A República de Honduras é um pequeno país
da América Central com 112,5 mil quilômetros quadrados e 8,6 milhões de
habitantes (estimativa de 2013), assolado pela guerra contra as drogas do
governo do México, que levou as máfias que traficam drogas para os Estados
Unidos a se mudarem para o Sul.
San Pedro Sula, a capital econômica de
Honduras, é hoje a cidade mais violentas do mundo, com 169 mortes para cada 100
mil habitantes. Ali perto ficam as magníficas ruínas maias de Copán, uma das
grandes atrações turísticas do país, ao lado das praias e ilhas lindas no Mar
do Caribe.
O país é cercado pelo Mar do Caribe, ao
norte; a Nicarágua, ao sul, onde há uma saída para o Oceano Pacífico, o Golfo
de Fonseca; e El Salvador e a Guatemala, a oeste.
Com a natureza exuberante, é um país de
grande biodiversidade. Tem mais de 6 mil espécies de plantas vasculares, sendo
630 orquídeas, mais de 700 espécies de pássaros, cerca de 250 de répteis e 110
de mamíferos.
Seu ponto mais alto é o Cerro das
Minas, com 2.870 metros.
POPULAÇÃO
A maioria da população de 8,6 milhões
de habitantes é de mestiços (90%), seguidos de índios (7%), negros (2%) e
brancos (1%). Cerca de 56% têm menos de 25 anos.
Em 2011, 52,2% dos hondurenhos moravam
em cidades. A capital, Tegucigalpa, tinha 1,09 milhão de habitantes em 2011.
Mais da metade da população vive na
pobreza. Cada mulher tem, em média, 2,86 filhos.
SAÚDE
A mortalidade infantil é de 18,72
mortes para cada mil nascimentos, e a mortalidade materna de 100 mortes para
cada 100 mil partos.
A expectativa de vida é de 71 anos;
0,5% têm o vírus HIV, que causa aids. A diarreia bacteriana, a hepatite A e o
tifo são endêmicos.
18,4% dos hondurenhos são obesos. Mais
de 85% são alfabetizados.
ECONOMIA
Depois de crescer antes da crise em
média 7% ao ano, um dos ritmos mais fortes da América Latina, sem salvar os 60%
da população que vivem abaixo da linha de pobreza, a economia de Honduras se
desacelerou. Cresceu 3,8% em 2011, 3,9% em 2012 e 2,8% em 2013, quando o PIB
chegou a US$ 18,8 bilhões.
Os serviços respondem por 57,8% do PIB,
a indústria por 28,2% e a agricultura por 14%. Historicamente dependente das
exportações de banana e café, Honduras hoje tem fábricas de tecidos e de
autopeças.
A renda média por habitante é de US$
4,8 mil por ano. No ano passado, a taxa de poupança ficou em 17,7%,
insuficiente para fazer os investimentos necessários para romper a barreira do
subdesenvolvimento.
Cerca de 1,2 milhão de trabalhadores ou
27,9% da população ativa estão desempregados.
A má distribuição da riqueza e o
subemprego elevado prejudicam o mercado externo.
Metade da economia está diretamente
ligada aos EUA. As exportações para o mercado americano representam 30% do PIB,
e as remessas de dinheiro de imigrantes hondurenhos nos EUA para suas famílias
em Honduras outros 20%.
O Acordo de Livre Comércio da América
Central (Cafta), que entrou em vigor em 2006 aumentou o investimento externo
direto, 70% vindos dos EUA. Mas a insegurança física e política, a
criminalidade e a corrupção inibem maiores inversões.
Um acordo com o Fundo Monetário
Internacional foi suspenso em março de 2012 por causa do desequilíbrio da
balança comercial e do déficit público elevado. A dívida pública está em 41% do
PIB. A inflação de 2013 ficou em 5,2%.
COMÉRCIO EXTERIOR
As exportações somaram US$ 7,881
bilhões em 2013, com destaque para tecidos, café, camarões, fiação elétrica
para automóveis, charutos, bananas, ouro, óleo de palma, frutas e lagostas.
Os maiores compradores de produtos
hondurenhos foram os EUA (34,5%), a Alemanha (11%), a Bélgica (6,8%), El
Salvador (6,6%), a Guatemala (4,9%) e a Nicarágua (6,4%).
As importações totalizaram US$ 11,34
bilhões em 2013, com destaque para máquinas, equipamentos de transporte,
matérias-primas industriais, produtos químicos, combustíveis e alimentos.
Os principais vendores para Honduras
foram os EUA (44,3%), Guatemala (8,5%), El Salvador (5,7%), México (5,6%),
China (4,7%) e Costa Rica (4,1%).
ENERGIA
Os combustíveis fósseis são responsáveis
por 63,7% da geração de energia elétrica, e as hidrelétricas por 31%.
TELECOMUNICAÇÕES
Em 2012, Honduras tinha 610 mil
telefones fixos e 7,37 milhões de celulares ativos.
Os usuários de Internet eram 731 mil em
2009.
TRANSPORTE
Honduras tem 103 aeroportos, sendo 13
com pistas pavimentadas.
O país tem apenas 44 km de ferrovias e 14.742
km de rodovias, sendo 3.367 km pavimentados.
A Marinha Mercante tem 88 navios.
GOVERNO
Honduras é uma república com democracia
representativa multipartidária. O voto é obrigatório a partir dos 18 anos.
O Congresso Nacional, unicameral, tem
128 deputados eleitos para mandatos de quatro anos que coincidem com o do
presidente.
Desde 27 de janeiro de 2014, o
presidente é Juan Orlando Hernández Alvarado.
A Corte Suprema de Justiça tem 15 juízes
principais e 7 adjuntos. Os ministros da Corte Suprema são escolhidos pelo
Congresso a partir de lista preparada por um Comitê de Nomeação
SUBDESENVOLVIMENTO
Como mostraram o golpe de 28 de junho
de 2009 e o asilo do presidente deposto José Manuel Zelaya na Embaixada do
Brasil em Tegucigalpa, Honduras é a clássica república de bananas, um país
pequeno e pobre, disputando com Jamaica, Guiana e Nicarágua pra ver quem é mais
miserável depois do Haiti.
Com montanhas e vales escarpados, o
país enfrenta problemas de integração física e tem duas cidades
importantes. A capital fica perto da costa do Pacífico e San Pedro Sula no
Norte, mais perto do Caribe, onde se desenvolveu a cultura da banana.
PRÉ-HISTÓRIA
Os maias, uma das três grandes
civilizações precolombianas, ao lado dos astecas e dos incas, tinham em
Honduras a fronteira sul de seu território.
DESCOBRIMENTO
Cristóvão Colombo foi o primeiro
europeu a visitar as Ilhas da Baía. O descobridor da América chegou à Ilha de
Pinos e desembarcou onde hoje fica a cidade de Trujillo em 1502, na sua quarta
e última viagem à América.
No século 16, a Espanha colonizou a
América Central, introduzindo o castelhano e a religião católica.
INDEPENDÊNCIA
Honduras festeja três independências.
Em 15 de setembro de 1821, a data nacional, proclamou independência da Espanha
e passou a fazer parte das Províncias Unidas da América Central.
Em 1º de julho de 1823, Honduras
separou-se do Primeiro Império Mexicano. Em 5 de novembro de 1838.
A partir de 1870, consolidada a independência
política, a Guatemala, a Costa Rica e a Nicarágua investem na produção de café.
Era difícil para Honduras por causa dos problemas de transportes decorrentes do
relevo acidentado.
Comayagua foi capital até 1880, quando a
sede do governo foi transferida para Tegucigalpa.
MINERAÇÃO
O governo hondurenho apostou na
mineração (ouro e prata). Só um país da América Latina se desenvolveu com a
mineração, o Chile, como ensinaram Celso Furtado e Fernando Henrique Cardoso,
taxando e usando a arrecadação de impostos para desenvolver outros setores da
economia.
Mas Honduras estava fora do mercado
internacional nos 1870s. A falência de um projeto de construção de uma ferrovia
interoceânica terminara em escândalo financeiro e uma dívida de 30 milhões de
libras esterlinas, uma das maiores dívidas per capita do mundo na época.
Então a NY & Honduras Rosario
Mining Co. tomou conta do negócio até o fim do século.
BANANAS
A partir de 1898, chegaram as
companhias bananeiras, primeiro a Standard Fruit, depois a Cuyamel Fruit, em
1911, e a United Fruit, em 1912. Essas três empresas foram responsáveis por uma
expansão econômica que levou Honduras a se tornar o maior exportador mundial de
bananas, em 1928, um ano antes da Grande Depressão.
Nas primeiras décadas do século
passado, os candidatos presidenciais eram apoiados por companhias bananeiras
diferentes, que assim dominavam a política e a economia do país, peitando até o
Departamento de Estado.
Não houve industrialização do país, a
não ser algumas tentativas de diversificar a produção das companhias bananeiras.
Em 1923, no período de crescimento, uma
eleição presidencial com três candidatos fortes provocou uma guerra civil com
intervenção americana em março de 1924 (época em que os EUA ocupavam o Haiti).
PARTIDOS
Os fuzileiros navais foram embora
depois da assinatura do Pacto de Amapala, em maio de 1924. Desde aquela época,
os partidos Liberal, fundado no século 19, e Nacional, fundado em 1923, dominam
a política hondurenha.
Na verdade, esses são partidos da elite.
Ao aderir à ALBA (Alternativa Bolivarista para a América), Zelaya deu uma
guinada à esquerda para a qual não tinha apoio político nem institucional. Teve
criar um partido e movimento para ocupar a esquerda do espectro político
hondurenho.
Se o golpe serviu para algo, foi para
institucionalizar essa força política de esquerda.
Durante a Grande Depressão, Honduras
foi um dos poucos países latino-americanos que não caloteou sua dívida externa.
Desde 1929, restavam duas grandes empresas bananeiras: a United Fruit e a
Standard Fruit.
As bananas eram 90% das exportações e
um terço do PIB de Honduras. Como em toda monocultura, as flutuações no preço
da banana embalavam ou freavam a economia hondurenha.
Em 1932, quando a Depressão chegou a
Honduras, as empresas tentaram reduzir salários e enfrentaram uma greve
informal. Os sindicatos eram proibidos em Honduras até meados dos anos 50.
O período democrático foi curto:
1924-32.
CARIATO
Em 1933, em plena crise e em meio a uma
revolta de líderes da oposição liberal, assume Tiburcio Carías, que usa o
estado de sítio para mandar os inimigos para o exílio, reduzir os poderes do
Congresso e dos governos municipais.
Um ano antes das eleições de 1936, o
Congresso se transformou em Assembleia Constituinte e prorrogou o mandato de
Carías até 1942. Em 1939, o Congresso prorrogou o mandato de Carías até 1848.
O Cariato
rompeu a tradição hondurenha de governos fracos, guerras civis e rápida troca
de presidentes. Isso foi conseguido às custas da incipiente democracia que houve
no país entre 1924 e 1932.
Carías criou o Ministério da Guerra,
introduziu o serviço militar obrigatório em 1935 e começou a mandar oficiais
para treinamento nos EUA (ou na Escola das Américas, que funcionava no Canal do
Panamá).
Quando os EUA entraram na Segunda
Guerra Mundial, Honduras foi junto (e o Brasil também).
O Cariato
foi o mais longo período de estabilidade política da História de Honduras, mas
não reverteu o declínio econômico do país.
POBREZA
Em 1933, o país tinha a segunda maior
renda per capita da América Central, atrás apenas da Costa Rica. Em 1942, era o
país mais pobre de todo o continente americano, atrás apenas do Haiti, que é
uma ilha. Em 1943, a renda per capita era 36% do pico de 1930.
Em 1943, um relatório feito por uma missão
americana apontou como problemas a debilidade do setor bancário, o descaso com
a agricultura, o alto custo do crédito e a anarquia na emissão de moeda, já que
Honduras não tinha banco central.
Durante a guerra, as companhias
bananeiras chegaram a plantar borracha para ajudar no esforço de guerra.
Com a queda nas exportações de banana
por causa da Depressão, Honduras diversificou a produção incluindo madeira,
algodão e açúcar na pauta da exportações.
A guerra trouxe como bônus a Rodovia
Pan-Americana e o Acordo Pan-Americano do Café. No final do Cariato, a produção de café tinha
dobrado.
Carías indicou o successor em 1948,
Juan Manuel Gálvez (1949-55), mas foi derrotado quando se candidatou em 1954 e
não apelou para a guerra civil.
GUERRA FRIA
No mesmo ano, a United Fruit e a CIA
patrocinavam o primeiro golpe de Estado da Guerra Fria na América Latina, na
Guatemala, conta o presidente Jacobo Árbenz.
Ex-advogado da United Fruit e
ex-ministro da Guerra de Carías, Gálvez não parecia um reformista. Mas
introduziu o imposto de renda, obrigando as bananeiras a pagar 15% do lucro, criou
um banco de desenvolvimento e um banco central, em 1950, e lançou as bases de
mais um período considerado democrático, que vai até 1963, quando os militares
tomam o poder.
Gálvez acabou com a repressão da
ditadura de Carías. Os presos políticos foram soltos e o Partido Liberal pode
agir livremente, mas pequenos grupos marxistas foram perseguidos e banidos. O
governo de Honduras apoiou o golpe contra Árbenz na Guetamala.
Nesta época, também houve grande
construção de estradas de ferro e de rodagem, que finalmente integraram o país.
Em 1954, as bananas representavam 50%
das exportações hondurenhas.
GREVE
O governo reagiu com dureza a uma greve
no setor bananeiro no momento em que o exército golpista de Carlos Castillo
Armas esperava o sinal para invadir a Guatemala. Prendeu toda a comissão de
greve.
Sob pressão da central sindical
americana AFL-CIO, as bananeiras acabaram negociando aumentos de 10% a 15%. Nos
próximos cinco anos, demitiram metade dos trabalhadores hondurenhos por
problemas na produção e a concorrência do Equador, um dos grandes exportadores
mundiais.
ACORDO MILITAR
Também em 1954, os EUA assinaram um
acordo militar com Honduras que vigora até hoje. Os americanos ocupam a base
militar de Palmerola, centro de operações na luta contra o governo sandinista
na Nicarágua e a guerrilha salvadorenha.
Com o resultado das eleições indefinido
entre três candidatos, Julio Lozano, que substituíra Gálvez por motivo de doença,
declarou a si mesmo presidente em exercício.
VOTO FEMININO
Para evitar mais uma guerra civil, os
partidos acabaram concordando. Em troca, em 1955, as mulheres ganharam direito
a voto e foi introduzida a Carta Fundamental dos Direitos Trabalhistas, cobrindo
todos os aspectos legais, do salário mínimo à negociação coletiva.
Diante da debilidade do regime, na
Constituição de 1957, os militares conquistaram o direito de intervir em
futures crises constitucionais. Isso ajuda a entender por que eles detonaram
Zelaya sem explicações.
As eleições de 1957 deram ampla vitória
aos liberais na Constituinte. Três anos depois de ser o mais votado mas não
levar, o Dr. Ramón Villeda Morales (1957-63) assumiu a presidência.
CAUDILHISMO
Villeda se apresentava como um
social-democrata. Não fugiu ao personalismo caudilhista que marca até hoje a
política hondurenha.
Como hoje, na era de Zelaya e Roberto Micheletti,
o presidente do Congresso que virou presidente interino depois do golpe de
2009, o Partido Liberal era um amálgama de diferentes caciques.
A obsessão anticomunista acirrada pela
Revolução Cubana criou um clima reacionário e um tratamento completamente
diferente do dispensado às ditaduras na Nicarágua, em El Salvador e na
Guatemala.
REFORMA AGRÁRIA
A indústria da banana nunca se
recuperou. O desemprego no campo provocou agitação social, com a formação da
Federação Nacional dos Camponeses Hondurenhos para lutar pela reforma agrária.
A reforma agrária nunca foi radical e
contou com a oposição das múltis bananeiras. Villeda temia o inimigo externo, o
comunismo, mas foi derrubado pelos militares. Desde 1959, houve uma série de
revoltas da Guarda Civil, que entrou em choque com as Forças Armadas.
GOLPES MILITARES
Dez dias antes das eleições de 1963, em
que os liberais lançaram o anti-imperalislta Modesto Rodas Alvarado, os
militares, liderados pelo coronel brigadeiro Osvaldo López Arellano, derrubaram
Villeda, iniciando uma sucessão de governos militares que iria até 1982, quando
foi aprovada a atual Constituição, que Zelaya queria reformar para permitir a
reeleição do presidente
O então presidente dos Estados Unidos,
John Kennedy, não reconheceu o governo golpista, mas seu vice e sucessor, Lyndon
Johnson, gostou do anticomunismo da ditadura numa região crítica da Guerra Fria
(morreu muito mais gente na América Central, na Guatemala, na Nicarágua e em El
Salvador, do que na América do Sul). LBJ reforçou a aliança militar com
Honduras.
GUERRA DO FUTEBOL
As ditaduras militares
centro-americanas fizeram pactos anticomunistas abençoados por Washington, o
que não impediu a chamada Guerra do Futebol, em 1969, provocada por uma
confusão de uma eliminatória da Copa de 1970, vencida por El Salvador por 3-2.
Na verdade, havia uma série de
problemas de imigração de salvadorenhos pobres que iam tentar a vida em Honduras,
que tem uma densidade populacional menor mas não tinha condições econômicas de
absorver migrantes. Problemas de fronteira e acesso a terra causaram o
conflito.
Quando Honduras decidiu expulsar os
salvadorenhos, o Exército de El Salvador invadiu, em 14 de julho de 1969.
A guerra não deu glória a nenhum dos
lados, e a OEA se apressou em evitar um vexame maior do Exército de Honduras,
negociando um cessar-fogo que entrou em vigor em 20 de julho de 1969. Em agosto,
as tropas salvadorenhas se retiraram.
Em 1992, a Corte Internacional de
Justiça das Nações Unidas, com sede em Haia, na Holanda, delimitou a fronteira
entre os dois países. O acordo final foi aprovado em 2006 com intermediação da
Organização dos Estados Americanos (OEA).
BASE DOS EUA
Durante os anos 70 e 80, especialmente
depois da vitória da Revolução Sandinista na Nicarágua, Honduras se tornou o
porta-aviões dos EUA.
Foi a base onde foram armados e
treinados os contrarrevolucionários que lutaram contra o sandinismo.
Foi também o centro de apoio às Forças
Armadas de El Salvador na luta contra a Frente Farabundo Martí de Libertação
Nacional e da Guatemala contra a União Revolucionária Nacional Guatemalteca. Em
1980, quando começa a guerra civil salvadorenha, sob pressão dos EUA, foi
assinado um acordo de paz com El Salvador para permitir ações conjuntas contra
guerrilheiros.
A transição do início dos anos 80 foi
negociada com os militares. Em 1981, Roberto Suazo Córdova, da ala rodista
(anti-imperialista) do Partido Liberal, foi eleito presidente.
Depois disso, o general Gustavo Álvarez
Martínez, expoente da ditadura e um dos favoritos de Ronald Reagan, foi nomeado
comandante das Forças Armadas. Em 1984, foi afastado por querer provocar uma
guerra contra a Nicarágua.
No fim do governo Reagan, com o
escândalo Irã-Contras, diminuiu a pressão americana para que Honduras fosse a
principal base dos contras.
GRUPO DO RIO
Em 1989, tardiamente, Honduras aderiu
aos grupos de Contadora e Apoio a Contadora, que evoluíram para o Grupo do Rio,
na busca de soluções negociadas para a paz na América Central. Seu governo
pediu a desmobilização dos contras.
A Guerra Fria chegava ao fim. Uma série
de acordos de paz foi negociada a partir da aproximação Reagan-Gorbachev,
levando a paz à América Central, ao Vietnã, ao Camboja, ao Sul da África e
tantas outras regiões do mundo onde conflitos locais haviam sido enquadrados e
exacerbados pela lógica da Guerra Fria.
CRISE ECONÔMICA
O governo civil, a partir de 1982, coincidiu
com uma recessão mundial causada pelo segundo choque do petróleo, depois da
Revolução Iraniana de 1979, com queda nos preços dos produtos primários e
aumento dos juros para enfrentar a inflação nos países ricos.
Com a crise da dívida externa na América
Latina, Honduras recorreu ao FMI.
ATRASO
As leis sociais e trabalhistas, a
reforma agrária e o esforço pelo equilíbrio das contas públicas ajudaram a
evitar guerras civis trágicas como nos países vizinhos.
São frutos de um reformismo pela
metade, marca do poder de uma oligarquia no passado não conseguia enfrentar as
transnacionais bananeiras e até hoje, duas décadas depois do fim da Guerra
Fria, ainda não conseguiu acabar com a influência dos militares na política.
Essa hipertrofia dos militares hondurenhos,
supertreinados e armados como última barreira contra o comunismo se Guatemala e
El Salvador caíssem, é mais um dos detritos da Guerra Fria.
CHAVISMO
O presidente José Manuel Zelaya foi eleito em 2005 pelo Partido Liberal. Fazendeiro, era mais um representante da oligarquia hondurenha. Por falta de recursos, associou-se ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para se beneficiar do petróleo venezuelano subsidiado da PetroCaribe.
Dentro da linha política do chavismo, Zelaya tentou reformar a Constituição de Honduras para permitir a reeleição do presidente. Alegava que havia reeleição para prefeitos, vereadores, governadores e deputados.
PLEBISCITO
Sem apoio no Legislativo nem no Judiciário para realizar um plebiscito sobre a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, o presidente anunciou a realização da consulta popular em 23 de março de 2009, marcando-a para 28 de junho, e tentou obrigar as Forças Armadas a distribuir urnas e cédulas de votação pelo país, e a patrulhar o pleito.
Quando Zelaya demitiu o comandante-em-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Romero Orlando Vázquez Velásquez, ele resistiu, teve o apoio de outros comandantes, do Congresso Nacional e da Corte Suprema.
GOLPE
Na madrugada de 28 de junho de 2009, soldados e policiais prenderam o presidente na sua residência e o colocaram num avião com destino à Costa Rica, o que caracteriza um golpe de Estado. Assumiu o cargo interinamente o presidente do Congresso, Roberto Micheletti.
Alguns analistas alegam que não houve golpe porque Zelaya tentou forçar a realização de um plebiscito para mudar uma cláusula pétrea (imutável) da Constituição de Honduras que proíbe a reeleição do presidente. Mas a Constituição não prevê um processo de impeachment. Não há um processo legal para substituir o presidente.
REFÚGIO
Depois de uma tentativa frustrada por via aérea, Zelaya voltou a Honduras em 21 de setembro. Pretendia se refugiar na Embaixada da Venezuela, que estava cercada por causa de suas ligações com Chávez. Acabou indo para a representação brasileira, de onde liderou uma campanha para voltar ao poder.
A maioria dos países da América Latina rejeitou o golpe e exigiu a volta ao poder do presidente deposto. O Acordo de São José da Costa Rica, negociado no âmbito da Organização dos Estados Americanos (OEA), não teve o apoio do Congresso e do Judiciário hondurenhos, o que o liquidou.
Se os EUA quisessem, com o poder econômico e militar que têm sobre Honduras, poderiam ter encurralado o governo golpista, mas o presidente Barack Obama preferiu não comprar mais uma briga com a oposição republicana, que acusava Zelaya de ser mais um fantoche de Chávez.
CHAVISMO
O presidente José Manuel Zelaya foi eleito em 2005 pelo Partido Liberal. Fazendeiro, era mais um representante da oligarquia hondurenha. Por falta de recursos, associou-se ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para se beneficiar do petróleo venezuelano subsidiado da PetroCaribe.
Dentro da linha política do chavismo, Zelaya tentou reformar a Constituição de Honduras para permitir a reeleição do presidente. Alegava que havia reeleição para prefeitos, vereadores, governadores e deputados.
PLEBISCITO
Sem apoio no Legislativo nem no Judiciário para realizar um plebiscito sobre a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, o presidente anunciou a realização da consulta popular em 23 de março de 2009, marcando-a para 28 de junho, e tentou obrigar as Forças Armadas a distribuir urnas e cédulas de votação pelo país, e a patrulhar o pleito.
Quando Zelaya demitiu o comandante-em-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Romero Orlando Vázquez Velásquez, ele resistiu, teve o apoio de outros comandantes, do Congresso Nacional e da Corte Suprema.
GOLPE
Na madrugada de 28 de junho de 2009, soldados e policiais prenderam o presidente na sua residência e o colocaram num avião com destino à Costa Rica, o que caracteriza um golpe de Estado. Assumiu o cargo interinamente o presidente do Congresso, Roberto Micheletti.
Alguns analistas alegam que não houve golpe porque Zelaya tentou forçar a realização de um plebiscito para mudar uma cláusula pétrea (imutável) da Constituição de Honduras que proíbe a reeleição do presidente. Mas a Constituição não prevê um processo de impeachment. Não há um processo legal para substituir o presidente.
REFÚGIO
Depois de uma tentativa frustrada por via aérea, Zelaya voltou a Honduras em 21 de setembro. Pretendia se refugiar na Embaixada da Venezuela, que estava cercada por causa de suas ligações com Chávez. Acabou indo para a representação brasileira, de onde liderou uma campanha para voltar ao poder.
A maioria dos países da América Latina rejeitou o golpe e exigiu a volta ao poder do presidente deposto. O Acordo de São José da Costa Rica, negociado no âmbito da Organização dos Estados Americanos (OEA), não teve o apoio do Congresso e do Judiciário hondurenhos, o que o liquidou.
Se os EUA quisessem, com o poder econômico e militar que têm sobre Honduras, poderiam ter encurralado o governo golpista, mas o presidente Barack Obama preferiu não comprar mais uma briga com a oposição republicana, que acusava Zelaya de ser mais um fantoche de Chávez.
Na eleição de novembro de 2009, foi eleito presidente o conservador Porfirio Lobo (2010-14), que tinha perdido a eleição para Zelaya por pequena margem em 2005.
Lobo, nunca reconhecido pela União Europeia nem pelo resto da América Latina por causa do golpe contra Zelaya, fez um pacto de governabilidade com outros candidatos antes da eleição, prometendo um plano de investimentos sociais de uma década. Foi uma tentativa de neutralizar o discurso esquerdista de Zelaya e conquistar legitimidade perante o resto do mundo. Não deu certo.
Lobo, nunca reconhecido pela União Europeia nem pelo resto da América Latina por causa do golpe contra Zelaya, fez um pacto de governabilidade com outros candidatos antes da eleição, prometendo um plano de investimentos sociais de uma década. Foi uma tentativa de neutralizar o discurso esquerdista de Zelaya e conquistar legitimidade perante o resto do mundo. Não deu certo.
XIOMARA
Numa tentativa de voltar ao poder, o
presidente deposto lançou a candidatura da mulher, Xiomara Castro de Zelaya.
Xiomara conquistou 986.498 votos. Ficou em segundo lugar na eleição presidencial de 24 de novembro de 2013, vencida pelo conservador Juan Orlando Hernández, do Partido Nacional, com 1.149.301 votos, 36% do total.
Xiomara conquistou 986.498 votos. Ficou em segundo lugar na eleição presidencial de 24 de novembro de 2013, vencida pelo conservador Juan Orlando Hernández, do Partido Nacional, com 1.149.301 votos, 36% do total.
CRIMINALIDADE
Hoje um dos maiores problemas de
Honduras é a atuação no país de máfias de traficantes que fugiram da guerra do
governo do México contra as drogas e se estabeleceram na América Central.
O país tem o índice de homicídios mais
alto do mundo, apesar de uma pequena queda de 2012, quando foram assassinadas
20 pessoas por dia, para 2013, quando foram 19 por dia. A taxa baixou de 85,5
para 79 homicídios para cada 100 mil habitantes, informa a agência Reuters.
Honduras é também uma fonte e país de trânsito para o tráfico de escravos e de mulheres para prostituição. Várias mulheres locais e de outros países são exploradas sexualmente em centros urbanos e locais turísticos. Também são exportadas como escravas sexuais para os países vizinhos, especialmente na Guatemala e no México.
Honduras é também uma fonte e país de trânsito para o tráfico de escravos e de mulheres para prostituição. Várias mulheres locais e de outros países são exploradas sexualmente em centros urbanos e locais turísticos. Também são exportadas como escravas sexuais para os países vizinhos, especialmente na Guatemala e no México.
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