O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, proibiu hoje as forças de elite dos Estados Unidos de agir na província de Maidan Wardak, vizinha da capital, Cabul, sob a alegação de que afegãos que atuavam junto são acusados de tortura e assassinato. A medida entra em vigor em duas semanas.
A decisão foi tomada depois que o comando militar americano não prestou esclarecimentos sobre casos de tortura, morte e desaparecimento de pessoas em Maidan Wardak, alegou o porta-voz do governo afegão, Aimal Faizi, citado pelo jornal The New York Times.
Ao ver as primeiras provas do inquérito semanas atrás, os chefes da coalizão liderada pelos EUA pareciam dispostos a cooperar, acrescentou o assessor do presidente Karzai. Depois, teriam mudado de posição, passando a dizer que os afegãos suspeitos tinham ido embora da região e nunca tinham trabalhado para as Forças Armadas dos EUA.
Para o governo afegão, os abusos de direitos humanos cometidos por soldados americanos e seus aliados na região são evidentes: "Muita gente da província, anciãos das aldeias, foram várias vezes a Cabul com fotos e vídeos de membros de suas famílias que foram torturados". Por isso, foi aberto um inquérito.
"Vamos imaginar que as forças especiais dos EUA não estejam envolvidas", ponderou o porta-voz. "Não sabiam o que estava acontecendo e quem estava fazendo isso? Nunca tinham ouvido falar?"
Faizi concluiu: "É melhor retirar as forças especiais da província e deixar o pessoal entender que a segurança agora será feita pelas forças de segurança do Afeganistão". Ele as considerou capazes de enfrentar a milícia fundamentalista dos Talebã, que governou o país de 1996 até a invertenção militar americana, em outubro de 2001, para vingar os atentados terroristas de 11 de setembro.
A Guerra do Afeganistão é a mais longa da História dos EUA. O presidente Barack Obama promete retirar as tropas americanas até o fim de 2014.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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