terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Eleições deixam Itália ingovernável, diz La Repubblica

A vocação da Itália para o caos desta vez se manifestou nas urnas. Com o fim da apuração das 61.446 seções eleitorais, a aliança de centro-esquerda teve uma vitória apertada com 29,5% dos votos, mas terá 340 deputados, enquanto a coligação de direita liderada pelo ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi ganhou 128 cadeiras com 29,1%.

O maior partido no Câmara será o movimento 5 Estrelas, do humorista Beppe Grillo, reporta o jornal italiano La Repubblica, comentando que as eleições deixam o país ingovernável, em parte por causa de Grillo, que aproveitou o vácuo criado pelo descrédito dos partidos políticos tradicionais. Com 25,5% dos votos, Grillo elegeu uma bancada de 108 deputados e se nega a fazer alianças.

No Senado, onde a maioria é 128, a centro-esquerda liderada pelo Partido Democrático terá 119 cadeiras e a coligação direitista Povo da Liberdade-Liga Norte, 117. O movimento 5 Estrelas elegeu 54 senadores e a aliança do ex-primeiro-ministro Mario Monti, 18 senadores.

Monti, um tecnocrata, ex-comissário antimonopólio da União Europeia, substituiu Berlusconi em novembro de 2011, no auge da crise da dívida pública da Zona do Euro, quando parecia que a Itália também quebraria. Foi um dos grandes derrotados.

Como impôs o remédio amargo imposto pela Europa do Norte e o Fundo Monetário Internacional, Monti e sua aliança receberam apenas 10,5% dos votos, conquistando 45 cadeiras. Ele deve se aliar ao centro-esquerdista Pier Luigi Bersani, da aliança Itália Bem-Comum, para tentar formar um governo.

Um escritor disse que mais da metade dos italianos é idiota porque votou em Berlusconi ou Grillo, mas a alternativa era aprovar o remédio econômico amargo imposto pela Alemanha, que aumentou impostos e cortou benefícios sociais.

Muitos analistas já preveem a realização de novas eleições para tentar romper esse impasse.

A crise política italiana derrubou as bolsas de valores no mundo inteiro e pode trazer de volta a crise das dívidas públicas do euro, já que os eleitores rejeitaram as políticas de austeridade e corte de gastos públicos.

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