Para defender seus interesses na Síria mesmo que o ditador aliado Bachar Assad caia, o Irã e a milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbola (Partido de Deus) estão armando uma rede de milícias. Por enquanto, elas atuam como aliadas do atual governo.
Um alto funcionário do governo dos Estados Unidos citou um agente iraniano para afirmar que a república islâmica está apoiando pelo menos 50 mil milicianos na guerra civil síria. "É uma grande operação", comentou. "A intenção imediata é sustentar o regime de Assad até o fim. Mas é importante para o Irã e o Hesbolá terem uma força confiável na Síria pós-Assad".
A revolta popular contra Assad completa dois anos em 15 de março sem qualquer perspectiva de solução da guerra civil em que degenerou. Assad controla cada vez menos território, mas os rebeldes não têm a força necessária para lhe dar um golpe final.
Na semana passada, o secretário da Defesa dos EUA, Leon Panetta, revelou que o presidente Barack Obama não quis armar os rebeldes, contrariando a posição de outros membros do governo americano.
Com mais de 60 mil mortes reconhecidas pelas Nações Unidas, a violência brutal fragmentou a Síria. Será muito difícil reconciliar e reintegrar o país.
A maior parte dos rebeldes vem da maioria sunita, o que não significa que tenham unidade. Uma grande força armada é formada por extremistas muçulmanos ligados à rede terrorista Al Caeda.
Os curdos, que têm suas próprias milícias, controlam grandes áreas e querem autonomia. A maioria dos cristãos apoia Assad temendo a islamização do país. Cerca de 700 mil drusos, que seguem sua própria versão do xiismo, tendem cada vez mais para o lado dos rebeldes. Já os alauítas, que formam o núcleo central do regime, permanecem leais a Assad.
"A Síria está se desintegrando como nação, a exemplo do que aconteceu com o Líbano nos anos 70 e depois com o Iraque", declarou ao jornal The New York Times Paul Salem, diretor do Centro de Oriente Médio da Fundação Carnagie para a Paz Internacional, com sede em Beirute, no Líbano.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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