segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Candidato a papa é acusado de antissemitismo

O cardeal Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga, arcebispo de Tegucigalpa, a capital de Honduras, considerado um dos principais candidatos à sucessão do papa Bento XVI, atribuiu a repercussão dos escândalos sexuais na Igreja Católica a meios de comunicação controlados por judeus e os comparou a Hitler, denuncia um professor da Faculdade de Direito da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

Em carta ao jornal americano The Miami Herald, o professor Alan Dershowitz afirma que "entre os candidatos ao papado está o notório antissemita cardeal Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga. Ele acusa os judeus pelos escândalos envolvendo a má conduta sexual de padres em relação a jovens paroquianos!"

Dershowitz acrescenta que o cardeal "argumenta que os judeus se vingaram da Igreja Católica por suas posições anti-Israel fazendo com que a mídia - que na verdade os judeus controlam, diz o cardeal - dê atenção desproporcional aos escândalos sexuais do Vaticano".

O professor de Harvard também acusa o arcebispo de Tegucigalpa de "comparar a mídia controlada por judeus com Hitler, porque eles são 'protagonistas do que eu não hesito em definir como perseguição à Igreja'."

Em maio de 2002, reporta o jornal liberal israelense Haaretz, em entrevista ao jornal católico italiano 30 Giorni, Rodríguez Maradiaga defendeu a versão de que a mídia dominada por judeus estava por trás dos escândalos sexuais da Igreja para desviar a atenção do conflito entre Israel e os palestinos.

Para o colunista católico James Carroll, do jornal The Boston Globe, citado na carta, o cardeal usou uma desculpa antiga da Igreja, culpar os judeus. Questionado, Rodríguez Maradiaga declarou: "Eu nunca me arrependo... às vezes, é preciso dar uma sacudida".

Diante de protestos da Liga Antidifamação, o cardeal finalmente recuou da tese da conspiração judaica nos escândalos de pedofilia na Igreja. Mas nem todo o mundo se esqueceu.

Ao concluir, Dershowitz observa que "o Vaticano considera corretamente que o antissemitismo é um pecado, mas um pecador não arrependido está na lista de candidatos para se tornar líder da Igreja Católica. Se isto acontecer, todo o bom trabalho feito por papas recentes para construir pontes entre a Igreja Católica e os judeus estará em perigo. Não se deve deixar que aconteça."

Em Honduras, um dos países mais atrasados politicamente da América, Rodríguez Maradiaga era considerado amigo do presidente José Manuel Zelaya, que criticou por gastar com promoção pessoal em vez de em programas de combate à pobreza, acusando Zelaya de ser "Chávez".

Depois do golpe de Estado de 2009, declarou que a Igreja era contra a reeleição de Zelaya e contra o golpe, mas advertiu na televisão que sua volta levaria a um banho de sangue.

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