O Reino da Bélgica é um pequeno país da Europa Ocidental,
com apenas 30,5 milhões de quilômetros quadrados, 10% maior do que o estado de
Alagoas, uma alta densidade
populacional e elevado grau de desenvolvimento, cercado pelo Mar do Norte e a
Holanda a norte, a Alemanha a leste, Luxemburgo a sudeste e a França a oeste.
Ao longa da História, a Bélgica foi palco de grandes batalhas como a derrota final de Napoleão em Waterloo, em 1815, e durante as duas guerras mundiais, quando foi ocupada pela Alemanha.
Ao longa da História, a Bélgica foi palco de grandes batalhas como a derrota final de Napoleão em Waterloo, em 1815, e durante as duas guerras mundiais, quando foi ocupada pela Alemanha.
Como fica numa fronteira cultural entre a Europa latina e a
germânica, tem uma profunda divisão entre os flamengos da região de Flandres,
no Norte, que falam uma língua germânica, e os valões, francófonos, da região
da Valônia, no Sul. De 2007 a
2011, o país não teve governo nacional por causa dessa divisão.
A Bélgica é pioneira da integração europeia, fundadora, em
1957, da Comunidade Econômica Europeia, hoje União Europeia.
Bruxelas, a capital da Bélgica, é sede de importantes
organizações internacionais, entre elas a Comissão Europeia, órgão executivo da
União Europeia; o Conselho de Ministros, órgão deliberativo da UE; o Parlamento
Europeu, cuja sede principal fica em Estrasburgo, na França; e a Organização do
Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar dos EUA e Canadá com a
Europa. É assim a capital da Europa.
CLIMA
A Bélgica tem um clima temperado úmido fortemente
influenciado pelas massas de ar do Oceano Atlântico. As chuvas chegam a 750 a
1000 mm por ano. Os invernos são frios e úmidos, com muita névoa.
A temperatura média anual fica em torno de 10ºC, com a média
das mínimas em torno de zero em janeiro e das máximas em 22ºC em julho.
POLÍTICA
Desde a independência da Holanda, em 1830, a Bélgica é uma
monarquia constitucional, uma democracia parlamentarista com parlamento
bicameral.
Em 1993, a Bélgica foi transformada numa federação com três
regiões: Flandres, a Valônia e a região metropolitana de Bruxelas.
O voto é obrigatório a partir dos 18 anos. Em 1899, a
Bélgica se tornou o primeiro país europeu a adotar um sistema eleitoral baseado
no voto proporcional.
O sufrágio universal existe desde 1893 para os homens. As
mulheres só começaram a votar em 1948, depois da Segunda Guerra Mundial.
A Câmara tem 150 deputados eleitos por um sistema
proporcional em 11 distritos. O Senado tem 40 membros eleitos diretamente, 21
senadores indicados por parlamentos regionais, 10 eleitos por seus pares, num
total de 71.
O chefe de Estado é o rei Philippe ou Filip, coroado em 21
de julho de 2013. O chefe de governo é o primeiro-ministro, cargo ocupado desde
2011 pelo socialista Elio di Rupo, ex-ministro-presidente da Valônia.
Nos pós-guerra, a política belga é dominada por três
correntes de pensamento: democrata-cristã, liberal e socialista. As três têm
partidos flamengos e valões.
ECONOMIA
Com produto interno bruto de US$ 485 bilhões em 2012, de
acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Bélgica é o 21º país mais
rico do mundo, o 16º em renda média anual por habitante, de US$ 43.686, e o 15º
em comércio exterior.
É uma economia moderna e aberta, baseada na empresa privada,
que se beneficia de sua localização geográfica, de uma rede de transportes e
telecomunicações altamente desenvolvida, e de uma base comercial e industrial
diversificada.
INDÚSTRIA
A indústria se concentra na região de Flandres, no Norte.
Por causa de escassez de recursos naturais, a Bélgica importa matérias-primas,
o que a torna vulnerável. Exporta produtos manufaturados, principalmente
motores, máquinas industriais, instrumentos de precisão, produtos químicos,
têxteis e agroindustriais.
Com a Revolução Industrial iniciada na Inglaterra meio
século antes, a Bélgica se tornou no começo do século 19 uma grande produtora
de aço, com a maior parte das fábricas situada na Valônia, rica em carvão, em
cidades como Liège e Charleroi.
Depois da Segunda Guerra Mundial, houve uma rápida expansão
dos setores químico e petrolífero. O corredor industrial mudou para o eixo
Bruxelas-Antuérpia, o maior porto da Bélgica.
CRISE
Com as crise do petróleo de 1973 e 1979, a economia entrou
em recessão, que foi mais longa na Valônia, aprofundando a divisão
étnico-linguística do país, com o Norte mais dinâmico e a economia do Sul
estagnada.
No fim do século 20, o carvão se esgotou, levando o setor
industrial a uma depressão que o governo tentou conter e acabou aumentando o
endividamento público, que chegou a 120% do PIB nos anos 1980s.
SERVIÇOS
Os serviços representam 77% do PIB e empregam 73% da força
de trabalho, enquanto a indústria contribui com 22,3% da produção e 25% do
emprego.
O turismo é importante no Oeste de Flandres e na região de
Ardennes.
AGRICULTURA
Apenas 2% trabalham na agricultura, responsável por 0,7% do
PIB, sendo dois terços do setor de leite e derivados. As principais colheitas
são de batatas, beterraba e cereais.
DÍVIDA
A carga fiscal equivale a 50,7% do PIB. O déficit
orçamentário de 2012 ficou em 4%, acima do limite de 3% imposto pelo pacto de
estabilidade para sustentar o euro. A dívida pública está em quase 100% do PIB,
muito acima do limite de 60% exigido pelo mesmo acordo.
CRESCIMENTO
O crescimento foi de 1,8% em 2011. Em 2012, sob o impacto da
crise das dívidas públicas dos países da periferia da Zona do Euro, houve queda
de 0,2%.
CRISE
O setor bancário sofreu com a crise financeira internacional
de 2008. Três grandes bancos precisaram de ajuda do governo e a filial belga de
um banco franco-belga foi estatizada.
DESENVOLVIMENTO
A Bélgica é o 17º país do mundo e o 8º da Europa no ranking
de desenvolvimento humano da ONU. A expectativa de vida é de 79,65 anos.
Toda a população tem acesso a água potável e tratamento de
esgotos. Há 3 médicos e 6,5 leitos hospitalares para cada mil habitantes. Os
gastos com saúde somam 10,7% do produto interno bruto, e os investimentos em
educação, 6,6% do PIB.
O país tem 154 mil km de estradas de rodagem, 3,2 mil km de
ferrovias e 2 mil km de hidrovias.
POPULAÇÃO
Cerca de 92% dos 11 milhões de habitantes na Bélgica são
belgas e 8% estrangeiros, sendo 6% europeus de outros países; 97% vivem em
cidades.
Dos belgas, mais de 60% são flamengos (57% do total), enquanto
um terço são valões. Há uma minoria belga de origem alemã na província de
Liège, junto à fronteira com a Alemanha. Cerca de 1,350 milhão tem origem não
europeia. Mais de 450 mil têm origem marroquina.
IDIOMAS
A Bélgica tem três línguas oficiais: o francês, o flamengo,
uma variação do holandês, e o alemão.
Cerca de 6,23 milhões ou 60% falam flamengo, dominante na
região de Flandres, e 40% falam francês como primeira língua, inclusive 85% dos
1,139 milhão de moradores da bilíngue Bruxelas, na verdade, um enclave
francófono na região flamenga.
EDUCAÇÃO
Nas últimas décadas, a divisão política e linguística
estendeu-se a toda a todos os setores. Desde 1970, não há mais universidades e
faculdades bilíngues, à exceção da Real Academia Militar e da Academia Marítima
de Antuérpia.
O analfabetismo é praticamente zero. A educação é
obrigatória dos 6 aos 16 anos; 89% cursaram o ensino médio e cerca de 42%
chegam à universidade. Cada belga fica, em média, 16 anos na escola. O
investimento em educação é de 6,6% do produto interno bruto.
RELIGIÃO
A exemplo da vizinha Holanda, a Bélgica é um dos países
menos religiosos do mundo. Cerca de 45% dizem não ter religião e 27% não
acreditam nem em deuses nem em qualquer força ou espírito superior. Uma
pesquisa de 2009 indicava que apenas 5% iam à igreja todos os domingos.
A maioria das pessoas religiosas é cristã, com predomínio
dos católicos (75%). Cerca de 6% são muçulmanos e 42 mil, judeus.
ARQUITETURA
A Bélgica tem grandes exemplos de arquitetura românica,
gótica, renascentista e barroca. A cidade de Bruges é uma joia da arquitetura
medieval.
A praça central de Bruxelas também é admirável, com seus
prédios históricos e bares tradicionais como Lei Roi d’Espagne, um bom lugar
para degustar alguns dos 1,1 mil diferentes tipos de cerveja do país.
Também é destaque o arquiteto e designer Victor Horta, mais conhecido como Baron Horta, um dos nomes mais importante do estilo art nouveau. Quatro prédios projetos por Baron Horta são considerados patrimônio mundial da humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura).
Também é destaque o arquiteto e designer Victor Horta, mais conhecido como Baron Horta, um dos nomes mais importante do estilo art nouveau. Quatro prédios projetos por Baron Horta são considerados patrimônio mundial da humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura).
PINTURA
Na pintura, destacam-se os pintores da escola flamenga como Hans
Memling, Jan van Eick e Rogier van der Weyden, no século 15, Pieter Brueghel,
no século 16, e Anton van Dick, Jacob Jordaens e Pieter Paul Rubens,
considerado um dos maiores pintores de todos os tempos, no século 17. No século
20, o grande nome das artes plásticas foi o surrealista René Magritte.
MÚSICA
Em 1846, o belga Antoine-Joseph Sax inventou o saxofone,
ajudando o país a criar sua própria escola de jazz. No século 20, dois
jazzistas belgas, Jean Toots
Thielemans e Jacques Brel, alcançaram sucesso internacional.
O lendário guitarrista cigano Jean-Baptiste Reinhardt despertou
a atenção do grande jazzista americano Duke Ellington para o flamenco (um
estilo de música cigana da Andaluzia, no Sul da Espanha, que nada tem a ver com
os flamengos, um povo de origem germânica que habita o Norte da Bélgica e fala
uma língua quase igual ao holandês).
Algumas bandas de música pop belgas são conhecidas
internacionalmente, como Telex, Front 242, K’s Choice, Zap Mama, Soulwax e
dEUS. No metal pesado, os maiores sucessos são Machiavel, Channel Zero e
Enthroned.
LITERATURA
O poeta e dramaturgo Maurice Maeterlinck ganhou o Prêmio
Nobel de Literatura de 1911. Outros escritores belgas importantes foram Émile
Verhaeren, Georges Simenon, Hendrik Conscience, Hugo Claus e Marguerite
Yourcenar.
QUADRINHOS
As Aventuras de Tintim,
do belga Georges Prosper Remi, mais conhecido como Hergé, é uma das mais
famosas histórias em quadrinhos do mundo, recentemente transformada em filme.
Os Smurfs, criados
em 1958 por Pierre Culliford, viraram um desenho animado de sucesso na
televisão.
CINEMA
André Delvaux, Stijn Coninx, Jean-Pierre e Luc Dardenne
destacam-se entre os diretores. O ator mais conhecido é Jean-Claude van Damme.
CULINÁRIA
A cozinha belga apresenta uma ampla variedade e grandes
influências das vizinhas França, Holanda e Alemanha.
A Bélgica se gaba de ter produzir as melhores cervejas do
mundo. Faz mais 1,1 mil diferentes tipos de cervejas, A cerveja dos monges
trapistas da Abadia de Westvleteren foi escolhida várias vezes como a melhor
cerveja do mundo.
Os chocolates belgas também disputam a posição de melhores
do mundo, É um importante produto de exportação. Com eles, faz-se uma grande
variedade de bolos, tortas e doces.
Outras iguarias são os waffles, vendidos com chocolate
quente em cafés ou pequenas lojas, através de janelas abertas para as ruas, o
galeto na mostarda, e as caçarolas de mariscos acompanhadas de batatas fritas.
Para os belgas, a verdadeira batata frita é a deles, não é
da França.
HISTÓRIA
Os belgas eram o povo descendente de celtas e germânicos que
habitava a região onde hoje fica a Bélgica quando ela foi conquistada por Júlio
César, por volta de 50 antes de Cristo.
A Gália Bélgica, que deu nome ao país, era uma província
romana no extremo norte da Gália. Com a queda do Império Romano, no século 5 da
era cristã, os francos ocuparam a região, que foi incorporada aos impérios
merovíngio e carolíngio.
Os francos se tornaram cristãos com a conversão do rei
Clovis I, em 496. Assim o cristianismo chegou ao que hoje é a Bélgica.
Em 843, com a partilha do Império Carolíngio (de Carlos Magno), o Tratado de Verdun dividiu a região em vários feudos vassalos da França ou do Sacro Império Romano-Germânico. Os condados de Flandres, Hainaut e Artois eram vassalos da França. Os ducados de Brabante e da Holanda, a Frísia, Gueldre e o bispado de Liège, do Sacro Império.
CIDADES DE FEIRAS
Na Baixa Idade Média, quando há o desenvolvimento das
cidades de feiras, cidades como Antuérpia, Bruges e Gante se tornam importantes
centros comerciais.
A Bolsa de Valores de Bruges, aberta em 1309, é considerada
a mais antiga do mundo. Os comerciantes e financistas se encontravam na casa da
família Van der Burse. Logo apareceram outras bolsas em Antuérpia, Gante,
Amsterdã e Roterdã.
PAÍSES BAIXOS
A região que hoje inclui a Bélgica, a Holanda e Luxemburgo
foi reunificada em 1433, quando Felipe o Bom, Duque da Borgonha, hoje parte da
França, a rebatizou como Terras Baixas da Borgonha.
Em 1477, o casamento de Maria da Borgonha com Maximiliano da
Áustria uniu o país à Dinastia dos Habsburgo. Quando casamentos dinásticos
deixaram o país sob o controle da Espanha, os reis Carlos V e Felipe II
reprimiram o protestantismo, levando à Revolta Holandesa e à guerra.
GUERRA DOS 80 ANOS
A Guerra dos 80 Anos (1568-1648) dividiu os Países Baixos em
Províncias Unidas e Países Baixos do Sul. Em 1579, várias províncias do Sul
formaram a União de Arras e declararam lealdade ao catolicismo e ao Império
Espanhol. Em 1581, as sete províncias do Norte declararam independência da
Espanha e formaram a República Unida da Holanda, protestante.
Holanda é o nome latino. Em holandês, o país se chama Países Baixos.
Holanda é o nome latino. Em holandês, o país se chama Países Baixos.
Os Países Baixos do Sul, mais ou menos a atual Bélgica, foram
governados pelo Império Espanhol até a Guerra da Sucessão Espanhola (1701-14).
Em 1713, o Tratado de Utrecht deu a Bélgica ao Império Austríaco. Lá, foi
travada a maioria das guerras franco-espanholas e franco-austríacas dos séculos
17 e 18.
REVOLUÇÃO FRANCESA
A Revolução Francesa de 1789 provocou a revolta dos
conservadores liderados por Henri van der Noot e os progressistas de
Jean-François Vonck. Eles se uniram e venceram o Exército da Áustria, mas logo
entraram em conflito entre si.
Os conservadores ganharam a chamada Revolução de Brabante (ducado onde fica Bruxelas, de onde vinha a maioria dos líderes). Tinham o apoio da classe média
urbana, mas não dos camponeses, que não se opuseram quando o rei Leopoldo II,
da Áustria, reinstaurou a autoridade real em 1790. Os revolucionários belgas
pediram apoio à Revolução Francesa e foram anexados.
Com as guerras pós-Revolução Francesa, em 1794, os Países
Baixos foram anexados à Primeira República Francesa, acabando com o domínio do
Império Austríaco sobre a Bélgica.
RESSURGIMENTO
O país renasceria como Reino Unido dos Países Baixos em
1815, com a dissolução do Primeiro Imperio Francês depois da derrota final de
Napoleão Bonaparte pelo Império Britânico e a Prússia, em 18 de junho de 1815,
na Batalha de Waterloo, na Bélgica, a 13 km ao sul de Bruxelas.
REVOLUÇÃO BELGA
Na Revolução Belga, em 4 de outubro de 1830, as províncias
do Sul declaram independência da Holanda e a intenção de criar um país
independente, católico, neutro e francófono. A coroação do príncipe alemão
Leopoldo de Saxe-Coburg-Ghota como Leopoldo I, em 21 de julho de 1831, é
festejada como data nacional.
Dias depois, a Holanda invadiu a Bélgica. Sem Exército
regular, os belgas foram derrotados, mas uma intervenção da França forçou os
holandeses a recuarem e a reconhecerem oficialmente a independência da Bélgica
em 1839.
Desde então, a Bélgica é uma monarquia constitucional e uma
democracia parlamentarista, com uma Constituição secularista baseada no Direito
Romano e no Código Civil de Napoleão.
Depois de décadas de agitação nacionalista em Flandres, em
1898, o flamengo foi declarado língua oficial, ao lado do francês.
CORAÇÃO DAS TREVAS
Ao dividir a África entre as potências europeias, a
Conferência de Berlim (1884-85) deu o Estado Livre do Congo ao rei Leopoldo II,
da Bélgica, em caráter privado.
A exploração, concentrada na extração de borracha e marfim,
foi tão brutal que, sob pressão internacional, o Estado belga assumiu em 1908 o
controle da colônia, que passou a se chamar Congo Belga.
O romance No Coração
das Trevas, do polonês naturalizado britânico Josef Conrad, ambientado no
Congo de Leopoldo II e publicado em 1902, inspirou o filme Apolipse Now, o épico do cineasta americano Francis Ford Coppola
sobre a Guerra do Vietnã.
PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Apesar de neutra, a Bélgica foi invadida em 4 de agosto de
1914, depois de negar passagem às forças da Alemanha na Primeira Guerra Mundial
(1914-18) dentro do Plano Schlieffen para atacar a França em sua ofensiva na
frente ocidental. Nos primeiros meses da guerra, houve o chamado Estupro da
Bélgica, tantos foram os crimes cometidos pelas tropas alemãs.
As trincheiras da frente ocidental passavam pela Bélgica e o
Norte da França. Lá, foram travadas algumas das batalhas mais sangrentas da
Primeira Guerra Mundial.
ARMAS QUÍMICAS
Em 1915, a Alemanha usou armas químicas pela primeira vez em
grande escala, contra a Rússia na Batalha de Bolimov, na Polônia, na frente
oriental, quando a nuvem tóxica congelou e não produziu o efeito desejado; e na
Segunda Batalha de Ypres, na Bélgica, na frente ocidental, onde 2 mil
canadenses foram mortos.
Um belo monumento em Saint-Julien homenageia os canadenses
mortos.
ENTREGUERRAS
No fim da guerra, a Bélgica tomou as colônias alemãs de
Ruanda-Urúndi, na África, hoje os países de Ruanda e Burúndi, e em 1924 recebeu
mandatos da Liga das Nações para administrá-los. Em 1925, anexou os distritos
de Eupen e Malmedy, onde hoje existe uma minoria alemã.
Pioneira na integração europeia, em 1922, a Bélgica formou
uma união monetária e aduaneira com Luxemburgo.
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), o país foi
invadido mais uma vez dentro dos planos da Alemanha para tomar a França. A
Batalha da Bélgica durou 18 dias.
Em 10 de maio de 1940, o Exército nazista invadiu a Bélgica,
a Holanda e Luxemburgo. Dias depois, os alemães lançaram a segunda parte de sua
ofensiva, atacando a região de Ardennes, no Sul da Bélgica para chegar ao Canal
da Mancha e cercar as tropas inimigas, pressionando-as a fugir pelo mar.
Na manhã de 15 de maio, tendo vencido as defesas em Sedan, o
Exército da Alemanha pôde avançar livremente rumo à Mancha.
A Bélgica se rendeu em 28 de maio, enquanto as forças
aliadas da França e do Reino Unido fugiam para a Inglaterra na dramatica
retirada de Dunquerque, na França, de 27 de maio a 4 de junho, tentando
preservar alguma capacidade de combate.
A ocupação nazista enfrentou uma resistência crescente.
Quando os aliados chegaram à Bélgica em 3 de setembro de 1944, depois de
invadirem a Normandia em 6 de junho de 1944, a resistência impediu a destruição
do porto de Antuérpia. Foi o porto mais importante para desembarque de
provisões para os aliados na frente ocidental até o fim da guerra, em 8 de maio
de 1945.
No fim da guerra, a destruição foi estimada em 8% da riqueza
nacional, muito menos do que outros países europeus.
INTEGRAÇÃO
Em 1948, a Bélgica se juntou à Holanda e Luxemburgo para
formar a união econômica Benelux. No ano seguinte, 1949, tornou-se um dos
países fundadores da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a
aliança militar liderada pelos Estados Unidos para se opor à União Soviética
durante a Guerra Fria, com sede em Bruxelas.
No processo de integração da Europa lançado em 1950 pela
Declaração de Schuman, do ministro do Exterior francês Robert Schuman, a
Bélgica participou da criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, em
1951, e da Comunidade Econômica Europeia, em 1957, hoje reunidas sob a União
das Comunidades Europeias ou União Europeia.
A Bélgica foi um dos seis países fundadores da CEE,
instalada em 1958, ao lado de Alemanha Ocidental, França, Holanda, Itália e
Luxemburgo.
CONGO
Em 30 de junho de 1960, a Bélgica deu independência ao
Congo, depois da vitória do socialista Patrice Lumumba nas eleições de 22 de
maio.
Lumumba não deveria falar, mas discursou, falando de uma
luta com “lágrimas, fogo e sangue” contra o que chamou de “regime de injustiça,
opressão e exploração” da colonização belga. De acordo com algumas fontes,
ainda virou-se para o rei Balduíno, que elogiara o avô genocida Leopoldo II, e
afirmou: “Não somos mais seus macacos”.
Cinco dias depois, o comandante da Força Pública, se
rebelou, dando início a uma guerra civil que a rigor não terminou até hoje.
KATANGA
Com o apoio de 6 mil soldados belgas, empresas belgas e
mercenários brancos sul-africanos e rodesianos, em 11 de julho de 1960, a rica
província mineral de Katanga declarou independência.
Três dias depois, Lumumba apelou ao Conselho de Segurança
das Nações Unidas, que enviou uma missão, mas entrou em conflito com o
primeiro-ministro, que queria usá-la para subjugar os rebeldes de Katanga. O
secretário-geral Dag Hammarskjöld rejeitou o pedido.
A Resolução 143 pediu a retirada das forças belgas e ajuda
militar da ONU ao Exército do Congo para “cumprir totalmente suas tarefas”.
Em 22 de julho, a Resolução 145 reafirmava que o Congo era
um Estado unitário e insistia na retirada das tropas da Bélgica.
Em 9 de agosto, a Resolução 146 mencionava Katanga pela
primeira vez, autorizando a missão da ONU a entrar na província mas proibindo-a
de “intervir ou influenciar o resultado de qualquer conflito interno”.
KASAI DO SUL
A província de Kasai do Sul, que tinha declarado
independência em 14 de junho de 1960, 16 dias antes do fim do domínio colonial
belga, resolveu se tornar um país, com capital em Bakwanga.
Lumumba estava decidido a retomar Katanga e Kasai do Sul.
Sem poder contar com a ONU, pediu ajuda à URSS, que fez uma ponte aérea para
levar reforços e ajudar o governo a retomar Kasai do Sul. Uma campanha violenta
matou centenas de congoleses da tribo baluba e provocou a fuga de cerca de 250
mil pessoas.
O pedido de ajuda à URSS irritou o presidente americano,
Dwight Eisenhower, que autorizou a CIA (Agência Central de Inteligência), o
serviço de espionagem da Presidência dos EUA a articular uma conspiração para
matar Lumumba.
Em 5 de setembro, o presidente Joseph Kasa-Vubu demitiu Lumumba,
que não aceitou e tentou derrubar o presidente. Lumumbra chegou a ser preso em
12 de setembro pelo comandante do Exército, Joseph Mobutu, mas foi solto por
tropas leais a ele.
GOLPE
Num golpe articulado pela CIA, Mobutu tomou em 14 de
setembro de 1960 o poder que só deixaria em 1997, tornando-se o protótipo do
ditador africano pró-ocidental durante a Guerra Fria, o que o levou a acumular
uma fortuna bilionária num país riquíssimo em recursos naturais, mas pobre e
subdesenvolvido até hoje.
Em 27 de novembro, Lumumba deixou a prisão domiciliar. Preso
por soldados de Mobutu em 1º de dezembro, ele foi enviado a Katanga, onde foi
espancado diante de câmeras. Três semanas depois, uma rádio de Katanga anunciou
que ele havia escapado e tinha sido morto por camponeses.
Na brutal política congolesa, um inquérito concluído em 2001
na Bélgica estabeleceu que Lumumba foi torturado, fuzilado, esquertejado,
enterrado, desenterrado e seus restos foram dissolvidos em ácido.
ONU VAI À GUERRA
Em 21 de fevereiro de 1961, o Conselho de Segurança
autorizava a missão da ONU “para prevenir uma guerra civil no Congo, inclusive…
a usar a força, se necessáro, como último recurso”. Pela primeira vez a ONU
entrava numa guerra civil.
Ao visitar o país, em 18 de setembro de 1961, Dag
Hammarskjöld morreu num acidente de avião nunca esclarecido. Foi o único
secretário-geral da ONU a morrer no exercício do cargo.
CHE NA ÁFRICA
Em 1964, o governo do Congo pediu ajuda militar aos EUA e à
Bélgica. No início de 1965, o guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara
resolveu ir para o Congo, depois de dizer ao presidene da Argélia, Ahmed Ben
Bella, que a África era o “elo mais fraco do imperalismo” (uma teoria
leninista), com grande potencial revolucionário.
Durante um ano, Guevara colaborou com líderes como Laurent
Kabila, que descreveu como “bêbado e mulherengo, incapaz de liderar uma
revolução”. O Che voltaria à América Latina para morrer lutando na Bolívia em
1967, enquanto Kabila se refugiou durante 30 anos nas Montanhas da Lua para liderar
a queda de Mobutu.
GENOCÍCIO EM RUANDA
Antes disso, outra catástrofe noutra ex-colônia belga iria
desestabilizar toda a região: o genocídio de Ruanda. Em 6 de abril de 1994, a
Frente Patriótica de Ruanda, liderada pelo atual presidente, Paul Kagame, derrubou
o avião do presidente Juvenal Habyarimana na chegada à capital.
Com a queda iminente do regime, o Exército da maioria hutu
iniciou uma campanha de extermínio da minoria tútsi. Em pouco 100 dias, pelo
menos 500 pessoas, talvez um milhão, foram mortas.
FRACASSO MUNDIAL
A Missão da Nações Unidas de Ajuda a Ruanda foi paralisada
desde o início pela relutância das grandes potências do Conselho de Segurança
em se envolver, especialmente os EUA, traumatizados pela Batalha de Mogadíscio,
quando os fuzileiros navais foram humilhadas na Somália, em 1993.
O comandante belga da força de paz da ONU, general Roméo
Dallaire recebeu ordens de proteger os estrangeiros. A força de paz abandonou
uma escola onde 2 mil refugiados foram massacrados e acabou se retirando do
país.
Cinco anos depois, o presidente Bill Clinton admitiria que o
genocídio em Ruanda foi o maior fracasso de seu governo em política externa.
Foi também a maior vergonha para a política externa da Bélgica no pós-guerra.
GUERRA MUNDIAL AFRICANA
A fuga em massa de refugiados desestabilizou o vizinho
Congo, que o ditador Mobutu tinha mudado de nome para Zaire, deflagrando uma
guerra civil que acabou com o reinado de Mobutu, envolveu nove exércitos,
centenas de grupos e ficou conhecida como a Primeira Guerra Mundial Africana. O
total de mortos em combate, de doenças e de fome é estimado em 5,4 milhões.
O legado colonial belga na África é trágico.
COMÉRCIO EXTERIOR
A Bélgica é o 18º maior importador mundial, com US$ 311,2
bilhões em 2012, e o 19º maior exportador mundial, com US$ 302,4 bilhões.
As principais exportações belgas são máquinas e
equipamentos, produtos químicos, diamantes lapidados , metais e produtos
metálicos, e alimentos. Seus maiores compradores são Alemanha (18%), França
(16,1%), Holanda (13%), Reino Unidos (7,3%), EUA, (5,3%) e Itália (4,4%).
As maiores importações são de matérias-primas, máquinas e
equipamentos, produtos químicos e farmacêuticos, diamantes brutos, alimentos,
equipamento de transportes e derivados de petróleo. A Bélgica importa mais da
Holanda (20,9%), Alemanha (14,2%), França (10,6%), dos EUA (6,1%), do Reino
Unido (5,5%) e da Irlanda (4,4%).
RELAÇÕES COM O BRASIL
Em 2012, foi a 20º maior parceiro comercial do Brasil, com
1,25% do total, segundo dados do Ministério das Relações Exteriores.
Os produtos manufaturados representam 52,7% das vendas
brasileiras, com destaque para o suco de laranja, preparações hortículas e
frutas 26,2%, e café em grão (11,6%), seguidos de produtos primários (36,7%) e
semimanufaturados (10,5%).
Nas importações brasileiras, predominam os produtos
manufaturados (96,9%), com destaque para medicamentos, combustíveis e
lubrificantes, seguidos pelos semimanufaturados com 2,6%.
ESPORTE
Além do futebol, são muito populares o ciclismo, o tênis, a
natação e o judô. A Bélgica organizou a Olimpíada de 1920, em Antuérpia.
Os belgas têm o maior número de vitórias na Volta da França
depois dos franceses. O belga Eddy Merckx é considerado um dos maiores
ciclistas de todos os tempos.
As tenistas Kim Clijsters e Justine Henan estiveram no topo
do ranking feminino da Associação dos Tenistas Profissionais.
No automobilismo, o piloto belga Jack Ickx ganhou oito
grandes prêmios de Fórmula 1 e seis 24 Horas de Le Mans. Foi duas vezes
vice-campeão de F-1.
Em Olimpíadas, Hubert van Innis ganhou seis medalhas no arco
e flecha em 1920. Robert van der Valle e Ulla Werbrouck destacaram-se no judô
no fim do século passado. Com recorde mundial, Frederik Deburghgraeve ganhou a
medalha de ouro nos 100 metros nado de peito nos Jogos de 1996, em Atlanta, nos
EUA.
FUTEBOL
A Associação Real de Futebol da Bélgica, fundada em 1895,
foi a primeira federação nacional de futebol da Europa continental.
A seleção belga, conhecida como os Diabos Vermelhos, volta à Copa do Mundo depois de seis
participações consecutivas de 1982 a 2002. Sua melhor classificação foi o
quarto lugar em 1986, no México, quando
derrotou a Espanha, uma das sensações (tinha ganho da Dinamáquina) nos pênaltis e perdeu para
a campeã Argentina na semifinal com dois gols de Diego Maradona.
CAMPEÃ OLÍMPICA
A seleção belga ganhou o torneio de futebol da Olimpíada de
Antuérpia, na Bélgica, em 1920, e foi vice-campeã da Europa em 1980.
BRASIL X BÉLGICA
Sem grandes títulos a festejar, a torcida belga comemora vitórias
de sua seleção em amistosos contra campeões do mundo: 2-0 sobre a Alemanha
Ocidental, em 1954; 5-1 contra o Brasil ,em 1963; 1-0 sobre a Argentina, em
1982; e 2-1 contra a França, em 2002.
Em 24 de abril de 1963, uma seleção brasileira que excursionava
pela Europa iniciando uma renovação para a Copa de 1966 foi surpreendida pela
Bélgica. Aos 21 minutos, os belgas venciam por 4-0. Quarentinha descontou, mas
eles fizeram 5-1.
A vingança viria em 2 de junho de 1965, no Maracanã, quando
o Brasil ganhou por 5-0, com três gols de Pelé.
COPA DE 2002
O Brasil voltaria a vencer a Bélgica por 2-1 em 1988 e por
2-0, com gols de Rivaldo e Ronaldo, nas oitavas de final da Copa de 2002,
depois da anulação de um gol legítimo de Marc Wilmots no primeiro tempo, quando
o jogo estava 0-0.
Wilmot é agora o treinador da seleção, que se classificou
invicta para a Copa no Brasil e será cabeça-chave. Esta é considerada a geração
de ouro do futebol belga.
GERAÇÃO DE OURO
Os destaques da seleção são o goleiro Thibaut Cortois os
meio-campistas Eden Hazard e Kevin de Bruyne, do Chelsea; o zagueiro Jan
Vertonghen e os meio-campistas Mousa Dembele and Nacir Chadli, do Tottenham
Hotspurs; o zagueiro Vincent Kompany, do Manchester City; o meio-campista
Marouane Fellaini, do Manchester United, talvez o maior craque do time; e o
atacante Romelu Lukaku, autor dos dois gols da vitória sobre a Croácia em
Zagreb que garantiu a classificação para vir ao Brasil.
TRAGÉDIA
O momento mais triste da História do Futebol na Bélgica foi
a tragédia no Estádio de Heysel, em Bruxelas. Em 29 de maio de 1985, antes da
final da Liga dos Campeões da Europa entre Liverpool, da Inglaterra, e
Juventus, da Itália, quando os hooligans
(arruaceiros ou vândalos) da torcida inglesa atacaram os adversários usando
inclusive barras de ferras, causando correria, tumulto e 39 mortes. Outros 600
torcedores saíram feridos.
A UEFA (União Europeia de Futebol Associativo) decidiu
realizar a partida assim mesmo. A Juventus ganhou por 1-0, gol de pênalti de
Michel Platini, mas não havia nada a festejar.
Para conter o hooliganismo, a primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, proibiu as equipes inglesas de disputar as copas europeias por cinco anos.
Para conter o hooliganismo, a primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, proibiu as equipes inglesas de disputar as copas europeias por cinco anos.
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