem duas cidades importantes. A capital fica perto da costa do Pacífico e San Pedro Sula no Norte, mais perto do Caribe, onde se desenvolveu a cultura da banana.

PRÉ-HISTÓRIA
Os maias, uma das três grandes civilizações precolombianas, ao lado dos astecas e dos incas, tinham em Honduras a fronteira sul de seu território.

DESCOBRIMENTO
Cristóvão Colombo foi o primeiro europeu a visitar as Ilhas da Baía. O descobridor da América chegou à Ilha de Pinos e desembarcou onde hoje fica a cidade de Trujillo em 1502, na sua quarta e última viagem à América.

No século 16, a Espanha colonizou a América Central, introduzindo o castelhano e a religião católica.

INDEPENDÊNCIA
Honduras festeja três independências. Em 15 de setembro de 1821, a data nacional, proclamou independência da Espanha e passou a fazer parte das Províncias Unidas da América Central.

Em 1º de julho de 1823, Honduras separou-se do Primeiro Império Mexicano. Em 5 de novembro de 1838.

A partir de 1870, consolidada a independência política, a Guatemala, a Costa Rica e a Nicarágua investem na produção de café. Era difícil para Honduras por causa dos problemas de transportes decorrentes do relevo acidentado.

Comayagua foi capital até 1880, quando a sede do governo foi transferida para Tegucigalpa.

MINERAÇÃO
O governo hondurenho apostou na mineração (ouro e prata). Só um país da América Latina se desenvolveu com a mineração, o Chile, como ensinaram Celso Furtado e Fernando Henrique Cardoso, taxando e usando a arrecadação de impostos para desenvolver outros setores da economia.

Mas Honduras estava fora do mercado internacional nos 1870s. A falência de um projeto de construção de uma ferrovia interoceânica terminara em escândalo financeiro e uma dívida de 30 milhões de libras esterlinas, uma das maiores dívidas per capita do mundo na época.

Então a NY & Honduras Rosario Mining Co. tomou conta do negócio até o fim do século.

BANANAS
A partir de 1898, chegaram as companhias bananeiras, primeiro a Standard Fruit, depois a Cuyamel Fruit, em 1911, e a United Fruit, em 1912. Essas três empresas foram responsáveis por uma expansão econômica que levou Honduras a se tornar o maior exportador mundial de bananas, em 1928, um ano antes da Grande Depressão.

Nas primeiras décadas do século passado, os candidatos presidenciais eram apoiados por companhias bananeiras diferentes, que assim dominavam a política e a economia do país, peitando até o Departamento de Estado.

Não houve industrialização do país, a não ser algumas tentativas de diversificar a produção das companhias bananeiras.

Em 1923, no período de crescimento, uma eleição presidencial com três candidatos fortes provocou uma guerra civil com intervenção americana em março de 1924 (época em que os EUA ocupavam o Haiti).

PARTIDOS
Os fuzileiros navais foram embora depois da assinatura do Pacto de Amapala, em maio de 1924. Desde aquela época, os partidos Liberal, fundado no século 19, e Nacional, fundado em 1923, dominam a política hondurenha.

Na verdade, esses são partidos da elite. Ao aderir à ALBA (Alternativa Bolivarista para a América), Zelaya deu uma guinada à esquerda para a qual não tinha apoio político nem institucional. Teve criar um partido e movimento para ocupar a esquerda do espectro político hondurenho.

Se o golpe serviu para algo, foi para institucionalizar essa força política de esquerda.

Durante a Grande Depressão, Honduras foi um dos poucos países latino-americanos que não caloteou sua dívida externa. Desde 1929, restavam duas grandes empresas bananeiras: a United Fruit e a Standard Fruit.

As bananas eram 90% das exportações e um terço do PIB de Honduras. Como em toda monocultura, as flutuações no preço da banana embalavam ou freavam a economia hondurenha.

Em 1932, quando a Depressão chegou a Honduras, as empresas tentaram reduzir salários e enfrentaram uma greve informal. Os sindicatos eram proibidos em Honduras até meados dos anos 50.

O período democrático foi curto: 1924-32.

CARIATO
Em 1933, em plena crise e em meio a uma revolta de líderes da oposição liberal, assume Tiburcio Carías, que usa o estado de sítio para mandar os inimigos para o exílio, reduzir os poderes do Congresso e dos governos municipais.

Um ano antes das eleições de 1936, o Congresso se transformou em Assembleia Constituinte e prorrogou o mandato de Carías até 1942. Em 1939, o Congresso prorrogou o mandato de Carías até 1848.

O Cariato rompeu a tradição hondurenha de governos fracos, guerras civis e rápida troca de presidentes. Isso foi conseguido às custas da incipiente democracia que houve no país entre 1924 e 1932.

Carías criou o Ministério da Guerra, introduziu o serviço militar obrigatório em 1935 e começou a mandar oficiais para treinamento nos EUA (ou na Escola das Américas, que funcionava no Canal do Panamá).

Quando os EUA entraram na Segunda Guerra Mundial, Honduras foi junto (e o Brasil também).

O Cariato foi o mais longo período de estabilidade política da História de Honduras, mas não reverteu o declínio econômico do país.

POBREZA
Em 1933, o país tinha a segunda maior renda per capita da América Central, atrás apenas da Costa Rica. Em 1942, era o país mais pobre de todo o continente americano, atrás apenas do Haiti, que é uma ilha. Em 1943, a renda per capita era 36% do pico de 1930.

Em 1943, um relatório feito por uma missão americana apontou como problemas a debilidade do setor bancário, o descaso com a agricultura, o alto custo do crédito e a anarquia na emissão de moeda, já que Honduras não tinha banco central.

Durante a guerra, as companhias bananeiras chegaram a plantar borracha para ajudar no esforço de guerra.

Com a queda nas exportações de banana por causa da Depressão, Honduras diversificou a produção incluindo madeira, algodão e açúcar na pauta da exportações.

A guerra trouxe como bônus a Rodovia Pan-Americana e o Acordo Pan-Americano do Café. No final do Cariato, a produção de café tinha dobrado.

Carías indicou o successor em 1948, Juan Manuel Gálvez (1949-55), mas foi derrotado quando se candidatou em 1954 e não apelou para a guerra civil.

GUERRA FRIA
No mesmo ano, a United Fruit e a CIA patrocinavam o primeiro golpe de Estado da Guerra Fria na América Latina, na Guatemala, conta o presidente Jacobo Árbenz.

Ex-advogado da United Fruit e ex-ministro da Guerra de Carías, Gálvez não parecia um reformista. Mas introduziu o imposto de renda, obrigando as bananeiras a pagar 15% do lucro, criou um banco de desenvolvimento e um banco central, em 1950, e lançou as bases de mais um período considerado democrático, que vai até 1963, quando os militares tomam o poder.

Gálvez acabou com a repressão da ditadura de Carías. Os presos políticos foram soltos e o Partido Liberal pode agir livremente, mas pequenos grupos marxistas foram perseguidos e banidos. O governo de Honduras apoiou o golpe contra Árbenz na Guetamala.

Nesta época, também houve grande construção de estradas de ferro e de rodagem, que finalmente integraram o país.

Em 1954, as bananas representavam 50% das exportações hondurenhas.

GREVE
O governo reagiu com dureza a uma greve no setor bananeiro no momento em que o exército golpista de Carlos Castillo Armas esperava o sinal para invadir a Guatemala. Prendeu toda a comissão de greve.

Sob pressão da central sindical americana AFL-CIO, as bananeiras acabaram negociando aumentos de 10% a 15%. Nos próximos cinco anos, demitiram metade dos trabalhadores hondurenhos por problemas na produção e a concorrência do Equador, um dos grandes exportadores mundiais.

ACORDO MILITAR
Também em 1954, os EUA assinaram um acordo militar com Honduras que vigora até hoje. Os americanos ocupam a base militar de Palmerola, centro de operações na luta contra o governo sandinista na Nicarágua e a guerrilha salvadorenha.

Com o resultado das eleições indefinido entre três candidatos, Julio Lozano, que substituíra Gálvez por motivo de doença, declarou a si mesmo presidente em exercício.

VOTO FEMININO
Para evitar mais uma guerra civil, os partidos acabaram concordando. Em troca, em 1955, as mulheres ganharam direito a voto e foi introduzida a Carta Fundamental dos Direitos Trabalhistas, cobrindo todos os aspectos legais, do salário mínimo à negociação coletiva.

Diante da debilidade do regime, na Constituição de 1957, os militares conquistaram o direito de intervir em futures crises constitucionais. Isso ajuda a entender por que eles detonaram Zelaya sem explicações.

As eleições de 1957 deram ampla vitória aos liberais na Constituinte. Três anos depois de ser o mais votado mas não levar, o Dr. Ramón Villeda Morales (1957-63) assumiu a presidência.

CAUDILHISMO
Villeda se apresentava como um social-democrata. Não fugiu ao personalismo caudilhista que marca até hoje a política hondurenha.

Como hoje, na era de Zelaya e Roberto Micheletti, o presidente do Congresso que virou presidente interino depois do golpe de 2009, o Partido Liberal era um amálgama de diferentes caciques.

A obsessão anticomunista acirrada pela Revolução Cubana criou um clima reacionário e um tratamento completamente diferente do dispensado às ditaduras na Nicarágua, em El Salvador e na Guatemala.

REFORMA AGRÁRIA
A indústria da banana nunca se recuperou. O desemprego no campo provocou agitação social, com a formação da Federação Nacional dos Camponeses Hondurenhos para lutar pela reforma agrária.

A reforma agrária nunca foi radical e contou com a oposição das múltis bananeiras. Villeda temia o inimigo externo, o comunismo, mas foi derrubado pelos militares. Desde 1959, houve uma série de revoltas da Guarda Civil, que entrou em choque com as Forças Armadas.

GOLPES MILITARES
Dez dias antes das eleições de 1963, em que os liberais lançaram o anti-imperalislta Modesto Rodas Alvarado, os militares, liderados pelo coronel brigadeiro Osvaldo López Arellano, derrubaram Villeda, iniciando uma sucessão de governos militares que iria até 1982, quando foi aprovada a atual Constituição, que Zelaya queria reformar para permitir a reeleição do presidente

O então presidente dos Estados Unidos, John Kennedy, não reconheceu o governo golpista, mas seu vice e sucessor, Lyndon Johnson, gostou do anticomunismo da ditadura numa região crítica da Guerra Fria (morreu muito mais gente na América Central, na Guatemala, na Nicarágua e em El Salvador, do que na América do Sul). LBJ reforçou a aliança militar com Honduras.

GUERRA DO FUTEBOL
As ditaduras militares centro-americanas fizeram pactos anticomunistas abençoados por Washington, o que não impediu a chamada Guerra do Futebol, em 1969, provocada por uma confusão de uma eliminatória da Copa de 1970, vencida por El Salvador por 3-2.

Na verdade, havia uma série de problemas de imigração de salvadorenhos pobres que iam tentar a vida em Honduras, que tem uma densidade populacional menor mas não tinha condições econômicas de absorver migrantes. Problemas de fronteira e acesso a terra causaram o conflito.

Quando Honduras decidiu expulsar os salvadorenhos, o Exército de El Salvador invadiu, em 14 de julho de 1969.

A guerra não deu glória a nenhum dos lados, e a OEA se apressou em evitar um vexame maior do Exército de Honduras, negociando um cessar-fogo que entrou em vigor em 20 de julho de 1969. Em agosto, as tropas salvadorenhas se retiraram.

Em 1992, a Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas, com sede em Haia, na Holanda, delimitou a fronteira entre os dois países. O acordo final foi aprovado em 2006 com intermediação da Organização dos Estados Americanos (OEA).

BASE DOS EUA
Durante os anos 70 e 80, especialmente depois da vitória da Revolução Sandinista na Nicarágua, Honduras se tornou o porta-aviões dos EUA.

Foi a base onde foram armados e treinados os contrarrevolucionários que lutaram contra o sandinismo.

Foi também o centro de apoio às Forças Armadas de El Salvador na luta contra a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional e da Guatemala contra a União Revolucionária Nacional Guatemalteca. Em 1980, quando começa a guerra civil salvadorenha, sob pressão dos EUA, foi assinado um acordo de paz com El Salvador para permitir ações conjuntas contra guerrilheiros.

A transição do início dos anos 80 foi negociada com os militares. Em 1981, Roberto Suazo Córdova, da ala rodista (anti-imperialista) do Partido Liberal, foi eleito presidente.

Depois disso, o general Gustavo Álvarez Martínez, expoente da ditadura e um dos favoritos de Ronald Reagan, foi nomeado comandante das Forças Armadas. Em 1984, foi afastado por querer provocar uma guerra contra a Nicarágua.

No fim do governo Reagan, com o escândalo Irã-Contras, diminuiu a pressão americana para que Honduras fosse a principal base dos contras.

GRUPO DO RIO
Em 1989, tardiamente, Honduras aderiu aos grupos de Contadora e Apoio a Contadora, que evoluíram para o Grupo do Rio, na busca de soluções negociadas para a paz na América Central. Seu governo pediu a desmobilização dos contras.

A Guerra Fria chegava ao fim. Uma série de acordos de paz foi negociada a partir da aproximação Reagan-Gorbachev, levando a paz à América Central, ao Vietnã, ao Camboja, ao Sul da África e tantas outras regiões do mundo onde conflitos locais haviam sido enquadrados e exacerbados pela lógica da Guerra Fria.

CRISE ECONÔMICA
O governo civil, a partir de 1982, coincidiu com uma recessão mundial causada pelo segundo choque do petróleo, depois da Revolução Iraniana de 1979, com queda nos preços dos produtos primários e aumento dos juros para enfrentar a inflação nos países ricos.

Com a crise da dívida externa na América Latina, Honduras recorreu ao FMI.

ATRASO
As leis sociais e trabalhistas, a reforma agrária e o esforço pelo equilíbrio das contas públicas ajudaram a evitar guerras civis trágicas como nos países vizinhos.

São frutos de um reformismo pela metade, marca do poder de uma oligarquia no passado não conseguia enfrentar as transnacionais bananeiras e até hoje, duas décadas depois do fim da Guerra Fria, ainda não conseguiu acabar com a influência dos militares na política.

Essa hipertrofia dos militares hondurenhos, supertreinados e armados como última barreira contra o comunismo se Guatemala e El Salvador caíssem, é mais um dos detritos da Guerra Fria.

CHAVISMO
O presidente José Manuel Zelaya foi eleito em 2005 pelo Partido Liberal. Fazendeiro, era mais um representante da oligarquia hondurenha. Por falta de recursos, associou-se ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para se beneficiar do petróleo venezuelano subsidiado da PetroCaribe.

Dentro da linha política do chavismo, Zelaya tentou reformar a Constituição de Honduras para permitir a reeleição do presidente. Alegava que havia reeleição para prefeitos, vereadores, governadores e deputados.

PLEBISCITO
Sem apoio no Legislativo nem no Judiciário para realizar um plebiscito sobre a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, o presidente anunciou a realização da consulta popular em 23 de março de 2009, marcando-a para 28 de junho, e tentou obrigar as Forças Armadas a distribuir urnas e cédulas de votação pelo país, e a patrulhar o pleito.

Quando Zelaya demitiu o comandante-em-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Romero Orlando Vázquez Velásquez, ele resistiu, teve o apoio de outros comandantes, do Congresso Nacional e da Corte Suprema.

GOLPE
Na madrugada de 28 de junho de 2009, soldados e policiais prenderam o presidente na sua residência e o colocaram num avião com destino à Costa Rica, o que caracteriza um golpe de Estado. Assumiu o cargo interinamente o presidente do Congresso, Roberto Micheletti.

Alguns analistas alegam que não houve golpe porque Zelaya tentou forçar a realização de um plebiscito para mudar uma cláusula pétrea (imutável) da Constituição de Honduras que proíbe a reeleição do presidente. Mas a Constituição não prevê um processo de impeachment. Não há um processo legal para substituir o presidente.

REFÚGIO
Depois de uma tentativa frustrada por via aérea, Zelaya voltou a Honduras em 21 de setembro. Pretendia se refugiar na Embaixada da Venezuela, que estava cercada por causa de suas ligações com Chávez. Acabou indo para a representação brasileira, de onde liderou uma campanha para voltar ao poder.

A maioria dos países da América Latina rejeitou o golpe e exigiu a volta ao poder do presidente deposto. O Acordo de São José da Costa Rica, negociado no âmbito da Organização dos Estados Americanos (OEA), não teve o apoio do Congresso e do Judiciário hondurenhos, o que o liquidou.

Se os EUA quisessem, com o poder econômico e militar que têm sobre Honduras, poderiam ter encurralado o governo golpista, mas o presidente Barack Obama preferiu não comprar mais uma briga com a oposição republicana, que acusava Zelaya de ser mais um fantoche de Chávez.
Na eleição de novembro de 2009, foi eleito presidente o conservador Porfirio Lobo (2010-14), que tinha perdido a eleição para Zelaya por pequena margem em 2005.

Lobo, nunca reconhecido pela União Europeia nem pelo resto da América Latina por causa do golpe contra Zelaya, fez um pacto de governabilidade com outros candidatos antes da eleição, prometendo um plano de investimentos sociais de uma década. Foi uma tentativa de neutralizar o discurso esquerdista de Zelaya e conquistar legitimidade perante o resto do mundo. Não deu certo.

XIOMARA
Numa tentativa de voltar ao poder, o presidente deposto lançou a candidatura da mulher, Xiomara Castro de Zelaya. 

Xiomara conquistou 986.498 votos. Ficou em segundo lugar na eleição presidencial de 24 de novembro de 2013, vencida pelo conservador Juan Orlando Hernández, do Partido Nacional, com 1.149.301 votos, 36% do total.

CRIMINALIDADE
Hoje um dos maiores problemas de Honduras é a atuação no país de máfias de traficantes que fugiram da guerra do governo do México contra as drogas e se estabeleceram na América Central.

O país tem o índice de homicídios mais alto do mundo, apesar de uma pequena queda de 2012, quando foram assassinadas 20 pessoas por dia, para 2013, quando foram 19 por dia. A taxa baixou de 85,5 para 79 homicídios para cada 100 mil habitantes, informa a agência Reuters.

Honduras é também uma fonte e país de trânsito para o tráfico de escravos e de mulheres para prostituição. Várias mulheres locais e de outros países são exploradas sexualmente em centros urbanos e locais turísticos. Também são exportadas como escravas sexuais para os países vizinhos, especialmente na Guatemala e no México.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Zelaya não aceita derrota da mulher em Honduras

Depois de denunciar fraude na eleição presidencial de domingo passado, o ex-presidente de Honduras José Manuel Zelaya, deposto num golpe militar há quatro anos, prometeu mobilizar seus seguidores para protestar contra a derrota de sua mulher, Xiomara de Castro Zelaya.

No fim da noite de ontem pela hora local, com pouco mais de dois terços dos votos apurados, o Tribunal Supremo Eleitoral declarou a vitória do candidato conservador Juan Orlando Hernández, com 34% dos votos contra 29% para Xiomara de Castro.

Hoje de manhã, a missão observadora da União Europeia afirmou que o resultado "não é preciso nem confiável" e pediu aos fiscais dos partidos que mantenham a presença em todas as zonas eleitorais até o fim da contagem dos votos.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Candidato a papa é acusado de antissemitismo

O cardeal Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga, arcebispo de Tegucigalpa, a capital de Honduras, considerado um dos principais candidatos à sucessão do papa Bento XVI, atribuiu a repercussão dos escândalos sexuais na Igreja Católica a meios de comunicação controlados por judeus e os comparou a Hitler, denuncia um professor da Faculdade de Direito da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

Em carta ao jornal americano The Miami Herald, o professor Alan Dershowitz afirma que "entre os candidatos ao papado está o notório antissemita cardeal Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga. Ele acusa os judeus pelos escândalos envolvendo a má conduta sexual de padres em relação a jovens paroquianos!"

Dershowitz acrescenta que o cardeal "argumenta que os judeus se vingaram da Igreja Católica por suas posições anti-Israel fazendo com que a mídia - que na verdade os judeus controlam, diz o cardeal - dê atenção desproporcional aos escândalos sexuais do Vaticano".

O professor de Harvard também acusa o arcebispo de Tegucigalpa de "comparar a mídia controlada por judeus com Hitler, porque eles são 'protagonistas do que eu não hesito em definir como perseguição à Igreja'."

Em maio de 2002, reporta o jornal liberal israelense Haaretz, em entrevista ao jornal católico italiano 30 Giorni, Rodríguez Maradiaga defendeu a versão de que a mídia dominada por judeus estava por trás dos escândalos sexuais da Igreja para desviar a atenção do conflito entre Israel e os palestinos.

Para o colunista católico James Carroll, do jornal The Boston Globe, citado na carta, o cardeal usou uma desculpa antiga da Igreja, culpar os judeus. Questionado, Rodríguez Maradiaga declarou: "Eu nunca me arrependo... às vezes, é preciso dar uma sacudida".

Diante de protestos da Liga Antidifamação, o cardeal finalmente recuou da tese da conspiração judaica nos escândalos de pedofilia na Igreja. Mas nem todo o mundo se esqueceu.

Ao concluir, Dershowitz observa que "o Vaticano considera corretamente que o antissemitismo é um pecado, mas um pecador não arrependido está na lista de candidatos para se tornar líder da Igreja Católica. Se isto acontecer, todo o bom trabalho feito por papas recentes para construir pontes entre a Igreja Católica e os judeus estará em perigo. Não se deve deixar que aconteça."

Em Honduras, um dos países mais atrasados politicamente da América, Rodríguez Maradiaga era considerado amigo do presidente José Manuel Zelaya, que criticou por gastar com promoção pessoal em vez de em programas de combate à pobreza, acusando Zelaya de ser "Chávez".

Depois do golpe de Estado de 2009, declarou que a Igreja era contra a reeleição de Zelaya e contra o golpe, mas advertiu na televisão que sua volta levaria a um banho de sangue.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Mortos no incêndio em Honduras já são 358

Com as mortes de dois feridos num hospital de Tegucigalpa, o total de mortos no incêndio na prisão de Comayagua subiu hoje para 358.

De acordo com as autoridades, dos 852 presos que estavam na cadeia na hora do incêndio, 353 morreram no local e cinco em hospitais. Outros cinco estão em estado grave.

O brasileiro Adilio Sobral Gomes, condenado por tráfico de drogas e abuso de menores mas ainda não sentenciado, contou que "a polícia queria que todos morressem", acusando os agentes de segurança de não abrir as celas para evitar a fuga de presos. Ele disse ter sido salvo por um enfermeiro que passava e pegou a chave da cela, onde havia 107 detentos.

Depois de demitir toda a cúpula do sistema penitenciário hondurenho, o presidente Porfirio Lobo prometeu ontem prender todos os fugitivos.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Incêndio mata mais de 300 em prisão de Honduras

Um incêndio destruiu ontem à noite e na madrugada de hoje uma prisão na cidade de Comayagua, no centro de Honduras, matando mais de 300 pessoas.

Os números são imprecisos. A polícia estima que 450 presos tenham fugido. A cadeia estava superlotada e é disputada por máfias do tráfico rivais.

O presidente Porfirio Lobo demitiu a cúpula do sistema penitenciário hondurenho.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Zelaya prega fim do domínio da elite em Honduras

Em discurso num encontro da Frente Nacional de Resistência Popular, criada para lutar contra o golpe de Estado de 28 de junho de 2009, o ex-presidente José Manuel Zelaya previu ontem que seus partidários vão derrotar a elite econômica que está no poder e governar Honduras durante 50 anos.

"A oligarquia mostrou que não quer democracia e que está disposta a usar a força para manter seus privilégios ", afirmou Zelaya, citado pelo jornal americano Miami Herald.

Para se transformar em partido político, a frente precisa coletar as assinaturas de 46 mil eleitores hondurenhos.

Se for proibido de se candidatar à Presidência, Zelaya pode indicar sua mulher, Xiomara Castro de Zelaya.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

América Central enfrenta suas gangues e máfias do tráfico de drogas do México

Sob pressão da guerra contra as drogas do governo do México, as máfias de traficantes estão se instalando nos frágeis países da América Central. Desde o fim das guerras civis que marcaram a Guerra Fria, nos anos 90, a região enfrenta uma onda de violência criminal.

Com a democratização e a adoção políticas econômicas neoliberais, houve uma redução nas polícias  e Forças Armadas. 

Os estados nacionais da Guatemala, Honduras, El Salvador e Nicarágua já eram fracos. Ficaram ainda mais debilitados, observa, em artigo publicado no jornal espanhol El País, Joaquín Villalobos, ex-comandante militar da guerrilha em El Salvador, hoje consultor sobre solução de conflitos.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

OEA readmite Honduras dois anos após golpe

Quase dois anos depois do golpe que derrubou o presidente José Manuel Zelaya, a Organização dos Estados Unidos aprovou hoje a reintegração de Honduras. Só o Equador votou contra, em protesto porque os responsáveis pelo golpe não serão processados.

Honduras volta à organização regional por causa do Acordo de Cartagena, na Colômbia, que anistiou Zelaya e permitiu sua volta ao país.

A reunião teve um atraso de duas horas, atribuído a manobras da Venezuela para tentar incriminar os golpistas. Prevaleceu o projeto de resolução proposto pelo Brasil e outros países, que aceita na prática uma anistia para todos numa tentativa de virar a página do golpe.

O Equador foi o único país que defendeu publicamente o julgamento dos golpistas: "Antes da reintegração, cabe perguntar como está a situação dos direitos humanos e da impunidade dos executores do golpe", protestou a embaixadora equatoriana na OEA, Maria Isabel Salvador. "Democracia, estado de direito e devido processo não podem ser apenas palavras. Por isso, não podemos concordar com os demais países-membros.

domingo, 29 de maio de 2011

Zelaya volta e lança mulher para presidente

Um mês antes do segundo aniversário do golpe de estado que o derrubou, o ex-presidente José Manuel Zelaya voltou ontem a Honduras, depois de fazer um acordo com o governo atual para que todas as denúncias contra ele fossem retiradas.

Ele foi recebido como herói pelo Movimento Nacional de Resistência Popular, que deve se tornar um partido político.

Sem condições legais de disputar a presidência em 2013, Zelaya lançou desde já sua mulher, Xiomara Castro de Zelaya.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Lobo faz acordo para permitir volta de Zelaya

O atual presidente de Honduras, Porfirio Lobo, e seu antecessor deposto, José Manuel Zelaya, assinaram um acordo ontem em Cartagena, na Colômbia, para permitir a volta do ex-presidente ao país em 28 de maio de 2011, quase dois anos do golpe.

Zelaya foi preso e deportado em 28 de junho de 2009, depois de tentar demitir o comandante das Forças Armadas, que se negou a realizar um plebiscito sobre a convocação de uma assembleia nacional constituinte sem a aprovação do Congresso e da Corte Suprema.

Todas as acusações contra ele serão suspensas para que o líder deposto volte a fazer política. O movimento de resistência formado para exigir sua volta será reconhecido como partido poítico.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Zelaya quer voltar após quase dois anos

O ex-presidente José Manuel Zelaya planejava voltar a Honduras em 28 de maio, um mês antes do segundo aniversário do golpe de Estado que o derrubou, em 2009, informaram seus partidários à agência de notícias Associated Press.

Ele deve chegar em companhia de outros ministros de seu governo e do chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, disse o líder da oposição hondurenha, Juan Baharona.

Zelaya foi preso em casa e expulso do país em 28 de junho de 2009 depois de demitir o comandante das Forças Armadas, que se recusou a realizar um plebiscito sem aprovação do Congresso e da Corte Suprema.

Com Zelaya fora do país, tomou posse o presidente do Congresso, Roberto Micheletti.

Os outros países do continente reagiram, invocando a cláusula democrática da Organização dos Estados Americanos (OEA) repudiaram o golpe e exigiram e restituição do poder ao presidente deposto.

Depois de duas tentativas frustradas de voltar a Honduras, Zelaya entrou clandestinamente no país em 22 de setembro e se refugiou durante meses na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.

Uma missão negociadora da OEA liderada pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias, negociou o Acordo de São José, mas Zelaya não tinha apoio no Congresso e na Corte Suprema para voltar ao cargo.

Honduras realizou eleições em 28 de novembro de 2009. Os Estados Unidos, o Panamá, o Peru e a Colômbia decidiram reconhecer a vitória de Porfirio Lobo, mas o Brasil e a maioria da América Latina rejeitaram o resultado, alegando que as eleições não tinham presididas pelo presidente eleito legitimamente.

O Brasil, a Argentina, a Venezuela e outros países latino-americanos exigem agora a anulação de todos os processos contra o presidente deposto para que ele possa voltar a fazer política em Honduras.

Desde o início de 2010, Zelaya está asilado na República Dominicana. No mês passado, todas as denúncias contra ele foram retiradas, abrindo o caminho para sua volta.

Só aí será possível avaliar o peso de Zelaya no futuro político do terceiro país mais pobre do continente.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Honduras está dividida e isolada um ano após golpe

Um ano depois do golpe que derrubou o presidente José Manuel Zelaya, Honduras é um país dividido internamente e isolado internacionalmente.

Às 5h da madrugada de 28 de junho de 2009, soldados do Exército prenderam Zelaya de pijama em sua residência. Ele foi colocado num avião e expulso do país. Em seguida, o Congresso aprovou sua substituição pelo presidente do Congresso, Roberto Micheletti, adversário de Zelaya no Partido Liberal.

O presidente deposto era acusado de tentar realizar um referendo sobre a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte para fazer uma nova Constituição e permitir a reeleição do presidente de Honduras sem o consentimento dos poderes Legislativo e Judiciário.

Sem apoio legal, Zelaya tentou fazer pelo menos uma consulta popular informal e demitiu o comandante das Forças Armadas, general Romero Orlando Vázquez Velásquez, quando este se negou a distribuir urnas e cédulas enviadas pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que se tornara um aliado de Zelaya com o dinheiro da Petrocaribe.

Diante da condenação internacional ao golpe, considerando-se o presidente legítimo de Honduras, Zelaya tentou voltar ao país duas vezes, de avião e por terra. Na terceira vez, entrou clandestinamente e se refugiou na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, em 21 de setembro.

Sem apoio institucional para voltar ao cargo, Zelaya dependia da pressão internacional.

O Acordo de São José, mediado pela Organização dos Estados Americanos (OEA), previa a volta do presidente deposto ao poder com o apoio do Congresso hondurenho. Mas nem o Congresso nem a Corte Suprema tinham mudado de posição em relação ao conflito que está na origem do golpe.

Com o impasse, os Estados Unidos decidiram abandonar Zelaya, argumentando que as eleições de 29 de novembro de 2009 eram a melhor maneira de resolver o conflito democraticamente. Mas o Brasil e a maior parte da América Latina insistiram que eleições sem a volta do presidente deposto não teriam legitimidade.

A vitória coube a Porfirio Lobo, do Partido Conservador. O Partido Liberal foi destroçado pelo conflito entre Zelaya e Micheletti.

Em 10 de dezembro de 2009, o Brasil deu um ultimato a Zelaya, dizendo que ele deveria deixar a embaixada até 27 de janeiro de 2010, último dia do mandato interrompido pelo golpe. Desde então, ele vive na República Dominicana.

Lobo foi reconhecido pelos Estados Unidos, Panamá, Colômbia, Chile e Peru. O Brasil e a maioria dos países latino-americanos exigem a volta de Zelaya a Honduras dentro de uma anistia ampla que o permita voltar a fazer política. Nem isso a elite hondurenha aceita. Os partidários de Zelaya se queixam de perseguição política.

Em entrevista divulgada neste domingo, Micheletti, a face civil do golpe, admitiu que "não existe harmonia" em Honduras: "A situação não se normalizou. Há um clima de incerteza."

sábado, 6 de março de 2010

Hillary pede reconhecimento de Lobo

Durante visita à América Central, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pediu à América Latina que reconheça o governo de Porfirio Lobo, em Honduras.

A maioria dos países da região resiste porque a eleição foi organizada pelo governo golpista que depôs o presidente José Manuel Zelaya, em 28 de junho de 2009.

Após visitar Brasil, Argentina e Chile na América do Sul, a chefe da diplomacia dos Estados Unidos foi para São José da Costa Rica, onde se encontrou na quinta-feira à noite com a presidente eleita, Laura Chinchilla, e com o atual presidente, Óscar Arias.

Ontem, na Guatemala, Hillary Clinton se encontrou com o presidente guatemalteco, Álvaro Colom, e com o hondurenho Porfirio Lobo.

O ex-presidente hondurenho José Manuel Zelaya esteve ontem com o presidente Hugo Chávez, em Caracas. A Venezuela condiciona o reconhecimento de Lobo a uma anista que permita a Zelaya voltar a Honduras para fazer política. Chávez continua apostando nele para representante do bolivarismo no país.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Lobo toma posse em país com instabilidade crônica

Sete meses depois do golpe que depôs o presidente José Manuel Zelaya, o conservador Porfirio Lobo Sosa, do Partido Nacional, toma posse hoje na presidência de Honduras, um dos países mais pobres da América, com uma história marcada por uma instabilidade política crônica.

Lobo foi eleito em 29 de novembro de 2009, mas poucos países reconheceram o resultado, já que a sociedade internacional exigia a recondução de Zelaya ao cargo.

Em mais uma vitória para os golpistas, Zelaya deve sair hoje da Embaixada do Brasil, onde está asilado desde 21 de setembro, e viajar para a República Dominicana.


Como mostram os acontecimentos dos últimos meses, é a clássica república de bananas, um país pequeno e pobre, segundo ou terceiro mais pobre do continente, disputando com Guiana e Nicarágua pra ver quem é mais miserável depois do Haiti.

Com montanhas e vales escarpados, o país enfrenta problemas de integração física e tem duas cidades importantes. A capital fica perto da costa do Oceano Pacífico e San Pedro Sula no Norte, mais perto do Mar do Caribe, onde se desenvolveu a cultura da banana.

A partir de 1870, consolidada a independência política, a Guatemala, a Costa Rica e a Nicarágua investem na produção de café. Era difícil para Honduras por causa dos problemas de transportes.

O governo hondurenho apostou na mineração (ouro e prata). Só um país da América Latina se desenvolveu com a mineração, o Chile, como ensinaram Celso Furtado e Fernando Henrique Cardoso, taxando e usando a arrecadação de impostos para desenvolver outros setores da economia.

Mas Honduras estava fora do mercado internacional nos 1870s. A falência de um projeto de construção de uma ferrovia interoceânica terminara em escândalo financeiro e uma dívida de 30 milhões de libras esterlinas, uma das maiores dívidas per capita do mundo na época.

Então a New York & Honduras Rosario Mining Co. tomou conta do negócio até o fim do século.

A partir de 1898, chegaram as companhias bananeiras, primeiro a Standard Fruit, depois a Cuyamel Fruit, em 1911, e a United Fruit, em 1912. Essas três empresas foram responsáveis por uma expansão econômica que levou Honduras a se tornar o maior exportador mundial de bananas, em 1928, um ano antes da Grande Depressão.

Nas primeiras décadas do século passado, os candidatos presidenciais eram apoiados por companhias bananeiras diferentes, que assim dominavam a política e a economia do país, peitando até o Departamento de Estado americano.

Não houve industrialização do país, a não ser algumas tentativas de diversificar a produção das companhias bananeiras.

Em 1923, no período de crescimento, uma eleição presidencial com três candidatos fortes provocou uma guerra civil com intervenção americana em março de 1924 (época em que os EUA ocupavam o Haiti).

Os fuzileiros navais foram embora depois da assinatura do Pacto de Amapala, em maio de 1924. Desde aquela época, os partidos Liberal, criado no século 19, e Nacional, fundado em 1923, dominam a política hondurenha.

Na verdade, esses são partidos da elite. Ao aderir à Alba (Alternativa Bolivarista para a América), Zelaya deu uma guinada à esquerda para a qual não tinha apoio político nem institucional. Deve criar um partido ou movimento para ocupar a esquerda do espectro político hondurenho.

Se o golpe serviu para algo, foi para institucionalizar essa força política de esquerda.

Durante a Grande Depressão, Honduras foi um dos poucos países latino-americanos que não caloteou sua dívida externa. Desde 1929, restavam duas grandes empresas bananeiras: a United Fruit e a Standard Fruit.

As bananas eram 90% das exportações e um terço do PIB de Honduras. Como em toda monocultura, as flutuações no preço da banana embalavam ou freavam a economia hondurenha.

Em 1932, quando a Depressão chegou a Honduras, as empresas tentaram reduzir salários e enfrentaram uma greve informal. Os sindicatos eram proibidos em Honduras até meados dos anos 50.

O período democrático foi curto: 1924-32.

Em 1933, em plena crise e em meio a uma revolta de líderes da oposição liberal, assume Tiburcio Carías, do Partido Nacional, que usa o estado de sítio para mandar os inimigos para o exílio, reduzir os poderes do Congresso e dos governos municipais.

Um ano antes das eleições de 1936, o Congresso se transformou em Assembleia Constituinte e prorrogou o mandato de Carías até 1942. Em 1939, o Congresso prorrogou o mandato de Carías até 1948. Isso explica, em parte, a reação da elite dominante à tentativa de Zelaya de convocar um plebiscito sobre uma Constituinte que reescreveria a Constituição.

O Cariato rompeu a tradição hondurenha de governos fracos, guerras civis e rápida troca de presidentes às custas da incipiente democracia que houve no país entre 1924 e 1932.

Carías criou o Ministério da Guerra, introduziu o serviço militar obrigatório em 1935 e começou a mandar oficiais para treinamento nos EUA (ou na Escola das Américas, que funcionava no Canal do Panamá).

Quando os EUA entraram na Segunda Guerra Mundial, Honduras foi junto (e o Brasil também).

O Cariato foi o mais longo período de estabilidade política da História de Honduras, mas não reverteu o declínio econômico do país.

Em 1933, o país tinha a segunda maior renda per capita da América Central, atrás apenas da Costa Rica. Em 1942, era o país mais pobre de todo o continente americano, atrás apenas do Haiti, que é uma ilha. Em 1943, a renda per capita era 36% do pico de 1930.

Um relatório feito por uma missão americana  em 1943 apontou como problemas a debilidade do setor bancário, o descaso com a agricultura, o alto custo do crédito e a anarquia na emissão de moeda, já que Honduras não tinha banco central.

Durante a guerra, as companhias bananeiras chegaram a plantar borracha para ajudar no esforço de guerra.

Com a queda nas exportações de banana por causa da Depressão, Honduras diversificou a produção incluindo madeira, algodão e açúcar na pauta da exportações. Zelaya é fazendeiro e exportador de madeira.

A guerra trouxe como bônus a PanAmerican Highway e o Acordo Pan-Americano do Café. No final do Cariato, a produção de café tinha dobrado.

Carías indicou o successor em 1948, Juan Manuel Gálvez (1949-55), mas foi derrotado quando se candidatou em 1954 e não apelou para a guerra civil.

No mesmo ano, a United Fruit e a CIA patrocinavam o primeiro golpe de Estado da Guerra Fria na América Latina, na Guatemala, contra o presidente Jacobo Árbenz.

Ex-advogado da United Fruit e ex-ministro da Guerra de Carías, Gálvez não parecia um reformista. Mas introduziu o imposto de renda, obrigando as bananeiras a pagar 15% do lucro, criou um banco de desenvolvimento e um banco central, em 1950, e lançou as bases de mais um período considerado democrático, que vai até 1963, quando os militares tomam o poder.

Gálvez acabou com a repressão da ditadura de Carías. Os presos políticos foram soltos e o Partido Liberal pode agir livremente, mas pequenos grupos marxistas foram perseguidos e banidos. O governo de Honduras apoiou o golpe contra Árbenz na Guetamala.

Nesta época, também houve grande construção de estradas de ferro e de rodagem, que finalmente integraram o país.

Em 1954, as bananas representavam 50% das exportações hondurenhas.

O governo reagiu com dureza a uma greve no setor bananeiro no momento em que o exército golpista de Carlos Castillo Armas esperava o sinal para invadir a Guatemala. Toda a comissão de greve foi presa.

Sob pressão da central sindical americana AFL-CIO, as bananeiras acabaram negociando aumentos de 10% a 15%. Nos próximos cinco anos, demitiram metade dos trabalhadores hondurenhos por problemas na produção e a concorrência do Equador, um dos grandes exportadores mundiais.

Também em 1954, os EUA assinaram um acordo militar com Honduras que vigora até hoje. Desde 1983, os americanos ocupam a base militar de Palmerola, centro de operações na luta contra o governo sandinista na Nicarágua e a guerrilha salvadorenha.

Com o resultado das eleições indefinido entre três candidatos, Julio Lozano, que substituíra Gálvez por motivo de doença, declarou a si mesmo presidente em exercício.

Para evitar mais uma guerra civil, os partidos acabaram concordando. Em troca, em 1955, as mulheres ganharam direito a voto e foi introduzida a Carta Fundamental dos Direitos Trabalhistas, cobrindo todos os aspectos legais, do salário mínimo à negociação coletiva.

Diante da debilidade do regime, na Constituição de 1957, os militares conquistaram o direito de intervir em futures crises constitucionais. Isso ajuda a entender por que eles detonaram Zelaya sem explicações.

As eleições de 1957 deram ampla vitória aos liberais na Constituinte. Três anos depois de ser o mais votado mas não levar, o Dr. Ramón Villeda Morales (1957-63) assumiu a presidência.

Villeda se apresentava como um social-democrata. Não fugiu ao personalismo caudilhista que marca até hoje a política hondurenha.

Como hoje, na era de Zelaya e Micheletti, o Partido Liberal era um amálgama de diferentes caciques. A obsessão anticomunista acirrada pela Revolução Cubana criou um clima reacionário e um tratamento completamente diferente do dispensado às ditaduras na Nicarágua, em El Salvador e na Guatemala.

A indústria da banana nunca se recuperou. O desemprego no campo provocou agitação social, com a formação da Federação Nacional dos Camponeses Hondurenhos para lutar pela reforma agrária.

A reforma agrária nunca foi radical e contou com a oposição das múltis bananeiras. Villeda temia o inimigo externo, o comunismo, mas foi derrubado pelos militares. Desde 1959, houve uma série de revoltas da Guarda Civil, que entrou em choque com as Forças Armadas.

Dez dias antes das eleições de 1963, em que os liberais lançaram o anti-imperalislta Modesto Rodas Alvarado, os militares, liderados pelo coronel brigadeiro Osváldo López Arellano, derrubaram Villeda, iniciando uma sucessão de governos militares que iria até 1982, quando foi aprovada a atual Constituição, que Zelaya queria reformar.

Kennedy não reconheceu o governo golpista, mas Lyndon Johnson gostou do anticomunismo da ditadura numa região crítica da Guerra Fria (morreu muito mais gente na América Central, na Guatemala, na Nicarágua e em El Salvador, do que na América do Sul). Johnson reforçou a aliança militar com Honduras.

As ditaduras militares centro-americanas fizeram pactos anticomunistas abençoados por Washington, o que não impediu a chamada Guerra do Futebol, em 1969, provocada por uma confusão de uma eliminatória da Copa de 1970.

Na verdade, havia uma série de problemas de imigração de salvadorenhos pobres que iam tentar a vida em Honduras, que ten uma densidade populacional menor mas não tinha condições econômicas de absorver migrantes. Problemas de fronteira e acesso a terra causaram o conflito.

Quando Honduras decidiu expulsar os salvadorenhos, o Exército de El Salvador invadiu, em 14 de julho de 1969.

A guerra não deu glória a nenhum dos lados, e a OEA se apressou em evitar um vexame maior do Exército de Honduras.

Durante os anos 70 e 80, especialmente depois da vitória da Revolução Sandinista na Nicarágua, Honduras se tornou o porta-aviões dos EUA.

Foi a base onde foram armados e treinados os contrarrevolucionários que lutaram contra o sandinismo.

Foi também o centro de apoio às Forças Armadas de El Salvador na luta contra a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional e da Guatemala contra a União Revolucionária Nacional Guatemalteca. Em 1980, quando começa a guerra civil salvadorenha, sob pressão dos EUA, foi assinado um acordo de paz com El Salvador para permitir ações conjuntas contra guerrilheiros.

A transição do início dos anos 80 foi negociada com os militares. Em 1981, Roberto Suazo Córdova, da ala rodista (anti-imperialista) do Partido Liberal, foi eleito presidente.

Depois disso, o general Gustavo Álvarez Martínez, expoente da ditadura e um dos favoritos de Ronald Reagan, foi nomeado comandante das Forças Armadas. Em 1984, foi afastado por querer provocar uma guerra contra a Nicarágua.

No fim do governo Reagan, com o escândalo Irã-Contras, diminuiu a pressão americana para que Honduras fosse a principal base dos contras.

Em 1989, tardiamente, Honduras aderiu aos grupos de Contadora e Apoio a Contadora, que evoluíram para o Grupo do Rio, na busca de soluções negociadas para a paz na América Central. Seu governo pediu a desmobilização dos contras.

A Guerra Fria chegava ao fim. Uma série de acordos de paz foi negociada a partir da aproximação Reagan-Gorbachev, levando a paz à América Central, ao Vietnã, ao Camboja, ao Sul da África e tantas outras regiões do mundo onde conflitos locais haviam sido enquadrados e exacerbados pela lógica da Guerra Fria.

O governo civil, a partir de 1982, coincidiu com uma recessão mundial causada pelo segundo choque do petróleo, depois da Revolução Iraniana de 1979, com queda nos preços dos produtos primários e aumento dos juros para enfrentar a inflação nos países ricos.

Com a crise da dívida externa na América Latina, Honduras recorreu ao FMI.

As leis sociais e trabalhistas, a reforma agrária e o esforço pelo equilíbrio das contas públicas ajudaram a evitar guerras civis trágicas como nos países vizinhos.

São frutos de um reformismo pela metade, marca do poder de uma oligarquia no passado não conseguia enfrentar as transnacionais bananeiras e até hoje, duas décadas depois do fim da Guerra Fria, ainda não conseguiu acabar com a influência dos militares na política.

Essa hipertrofia dos militares hondurenhos, supertreinados e armados como última barreira contra o comunismo se Guatemala e El Salvador caíssem, é mais um dos detritos da Guerra Fria.

O novo presidente, Porfirio Lobo, fez um pacto de governabilidade com outros candidatos antes da eleição, prometendo um plano de investimentos sociais de uma década. É uma tentativa de neutralizar o discurso esquerdista de Zelaya.