O Supremo Líder Espiritual da Revolução Islâmica do Irã, aiatolá Ali Khamenei, o ditator que realmente manda no país, rejeitou hoje qualquer possibilidade de diálogo com os Estados Unidos e as outras grandes potências do Conselho de Segurança das Nações Unidas (China, França, Rússia e Reino Unido), que impuseram duras sanções contra o programa nuclear iraniano, suspeito de desenvolver armas nucleares.
Em declaração divulgada via Internet, o Supremo Líder afirmou que a revolução iraniana não tem medo de "ameaças armadas", numa referência à posição do governo americano de que "todas as opções estão na mesa, inclusive o uso da força.
Khamenei rejeitou assim uma suposta oferta feita pelo ministro do Exterior, Ali Akbar Salehi, durante a Conferência sobre Segurança realizada em Munique, na Alemanha. A comissária de Relações Exteriores da União Europeia, Catherine Ashton, chegou a anunciar a retomada das negociações com o Irã em 25 e 26 de fevereiro na ex-república soviética do Casaquistão.
Como Salehi não tem poder para tomar decisões sobre o programa nuclear, as grandes potências ficaram esperando a confirmação do Supremo Líder, que sempre tem a palavra final. Hoje, veio a rejeição.
Sob intensa pressão das sanções internacionais aprovadas pela ONU, o Irã deve insistir na sua suspensão como condição prévia para voltar a negociar. As grandes potências do Conselho de Segurança e a Alemanha exigem que o Irã cumpra suas resoluções e pare de enriquecer urânio, a carga da bomba atômica.
"Não sou um diplomata. Sou um revolucionário e expresso minhas palavras honestamente", teria dito Khamenei, citado pelo jornal liberal israelense Haaretz. Israel teme ser o primeiro alvo de uma bomba nuclear iraniana.
Os EUA e o Irã não têm relações diplomáticas desde que estudantes radicais iranianos invadiram a embaixada americana em Teerã, em 4 de novembro de 1979, e mantiveram 52 americanos como reféns durante 444 dias.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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