A República Portuguesa, mais conhecida como Portugal, é um
país unitário situado no extremo sudoeste da Europa, no oeste da Península
Ibérica, cercado pela Espanha a norte e leste, e pelo Oceano Atlântico a sul e
oeste. O nome vem de Portus Cale, nome de um porto romano próximo da cidade
do Porto.
O território português é habitado desde a Pré-História. Fez
parte do Império Romano, foi tomado por povos germânicos e depois pela invasão
dos mouros à Península Ibérica, em 711.
O Reino de Portugal nasce durante a Reconquista e trava uma
luta histórica com a Espanha pela independência. A partir do século 15,
Portugal se volta para o Atlântico e cria um império com possessões na Europa,
África, América e Ásia.
O Império Português foi o primeiro império global da
história e o mais longo dos impérios europeus da era moderna. Durou da conquista de Ceuta, no
Marrocos, em 1415, até a devolução de Macau à China, em 1999.
Desde a independência do Brasil, em 1822, Portugal perdeu
sua importância internacional e entrou em decadência. Depois da queda da
monarquia em 1910, virou uma ditadura de 1926 até a Revolução dos Cravos, em
1974, que levou à independência das colônias africanas e do Timor Leste, em
1975.
Um novo país democrático entrou para a Comunidade Europeia
em 1986 e passou por um período de grande modernização e desenvolvimento que
acabou com a crise internacional de 2008-9.
Em 2011, Portugal pediu um empréstimo de emergência de 78
bilhões de euros à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional. Em troca,
o governo foi obrigado a adotar políticas duras de cortes de gastos e aumentos
de impostos que elevaram o desemprego para 18%. Só em 2014, a situação se
normalizou e Portugal parou de depender de ajuda externa. A desocupação caiu para 13,6%.
GEOGRAFIA
Com 92 mil quilômetros quadrados, Portugal é um pouco maior
do que os estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo juntos. Enquanto a
costa norte é fria e rochosa, a região do Algarve, no Sul, é quente e fértil.
A Serra da Estrela, entre os vales dos rios Tejo e Mondego, é o ponto mais alto de Portugal continental, com 1.993 metros. A Montanha do Pico, nos Açores, tem 2.351 m.
A Serra da Estrela, entre os vales dos rios Tejo e Mondego, é o ponto mais alto de Portugal continental, com 1.993 metros. A Montanha do Pico, nos Açores, tem 2.351 m.
Os arquipélagos dos Açores e da Madeira são territórios
ultramarinos portugueses.
POLÍTICA
Portugal é um Estado unitário, regido pela Constituição de
1976. É uma república parlamentarista com um parlamento unicameral, a Assembleia
da República, com 230 cadeiras.
O presidente é eleito diretamente para um mandato de cinco
anos, podendo ser reeleito uma vez. Os mandatos parlamentares são de quatro anos.
O atual presidente é Anibal Cavaco Silva, ex-primeiro-ministro
de 1985 a 1995 que cumpre o segundo mandato de cinco anos até 2016.
O primeiro-ministro é o conservador Pedro Passos Coelho, do
Partido Social-Democrata, desde 21 de junho de 2011.
ECONOMIA
O FMI estimou o produto interno bruto de Portugal em 2013 em
US$ 220 bilhões. A renda per capita ficou em US$ 20.774. O país é o 46º no
ranking de desenvolvimento humano do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD).
Os serviços (68%) respondem pela maior parte do produto
interno bruto português, seguidos pela indústria (28%). A agricultura
representa menos de 3% e emprega 12% da força de trabalho. O turismo contribui
com 11%.
HISTÓRIA ECONÔMICA
Portugal foi um dos países mais ricos do mundo durante o
período áureo da expansão colonial, da superação do Cabo da Boa Esperança, em
1488, à morte do rei Dom Sebastião numa batalha na África, em 1578, e na
primeira metade do século 18 por causa do ouro das Minas Gerais.
Como essa riqueza não foi investida para promover a
industrialização nos séculos 19 e 20, Portugal se tornou um dos países mais
pobres da Europa. Só se recuperou economicamente depois de entrar para a
Comunidade Econômica Europeia, hoje União Europeia, em 1986, mas ainda é o país
mais pobre da Europa Ocidental.
Portugal se beneficiou muito com os fundos estruturais para
desenvolvimento das áreas mais pobres da Europa, mas depois de apresentar um
dos índices de crescimento mais altos da UE anos anos 1990s praticamente não
cresceu no século 20.
UNIÃO MONETÁRIA
Portugal aderiu ao euro desde a introdução da moeda comum
europeia, em 1999, abandonando o escudo. Pela primeira vez em séculos, o país
teve moeda forte, juros baixos e câmbio estável, mas usou essa nova riqueza
mais para consumo do que para investimentos e modernização tecnológica.
Em 2007, a revista inglesa The Economist descreveu Portugal como o “novo homem doente da
Europa”. Foi um dos países que mais sofreram com a Grande Recessão de 2008-9 e
a crise das dívidas públicas da Zona do Euro. Isso obrigou o país a tomar
empréstimos de emergência de 78 bilhões de euros (US$ 116 bilhões) da UE e do
Fundo Monetário Internacional (FMI). O desemprego subiu para 18%.
POPULAÇÃO
Portugal tem 10,59 milhões de habitantes. O Instituto
Nacional de Estatística adota a política de não fazer perguntas sobre raça e
etnia nos censos do país.
Estima-se que mais de 90% dos moradores sejam portugueses
étnicos. Há também brasileiros, chineses, angolanos, moçambicanos, timorenses
e cabo-verdianos das ex-colônias e seus descendentes.
IDIOMA
A língua oficial é o português, adotado em 1290 por decreto
de Dom Dinis (1279-1325), o rei poeta. Com 230 milhões de falantes nativos, é a
quinta língua mais falada no mundo e a terceira no Ocidente.
O português é chamado de língua de Camões, em homenagem ao
poeta que cantou em Os Lusíadas a
saga da expansão colonial marítima. No soneto Língua Portuguesa, o poeta Olavo Bilac a chamou de “última flor do
Lácio”, a região da Itália onde fica Roma, por ser uma língua neolatina, mas o romeno é mais recente.
O português também é a língua oficial no Brasil, em Angola,
de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de Moçambique e de São Tomé e Príncipe. É
língua oficial, ao lado de outros idiomas, na Guiné Equatorial, em Macau, e no
Timor Leste, além de ser falada na antiga Índia portuguesa.
Em 17 de julho de 1996, Angola, Brasil, Cabo Verde,
Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe fundaram a Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa, a Lusofonia. Em 2002, depois de conquistar a independência, o Timor Leste
aderiu ao grupo.
RELIGIÃO
A Constituição Portuguesa garante a liberdade religiosa. O
país não tem religião oficial. Mas a concordata assinada com o Vaticano em 2004
garante os direitos dos católicos e da Igreja Católica no país.
No Censo de 2001, 84,6% dos portugueses se declararam
católicos. Uma pesquisa encomendada pela Igreja Católica na mesma época indicou
que só 18,7% do total dos portugueses são católicos praticantes e que 10,3%
costumam tomar a comunhão.
Cerca da metade dos casamentos são católicos, automaticamente
reconhecidos pela legislação. A lei portuguesa também reconhece o casamento de
pessoas do mesmo sexo.
Há algumas igrejas protestantes evangélicas
neopentecostalistas como no Brasil. As Testemunhas de Jeová tem 50 mil
seguidores.
Em 5 de dezembro de 1496, o rei Dom Manuel I expulsou os
judeus que se negaram a se converter ao cristianismo. Houve um massacre de
judeus em Lisboa em 1506 com 2 a 4 mil mortes. Foi um dos mais violentos na
época.
Há ainda uma minoria de uns 15 mil muçulmanos.
PRÉ-HISTÓRIA
Os primeiros vestígios humanos na Península Ibérica são do
Homem de Neanderthal há 24,5 mil anos. Há 5,5 mil anos, surgiu uma cultura
mesolítica. A cultura neolítica veio da Andaluzia, trazendo a agricultura e a
cerâmica.
Os celtas chegam à região pelos Montes Pirineus no
Neolítico, por volta do ano 1000 AC e dão origem a povos como os lusos.
HISTÓRIA
A região era visitada por comerciantes fenícios e
cartagineses. Depois da Segunda Guerra Púnica (218-201 AC) entre Roma e Cartago,
os romanos dominaram o litoral leste e sudeste da Península Ibérica.
Sob a liderança de Viriato, os lusos resistiram a uma
invasão romana, mas seu líder foi assassinado em 139 AC.
IMPÉRIO ROMANO
No século 1 AC, a Lusitânia foi conquistada por Caio Júlio
César e Otávio César Augusto, e anexada ao Império Romano. Os romanos cruzaram
o Rio Douro e tomaram a Galícia em 19 AC.
O cristianismo chegou no século 3, durante o período romano.
INVASÕES BÁRBARAS
Com a declínio do Império Romano, a partir de 409 o território
é ocupado por povos germânicos como os vândalos. Em 415, os visigodos entram na
península para expulsar os invasores a pedido dos romanos e lá ficam.
INVASÃO MUÇULMANA
Em 711, os mouros chefiados por Tarik ibn-Ziad invadiram a
Europa pelo Estreito de Gibraltar, venceram as forças do rei Rodrigo na Batalha
de Guadalete, que marca o fim do domínio dos visigodos na Península Ibérica, em
31 de julho do mesmo ano.
O exército islâmico de árabes e bérberes do Norte da África
avançou até ser contido pelo Duque Odo da Aquitânia em 721, na Batalha de
Toulouse, e por Carlos Martel, fundador do Império Carolíngio, em Poitiers, no
Sul da França, na época chamada Gália, em 732.
Para manter o controle sobre a Península Ibérica, os mouros
fundaram então o Império de Al-Andaluz na Península Ibérica. Os cristãos refugiaram-se
no Norte, no reino de Astúrias. No auge, no século 10, Al-Andaluz teve 10
milhões de habitantes.
RECONQUISTA
A Reconquista começa em 718, quando Pelágio, rei dos
visigodos, contra-ataca os muçulmanos. Em 722, na Batalha de Covadonga, os
cristãos têm a primeira vitória desde a invasão muçulmana à Península Ibérica.
Em 868, é criado o Condado Portucalense, na região entre os
rios Douro e Tejo onde séculos antes houve uma colônia romana chamada Portus
Cale.
Mais tarde, para conter o movimento da nobreza local pela
independência, Afonso VI, de Leão, entregou o governo do Condado da Galiza, que
incluía Portucale, ao Conde Raimundo de Borgonha. Como ele fracassou na luta
contra os mouros, Afonso VI decidiu entregar a região em 1096 ao Conde Dom
Henrique, que refundou o Condado Portucalense.
INDEPENDÊNCIA
Com sua morte, em 1112, ascende ao trono seu filho Dom
Afonso Henriques, que declara em 1139 a independência, reconhecida no Tratado
de Zamora (1143), e amplia o Reino de Portugal conquistando Santarém, Lisboa,
Palmela e Évora.
Por 240 anos, os descendentes de Dom Afonso I (1143-85) governaram
Portugal. Seu filho, Dom Sancho I (1185-1211), tomou Silves, no Algarve, a
cidade mais a oeste do Império al-Andaluz, em 1189, mas um exército muçulmano
vindo da África recuperou Silves e a maioria das terras ao Sul do Tejo, em
1191.
Dom Afonso II (1211-23) se juntou a Castela para derrotar os
mouros com a ajuda dos cruzados na Batalha de Navas de Tolosa, em 1212, e em
Alcácer do Sal em 1217. No reinado de Sancho II (1123-46), o Alentejo e a maior
parte do Algarve foram reconquistados.
Numa guerra civil que durou dois anos, Sancho II foi
derrubado por seu irmão Afonso III (1248-79), que conseguiu uma ordem papal
para isso. Ele concluiu a conquista do Algarve, transferiu a capital de Coimbra
para Lisboa e permitiu pela primeira vez a participação dos comuns nas Cortes.
Sob Dom Dinis (1279-1325), Portugal se aproximou do resto da
Europa. Aumentou o comércio e passou a participar mais das feiras. Ele fundou a
Universidade de Coimbra, em 1290, e tornou o português a língua oficial.
Em 1317, Dom Dinis contratou o almirante genovês Emmanuelle
Pessagno para construir a Marinha de Portugal.
Afonso IV (1325-57) se juntou a Castela para enfrentar os
mouros na Batalha do Rio Salado. Em 1355, ordenou o assassinato de Inês de
Castro, amante de seu sucessor, Pedro I (1357-67), também conhecido como o
Justo, o Justiceiro ou o Cruel.
DONA INÊS DE CASTRO
Dona Inês de Castro é uma das personagens trágicas da
História de Portugal. Era filha do mordomo-mor do rei Dom Afonso XI, de Castela,
e descendente direta de Sancho I, de Aragão. Seu pai era neto ilegítimo de
Sancho IV, de Castela.
Quando Constança Manuel se casou com o Infante Dom Pedro,
herdeiro do trono de Portugal, em 1340, quem chamou a atenção foi uma das aias,
sua prima Inês de Castro. Foi por ela que o Infante se apaixonou e com quem
teve uma relação considerada escandalosa pelos rígidos padrões da moral cristã
na época.
Depois da morte de Constança, em 1345, ao dar à luz o futuro
Fernando I, Pedro e Inês de Castro passaram a viver juntos e tiveram quatro
filhos, o que provocou o escândalo.
O casal foi para o Norte de Portugal. Na volta, instalou-se
no Paço de Santa Clara, moradia de reis, príncipes e suas esposas legítimas.
Correu um boato na corte de que Pedro e Inês tinham se casado em segredo.
RAINHA POST-MORTEM
Sob pressão dos nobres da corte portuguesa, temerosos da
influência dos irmãos Castro e do reino de Castela, Dom Afonso IV decidiu matar
a galega.
Em 7 de janeiro de 1355, aproveitando a ausência de Dom
Pedro, durante uma caçada, o rei foi com Pedro Coelho, Álvaro Gonçalves, Diogo
Lopes Pacheco e outros até o Paço de Santa Clara, onde eles mataram Dona Inês de Castro.
Dom Pedro se revoltou contra o pai, mas a rainha-mãe Dona
Beatriz negociou a paz entre eles em agosto de 1355.
Quando se tornou rei, em 1357, Dom Pedro I desenterrou a
amada e declarou que tinha se casado com Dona Inês de Castro em 1354. É o caso inédito
de uma rainha coroada depois da morte.
Conta a lenda que as lágrimas derramadas teriam criado a Fonte
dos Amores na Quinta das Lágrimas, em Coimbra.
DESAFIO
Depois da reconquista do território português ocupado pelos
mouros, concluída em 1249, a independência do novo reino seria desafiada por
Castela na crise da sucessão de Dom Fernando I (1367-83), de Portugal, que não
deixou herdeiros ao morrer, em 1383, e tinha uma filha casada com o rei
castelhano.
Sob risco de anexação pela coroa rival, a burguesia
comerciante de Lisboa e do Porto se rebelou e coroou Dom João I (1385-1433),
Mestre da Ordem Militar de Avis e filho bastardo de Dom Pedro I, pai de Dom
Fernando I, para defender seus interesses. Isso levou à Batalha de Aljubarrota,
em 1385.
GUERRA CONTRA CASTELA
Era fim de tarde de 14 de agosto de 1385, quando o
Exército de Portugal, reforçado por arqueiros ingleses, sob o comando de
D. João I, enfrentou o Exército liderado por D. João I, de Castela, no campo de
São Jorge, perto da vila de Aljubarrota, entre Leiria e Alcobaça, no
centro de Portugal.
Com a derrota dos castelhanos, acabou a crise sucessória de
1383-83. D. João I se tornou-se o primeiro rei da Dinastia de Avis, que
governaria Portugal no seu período de maior glória.
ALIANÇA COM A INGLATERRA
A aliança entre Inglaterra e Portugal, a mais antiga
aliança do mundo entre dois países independentes, a princípio contra Castela e
a França, seria consolidada em 1386 pelo Tratado de Windsor e o casamento
do rei D. João I com Dª Filipa de Lancastre, filha de João de Gante (John
de Gaunt), Duque de Lancastre, e neta do rei Eduardo III da Inglaterra.
A Batalha de Aljubarrota foi uma das grandes batalhas
campais da Idade Média e uma das mais decisivas da história de Portugal. Para
celebrar a vitória em Aljubarrota, o rei mandou construir o Mosteiro da
Batalha. A paz com Castela só viria em 1411 com o Tratado de Ayllón,
ratificado em 1423.
Com a vitória, Portugal se consolidou como reino
independente, definindo suas fronteiras com Castela e Leão, e abriu caminho para
o período mais importante da História de Portugal, a era dos descobrimentos.
VENTRE DO IMPÉRIO
Dona Filipa de Lancastre, que o poeta Fernando Pessoa chamou
de “divino ventre do império” e “madrinha de Portugal”, teve oito filhos com
Dom João I antes de morrer de peste bubônica em 19 de julho de 1415.
Quatro dias depois de sua morte, com mais de 200
embarcações, 50 mil soldados e 30 mil marinheiros, partiu a expedição para a
conquista de Ceuta, no Marrocos, “a porta de entrada e a chave de todo o
comércio africano”, nas palavras de Dom João I.
Era o início do império. Com pouco mais de 20 anos, o
infante Dom Henrique não só convenceu o pai a tomar Ceuta como organizou a frota
de guerra e foi nomeado comandante do território conquistado.
ERA DAS NAVEGAÇÕES
Duarte I (1433-38) sucedeu o pai, mas o mais famoso dos oito
filhos de D. João I foi o infante Dom Henrique, o Navegador, Duque de Viseu.
Nomeado governador do Algarve (do árabe Al Gharb, que significa O Poente, era o fim do Império Andaluz), o
Infante se mudou em 1419 para Sagres, na ponta sudoeste de Portugal, onde
fundou uma escola de navegação para conquistar o mundo.
O promontório sagrado para gregos e romanos, batizado de
Sagres pelos lusos, tinha sido descrito pelo geógrago grego Ptolomeu como o finnis terra, o fim do mundo conhecido
pelos europeus: “um lugar ermo, de beleza trágica, onde a terra se despede num
cabo nu e pedregoso para mergulhar no oceano temível cheio de mistérios. Não
por acaso, Sagres tinha sido ocupado por um templo de druidas, os sacerdotes
celtas”, conta o jornalista e historiador Eduardo Bueno em A Viagem do Descobrimento.
ORDEM DE CRISTO
Em maio de 1420, Dom João I nomeou o infante como grão-mestre
da Ordem dos Cavaleiros de Cristo, que substituiu a Ordem dos Cavaleiros do
Templo, os templários, extinta pelo papa Clemente V em 1314.
Por dois séculos, as caravelas portugueses estamparam nas
suas velas a cruz da Ordem de Cristo, uma sociedade secreta que ajudou a
financiar a aventura da expansão marítima europeia.
TRÁFICO NEGREIRO
O Infante foi também um dos “padroeiros da saga escravocrata
dos europeus”, afirma Eduardo Bueno.
Em 19 de dezembro de 1442, o papa Eugênio IV assinou uma
bula papal renovada em junho de 1452 por Nicolau V dando a Portugal o monopólio
do comércio com a África e autorização para “fazer a guerra contra os infiéis,
tirar-lhes as terras e escravizá-los”.
Como a aventura exploratória custava muito caro, só quando os
navios portugueses começaram a levar os primeiros escravos a Portugal, em 1444,
a expansão ultramarina começou a dar lucro, sustenta Bueno.
A missão da empreitada colonial era dilatar a fé e o
império, como observou Camões em Os
Lusíadas, o poema épico da saga das grandes navegações portuguesas. Custava
muito dinheiro. O tráfico de escravos ajudaria a pagar a conta e a fornecer mão
de obra para as colônias.
MADEIRA E AÇORES
Por volta de 1425, começa a colonização do arquipélago da
Madeira. Em 1427, os navegadores portugueses descobriram o arquipélago dos
Açores. Ambos eram desabitados e logo foram povoados por portugueses.
O modelo de colonização da Madeira e dos Açores, baseado em
capitanias hereditárias e nas sesmarias, seria usado no Brasil. Os açorianos
seriam pioneiros na colonização do Rio Grande do Sul, onde fundaram Porto
Alegre, e do litoral de Santa Catarina.
CABO NÃO
Na costa da África, o primeiro obstáculo seria passar do
Cabo Não, que indicaria o fim do mundo. Alexandro Magno de Castilho afirmou que
seria o Cabo Chaunar ou Nante, situado na costa sul do Marrocos. De acordo com
Eduardo Bueno, pode ser o Cabo Juby, no Marrocos ou o Cabo Drâa, um pouco mais
ao norte, também no Marrocos.
Em 1417, uma frota enviada pelo Infante dobrou o Cabo Não. O
próximo desafio à navegação na costa africana passou a ser o Bojador.
CABO BOJADOR
O grande obstáculo, que exigiu 15 expedições para ser
superado foi o Cabo Bojador, conhecido como o Cabo do Medo. Fica hoje no Saara
Ocidental, um território ocupado militarmente pelo Marrocos. É uma região de
mar raso. A 5 km da costa, a profundidade era de uns 2 m e havia recifes de
coral.
Em 1434, Gil Eanes afastou-se para o alto mar e dobrou o
Cabo Bojador. Com um novo tipo de navio, a caravela, as grandes navegações
ganharam um impulso. Nuno Tristão chegou ao Cabo Branco, hoje na Mauritânia, em
1441. Dinis Dias encontrou o Rio Senegal em 1444 e o Cabo Verde em 1445.
CARAVELA
Pequenos barcos usados pelos árabes em rios e junto ao
litoral do Mar Mediterrâneo, as caravelas foram adaptadas pelos português para
navegação em alto mar.
Depois do Bojador, os ventos alísios sopravam do nordeste,
dificultando as viagens de volta para Portugal. Com velas latinas, panos
triangulares de borda rígida capazes de gerar uma força propulsora na direção
oposta à do vento, criaram uma nova caravela.
Um caravela de velas latinas com 20 metros de comprimento
pesava cerca de 20 toneladas. Isso lhe dava grande velocidade e facilidade de
manobra. Foi uma grande obra do engenho lusitano. Abriu uma nova era na
história da navegação e deu grande impulso à indústria naval portuguesa.
“Em 1508, mais de 300 mestres trabalhavam na Ribeira das
Naus, em Lisboa. Um século depois, esse estaleiro fabricava 800 navios de 500
toneladas por ano. Cada um consumia 2,2 mil paus de sobro e 1,8 mil de pinho”,
escreve Eduardo Bueno.
O comércio ajudou a dar nomes ao litoral da África: Costa do
Ouro, Costa do Marfim, Costa da Pimenta e Costa dos Escravos.
CASTELO DA MINA
Ao ser aclamado soberano, em 1481, Dom João II estabeleceu
como meta chegar à Índia e mandou construir a Fortaleza de São Jorge da Mina, o
Castelo da Mina, perto de onde hoje fica Acra, a capital de Gana, na época
Costa do Ouro.
Era para ser “a primeira pedra da Igreja Oriental” que
converteria os infiéis. Virou o primeiro grande entreposto de escravos da era
moderna. Os primeiros escravos enviados ao Brasil, em 1533, vieram de lá.
Em seguida, começou a colonização das ilhas de São Tomé,
Príncipe e Fernando Pó, localizadas no Golfo da Guiné, a uns 100 km da costa do
Gabão. Como era uma zona insalubre, o rei mandou judeus e degredados.
ESCRAVIDÃO
A partir do Castelo da Mina e da ilha de São Tomé, os
portugueses iniciaram um rendoso tráfico de escravos que duraria três séculos e
ajudaria a financiar a expansão colonial. Cerca de 4 milhões de escravos
chegaram vivos ao Brasil em 12 mil viagens.
Como observa o historiador Luiz Felipe de Alencastro, em O Trato dos Viventes: a formação do Brasil
no Atlântico Sul, “a colonização portuguesa, fundada no escravismo, deu
lugar a um espaço econômico e social bipolar, englobando uma zona de produção
escravista situada no litoral da América do Sul e uma zona de reprodução de
escravos centrada em Angola”.
Em 1625, os holandeses tomaram o Castelo da Mina e o
dominaram até 1872.
CAMINHO DAS ÍNDIAS
Em 1474, o médico e astrônomo florentino Paolo Toscanelli
enviou uma carta a Portugal afirmando que havia uma rota muito mais curta para
a Índia do que a que Portugal estava explorando. Toscanelli imaginava que a
Ásia estivesse a uns 3,6 mil km a oeste das Ilhas Canárias.
Em 1477, chegou a Portugal o navegante genovês Cristóvão
Colombo, que viajou para a Fortaleza da Mina. Na África, Colombo se envolveu
com o tráfico de escravos, conheceu um geógrafo da frota de Diogo Cão e a tese
de Toscanelli de que seria possível chegar à Índia navegando rumo ao Ocidente.
Colombo tentou convencer Dom João II em 1484, mas os
astrônomos do reino o consideraram sua proposta irrealizável. Portugal queria
chegar à Índia por outro caminho.
FIM DA ÁFRICA
Em agosto de 1482, Diogo Cão partiu com a missão de atingir
o Sul da África. Descobriu o Rio Congo. Continuou rumo ao sul até chegar ao
Cabo do Lobo, hoje Cabo de Santa Maria, em Angola, e concluiu que a África
acabava ali.
Ao voltar a Lisboa, deu a notícia a Dom João II. No outono
de 1485, Diogo Cão zarpou de novo, desta vez com a missão de chegar ao Oceano
Índico. Ao passar pelo Cabo do Lobo, percebeu o erro. Humilhado, voltou para
Portugal e caiu em desgraça.
O rei indicou então Bartolomeu Dias, funcionário da
Fortaleza da Mina com grande experiência de navegação no Golfo da Guiné, com
suas calmarias e correntes contrárias.
CABO DAS TORMENTAS
Dias partiu de Lisboa em agosto de 1487 com duas caravelas
de 50 toneladas e uma nau carregada de mantimentos – usada pela primeira vez na
história das navegação.
Em outubro de 1487, passou do limite atingido por Diogo Cão.
Nessa altura, o litoral da África é desértico. Nos últimos dias de 1487, uma
tempestade terrível se abateu sobre a frota portuguesa, afastando-a da costa.
Quando a tormenta passou, duas semanas depois, Bartolomeu
Dias navegou para o Oriente sem encontrar terra. Decidiu então tomar rumo
norte. Em 3 de fevereiro de 1488, desembarcou na Baía de Mossel, a 370
quilômetros do Cabo. Ele navegou mais 500 km para o leste, tentando chegar ao
Oceano Índico. Diante de um motim da tripulação, decidiu voltar.
Ao passar pela ponta sul da África, Dias deu-lhe o nome de
Cabo das Tormentas, rebatizado por Dom João II, de Portugal, como Cabo da Boa
Esperança, embora os marinheiros ainda usassem o nome antigo.
Estava aberto o caminho para a descoberta do caminho
marítimo para as Índias por Vasco da Gama, em 1498, e para o século de ouro de
História de Portugal.
DESCOBERTA DA AMÉRICA
Colombo se mudou para a Espanha e ganhou apoio da rainha
Isabel para seu projeto de chegar às Índias viajando para o Ocidente. Ele saiu
de Palos em 3 de agosto e chegou a Guanahani, rebatizada como São Salvador, hoje parte Ilhas Bahamas, em 12 de outubro de 1492.
Na volta, em 4 de março de 1493, Colombo foi obrigado a
aportar em Lisboa para consertar suas duas caravelas, Pinta e Niña, e revelou
sua descoberta a Dom João II, que ficou indignado alegando que aquelas terras
lhe pertenciam.
TRATADO DE TORDESILHAS
A indignação do rei de Portugal quase levou o país à guerra
com a Espanha. Com intermediação do papa Alexandre VI (Alexandre Bórgia), em 7
de junho de 1494, foi assinado o Tratado de Tordesilhas. Todas as terras
situadas a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde pertenceriam a Portugal.
Dom João II morreu em 1495 deixando o reino endividado, sem
conseguir chegar às Índias. Seu cunhado Manuel I (1495-1521) assumiu o trono.
PERSEGUIÇÃO AOS JUDEUS
Sob pressão dos “reis católicos” da Espanha, Fernando e
Isabel, seus primos e rivais, Dom Manuel decretou a conversão ou a expulsão dos
judeus de Portugal em 10 meses até outubro de 1497.
Em 1506, 2 a 4 mil “cristãos novos” foram massacrados em
Lisboa. Depois, D. Manuel prometeu proteger os marranos e autorizou sua emigração para a Holanda, para onde eles
levaram a experiência portuguesa no comércio, na navegação e indústria naval,
ajudando a criar um rival poderoso.
VASCO DA GAMA
Bartolomeu Dias começou a organizar uma nova viagem à Índia.
Quando as caravelas São Gabriel e São Rafael ficaram prontas, Dom Manuel entregou
o comando da frota ao fidalgo Vasco da Gama, que considerava mais preparado
para desempenhar as funções comerciais, diplomáticas e militares da missão.
Vasco da Gama partiu de Lisboa com quatro navios e 170
homens em 8 de julho de 1497. Ao
se afastar da África para fugir das calmarias do Golfo da Guiné, onde os navios
andavam um nó (1,9 km/h) e as velas de iluminação derretiam sob o calor
tropical, a frota de Vasco da Gama teria notado a presença de aves e plantas
aquáticas, indicações de que haveria uma terra próxima. Em 22 de agosto, seus
homens avistaram “aves que pareciam estar indo para a terra”.
Depois de uma batalha contra o mar, Gama dobrou o Cabo da
Boa Esperança em 18 de novembro de 1497.
LEÃO DAS TEMPESTADES
A expedição chegou a Sofala, hoje em Moçambique, em 14 de
março de 1498. Os portugueses foram recebidos com desconfiança em Sofala e
Mombaça, hoje o principal porto do Quênia, mas o sultão de Melinde lhes emprestou um piloto árabe que conhecia a rota da costa oriental da África até a
Índia.
O poeta, navegador e cartógrafo Ahmed ibn Mahjid, nascido
onde hoje ficam os Emirados Árabes Unidos, escreveu o Livros sobre os Princípios da Náutica e as Regras. Considerado o
maior navegador árabe, era conhecido como Leão
das Tempestades. Vasco da Gama o chamava de “um grande tesouro”.
IMPERIALISMO
A chegada de Vasco da Gama à Índia, em 22 de maio de 1498, é
um dos marcos do início da dominação europeia sobre o resto do mundo. Ele
voltou a Lisboa em 10 de julho de 1499 com a notícia e conversou com Pedro
Álvares Cabral.
Dom Manuel I acrescentou ao título de rei de Portugal e dos
Algarves o de Senhor da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, da Arábia,
da Pérsia e da Índia.
DESCOBRIMENTO DO BRASIL
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil. Até hoje
se discute se foi por acaso ou se
Cabral tinha informações sobre a existência de terras passada por Vasco da Gama,
mas decidiu manter segredo.
Com 10 naus e três caravelas, a frota de Cabral era a maior
e mais poderosa que Portugal jamais organizara. Levava 1,5 mil homens, 2,5% da
população de Lisboa na época.
Ninguém desconhecia os riscos da aventura. Um ditado da
época dizia: “Se queres aprender a orar, faça-te ao mar.” A maioria dos homens
a bordo deixou um testamento. Dois terços deles jamais voltariam. Mais tarde, o
poeta Fernando Pessoa diria que o mar é salgado porque “são lágrimas de
Portugal”.
DESAPARECIMENTO
Duas semanas depois da partida, adiada de um domingo
festivo, 8 de março de 1500, para o dia seguinte por causa do vento, a nau de
Vasco de Ataíde desapareceu, em 23 de março, com cerca de 150 homens, sem
qualquer motivo extraordinário, conforme o relato da Carta de Pero Vaz de
Caminha ao rei comunicando a descoberta da Ilha de Vera Cruz, o primeiro nome
do Brasil.
Depois de dez dias de calmarias, a frota de Cabral cruzou o
Equador em 9 de abril. Seguindo as instruções de Vasco da Gama rumou para o
sudoeste fazendo a “volta do mar” para se afastar da costa da África.
PORTO SEGURO
Dois dias depois do Domingo de Páscoa, perto dos recifes de
Abrolhos, apareceram sargaços flutuantes. Na tarde do dia seguinte, 22 de abril
de 1500 pelo calendário da época, a armada de Cabral ancorou diante do Monte Pascoal, que fica perto de
Caraívas, no Sul da Bahia.
Cabral levou 44 dias para atravessar o Atlântico e chegar a
Porto Seguro, na Bahia. Desde o século 9, mapas europeus incluíam uma ilha
mítica e verdejante chamada Brasil do outro lado do oceano. A esquadra evitou
os recifes e seguiu rumo norte até ancorar na Baía de Cabrália, ao norte de
Porto Seguro.
PARDOS, NUS E SEM VERGONHA
Quando chegaram à terra num bote com homens dos três
continentes conhecidos, que falavam várias línguas, não conseguiram se
comunicar com os nativos, “pardos, todos nus, sem nenhuma coisa que lhes cobrisse
suas vergonhas”. Eram os tupiniquins.
A nau de mantimentos foi mandada de volta para Lisboa sob o
comando de Gaspar de Lemos, com a carta de Caminha e as primeiras toras de
pau-brasil enviadas à Europa. Dois degredados ficaram no Brasil e cinco marinheiros desertaram, preferindo ficar no
novo mundo.
TORMENTA NO CABO
Ao seguir viagem rumo à Índia, a frota enfrentou em 23 de
maio de 1500 uma tempestade perto do Cabo da Boa Esperança. Cinco navios, com
mais de 380 homens desapareceram, inclusive a caravela de Bartolomeu Dias, o primeiro
europeu a dobrar o que ele chamou de Cabo das Tormentas.
Um dos heróis de Os
Lusíadas, nas palavras de Camões, Dias tornou-se vítima do cabo que
descobrira.
GUERRA EM CALICUTE
Em 13 de setembro, seis meses e quatro dias depois de sair
de Lisboa, a reduzida esquadra cabralina finalmente chegou a Calicute, na
Índia. Os portugueses ganharam o direito de construir uma feitoria no porto da
cidade.
Em 16 de dezembro de 1500, cerca de 300 árabes e indianos
atacaram a feitoria. Mais de 50 portugueses morreram, inclusive Caminha.
Durante dois dias, Cabral bombardeou Calicute, matando muita gente e causando
grandes danos. Acabou instalando a feitoria em outra cidade.
TERRA DE SANTA CRUZ
Quando voltaram a Portugal um ano depois do descobrimento,
Cabral e seus capitães chamariam o Brasil de Terra de Santa Cruz. Logo o nome
mudaria para Brasil por causa da abundância da árvore que dava um pigmento
vermelho e da mítica “ilha do Brasil”.
Ao chegar à foz do Rio do Ouro, no atual Senegal, a frota de
Cabral encontrou outra, enviada por Dom Manuel para explorar as terras que Cabral descobrira. A bordo,
estava o navegador florentino Américo Vespuccio.
NOVO MUNDO
A Primeira Expedição Exploradora batizou os acidentes
geográficos da costa brasileira com os nomes dos santos do dia. Em 1º de
novembro de 1501, chegou à Baía de Todos os Santos. Em 1º de janeiro de 1502, batizou o Rio de Janeiro. Em 6 de janeiro, descobriu a Angra dos Reis.
Com base em informações desta expedição, foi produzido o primeiro
mapa do Novo Mundo, confirmando que, ao contrário do que pensara, Colombo não
chegara às Índias, descobrira um novo continente, batizado de América em
homenagem a Américo Vespuccio.
VOLTA AO MUNDO
O interesse maior da coroa portuguesa estava nas riquezas da
Ásia. Nos primeiros 30 anos, o Brasil mereceu pouca atenção. Foi alvo fácil de
piratas e corsários.
Em 1513, os portugueses chegariam a Macau, na China. Em
1520-21, a frota de Fernão de Magalhães deu a primeira volta ao mundo, a serviço da Espanha. Ele
morreu nas Filipinas, mas seus companheiros completaram a viagem. Em 1543, os
portugueses desembarcaram em Nagasake, no Japão.
Um grande herói português dessa época foi Afonso de
Albuquerque, conhecido como o Grande, César do Oriente, Leão dos Mares, o
Terrível e Marte Português.
ESTADO DA ÍNDIA
Segundo governador do Estado da Índia, considerado um gênio
militar, Albuquerque tentou fechar todas as passagens navais para o Oceano
Índico, o Mar Vermelho, o Golfo Pérsico, o Atlântico e o Pacífico, construindo
uma série de fortalezas para fechar o Índico para os portugueses.
Como governador, com uma força nunca superior a 4 mil
homens, estabeleceu a capital do Estado da Índia em Goa, tomada em 1510;
conquistou Málaca, o porto mais oriental do Índico em 1511; chegou às Ilhas Molucas,
conhecidas como as “ilhas das especiarias”, em 1512; dominou o Estreito de
Ormuz, entrada do Golfo Pérsico, em 1515; e manteve contatos diplomáticos com reinos na Índia,
Etiópia, Pérsia, Sião e China.
Vice-rei e Duque de Goa, Afonso de Albuquerque foi o segundo
europeu a fundar uma cidade na Ásia, depois de Alexandre, o Grande (353-323 AC). Durante dois
séculos e meio, de 1505 a 1752, o Estado da Índia administrou todas as
possessões do Império Português no Oceano Índico, de Moçambique, na África, a
Macau e o Timor. Só em 1752, Moçambique passou a ter seu próprio governo.
Em 1961, o Exército da Índia invadiu Goa e tomou que
restava da Índia portuguesa.
CONTRABANDO
Enquanto a Carreira da Índia se mostrava extremamente
onerosa, aumentava o contrabando no Brasil. A França, por exemplo, não aceitava
a divisão do mundo entre Portugal e Espanha no Tratado de Tordesilhas. O
litoral do Brasil era seu alvo.
Em 1530, veio a primeira expedição colonizadora, de Martim
Afonso de Souza, que fundou São Vicente, o primeiro povoado brasileiro, em
1532.
No mesmo ano, uma frota portuguesa descobriu no navio
francês Peregrina, no porto de Málaga, 15 mil toras de pau-brasil, 3 mil peles
de onça, 600 papagaios, 1,8 tonelada de algodão, óleos medicinais, pimenta, sementes
e amostras minerais. O navio passara quatro meses no Brasil e tomara uma
feitoria portuguesa em Igaraçu, junto à ilha de Itamaracá, em Pernambuco,
retomada por Pero Lopes de Souza.
INQUISIÇÃO
A frota que capturou o Peregrina levava para Roma o bispo
Dom Martinho, que seria embaixador junto à Santa Sé e trataria da instalar a
Inquisição em Portugal. O rei Dom João III (1521-57) era casado com Catarina,
filha de Carlos V, do Sacro Império Romano-Germânico, o imperador mais poderoso da Europa, que sonhava em criar uma monarquia universal. Não conseguiu resistir
à pressão da Espanha.
O tribunal Santo Ofício chegou a Portugal em 1536. O
primeiro Auto da Fé foi realizado em 1540. No mesmo ano, é fundada a Companhia
de Jesus, a ordem dos jesuítas, um dos principais braços da Igreja Católica no
movimento contra a Reforma da Igreja, a Contrarreforma, fundamental na
colonização da América espanhola e portuguesa.
Logo os jesuítas controlariam a educação em Portugal e
seriam importantes na colonização do Novo Mundo pelos impérios português e
espanhol.
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
Para combater o contrabando, houve três expedições de
Cristóvão Jacques, em 1516, 1521 e 1527, antes da expedição colonizadora de
1530-32.
Em 1534, Dom João III resolveu colonizar o Brasil no mesmo
modelo usado na Madeira e nos Açores: capitanias hereditárias e sesmarias. Era
a primeira vez que os europeus tentavam transplantar sua cultura para o Novo
Mundo.
O Brasil foi dividido em 15 capitanias hereditárias. As
quatro capitanias mais ao norte, da Paraíba do Norte ao Amazonas, não foram
ocupadas por seus donatários no século 16.
Entre os donatários, sete eram da pequena nobreza de
Portugal. Tinham se destacado nas campanhas na África e na Índia. Quatro eram
altos funcionários da corte e um era um capitão da confiança de Martim Afonso
de Souza. Não tinham, na maioria, nem recursos nem capital para colonizar áreas
tão vastas, mesmo com os enormes privilégios concedidos pela coroa portuguesa.
Só Pernambuco e São Vicente prosperaram. O donatário da
Bahia de Todos os Santos, Francisco Pereira Coutinho, foi atacado pelos índios
tupinambás e refugiou-se na vizinha capitania de Porto Seguro.
Ao voltar, o donatário e os colonos naufragaram diante da
Ilha de Itaparica, em 1547. Os sobreviventes foram capturados, mortos e
devorados pelos índios.
GOVERNO GERAL
Diante do fracasso do modelo de capitanias e da ameaça cada
vez maior dos franceses, D. João III criou um governo central para a colônia e
nomeou Tomé de Souza primeiro governador-geral do Brasil.
Em 29 de março de 1549, ele chegou à Baía de Todos os Santos,
ancorou no Porto da Barra, e fundou a cidade de Salvador, capital colonial do
Brasil até 1763, quando o Brasil foi elevado a Vice-Reino e a capital
transferida para o Rio de Janeiro.
FRANÇA ANTÁRTICA
Com cerca de 600 homens, duas naus e uma naveta de
mantimentos, Nicolas Durand de Villegagnon entrou na Baía de Guanabara em 10 de
novembro de 1555 e criou a França Antártica, uma tentativa de estabelecer uma
colônia permanente. Foi de certa forma a primeira crise internacional do
Brasil.
Os franceses chegaram na Ilha de Lage, onde tentaram armar
uma fortificação para defender a entrada da baía, mas foram impedidos pela
maré. Fundaram o Forte Coligny, na Ilha de Serigipe, e se instalaram na Praia
do Flamengo, entre a foz do Rio da Carioca e o Outeiro da Glória, onde pretendiam
fundar a Henriville, em homenagem ao rei Henrique III, da França.
Com reforços da capitania de São Vicente, o terceiro
governador-geral do Brasil, Men de Sá, abriu fogo contra os franceses em 15 de
março de 1560. No dia seguinte, o forte foi tomado.
Os franceses remanescentes se refugiaram com tribos
indígenas e foram alvo de uma campanha de Estácio de Sá, sobrinho do
governador-geral, numa guerra que foi de 1565 a 1567.
Nessa guerra, Estácio fundou o Rio de Janeiro em 1º de março
de 1565 no Morro Cara de Cão, um pequeno morro que fica na frente do Pão de
Açúcar, onde está a Fortaleza de São João, guarnecendo a entrada da baía.
DECLÍNIO
O marco do início da decadência de Portugal é a morte do
jovem rei Dom Sebastião na Batalha de Alcácer-Quibir, no Marrocos, em 1578,
junto com boa parte da nobreza. Sobe ao trono o rei-cardeal Dom Henrique, que
morre dois anos depois abrindo uma crise sucessória.
Dom João III foi sucedido pelo neto, Dom Sebastião
(1557-78), que na época tinha apenas 3 anos da idade. Religioso fanático, desde
criança seria obcecado em realizar uma cruzada no Marrocos. Ele visitou Ceuta e
Tânger em 1574 e preparou uma grande expedição. Partiu em julho de 1578.
Na Batalha de Três Reis, perto de Alcácer-Quibir, em 4 de
agosto de 1578, o exército de Dom Sebastião foi destruído. Cerca de 15 mil
portugueses foram capturados. Oito mil portugueses morreram em combate,
inclusive o jovem rei, que não deixou descendentes.
SEBASTIANISMO
Era o fim do século de ouro de Portugal. O povo português
não aceitava a morte do jovem rei. Até hoje, em todo o antigo Império
Português, há uma série de mitos em torno de uma possível volta triunfante do
rei morto, o sebastianismo.
Em Lençóis, no Maranhão, havia uma lenda que dizia que nas
noites de lua cheia um touro albino corria por suas dunas brancas. Se um
arqueiro conseguisse alvejar aquele touro entre os dois chifres e matá-lo, a
esquadra de Dom Sebastião ressurgiria do mar. O Maranhão guarda muito da
herança colonial portuguesa. Mas quase não foi assim.
DOMÍNIO ESPANHOL
Em 1580, como Dom Sebastião não deixara descendentes, a
coroa portuguesa foi reivindicada por Felipe II, rei da Espanha, dando início à
monarquia dualista, à União Ibérica. Até 1640, três reis espanhóis reinaram sobre Portugal e
Espanha sem unificar os dois reinos.
Durante o Domínio Espanhol, os bandeirantes e pioneiros
aproveitaram para ir muito além do Meridiano de Tordesilhas, ampliando o Brasil para o Oeste com a conquista do Mato Grosso, do Pantanal, da Amazônia e do Rio
Grande do Sul.
Outra consequência foi o envolvimento de Portugal em guerras
com a França e na Guerra dos Oitenta Anos entre a Espanha e a Holanda, o que
levou às duas invasões holandeses no Nordeste do Brasil, em Salvador (1624-25)
e em Pernambuco (1630-54). Antes houve a invasão da França ao Maranhão.
FRANÇA EQUINOCIAL
Os franceses fizeram uma segunda tentativa de se estabelecer
em território brasileiro no Maranhão, de 1594 a 1615.
Em 1594, Jacques Riffault montou uma feitoria na Ilha de São
Luís. Henrique IV mandou Daniel de la Touche em missão de reconhecimento, mas
morreu antes de lançar a nova empreitada colonial. Coube à rainha Maria de
Médici, regente durante a minoridade de Luís XIII, dar a carta régia para o
estabelecimento da França Equinocial.
Com três navios e 500 colonos, Daniel de la Touche, Senhor
de la Ravardière, saiu do porto de Cancale em março de 1612. Para facilitar sua
defesa, os colonos franceses fundaram um povoado chamado de São Luís em
homenagem a Luís XIII (1610-43).
Em 8 de setembro de 1612, os frades rezaram a primeira missa
e começou a construção do Forte São Luís onde hoje fica o Palácio dos Leões, na
Baía de São Marcos. É a única capital brasileira fundada por estrangeiros, já que a tentativa de estabelecimento da França Antártida no Rio de Janeiro pelos franceses não é reconhecida como fundação.
Em sua extensão máxima, a França Equinocial ia do litoral do
Maranhão até o norte do estado do Tocantins, inclusive quase todo o leste do
Pará e boa parte do Amapá. Em 1613, os franceses foram os primeiros a chegar à
foz do Rio Araguaia, na região do Bico do Papagaio.
Os portugueses organizaram uma força na capitania de
Pernambuco e, em 4 de novembro de 1615, os franceses se renderam.
INVASÃO HOLANDESAS
Na guerra com a Holanda, Portugal perdeu na Ásia, empatou na
África e ganhou no Brasil. Foi obrigado a pagar uma grande indenização para
garantir seus direitos sobre o Nordeste.
No século 17, quando era a maior potência marítima e
comercial, a Holanda invadiu duas vezes o Nordeste brasileiro, a Bahia
(1624-25) e Pernambuco (1630-54). Era o período do Domínio Espanhol (1580-1640),
quando o rei da Espanha governou Portugal, e a Holanda estava em guerra com a
Espanha e depois com a Inglaterra.
INVASÃO À BAHIA
Em 9 de maio de 1624, cerca de 3,4 mil holandeses liderados
por Jacob Willekens tomaram Salvador, a capital colonial do Brasil, sem encontrar grande
resistência, mas não conseguiram manter a conquista.
Menos de um ano depois, em 27 de março de 1625, uma esquadra
de mais de 50 navios espanhóis e portugueses sob o comando do almirante
espanhol Fradique de Toledo y Osorio chegou a Salvador. Depois de 35 dias de batalha, os holandeses se renderam em 1º de maio, no Convento do Carmo,
transformado em quartel-general da resistência brasileira.
INVASÃO A PERNAMBUCO
Ao desembarcar ao norte de Olinda, onde hoje fica o Forte de
Pau Amarelo, em 1630, os holandeses foram guiados por um judeu. A República
Holandesa era liberal e tolerante, enquanto a colônia portuguesa tinha recebido
uma visitação do Santo Ofício em 1590-91 e os judeus temiam a perseguição pela
Igreja Católica.
Com o ciclo do açúcar, Pernambuco era a mais rica das
províncias ultramarinas portuguesas. Na época, o açúcar era a mercadoria mais
importante do mercado internacional e o Brasil o maior produtor, posição
mantida até hoje. Era o melhor negócio da colônia; o segundo era o tráfico de
escravos.
NASSAU
O Brasil Holandês chegou a ocupar uma grande extensão da
costa, do Norte da Bahia ao Maranhão durante o governo do conde alemão João
Maurício de Nassau (1637-44), príncipe do pequeno Principado de Nassau-Siegen,
parte do Sacro Império Romano-Germânico.
Com a ajuda de um famoso arquiteto holandês, Pieter Post,
Nassau desenvolveu o Recife ampliando-o para uma nova ilha onde construiu a
Cidade Maurícia, ligada ao Recife antigo por uma ponte.
Como os nativos se recusavam a usá-la, Nassau inventou que
haveria um boi voador do outro lado. Chegou a construir um mecanismo para
fingir que um boi voava.
Nassau também instaurou câmaras municipais, modernizou a
infraestrutura de transportes do Recife, criou o Jardim Botânico, o Museu de
História Natural e o Zoológico.
Seus gastos excessivos alarmaram os acionistas da Companhia
Holandesa das Índias Ocidentais. Sem total liberdade para fazer o que quisesse,
Nassau embarcou no porto de Cabedelo e voltou à Europa em julho de 1644.
INTEGRIDADE TERRITORIAL
A derrota do Brasil Holandês foi essencial para a integração
nacional, argumenta o historiador pernambucano Evaldo Cabral de Mello, autor de
vários livros sobre a invasão holandesa, como Nassau: governador do Brasil Holandês, O Negócio do Brasil e Olinda
Restaurada. Naquela época, o Brasil estava no Nordeste.
Se não estourasse a Primeira Guerra Anglo-Holandesa
(1652-54), talvez a Insurreição Pernambucana não tivesse o mesmo sucesso no
cerco e assalto final ao Recife, na Batalha dos Guararapes.
Numa visão militar, o conflito terminou com a vitória
brasileira na Batalha dos Guararapes e a libertação do Recife. Em O Negócio do Brasil, o historiador
Evaldo Cabral de Mello ensina que a guerra entre Holanda e Portugal só terminou
depois de uma guerra marítima de 1657-61 e de dois acordos de paz, em 1661 e
1669, em que os holandeses reconheceram a soberania portuguesa sobre o Nordeste
em troca de concessões financeiras e comerciais.
Pelo Tratado de Londres, de 1661, Portugal deveria pagar 4
milhões de cruzados durante 16 anos pelo Nordeste. No Tratado de Haia, de 1669,
a indenização foi reduzida para 2,5 milhões de cruzados a serem pagos em 20
anos.
Além do Brasil e da Nova Amsterdã, tomada pelos ingleses e
rebatizada como Nova York, a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais ficou
com a Costa do Ouro e o Suriname. Mas não sobreviveu. Faliu no início dos
1670s.
Os holandeses levaram a tecnologia de produção do açúcar de
cana para o Caribe. A segunda metade do século 17 foi a Idade de Ouro da
Holanda.
RESTAURAÇÃO
Depois de duas revoltas fracassadas, em 1634 e 1637, em
1640, uma conspiração urdida pelo primeiro-ministro francês Armand-Jean du
Plessis, Cardeal e Duque de Richelieu, levou a uma
revolução nacionalista em Portugal, a Revolta de Lisboa, em 1º de dezembro de 1640.
Com a Restauração, Dom João, Duque de Bragança, neto da
duquesa Catarina, sobrinha de Dom João III, foi coroado como Dom João IV (1640-56).
Foi o primeiro rei da Dinastia de Bragança, que governou Portugal até a queda
da monarquia, em 1910, e deu os dois imperadores do Brasil
O golpe que restaurou a independência de Portugal deflagrou
uma guerra com a Espanha que só acabou com a assinatura de um tratado de paz em
1668, em Lisboa. Em troca, Portugal cedeu Ceuta, até hoje uma colônia
espanhola.
Dom João IV foi sucedido por Afonso VI, que selou a paz com
a Espanha e a Holanda. Durante o reinado de seu sucessor, Pedro II (1683-1706),
foi descoberto o ouro do Brasil, que daria grande riqueza a Portugal.
CICLO DO OURO
Com a descoberta de ouro em Minas Gerais, em 1693, o fim do
século 17 e a primeira metade do século 18 foram um período de grande
prosperidade de Portugal e da colônia, tanto que Portugal chegou a cogitar a
transferência da capital do Império para o Brasil.
Em 1728, foram descobertos diamantes. A coroa ficava com um
quinto da renda do comércio de metais e pedras preciosas, garantindo as
finanças do reinado de Dom João V (1706-50), sucedido por seu filho, Dom José
(1750-77).
As cidades históricas de Minas são testemunhas desse passado
de riqueza.
TERREMOTO DE LISBOA
Um terremoto de grandes proporções seguido de um maremoto arrasou
Lisboa em 1º de novembro de 1755, durante o governo do Marquês do Pombal. Mais
de 10 mil pessoas morreram, quase metade da população da capital portuguesa.
A magnitude é estimada hoje em até 9 graus na escala
Richter, o que o tornaria o terremoto tão violento quanto o Terremoto de Fukushima, que atingiu o
Nordeste do Japão em 11 de março de 2011.
Minutos depois do tremor de terra, ondas gigantes de 6 a 10
metros de altura varreram a cidade, alagando o porto e o centro de Lisboa. Nas
áreas não alagadas pelas tsunames, o
fogo de alastrou. Os incêndios duraram 5 dias.
MARQUÊS DO POMBAL
O mais famoso e discutido dos primeiros-ministros
portugueses, o Marquês do Pombal, governou Portugal de 1750-77, no reinado de
Dom José. Foi o exemplo português do chamado despotismo esclarecido, que
combinava o absolutismo monárquico com o racionalismo iluminista.
Sebastião José de Carvalho e Melo promoveu várias reformas.
Acabou com a escravidão em Portugal continental, com a Inquisição e a
perseguição a judeus e cristãos novos, perseguiu os jesuítas e os expulsou do
Império Português em 1757, levando o papa a extinguir a Companhia de Jesus em 1773.
Ao expulsar os jesuítas, Pombal destruiu o sistema
educacional português.
Com a morte de Dom José, em 1777, sobe ao trono sua filha
Maria I (1777-1816), conhecida como a Rainha
Louca. Até 1786, ela dividiu o trono com o tio e marido, Dom Pedro III. Sua
morte e a do príncipe herdeiro, Dom José, Duque de Bragança, teriam contribuído
para a loucura da rainha, agravada durante a Revolução Francesa e seu período
de terror, que abalaram as monarquias europeias.
Ao contrário da imperatriz Catarina II, da Rússia, que vacinou os filhos contra a varíola, Dona Maria I não imunizou o herdeiro do trono.
RAINHA LOUCA
O primeiro ato de Maria I foi demitir o Marquês do Pombal e
expulsá-lo de Portugal. Durante a Revolução Francesa (1789-99), ela deu asilo a
vários aristocratas franceses.
Em 5 de janeiro de 1785, Maria I baixou um alvará proibindo
a atividade industrial no Brasil, com exceção de panos grossos para uso de
escravos e trabalhadores, atrasando o desenvolvimento do país.
No seu reinado, foi descoberta a Inconfidência Mineira
(1789), o que levou ao processo e execução de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, em 21 de abril de 1792, como
conta o historiador britânico Kenneth Maxwell em A Devassa da Devassa.
Católica fervorosa, conhecida como Maria Pia ou Piedosa,
quando ladrões entraram numa igreja e espalharam hóstias pelo chão, a Rainha Louca decretou nove dias de luto
e acompanhou a pé no chão de vela na mão uma procissão de penitência que percorreu
Lisboa.
Mentalmente instável, desde 10 de fevereiro de 1792, Dona
Maria I foi obrigada a deixar o filho, o príncipe-regente Dom João, assumir os
negócios do Estado.
INVASÕES NAPOLEÔNICAS
Por não apoiar o Bloqueio Continental imposto por Napoleão
contra a Grã-Bretanha, Portugal entra em guerra com a França. Em 19 de novembro de 1807, a França invade Portugal. O general Jean Junot toma Lisboa em 30 de novembro.
Sob proteção da Marinha Real britânica, a corte portuguesa
foge para o Brasil semanas antes, em 13 de novembro de 1807, instala a
capital do império no Rio de Janeiro em 1808 e abre os portos do país ao
comércio com os países amigos, principalmente a Grã-Bretanha, que sofria com o
Bloqueio Continental decretado por Napoleão na Europa.
Maria I teria sido obrigada a embarcar à força. Muito
religiosa, temia estar indo para o inferno. Alheia à crise, foi quem se manteve
mais calma na hora da fuga, chegando a dizer: “Não corram tanto. Vão pensar que
estamos a fugir.”
Em 1º de agosto de 1808, o Duque de Wellington inicia a luta
pela segunda restauração de Portugal e da Espanha. O termo guerrilha foi usado
pela primeira vez na Guerra Peninsular para descrever a tática da resistência espanhola
de lançar ataques de surpresa e recuar para escapar à reação do inimigo mais
poderoso.
REINO UNIDO
A vinda da família real representou na prática a
independência do Brasil, já que a capital ficava aqui. O Rio de
Janeiro foi a única cidade ao Sul do Equador a comandar um império que se
estendia por quatro continentes: África, América, Ásia e Europa, com a
restauração de Portugal após a derrota final de Napoleão na Batalha de Waterloo, em 18 de junho de 1815.
Em 1815, depois do Congresso de Viena, que restaurou as
monarquias europeias, o Brasil era elevado a Reino Unido de Portugal, Brasil e
Algarve. Mas Dom João VI (1816-26) não mostrava interesse em voltar para
Lisboa.
REVOLUÇÃO DO PORTO
Em 1817, o comandante britânico William Beresford, que
chefiava o Exército de Portugal, reprimiu em Lisboa uma conspiração liderada
pelo general Gomes Freire de Andrade, que foi executado.
Quando Beresford veio ao Brasil, em março de 1820, tentar
convencer Dom João VI a voltar, estourou uma revolução constitucionalista no
Porto, em 24 de agosto. Ao voltar a Lisboa, Beresford foi impedido de
desembarcar. Uma Assembleia Constituinte aprovou uma Constituição liberal,
forçando a volta da família real.
A Revolução do Porto obrigou Dom João VI a voltar para
Lisboa em 25 de abril de 1821, deixando o filho Pedro como regente do reino. Sua mulher, Carlota
Joaquina, e seu filho Miguel se recusaram a jurar a nova Constituição.
Como a corte portuguesa não aceitava o status do Brasil como
reino, Dom Pedro foi pressionado a voltar para Lisboa, mas preferiu declarar a
independência do Brasil em 7 de setembro de 1822. Com a independência, o
Império Português se enfraqueceu definitivamente.
IRMÃOS EM GUERRA
Dom Miguel, irmão de Dom Pedro I, tentou dar um golpe em
1824 e reinstaurar o absolutismo, mas fracassou e fugiu para o exílio em Viena.
Quando Dom Pedro I abdicou ao trono do Brasil, em 1831, e
voltou para a Europa para assumir o trono como Dom Pedro IV, de Portugal, teve
de enfrentar o irmão, que se rendeu em Évora em maio de 1834.
Dom Pedro IV morreu meses depois, em setembro de 1834,
deixando sua filha Dona Maria II (1834-53) como rainha. Seu governo foi marcado
por uma série de revoltas e conflitos entre liberais (setembristas) e
absolutistas (cartistas, defensores da Constituição outorgada por Dom Pedro IV)
como a Revolução de Setembro (1836), a Belenzada (1836), a Maria da Fonte ou
Revolução do Minho (1846) e a Guerra da Patuleia (1846-47).
As causas foram a miséria da maior parte do povo, a
dependência em relação à Inglaterra, a concentração do poder político e econômico
numa burguesia pequena e predominantemente rural, o caráter antidemocrático da
Constituição e a revolução de 1836 na Espanha.
Depois de uma rebelião militar em 1º de maio de 1851, começa
o período da Regeneração, consolidado pelo Ato Adicional de 1852, que reformou
a Constituição outorgada por Dom Pedro IV em 1826.
Maria II foi sucedida por Pedro V (1853-61) e este por seu
irmão Luís (1861-89).
PARTILHA DA ÁFRICA
Quando a Revolução Industrial iniciada na Inglaterra por
volta de 1750 chegou ao resto da Europa, no século 19, houve um novo surto imperialista em
busca das matérias-primas do resto do mundo. Isso levou à Conferência de Berlim
(1884-85), que na prática dividiu a África entre as potências coloniais
europeias.
Portugal convocou a conferência para defender seus direitos
no continente, cada vez mais explorado por outras potências europeias,
inclusive a uma faixa do território africano unindo Angola e Moçambique
apresentado no chamado Mapa Cor-de-Rosa.
A Alemanha e a França concordaram, em 1886, com a reivindicação
portuguesa, rejeitada pelo Império Britânico, que temia isolamento de suas
colônias no Sul da África.
Portugal iniciou então uma campanha de conquista e
pacificação dos territórios pretendidos, já que a colonização da África
portuguesa se limitava a portos e entrepostos costeiros. A Conferência de
Berlim exigia a “ocupação efetiva”.
ULTIMATO BRITÂNICO
Em 1887, Portugal tentou fechar o Rio Zambeze à navegação e
reclamou o vale do Rio Niassa. O primeiro-ministro britânico, Robert Gascoyne Cecil, Lorde Salisbury,
recusou-se a reconhecer o direito dos portugueses, considerando os territórios
em disputa “não ocupados com forças suficientes para manter a ordem, proteger
os estrangeiros e controlar os nativos”.
A pretensão portuguesa atrapalhava o megaprojeto britânico
de construir uma estrada de ferro transafricana ligando a Cidade do Cabo ao
Cairo, promovido por Cecil Rhodes, empresário do imperialismo que instalou a
Rodésia do Norte (hoje Zâmbia) e a Rodésia do Sul (Zimbábue) nos territórios
reivindicados por Lisboa.
Em 11 de janeiro de 1890, o governo britânico deu um
ultimato para Portugal retirar suas forças do território entre as colônias de
Angola e Moçambique, hoje parte da Zâmbia, do Zimbábue e do Maláui. Caso
contrário, seriam alvo de ataque.
Lorde Salisbury rejeitou o pedido português de arbitragem.
Sob coação, Portugal cedeu no Tratado Anglo-Britânico de 1891, abrindo mão dos
territórios num dos momentos mais humilhantes da longa aliança entre os dois
países.
A humilhação desgraçou o reinado de Carlos I (1889-1908), marcado por problemas
econômicos e crises políticas. Para enfrentar uma série de greves e revoltas,
Carlos nomeou João Franco primeiro-ministro em 1906 e lhe deu poderes
ditatoriais.
REPÚBLICA
Com a ditadura e as denúncias de corrupção e extravagâncias
da corte, o rei e seu filho mais velho, Luís Felipe, foram assassinados a tiros
por anarquistas nas ruas de Lisboa em 1º de fevereiro de 1908.
Aos 18 anos, o filho mais novo de Carlos ascende ao trono
como Manuel II (1908-10), que tenta formar um governo com o apoio dos dois
principais partidos, renegadores e progressistas. Mas seus líderes não
apareceram no encontro marcado.
A vitória dos republicanos nas eleições gerais de 10 de
agosto de 1910 selou a sorte da monarquia. Em 5 de outubro de 1910, o palácio é
bombardeado e o rei Dom Manuel II parte para o exílio. A república é
instaurada.
Em 1915-17 e 1925-26, Portugal teve um presidente nascido no
Brasil, Bernardino Luís Machado.
DITADURA
Depois de anos de greves, conflitos trabalhistas, levantes,
agitação social, assassinatos políticos e crises financeiras, problemas que se
aprofundaram durante a Primeira Guerra Mundial (1914-18), o Exército tomou o poder num
golpe em 1926.
O regime militar nomeou em 1928 para ministro das Finanças
um professor da Universidade de Coimbra, António de Oliveira Salazar, promovido
a primeiro-ministro em 1932.
SALAZARISMO
Em 1933, Salazar implantou o Estado Novo, um regime
autoritário de caráter fascista, com censura, polícia política, partido único e
sindicatos atrelados ao Estado.
Portugal apoiou o general Francisco Franco contra os
republicanos na Guerra Civil Espanhola (1936-39), mas ficou neutro na Segunda
Guerra Mundial, apesar de simpatizar com o Eixo.
Na Guerra Fria, foi um dos fundadores da Organização do
Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar antissoviética liderada
pelos Estados Unidos, em 1949, mas só aderiu às Nações Unidas em 1955.
Afastado por motivo de doença em 1968, Salazar foi
substituído pelo primeiro-ministro Marcelo Caetano, ex-ministro das Colônias, que legalizou alguns
partidos de oposição, mas não conseguiu acabar com as guerras coloniais nem
vencer a crise econômica.
Portugal crescera de 5% a 7% de 1960 até a crise deflagrada
pelo embargo à venda de petróleo árabe ao Ocidente, em 1973, que ajudou a
acabar com a ditadura.
GUERRAS COLONIAIS
A recusa da ditadura portuguesa de negociar a independência
das últimas colônias levou a revoltas em Angola (1961), Guiné-Bissau (1963) e
Moçambique (1964).
Quando um dos mais importantes oficiais generais das Forças
Armadas de Portugal, general António de Spínola declarou que uma solução
militar era insustentável, em seu livro Portugal
e o Futuro, foi afastado. Seria o primeiro presidente pós-ditadura.
REVOLUÇÃO DOS CRAVOS
O decorrente mal-estar entre os jovens oficiais e a crise
econômica levaram à Revolução dos Cravos, em 25 de abril de 1974. A resistência
foi mínima, mas houve quatro mortes em Lisboa.
Durante um ano e meio, houve um período de grande agitação
social, política e militar conhecido como “processo revolucionário em curso”,
com greves, manifestações, ocupações, governos provisórios, nacionalizações e
confrontos armados.
O general Spínola renunciou em setembro de 1974, e o Movimento
das Forças Armadas assumiu diretamente o poder, sob forte influência do Partido
Comunista Português. O governo estatizou bancos e fábricas, e promoveu a
reforma agrária. Mais de 500 mil pessoas fogem de Portugal.
Esse período termina com o golpe de 25 de novembro de 1975,
uma tentativa de setores radicais de esquerda de tomar o poder abortada pelo
general Ramalho Eanes, que se tornaria em 1976 o primeiro presidente de
Portugal eleito pelo sufrágio universal.
Em 1975, Portugal concede independência a suas colônias
africanas, que entram em guerras civis, e ao Timor Leste, que é ocupado pela
Indonésia no contexto da Guerra Fria até 1999. Os EUA temiam que virasse uma
Cuba do Sudeste Asiático.
No segundo aniversário da Revolução dos Cravos, em 25 de
abril de 1976, entra em vigor a Constituição democrática, que foi reformada
sete vezes.
COMUNIDADE EUROPEIA
Com a democratização, a Grécia, a Espanha e Portugal entraram
para a Comunidade Europeia nos anos 1980s, o que completou o processo de
modernização desses países, levando a um novo surto de desenvolvimento.
Portugal entra em 1º de janeiro de 1986 e se beneficia dos
fundos estruturais disponíveis para desenvolver as regiões mais atrasadas da
Comunidade. Os avanços em saúde, educação, telecomunicações e infraestrutura
foram notórios.
Em 1999, Portugal fez parte do primeiro grupo de países que
adotou o euro como moeda comum. Também em 1999, devolveu Macau à China,
terminando assim com a saga colonial iniciada com a conquista de Ceuta, no
Marrocos, em 1415. Era o fim do Império Português.
CRISE DO EURO
Portugal fez parte do primeiro grupo de países da União
Europeia a adotar o euro como moeda, em 1999, abandonando o escudo. Pela
primeira vez em séculos, tinha moeda forte e juros baixos. Mas a economia
praticamente não cresceu no século 20.
Com a crise financeira internacional agravada pelo colapso
do banco Lehman Brothers, em setembro de 2008, a economia entrou em recessão.
Em 2010, o desemprego chegou a 10%. Os esforços do governo
socialista para estimular a economia desnudaram os problemas do déficit
orçamentário e da dívida pública. Os juros cobrados pelo mercado para refinanciar
a dívida portuguesa dispararam. As agências de avaliação de risco rebaixaram a
nota de crédito da dívida soberana do país para “lixo”.
Em março de 2011, o primeiro-ministro socialista José
Sócrates apresentou à Assembleia da República o quarto pacote de corte de
gastos e aumento de impostos em um ano, rejeitado pela oposição. Sócrates
renunciou.
Em maio de 2011, o governo interino de Sócrates, à espera de
eleições antecipadas, fechou um acordo com a União Europeia e o Fundo Monetário
Internacional (FMI) para receber 78 bilhões de euros (US$ 116 bilhões) em
empréstimos de emergência.
A esquerda foi derrotada nas eleições de 2011. Desde então,
o primeiro-ministro é o conservador Pedro Passos Coelho. O desemprego chegou a
18% e só no segundo trimestre de 2013 a Zona do Euro começou a dar sinais de
recuperação.
CULINÁRIA
A culinária portuguesa é rica e variada, com vários tipos de
carnes, aves, peixes e frutos do mar, vinhos, azeite de oliva, cereais, pães,
legumes, queijos, embutidos, sopas, pastéis e doces.
É parecida com a chamada dieta mediterrânea (Espanha, Itália
e Grécia), considerada uma das mais saudáveis do mundo, com a vantagem de
acrescentar produtos do Oceano Atlântico. E incorpora muitas plantas
exclusivas da América, como o tomate, a batata, a cebola e o feijão.
O prato típico da cozinha portuguesa é o bacalhau pescado no
Atlântico Norte seco e salgado, e dessalgado para se transformar em pratos
saborosos como os bacalhau à Brás, à Gomes de Sá, à portuguesa, com natas, ao
murro, entre outros. Os portugueses começaram a desenvolver seu talento para a
navegação para pescá-lo no século 14.
Outros pratos portugueses importantes são a dobradinha à
moda do Porto, as espetadas da Madeira, o leitão assado à moda de Bairrada, os
rojões de Aveiro e do Minho, a carne de porco à alentejana e a caldeirada.
Há ainda uma ampla variedade de frutos do mar como o
carabineiro, uma espécie de camarão que se come com cabeça e tudo.
Os doces portugueses são famosos, especialmente os feitos
com gema de ovo, receitas de um tempo em que a clara era usada para engomar as
roupas de padres e freiras, como os ovos moles de Aveiro, os pastéis de Santa
Clara e o toucinho do céu, além dos pastéis de Belém, da siricaia e do
pão-de-ló.
Portugal é grande produtor de vinhos, sobretudo nas regiões
do Alentejo, do Douro e do Dão, e de vinhos doces especiais licorosos, como o
vinho do Porto e o vinho da Madeira.
Foram os portugueses que levaram a laranja do Oriente Médio
para a Europa durante as Cruzadas. O comércio de especiarias do Oriente Médio
(cravo, canela, noz-moscada e pimenta-do-reino) impulsionou a era das grandes
navegações. Os portugueses levaram a pimenta-malagueta de Goa, na Índia, para a
Europa. Também trouxeram o chá para o Ocidente.
A cozinha de Portugal teve forte influência no Brasil e
chegou até o Japão, para onde a receita da tempura foi levada por missionários
portugueses no século 16.
EDUCAÇÃO
O ensino é obrigatório em Portugal dos 6 aos 12 anos de
idade. Mais de 93% dos portugueses são alfabetizados, mas o sistema educacional
sofreu muito com a expulsão dos jesuítas do Império pelo Marquês do Pombal, em
1757. Só no século 20 os mesmos níveis de escolaridade foram atingidos.
Portugal fundou sua primeira universidade em Coimbra, em
1290. É uma das mais antigas do mundo. Hoje em dia, o país tem cerca de 380 mil
universitários, mas só 18% dos portugueses têm curso superior. Isto reduz a
competividade da economia lusitana no mundo globalizado.
Ao contrário da Irlanda, outro país abalado pela crise das
dívidas públicas, a economia de Portugal não tem a produtividade e a
sofisticação tecnológica necessárias para ser um país rico.
A Universidade do Porto é a maior do país, com 31 mil
estudantes, e sua Faculdade de Engenharia é a maior da Europa.
CULTURA
Portugal desenvolveu uma cultura única baseada na tradição
cristã com forte influência da invasão moura à Península Ibérica e das culturas
com que entrou em contato, como disse Camões, por causa “daqueles reis que
foram dilatando a fé e o Império, e as terras viciosas da África e da Ásia
andaram devastando”.
As portugueses assimilaram novas culturas e se miscigenaram
com outros povos, como constata Gilberto Freyre em Casa-Grande e Senzala. Camões já revelava em Os Lusíadas a atração dos portugueses por mulheres não europeias. O pênis foi um dos grandes instrumentos da colonização portuguesa.
LITERATURA
A literatura portuguesa, uma das mais importantes da civilização
ocidental, começou como poesia oral dos trovadores da Idade Média. O poeta e
escritor Gil Vicente (1465-1536) foi um dos pioneiros.
O maior nome da literatura portuguesa é o poeta e
aventureiro Luís de Camões (1524-80). No poema épico Os Lusíadas, sob a inspiração da Eneida, de Virgílio, Camões narrou a saga da expansão colonial
marítima, concentrando-se na viagem de Vasco da Gama à Índia, em 1498.
A poesia moderna está enraizada nos estilos neoclássico e
contemporâneo, como se vê na obra de Fernando Pessoa (1888-1935), com seus
heterônimos, cada um com sua poesia característica: Alberto Caeiro, Álvaro de
Campos, Ricardo Reis e Bernardo Soares.
O crítico Harold Bloom comparou Pessoa ao grande poeta
americano Walt Whitman e o incluiu entre os 26 maiores escritores da
civilização ocidental.
Outros autores portugueses importantes foram Almeida
Garrett, Antero de Quental, Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós, Florbela
Espanca, António Lobo Antunes, Alexandre Herculano, Miguel Torga e, mais recentemente,
José Saramago, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1998 com o Memorial do Convento.
MÚSICA
A música tradicional portuguesa tem instrumentos típicos
como o cavaquinho, a gaita de foles, o acordeão, os tambores e a guitarra
portuguesa, que teve em Carlos Paredes seu maior mestre.
Do folclore, vieram danças tradicionais como o vira do
Minho, os pauliteiros de Miranda, o corridinho do Algarve e o bailinho da
Madeira.
O estilo de música popular mais conhecido de Portugal é o
fado. Sua maior intérprete foi Amália Rodrigues.
Na segunda metade do século 20, surgiram nomes como Fausto,
Sérgio Godinho, Zeca Afonso e o grupo Madredeus, que combina música clássica, a
música tradicional portuguesa e a música popular contemporânea.
A música clássica portuguesa atingiu o auge no século 17 com
as escolas de Évora e Santa Cruz de Coimbra.
ARQUITETURA
O Castelo de São Jorge, erguido onde os visigodos tinham um
forte no século 5 que os mouros transformaram numa cidadela islâmica, o alcácer, é um símbolo de Portugal em
três eras.
Sua captura na Reconquista, em 1147, exigiu três dias de
cerco. Quando a capital foi transferida de Coimbra para Lisboa, em 1255, o
castelo virou Paço Real, palácio de bispos e albergue de nobres.
O estilo românico predominou na arquitetura portuguesa até o
século 13, quando surgem monumentos em estilo gótico como o Mosteiro de Santa
Maria da Vitória, ou Mosteiro da Batalha, construído de 1386 a 1517 para
festejar a vitória na Batalha de Aljubarrota, que consolidou a independência de
Portugal.
O Mosteiro dos Jerônimos, em Belém, foi erguido para
celebrar a viagem de Vasco da Gama à Índia, financiado em grande parte pelos
lucros do comércio de especiarias. Resistiu ao terremoto de 1755. Lá, estão
enterrados grandes heróis da pátria, como os reis Dom Manuel I, Dom João III e
Dom Sebastião, e os escritores Luís de Camões, Alexandre Herculano e Fernando Pessoa.
ESPORTE
Portugal participa das olimpíadas desde os Jogos de 1912 e
ganhou quatro medalhas de ouro no atletismo, com os maratonistas Carlos Lopes
(1984) e Rosa Mota (1988), a fundista Fernanda Ribeiro nos 10 mil metros (1996)
e Nélson Évora no salto triplo (2008).
Entre os esportes importantes em Portugal, estão atletismo,
canoagem, ciclismo, equitação, esgrima, futebol, hóquei, iatismo, judô, rúgbi, surfe,
tênis e tiro ao alvo.
FUTEBOL
O esporte mais popular e mais praticado em Portugal é o
futebol. A seleção portuguesa disputa as eliminatórias da Copa do Mundo desde
1934, mas só chegou ao torneio em 1966, 1986, 2002, 2006 e 2010.
Na sua melhor classificação, Portugal ficou em 3º lugar na
Copa da Inglaterra, em 1966, quando eliminou o Brasil na primeira fase e perdeu
para a campeã Inglaterra na semifinal por 2-1.
Em 2006, foi 4º colocado na Copa da Alemanha, em 2006,
perdendo para a França por 1-0 na semifinal e por 3-1 para a Alemanha na
disputa do 3º lugar.
Em 2010, Brasil e Portugal empataram em 0-0 na fase de
grupos. Portugal foi eliminado pela Espanha por 1-0 nas oitavas de final.
Em 2004, sob o comando de Luiz Felipe Scolari, Portugal foi
vice-campeão da Copa da Europa de seleções, perdendo na final por 1-0 para a
Grécia.
CRAQUES
O ex-jogador Eusébio, goleador da Copa do Mundo de 1966,
nascido em Lourenço Marques quando Moçambique era colônia, é considerado o
maior craque da história do futebol português. Agora, está sendo ameaçado por
Cristiano Ronaldo, nascido na Ilha da Madeira, hoje o jogador mais bem pago do
mundo. Ganha uns 17 milhões de euros por ano.
Outros grandes ídolos do futebol português foram o lisboeta Luís
Figo, eleito melhor da Europa em 2000 e melhor do mundo em 2001, um dos poucos,
como Ronaldo Fenômeno, que jogaram no Barcelona e no Real Madrid; e o açoriano
Pedro Pauleta, maior goleador da seleção, que ultrapassou Eusébio, mas já tem
Cristiano Ronaldo em sua cola.
Outra estrela do futebol português é o técnico José
Mourinho, duas vezes campeão da Liga dos Campeões da Europa, pelo Chelsea, de
Londres, em 2004, e pelo Internazionale, de Milão, em 2010, hoje de volta ao
Chelsea. Nas duas ocasiões, ganhou o campeonato nacional, a taça nacional, a
maior competição de clubes europeia e o mundial interclubes.
CLUBES
O Benfica, de Lisboa, clube com mais sócios do mundo segundo
o Guinness, 235 mil, foi 32 vezes campeão de Portugal e bicampeão da Europa, em
1961 e 1962, quando o time de Eusébio perdeu o mundial interclubes para o
Santos de Pelé por 3-2 no Maracanã e 5-2 no Estádio da Luz, numa das partidas
mais espetaculares do Rei.
O Porto tem 27 campeonatos portugueses, foi duas vezes campeão da Europa (1987 e 2004), duas da Liga Europa e duas vezes campeão mundial de clubes (1987 e 2004).
O Porto tem 27 campeonatos portugueses, foi duas vezes campeão da Europa (1987 e 2004), duas da Liga Europa e duas vezes campeão mundial de clubes (1987 e 2004).
Nenhum comentário:
Postar um comentário