quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Bradley Manning nega ter colaborado com o inimigo

O cabo Bradley Manning admitiu hoje num tribunal militar do estado de Maryland ter sido responsável pela maior revelação de informações sigilosas do governo dos Estados Unidos. Centenas de milhares de documentos foram colocados na Internet pelo sítio WikiLeaks, criado pelo australiano Julian Assange.

Diante do juiz, numa audiência preliminar do processo por traição, Manning confessou a culpa por 10 das 22 acusações, mas negou ter colaborado com o inimigo. Como as penas máximas dos delitos admitidos são de dois anos, ele pegaria no máximo 20 anos de cadeia. Ele alegou que os vazamentos não comprometeram a segurança nacional dos EUA e permitiram um debate público sobre a diplomacia americana e os "custos reais da guerra" em vidas humanas.

Assange está refugiado na Embaixada do Equador em Londres para escapar de um pedido da extradição feito pela Suécia, onde é acusado de crimes sexuais. Acredita ser vítima de uma armação para levá-lo para os EUA, onde pegaria pelo menos prisão perpétua.

O cabo conheceu o WikiLeaks em 2009 e ficou impressionado com a divulgação de 500 mil mensagens de texto enviadas em 11 de setembro de 2001 depois dos atentados terroristas contra Nova York e o Pentágono. Manning tinha copiado arquivos das guerras no Afeganistão e no Iraque para ter acesso rápido em caso de necessidade.

Quando voltou aos EUA em janeiro de 2010, ele ofereceu os arquivos para os jornais The New York Times e The Washington Post, que não se interessam. Aí, entregou o material para o WikiLeaks.

Preso e incomunicável desde maio de 2010, Manning tem grande chance de ser condenado à prisão perpétua. Num documento de 35 páginas, o cabo especializado em informática declarou ter ficado revoltado com as imagens de um ataque com um helicóptero de combate Apache no Iraque em 2007 em que vários civis inocentes foram metralhados, inclusive dois jornalistas a serviço da agência Reuters.

Em sua defesa, Manning afirmou ter se indignado com a "sede de sangue" dos soldados do helicóptero: "Estávamos obsecados em capturar ou matar pessoas de uma lista, ignorando nossos objetivos e missões. Eu acreditava que, se o público, especialmente o americano, pudesse ver isso, deflagraria um debate sobre os militares e nossa política externa em geral. Poderia levar a sociedade a reconsiderar a necessidade de se engajar em operações antiterroristas que ignoram as condições impostas às pessoas com que estamos envolvidos", reporta o jornal inglês The Guardian.

O julgamento começa em 3 de junho.

Um comentário:

Core disse...

Isso sim que é pais de liberdade e de respeito, espero que o Brasil um dia possa se torna um pais assim, com um presidente assim, a lei é para todos, os direito também, alias, fico feliz por pelo menos o Brasil ter aprovado a união homoafetiva, pois fico feliz pelos homossexuais também estarem conseguindo seus direitos!