terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Argentina congela preços para conter inflação

Sob pressão do Fundo Monetário Internacional (FMI) por manipular os índices oficiais de inflação, a Argentina recorreu mais uma vez ao congelamento de preços. No primeiro dia útil depois da censura do Fundo, o governo anunciou um acordo entre o secretário de Comércio, Guillermo Moreno, e grandes supermercados responsáveis por 70% das vendas do setor.

Até 1º de abril de 2013, Walmart, Carrefour, Coto, Jumbo, Disco e outras grandes redes não devem aumentar nenhum preço. O Ministério do Comércio aconselha os consumidores a guardar notas fiscais para conferir possíveis reajustes.

A inflação é uma das maiores preocupações dos argentinos. Eles chegaram a enfrentar altas de 200% ao mês em 1989, quando o primeiro presidente depois da redemocratização do país, Raúl Alfonsín, foi obrigado a renunciar. Ele transferiu o poder antecipadamente para Carlos Menem porque seu governo tinha perdido credibilidade para conter os preços depois de vários congelamentos fracassados.

Desde a campanha para a primeira eleição da presidente Cristina Kirchner, em 2007, o governo é acusado de manipular os índices do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec). A inflação do ano passado ficou oficialmente em 10,9%, enquanto economistas do setor privado estimam algo em torno de 25% e projetam 30% para 2013.

Com a manipulação, o governo Cristina Kirchner perdeu o apoio dos sindicatos, que temem a perda do poder de compra pelos trabalhadores.

Na opinião da economia Soledad Pérez Duhalde, o congelamento só dará resultado em curto prazo. É possível que os supermercados tenham problemas de reabastecimento e que alguns produtos fiquem escassos.

A presidente e seu ministro da Economia, Hernán Lorenzino, reagiram ontem às críticas do FMI, alegando que a instituição perdeu sua credibilidade ao apoiar a dolarização da era Menem, que levou a economia argentina ao calote e ao colapso no fim de 2001. Eles acusaram o Fundo de agravar a crise das dívidas públicas da Zona do Euro por tomarem medidas que supostamente favoreceriam os bancos em prejuízo do crescimento econômico e da geração de empregos.

Para Lorenzino, a censura do FMI "não é somente um erro, é um exemplo claro do tratamento desigual e do uso de dois pesos e duas medidas em relação a certos países-membros".

Apesar dos protestos, o governo argentino anunciou que está mudando a metodologia de cálculo da inflação e impôs o congelamento para tentar segurar os preços.

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