domingo, 15 de junho de 2014

Japão: do isolamento a grande potência econômica

O Japão é um país-arquipélago formado por mais de 3 mil ilhas que se estendem por mais de 2,4 mil quilômetros no Oceano Pacífico. A maioria dos 127,6 milhões de habitantes (estimativa de 2012) vive nas quatro maiores ilhas (Honshu, Hokkaido, Ryushu e Shikoku).

Mais de 80% do Japão são montanhas, o que reduz a área habitável e cultivável. Além disso, o país fica sobre o círculo de fogo da orla do Pacífico, o que o deixa sujeito a mil terremotos por ano, em média.

Em 1º de setembro de1923, um violento terremoto de 8,9 graus na escala Richter arrasou Tóquio, matando mais de 105 mil pessoas.

Em 11 de março de 2011, um terremoto ainda maior, de 9 graus, abalou a costa nordeste do Japão e provocou a formação de ondas gigantes (tsunâmis) que causaram danos muito mais graves, inclusive um acidente nuclear. Mais de 19 mil pessoas morreram.

Com a inclemência da natureza, o fatalismo e a resignação diante da tragédia são características básicas da psicologia japonesa. A força e a tenacidade levaram o país do isolamento à construção de uma grande potência que, derrotada na Segunda Guerra Mundial, se tornou uma superpotência econômica e a segunda maior economia do mundo até 2010, quando foi ultrapassado pela China, inimiga histórica e hoje maior parceira comercial, o que gerou uma crise de identidade.

ECONOMIA
Terceira maior economia do mundo, apesar da escassez de recursos naturais e de ter sido arrasado na guerra, o Japão construiu um país sofisticado , com renda média de US$ 46,7 mil por pessoa. É o terceiro maior produtor mundial de automóveis e o maior de eletroeletrônicos.

Em 1957, o presidente da França, Charles de Gaulle, menosprezou os japoneses como “vendedores de radinhos de pilha”. Falava de Akio Morita, presidente histórico da Sony, que foi durante anos a mais prestigiada marca da indústria eletroeletrônica no mundo inteiro.

Com a concorrência cada vez maior de países como a China e a Coreia, o Japão se especializou em setores de alta tecnologia, como equipamentos óticos, carros híbridos e robôs. Dois terços dos robôs industriais são fabricados no Japão.

A euforia do Super-Japão, que desafiava os EUA nos anos 1980, acabou com o estouro da bolha especulativa e uma forte queda de preços a partir de 1991. Até hoje o país não saiu de um misto de deflação (queda de preços) com estagnação.

Numa sociedade que opera por consenso, é difícil decidir quem vai quebrar. O governo japonês aumentou sua dívida para 230% do produto interno bruto em sucessivos programas de estímulo econômico. Para combater a estagnação e a deflação, o primeiro-ministro Shinzo Abe aumentou o gasto público, eliminou regras e burocracia para estimular a atividade empresarial e colocou em circulação trilhões de ienes, a moeda japonesa, imprimindo dinheiro para gerar inflação de 2% ao ano.

Pode parecer estranho para um brasileiro, já que o Brasil lutou historicamente contra a inflação alta. Na deflação, como os preços caem, os compradores adiam as compras, as lojas fazem menos encomendas à indústria. Toda a economia entra numa espiral de declínio.

POVOAMENTO
As ilhas que formam o Japão são habitadas há pelo menos 30 mil anos. O povo ainu era maioria até o primeiro milênio da era Cristã. Foi derrotado, discriminado e gradualmente assimilado. Quase todos os japoneses (99%) se consideram membros de um único grupo étnico; 1% da população é coreana.

No século 4 da Era Cristã, o imperador Yamato unificou o país pela primeira vez.

Como a China era considerada o centro do mundo, o Império do Meio, na Ásia antiga, o Japão era conhecido como o país do sol nascente. O sol nascia antes no Japão.

BUDA E CONFÚCIO
A cultura japonesa conhecida hoje começa a se formar no século 6, com a chegada da China do budismo, da ética confucionista, da escrita ideográfica, da caligrafia, da arquitetura dos pagodas, da pintura em nanquim e das aquarelas. O arroz tinha vindo da China alguns séculos antes.

Ao lado do budismo, a outra grande base moral da sociedade japonesa é o confucionismo, o pensamento de Confúcio, um filósofo chinês que viveu nos séculos 6 e 5 antes de Cristo. É uma visão de mundo, uma ética social e uma ideologia política. Tem forte influência na China, no Japão, na Coreia e no Vietnã.

Do confucionismo, derivam a ética do trabalho árduo, da disciplina, da hierarquia, do respeito à autoridade e aos laços de família, e da superioridade do espírito sobre a matéria.

Para Confúcio, a educação era um processo sem fim de autorrealização. As instituições de promoção da cultura chinesa no exterior, a exemplo do que faz o Instituto Goethe para a Alemanha, chamam-se Institutos Confúcio.

XOGUNATO
No século 12, o crescimento de uma aristocracia militar, a casta dos samurais, ofusca o poder do imperador. Com a criação do bakafu, uma burocracia militar que administrava o país, o Japão passa a ser dominado por senhores feudais, os xoguns.

Essa Idade Média do Japão é mostrada em filmes como Os Sete Samurais, Kagemusha e Ran, de Akira Kurosawa.  

Os portugueses foram os primeiros europeus a chegar ao Japão, em 1543. Seis anos depois, o missionário jesuíta Francisco Xavier, São Francisco Xavier, desembarcou em Kagoshima.

ISOLAMENTO
Em 1603, o Xogunato Tokugawa estabeleceu sua capital em Edo (hoje Tóquio), proibiu o cristianismo que chegava com os missionários jesuítas e fechou o Japão aos estrangeiros. Por 250 anos, o único contato com o Ocidente foi um pequeno porto em Nagasaki.

Em 1635, os japoneses foram proibidos de viajar ao exterior e voltar ao Japão. Os navios portugueses foram banidos em 1639. Só a China e a Holanda mantiveram um comércio limitado à ilha de Dejima, em Nagasaki.

ABERTURA À FORÇA
Em 1853, o almirante americano Matthew Perry ameaçou bombardear o porto de Tóquio para abrir o Japão ao comércio internacional. O Japão cedeu.

Com a derrota da China para o Império Britânico nas Guerras do Ópio (1839-42), os japoneses entenderam que a única maneira de resistir à expansão imperialista do Ocidente era se modernizar, se industrializar, se ocidentalizar e competir de igual para igual. Caso contrário, o Japão seria colonizado.

A modernização começa em 1868, com a Restauração Meiji, que devolve o poder ao imperador. A meta era se equiparar ao Ocidente para preservar a identidade e a independência do Japão.

IMPÉRIO
Em poucas décadas, o Japão se transformou numa potência militar agressiva. Venceu a China na Guerra Sino-Japonesa (1894-95), acabando com a ordem sino-cêntrica no Leste da Ásia, e a Rússia na Guerra do Pacífico (1904-5). Foi a primeira derrota de uma nação europeia para um povo de fora do continente desde que a expansão do Império Otomano (turco) fora barrada nas portas de Viena, em 1683.

Com a vitória sobre a Rússia e o colapso do Império Chinês, o Japão ficou livre para anexar a Coreia em 1910. Para o nacionalismo japonês, “a Coreia é uma adaga apontada para o coração do Japão”.

GUERRAS MUNDIAIS
Na Primeira Guerra Mundial, o Japão lutou ao lado dos aliados, mas se limitou a tomar possessões da Alemanha na China e no Oceano Pacífico. Na Segunda Guerra Mundial, o Japão atacou os Estados Unidos e os impérios coloniais britânico, francês e holandês no Sudeste Asiático.

Em 1931, o Japão ocupou a região da Mandchúria, uma história contada no filme O Último Imperador, de Bernardo Bertolucci. Em 1937, invadiu as principais cidades do resto da China.

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
O ataque japonês à Frota do Pacífico dos EUA, baseada em Pearl Harbor (Porto da Pérola), no Havaí, em 7 de dezembro de 1941, sem declaração de guerra, marca a entrada dos EUA na guerra.

Os japoneses foram os inimigos mais ferozes e obstinados jamais enfrentados pelos EUA numa guerra total.

Como a Rússia havia percebido na Guerra do Pacífico (1904-5), era um país totalmente armado e militarizado que ignorava as convenções da guerra na Europa. Era preciso entender sua cultura e seu comportamento.

HEROÍSMO
Na guerra, só havia virtude na aceitação de riscos mortais. As precauções eram desprezíveis. Isso se refletia no tratamento de feridos.

A morte era uma vitória do espírito – e o cuidado excessivo com doentes assim como excesso de proteção em aviões de combates, interferências indevidas no heroísmo. Morrer pela pátria é uma honra.

O Exército Imperial do Japão não tinha equipes de salvamento nem corpo médico na linha de frente. Em emergências, os hospitalizados eram simplesmente mortos ou se suicidavam com granadas de mão ou cometiam o harakiri, o suicídio ritural dos samurais para não se render.

NÃO SE RENDER JAMAIS
Esse sacrifício extremo se traduzia na política de não se render jamais. A honra exigia a luta até a morte. Mesmo que fosse capturado ferido e inconsciente, um soldados japonês “nunca mais poderia andar de cabeça erguida no Japão”.

No Norte da Birmânia, 142 soldados japoneses foram presos; 17.166 morreram. É uma proporção de 1/120. Na Batalha de Iwo Jima, de 19 de fevereiro a 26 de março de 1945, 22 mil japoneses resistiram ao cerco americano; no final, só 216 se renderam, 1/102.

É uma história contada em dois filmes de Clint Eastwood, a visão japonesa através da correspondência para as famílias em Cartas de Iwo Jima e Em Nome da Honra sobre a manipulação da imagem da bandeira dos EUA sendo cravada no Japão.

BOMBA ATÔMICA
Para vencer essa resistência obstinada, os EUA jogaram duas bombas atômicas no Japão, em Hiroxima em 6 de agosto de 1945 e em Nagasaki três dias depois, matando 140 mil pessoas. Como ainda tem gente morrendo dos efeitos da radiação, o total passa de 300 mil. 

Em 15 de agosto, o imperador Hiroíto anunciou a rendição do Japão, governado pelos EUA até 1952.

CONSITUIÇÃO PACIFISTA
Até hoje, o Japão tem uma Constituição imposta pelos EUA em 1947 que proíbe o país de ter armas nucleares e de enviar suas Forças Armadas ao exterior, a não ser em missões de paz da ONU. Os americanos mantiveram o imperador como chefe de Estado, mas acabaram com seu poder absoluto, transformando o Japão numa monarquia constitucional com parlamento eleito diretamente pelo povo.

O imperador Akihito ocupa o trono desde a morte do pai, em 1989. O primeiro-ministro é Shinzo Abe, no cargo desde dezembro de 2012, luta para recuperar a economia do país.

Com o crescente poderio militar da China, com quem disputa as ilhas Senkaku, e ameaças como o programa nuclear da Coreia do Norte, os nacionalistas defendem uma reforma constitucional para o Japão abolir a cláusula pacifista.

CARÁTER NACIONAL
No livro O Crisântemo e a Espada, a antrópologa americana Ruth Benedict observa que ao lado de uma educação refinada e de uma cortesia rara, os japoneses são insolentes e autoritários. Têm uma cultura rígida e conservadora, mas foram capazes de se adaptar a inovações extremas e construir uma das sociedades mais avançadas tecnologicamente do mundo. Podem ser leais e generosos, mas também traiçoeiros e vingativos.

Entre outras contradições, está o contraste entre a bravura e a timidez. É um povo que se dedica apaixonadamente a estudar a cultura ocidental. Fez isso, pelo menos inicialmente, para não se submeter ao colonialismo europeu e americano.

É um país que cultiva a arte e a estética, os jardins, os arranjos florais, os quimonos tradicionais bordados em seda. Tem seus rituais como a cerimônia do chá, onde o chá é apenas uma desculpa para uma reunião social.

LIBERTADOR DA ÁSIA
Por que o Japão entrou na guerra, na visão japonesa? Tendo alcançado a unificação e a paz em seu território, esmagado o banditismo, construído estradas, consolidado o potencial elétrico e a indústria do aço, além de ter educado 99% da população em escolas públicas, segundo cifras oficiais, o Japão teria o dever, de acordo com as ideias japonesas de hierarquia, de despertar sua irmã retrógrada, a China.

Sendo da mesma raça do poderoso oriente, deveria eliminar daquela parte do mundo os Estados Unidos, o Império Britânico e a Rússia. Até hoje, sob protesto dos vizinhos, os livros de História do Japão apresentam o país como libertador da Ásia dos impérios coloniais europeus.

MILITARISMO
Por toda a década de 30, o orçamento militar cresceu na medida das ambições japonesas, consumindo quase a metade da renda nacional e 83% das despesas do governo.

A força espiritual venceria o poder material superior dos EUA. Era ela que jogava os pilotos suicidas contra os navios inimigos. Eles ficaram conhecidos como kamikazes, nome do vento supostamente divino que impedira a invasão do Japão pelo conquistador mongol Gêngis Khan no século 13.

Quando começou a faltar comida e energia para calefação, no fim da guerra, a Sociedade de Cultura Física prescrevia exercícios para substituir o aquecimento e até o alimento, em oposição à cultura materialista do inimigo.

Nos sete séculos da Idade Média, o imperador foi uma figura menor. Os súditos deviam lealmente a seu senhor feudal, o daimio, e ao grande chefe militar, o xogum.

Mas, na guerra, “um Japão sem imperador não é Japão”. As opiniões se dividiam. Quem era contra a guerra afirmava que “o Imperador é contra a guerra”. Quem era a favor: “O Imperador conduziu o povo à guerra e meu dever é obedecer”. Também não era responsável pela derrota. O Imperador está acima de qualquer suspeita.

HIERARQUIA
A hierarquia é o princípio básico da ordem social no Japão, na China e em outros países do Leste da Ásia influenciados pelo confucionismo, como as Coreias e o Vietnã.

Até pouco tempo, no Japão, as casas não tinham endereço. O carteiro ia até o chefe local e perguntava onde moravam esta ou aquela pessoa. Há uma série de mesuras e deferências para se relacionar com outra pessoa que denotam essa hierarquia.

Dentro da família, a hierarquia se baseia no sexo, na geração e na primogenitura. O respeito e devoção aos pais é um aspecto central do confucionismo.

O pacto de guerra com a Alemanha e a Itália, firmado em 1940, aponta “condição precedente a toda paz duradoura que a todas as nações seja dada sua posição devida”.

IDIOMAS
O japonês é a lingual nacional. O ainu está praticamente extinto. A pequena população coreana fala coreano.

O inglês é ensinado nas escolas, mas, por causa das diferenças de pronúncia, às vezes a comunicação nas ruas é difícil, mesmo em Tóquio. A polícia, que está em toda parte, fala bem inglês, assim como os funcionários do metrô.

ESPORTE NO JAPÃO
O esporte é parte importante da cultura japonesa. Há no país 239,6 mil instalações esportivas, 62% em escolas secundárias, 23,6% são públicas, 3,8% ficam em universidades e 3,5% foram construídas por empresas para seus funcionários.

Os esportes tradicionais são artes marciais: sumô, judo, jiu-jítsu, caratê, aikido, arco e flecha, entre outras. Os esportes coletivos importados também são muito populares, especialmente o beisebol e, nos últimos anos, o futebol.

As artes marciais surgiram no Período Kamakura (1185-1333), no início da Idade Média no Japão.

O judô foi reconhecido oficialmente como esporte olímpico a partir dos Jogos de 1964, realizados em Tóquio. A segunda segunda-feira de outubro é um feriado nacional, Dia do Esporte e da Saúde. Lembra 10 de outubro de 1964, abertura da Olimpíada de Tóquio.

ESPORTES IMPORTADOS
Os esportes importados – beisebol, basquete, vôlei, futebol, rugby e golfe – chegaram com a abertura para o mundo, a partir de 1868. Foram introduzidos como método para aumentar a disciplina mental, mas viraram atividades de lazer. Recentemente chegaram os esportes radicais, como surge e skate.

Na época de riqueza e especulação do Super-Japão dos anos 1980, um título de clube de golfe poderia custar US$ 500 mil.

FUTEBOL
O futebol ganhou força com a criação em 1992 da Liga de Futebol Profissional do Japão, que atraiu talentos do exterior. Grandes ídolos do futebol mundial como os brasileiros Zico e Toninho Cerezo, e o inglês Gary Linecker, goleador da Copa de 1986, foram importantes para consolidar o esporte.

A popularidade do futebol cresceu. Ele é hoje o esporte favorito de 29% dos japoneses, contra 23% em 2005. O beisebol lidera com 45%, mas há pouco anos tinha 57%. O sumô é o terceiro com 15%.

Além de organizar a Copa de 2002 junto com a Coreia do Sul, o Japão participou de todas as Copas do Mundo desde 1998. Veio ao Brasil para a Copa das Confederações, em 2013, como campeão da Ásia.

VESTUÁRIO
Com a modernização do país a partir de 1868, os japoneses foram estimulados a adotar os hábitos ocidentais. Os tradicionais quimonos, símbolos de um passado que eles queriam erradicar, foram trocados por terno e gravata para os homens e vestidos para as mulheres.

Quando o país começou a recuperar sua identidade destroçada pela derrota na Segunda Guerra Mundial, os valores tradicionais japoneses foram resgatados. Nas grandes festividades de rua, a grande maioria usa trajes ocidentais, mas sempre aparecem alguns casais de quimono caminhando com dificuldade com tamancos de madeira.

Nos cartazes de propaganda de rua, os modelos são quase sempre ocidentais como a brasileira Gisele Bündchen. O padrão de beleza corporal também foi importado.

Os jovens seguem as tendências do Ocidente, com cabelos pintados nas mãos diferentes cores e roupas informais, muito jeans e roupas rasgadas, o que seria inadmissível há poucas décadas. Na Copa do Mundo de 2010, um locutor da televisão japonesa comentou que não tinha nenhum jogador do Japão com o cabelo preto.

CULINÁRIA
O arroz é a base da cozinha japonesa. As refeições se chamam arroz da manhã, arroz do meio-dia e arroz da noite. Como só 11% do solo japonês são aráveis, o custo de produção é altíssimo. Os agricultores, importante base política do Partido Liberal-Democrata, que domina a política do país no pós-guerra, fazem forte pressão contra a importação.

O arroz importado é oito vezes mais caro, mas a cada importação de arroz aparece um japonês para provar publicamente o arroz importado e declarar que não se compara ao produzido no Japão.

Quem se hospeda num ryokan, os hotéis tradicionais onde se dorme em cama de tatame, tem incluído no preço três refeições diárias que não variam muito: arroz, peixe, alguns poucos legumes em conserva, tofu (queijo de soja), algas marinhas e algumas verduras. Uma sobremesa tradicional é o doce de feijão.

Num país pobre, até insetos eram alimentos. Como o Japão é um arquipélago, também entravam na dieta todo tipo de produtos do mar.

O Japão também é responsável pela culinária macrobiótica, uma escola de medicina natural que foi buscar na cultura tradicional a cura para as doenças da civilização.

Com o enriquecimento do país nas últimas décadas, o Japão virou um grande importador de alimentos e os incorporou à culinária japonesa. Também passou a exportar sua cozinha, os bares de sushi que estão por todo o mundo, as massas e cervejas de arroz, o saquê.

A carne, muito cara, virou uma iguaria. Os japoneses passaram a criar bois em cativeiro alimentados a cerveja e cereais integrais. Eles não andam e são submetidos a massagens regularmente para não enrijecer a musculatura.

Um bife de Kobe, feito com esta carne, custa centenas de dólares. Também há melões especiais que custam a partir de US$ 400. Por isso, alguns guias de turismo recomendam os restaurantes japoneses do Brasil, muito mais baratos do que os do Japão.

RELAÇÕES COM O BRASIL
Os portugueses foram os primeiros ocidentais a desembarcar no Japão. Eles levaram o cristianismo e as armas de fogo, lançando as primeiras sementes da cultura ocidental. Foi o primeiro choque de civilizações a abalar a sociedade japonesa.

No começo do século 17, houve uma violenta reação contra o cristianismo. O xogum Ieyasu Tokugawa expulsou os missionários e comerciantes europeus, mantendo apenas um comércio mínimo com a China e a Holanda.

A imigração japonesa para o Brasil começa em 1908. Ao todo, vieram cerca de 200 mil japoneses, principalmente para os estados de São Paulo e do Paraná, história está contada no filme Gaijin, da cineasta brasileira Tizuka Yamazaki. Hoje os japoneses e seus descendentes são cerca de 1,5 milhão.

JAPÃO BRASILEIRO
É a maior população japonesa fora do Japão. Por isso, o japonês é o segundo idioma mais falado entre as mais de 200 línguas usadas no Brasil (mais de 180 são indígenas).

São Paulo é a maior cidade japonesa fora do Japão. Quem desce do metrô no bairro da Liberdade e vê aquela profusão de luminosos de restaurantes pode imaginar que está em Tóquio. Nas feiras livres, encontram-se tofu e o mochi, o bolinho de arroz comido para dar sorte.

Com o aumento da riqueza do Japão, muitos descendentes fizeram a viagem de volta em busca de emprego na terra de seus ancestrais. Aculturados no Brasil, muitas vezes entram em conflito com a ridigez e a disciplina da sociedade japonesa – e são discriminados por isso.


Até a crise do petróleo de 1973, que acabou com o milagre econômico brasileiro, o Brasil era o principal destino dos investimentos japoneses em países em desenvolvimento. São economias complementares. O Japão tem capital e tecnologia. Faltam terras, mão de obra barata e recursos naturais. Hoje em dia, a China é a principal destinatária do investimento japonês.

2 comentários:

Anônimo disse...

Não esquecer que apesar dos eufemismos de praxe , na realidade o Japão é um país ocupado militarmente, portanto sem soberania plena.

Nelson Franco Jobim disse...

O Japão é um país independente, que mantém o tratado de cooperação militar com os EUA por seu interesse.