Segundo maior país produtor de petróleo da África, Angola criou um fundo soberano bilionário para acabar com a miséria. Mas, num dos países mais corruptos do mundo, a direção foi entregue a José Filomeno de Sousa dos Santos, filho do ditador que desgoverna Angola desde 1979.
Depois de Isabel, também filha de José Eduardo dos Santos ser apontada como a primeira bilionária da África, Filomeno tem sua chance. Com US$ 5 bilhões de capital inicial e mais US$ 3,5 milhões por ano da renda do petróleo, ele promete modernizar a infraestrutura do país, arrasado por quatro décadas de guerra civil.
"Não acredito que não haja em Angola um indivíduo com mais capacidade técnica para gerenciar o fundo do que o filho do presidente", protestou o líder oposicionista Abel Chivukuvuku.
Também há críticas à escolha do Quantum Global Group, com sede na Suíça, para gerenciar as operações internacionais do fundo. Seu fundador, Jean-Claude Bastos de Morais, um angolano naturalizado suíço que assessora o presidente Santos.
"Como um fundo pode ser transparente quando escolhe uma empresa com estas conexões?", lamenta o ex-primeiro-ministro Marcolino Moro, que rompeu com o presidente angolano em 1996 acusando o governo de autoritarismo e corrupção.
A metade dos 18 milhões de habitantes de Angola vive na miséria. O país é o 19º mais corrupto do mundo numa lista de 176 países feita pela organização não governamental anticorrupção Transparência Internacional, com sede em Berlim, na Alemanha.
Nos últimos três anos, apesar do crescimento médio anual superior a 5%, Angola perdeu mais do que ganhou investimentos externos diretos, observa o jornal americano The Wall St. Journal.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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