A Tunísia, onde começaram as revoluções da chamada Primavera Árabe, está em estado de choque. O advogado esquerdista Chokri Belaïd, secretário-geral do Partido dos Patriotas Democratas Unidos, aliado à Frente Popular, foi assassinado a tiros hoje de manhã quando saía de casa em Túnis.
"Uma bala atingiu a cabeça e outra o pescoço", contou chorando a advogada e aliada política Radhia Nasraoui por telefone ao jornal francês Le Monde.
O primeiro-ministro Hamadi Jebali denunciou o assassinato como "um ato criminoso, um ato de terrorismo não apenas contra Belaïd mas contra toda a Tunísia".
Depois de condenar a morte, o presidente Moncef Marzouki interrompeu uma viagem pela Europa, cancelou sua participação numa reunião de cúpula da Organização da Conferência Islâmica realizada no Cairo e voltou imediatamente ao país.
Em entrevista no Parlamento Europeu, o presidente afirmou: "Esse assassinato odioso tem como objetivo jogar os componentes laicos contra os componentes muçulmanos de nossa sociedade para provocar o caos. Ha forças políticas no interior da Tunísia contrárias ao sucesso dessa transição".
O presidente não quis dizer se suspeita de membros do antigo regime ou de extremistas muçulmanos. As maiores suspeitas recaem sobre aliados do governo islamita.
Ao meio-dia, cerca de 2 mil pessoas se reuniram diante do Ministério do Interior, no centro da capital, para protestar contra o assassinato de um dos maiores críticos do governo formado pelo partido islamita Nahda. A polícia atacou os manifestantes com gás lacrimogênio.
Em Sidi Bouazid, berço da revolta popular que derrubou o ditador Zine ben Ali em 14 de janeiro de 2011, também houve protestos e a polícia usou gás lacrimogênio.
Diante da crise política, o primeiro-ministro propôs a formação de um governo de união nacional.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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