segunda-feira, 23 de junho de 2014

Bósnia-Herzegóvina: independência banhada em sangue

A ex-república iugoslava da Bósnia-Herzegóvina é o país mais jovem a participar desta Copa do Mundo e o único que disputa o torneio pela primeira vez. Nasceu em 1992, numa guerra civil de três anos que deixou mais de 100 mil mortos e 2,2 milhões de refugiados. Foi o pior conflito na Europa depois da Segunda Guerra Mundial. Sua vinda ao Brasil é de certa forma uma afirmação da identidade nacional.

A Península dos Bálcãs, onde fica a Bósnia-Herzegóvina, é uma encruzilhada entre a Europa e a Ásia, um Oriente Médio do lado de cá. Dominada pelo Império Otomano nos séculos 14 e 15, a Bósnia-Herzegóvina caiu sob controle do Império Austro-Húngaro em 1878 e foi palco do assassinato que foi a causa imediata da Primeira Guerra Mundial (1914-18).

O Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos, criado em 1918, viraria Reino da Iugoslávia em 1929 e no fim da Segunda Guerra Mundial a República Federal Popular (Socialista, a partir de 1963) da Iugoslávia, formada, nas palavras do historiador britânico Norman Stone, por “seis repúblicas, cinco povos, quatro idiomas, três religiões e um partido: o comunista”.

Esse partido era o amálgama da Iugoslávia refundada pelo marechal Josip Broz Tito, líder da resistência comunista contra o nazifascismo durante a Segunda Guerra Mundial.

Com a morte de Tito, em 1980, e o colapso do comunismo no fim daquela década, os conflitos nacionalistas reprimidos em nome do internacionalismo socialista ressurgiram e destruíram a Iugoslávia nos anos 1990s. País mais atingido, a Bósnia-Herzegóvina é fragmentada, instável, dependente de ajuda externa e tem desemprego elevado, de 43,3%.

Em 2014, a Bósnia e a Sérvia foram assoladas pelas piores enchentes desde que os registros começaram, há 120 anos. Pelo menos 80 pessoas morreram e 1,6 milhão foram atingidas. O prejuízo passou de um bilhão de euros.

GEOGRAFIA
A Bósnia-Herzegóvina é um país de 51,2 mil quilômetros quadrados, um pouco menor do que o estado da Paraíba, situado no Oeste da Península dos Bálcãs, no Sudeste da Europa, a região mais conturbada do continente no mundo pós-Guerra Fria.

Com apenas 20 quilômetros de costa no Mar Adriático, faz fronteira com a Croácia a sudoeste, oeste e norte; a Sérvia, a leste; e Montenegro, a sudeste. Num país de montanhas e vales, o ponto mais alto é o monte Maglic, de 2.386 metros.

A Bósnia ocupa a parte Centro-Norte do país. A Herzegovina fica no Sul junto a Croácia e Montenegro, com maioria croata no Oeste e maioria sérvia no Leste.

O Rio Sava é o maior do país, formando parte da fronteira com a Croácia, enquanto o Drina marca parte da fronteira com a Sérvia e o Bosna dá nome

POPULAÇÃO
Pelos dados preliminares do censo de 2013, a Bósnia tem 3,79 milhões de habitantes, sendo 48% bósnios, 37,1% sérvios e 14,3% croatas. Estima-se que a população tenha diminuído 0,1% em 2013.

Essa divisão étnica, que fez com que a Bósnia ficasse conhecida como “pequena Iugoslávia”, foi a principal causa da guerra brutal que marcou sua independência.

Em 2010, a população urbana (49%) ainda era menor do que a rural, mas a expectativa de que a situação tenha se invertido nos últimos anos.

A maior cidade é a capital, Sarajevo (390 mil), sitiada e duramente bombardeada durante a guerra da independência. Outras cidades importantes são Banja Luca, Mostar e Tuzla.

SAÚDE
Os gastos com saúde correspondem a 10,2% do produto interno bruto. Há 1,7 médico e 3,5 leitos hospitalares, em média, para cada mil habitantes.

A mortalidade infantil é de 5,97 para cada mil nascimentos. A mortalidade materna é de 8 mulheres a cada 100 mil partos.

As mulheres costumam ter o primeiro filho, na média, pouco antes de fazer 26 anos. Cada mulher tem em média 1,26 filho; 46,8% das mulheres na idade fértil usam métodos anticoncepcionais.

A expectativa de vida hoje é de 76,12 anos; a do Brasil é de 73 anos. Em 2007, a incidência de HIV/aids era inferior a 0,1%.

Quase toda a população, 100% na cidade e 98% no campo, tem acesso a água potável. Cerca de 26,5% dos adultos são obesos; 1,6% das crianças com menos de 5 anos estão abaixo do peso.

POLUIÇÃO
Há problemas de poluição do ar por causa da indústria metalúrgica, de destinação do lixo urbano, falta de água, desmatamento e destroços da guerra de 1992-95.

EDUCAÇÃO
Cerca de 98% são alfabetizados. Cada bósnio fica, em média, 14 anos da escola primária à universidade.

Em 2011, o desemprego entre os jovens estava em 57,5%. Muitos jovens preferem emigrar, mas a crise econômica reduziu as oportunidades na União Europeia.

IDIOMAS
Oficialmente o país tem três línguas – bósnio, croata e sérvio – todas do tronco servo-croata e portanto inteligíveis entre si.

Como toda a antiga Iugoslávia, o país usa dois alfabetos, o latino e o cirílico. Com o ressurgimento do nacionalismo nos anos 1990s, bósnios e croatas privilegiaram o latino, enquanto os sérvios preferem o cirílico.

PRONÚNCIAS
O j e o y são pronunciados com som de i. Ex.: Sarajevo, pronuncia-se Saraievo.

O c no fim tem som de tch. Assim, Milosevic, ouve-se Milossevitch. O c no meio da frase soa como tz, como em Srebrenica, Sebrenitza.

O s soa como nosso esse dobrado. Milosevic = Milossevitch. Kosovo pronuncia-se-se Kossovo.

Como no inglês, o sh soa como o ch em português.

O zh tem som de j.

O h é aspirado.

RELIGIÃO
Cerca de 40% da população é muçulmana, 31% cristã ortodoxa, 15% católica e 14% são ateus ou professam outra religião.

POLÍTICA
Nos Acordos de Paz de Dayton, nos Estados Unidos, a Bósnia-Herzegóvina foi dividida entre a Federação Bósnio-Croata (51% do território) e a República Sérvia da Bósnia-Herzegóvina (49%).

A Presidência é rotativa e colegiada, exercida por um bósnio, um sérvio e um croata que se alternam a cada oito meses no cargo de chefe de Estado. Desde 10 de julho de 2013, o croata Zeljko Tomsic é o presidente. Os outros membros da Presidência são o bósnio Bakir Izetbegovic e o croata Nebojsa Radmanovic.

O Parlamento (Skupstina) bicameral é formado pela Câmara dos Povos, uma espécie de Senado com 15 cadeiras, 5 para cada um dos três povos da Bósnia-Herzegóvina; e a Câmara dos Representantes, com 42 deputados, sendo 28 eleitos na Federação Bósnio-Croata e 14 na República Sérvia para exercer mandatos de quatro anos.

Os dois entes federados têm seus próprios parlamentos.

ECONOMIA
Com produto interno bruto estimado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em US$ 17,326 milhões e renda per capita de US$ 4.461 em 2013, a Bósnia-Herzegovina ainda está em transição do regime comunista da antiga Iugoslávia para a economia de mercado.

A economia é fortemente dependente da exportação de metais e da ajuda externa. Com a descentralização imposta pela divisão étnica e política do país, é difícil coordenar reformas e políticas econômicas, o que retarda a transição, ao lado da destruição da infraestrutura pela guerra e da corrupção.

Os próximos objetivos são entrar para a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a União Europeia (UE). Em 2008, a Bósnia assinou um acordo de parceria como aspirante a uma vaga na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

SOCIALISMO
Como república da Federação Iugoslava, a Bósnia-Herzegóvina vivia sob um sistema econômico socialista supostamente baseado na autogestão de bancos, fábricas, empresas, serviços públicos, escolas e hospitais por conselhos eleitos pelos trabalhadores, no modelo original dos sovietes da Revolução Russa.

A decadência do socialismo nos anos 1980s causou aumento da dívida externa e da inflação, e queda no custo de vida na Bósnia-Herzegóvina. Pouco antes de começarem as guerras que destruíram a antiga Iugoslávia, em 1991, a economia entrou em colapso, com hiperinflação, escassez de alimentos, medicamentos e combustíveis.
                                                                                                                                                                                                                           
Durante a guerra, de 1992-95, o PIB caiu 80% e a infraestrutura da Bósnia-Herzegóvina foi arrasada. A moeda nacional, o marco conversível, introduzido em 1998, tem cotação fixa em relação ao euro.

RECONSTRUÇÃO
Houve uma forte recuperação de 1996-99, seguida de uma desaceleração da economia de 2000-2 e de uma retomada do crescimento numa média de 5% ao ano de 2003-8.

Com a Grande Recessão de 2008-9, o PIB caiu 3% em 2009.

Sob o impacto da crise das dívidas públicas da periferia da Zona do Euro, especialmente da Grécia, a Bósnia cresceu 0,7% em 2010 e 1,3% em 2011,  recuou 1,1% em 2012, num dos piores desempenhos do mundo, voltando a crescer 0,8% em 2013.

Em 2007, as pessoas abaixo da linha de pobreza eram 18,6%. A taxa de desemprego em 2011 era de 43,3%. A carga fiscal é de 45,9% do PIB.

Em 2012, o déficit orçamentário foi de 3,4% do PIB. A dívida pública ficou em 43,8% do PIB. A inflação foi de 2,1% ao ano.

SETORES
A agricultura é responsável por 8,2% do PIB e empresa 20,5% da população ativa, com destaque para a criação animal e a produção de milho, trigo, frutas e legumes.

A indústria representa 26,2% da economia bósnia e emprega 32,6% da mão de obra. Em 2012, a produção industrial caiu 4,3%. São importantes os setores de ferro e aço, carvão, bauxita e alumínio, zinco, manganês e refino de petróleo. No setor manufatureiro, veículos, têxteis, móveis, munições e eletrodomésticos.

Os serviços representam 65,6% do PIB e empregam 47% dos trabalhadores.

TURISMO
O turismo é cada vez mais importante. De 1995 a 2000, o fluxo turístico aumentou em média 24% ao ano. Até 2020, o país terá o terceiro maior crescimento no setor, prevê a Organização Mundial do Turismo.

Uma suposta aparição de Nossa Senhora, em 24 de junho de 1981, tornou a cidade de Medugorje um dos mais importantes centros de peregrinação católica do mundo. Desde então, foi visitada por 30 milhões de pessoas.

Nas montanhas, a Bósnia-Herzegóvina oferece algumas das estações de esqui de preço mais baixo da Europa

ENERGIA
Os combustíveis fósseis foram responsáveis 44,5% da geração de energia elétrica em 2009. A Bósnia-Herzegóvina importa 4,274 mil barris de petróleo por dia em 2009.

TELECOMUNICAÇÕES
A Bósnia-Herzegóvina tinha em 2012 878 mil telefones fixos instalados (25% da população) e 3,35 milhões de celulares ativos (80%).

O total de usuários da Internet em 2009 era de 1,422 milhão.

TRANSPORTE
A Bósnia-Herzegóvina tem 24 aeroportos, sendo 7 com pistas pavimentadas, e 6 heliportos.

O país tem 23 mil km de rodoviais, sendo 19,4 mil km pavimentadas, e 601 km de ferrovias.

PRÉ-HISTÓRIA
O Oeste da Península dos Bálcãs, onde fica a Bósnia-Herzegóvina, é habitado desde o início, há cerca de 12 mil anos, do período neolítico, quando o homem aprende a cultivar alimentos e criar animais domesticados. Eram povos celtas e ilírios.

DOMÍNIO ROMANO
Quando os romanos conquistaram a região onde hoje fica a Bósnia-Herzegóvina, em 167 antes de Cristo, encontraram o reino da Ilíria, estabelecido por volta de 400 AC. Os romanos rebatizaram a região como província da Ilírica, que ia do que hoje é a Croácia até a Albânia.

No início da era cristã, depois de vencer uma de suas maiores batalhas na Grande Revolta Ilíria ou Revolta da Panônia, o Império Romano dividiu a Ilírica em duas províncias, a Panônia, no Norte; e a Dalmácia, que incluía a costa da Croácia no Mar Adriático e o que hoje é a Bósnia, Montenegro, Sérvia e Albânia.

Com a queda do Império Romano do Ocidente, no século 5, os godos tomaram a atual Bósnia, mas, em 535 DC, o imperador Justiniano I incorporou a região ao Império Romano do Oriente, o Império Bizantino, com capital em Constantinopla.

No fim do século 8 e início do 9, o Noroeste da Bósnia foi conquistado pelos francos de Carlos Magno. Essa região caiu sob domínio do rei Tomislav, da Croácia.

Depois, dentro do Império Bizantino, a Bósnia foi dividida pelo Principado da Sérvia, fundado em 768, e o Reino da Croácia, criado em 925. Era o início de uma rivalidade histórica que contribuiria para arrasar a Bósnia-Herzegóvina em sua guerra pela independência no fim do século 20.

NOME
O nome próprio Bósnia apareceu pela primeira vez no livro De Administrando Imperio, do imperador Constantino VII, que fala de um “pequeno país”, a Bossona, por causa do Rio Bosna, no século 10.

A Herzegóvina está junto com a Bósnia desde o início do século 14. Em carta a Frederico III, da Saxônia, em 20 de janeiro de 1448, Stephen Vukcic se apresenta como Herzog (Duque, em alemão) de São Sava, Senhor de Hum e Primorje, e Grão-Duque  da Bósnia. As terras que ele controlava ficaram conhecidas como Herzegóvina.

Em 1136, o rei Béla II, da Hungria, invadiu a região e criou o Banato da Bósnia, vassalo de seu reino, e deu-o a seu herdeiro Ladislau II.

O imperador bizantino Manuel I retomou a Bósnia dos húngaros em 1166 e apontou o bósnio Kulin (1180-1204) como o novo governador do banato. Em aliança com os húngaros, humos e sérvios, a Bósnia recuperou a independência como vassala do Reino da Hungria.

Um Estado bósnio existiu até 1463. No reinado de Tvrtko I (1353-91), a Bósnia se expandiu e anexou parte da costa da Dalmácia. Foi uma exceção. Durante a maior parte da Idade Média, a Bósnia foi um Estado sem saída para o mar, isolado e protegido por seu terreno montanhoso.

Quando a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos EUA, ameaçou intervir na guerra da independência, por causa do relevo acidentado, o líder político sérvio-bósnio, Radovan Karadzic, prometia fazer da Bósnia “um novo Vietnã”. Está preso no Tribunal de Crimes de Guerra para a Antiga Iugoslávia, em Haia, na Holanda.

IMPÉRIO OTOMANO
O rei turco Orhan tomou a cidade de Bursa, no Noroeste da Península da Anatólia, a chamada Ásia Menor, em 1325. Os primeiros ataques à Bósnia aconteceram em 1384. Em 1387, tomaram a cidade grega de Tessalônica, que estava sob o controle de Veneza.

A vitória otomana na Batalha do Kossovo, em 28 de junho de 1389, marca o fim do reino medieval da Sérvia, uma derrota que os sérvios celebram até hoje. É o mito fundador da autovitimização dos sérvios, outro fator importante nas guerras que destruíram a Iugoslávia.

“REINO CELESTIAL”
Uma lenda sérvia propagada pela poesia oral da Idade Média transformou o rei Lazar num santo que se autossacrificou no altar da pátria. Na véspera da batalha, lhe teria sido dada a oportunidade de escolher entre uma vitória “terrena” ou a criação de um “reino celestial”. Era um sacrifício para obter a redenção eterna.

Pouco importa que o filho do rei Lazar, o déspota Lazarevic, tenha se avassalado aos turcos e participado da primeira grande invasão otomana à Bósnia, em 1398.

Por serem muçulmanos, os bósnios são de certa forma herdeiros daquele Império Otomano que subjugou os sérvios. A Sérvia só recuperaria a independência em 1878.

A derrota deflagrou uma migração em massa das terras historicamente ocupadas pelos sérvios em direção à Bósnia-Herzegóvina, Croácia, Dalmácia, Eslavônia, Montenegro e o Sul da Hungria, hoje a província sérvia de Vojvódina.

CONQUISTA
A conquista da Bósnia começa depois da Segunda Batalha do Kossovo, travada de 17 a 20 de outubro de 1448, quando os turcos tomaram do Reino da Hungria a região central da Bósnia e transformaram Sarajevo num centro comercial e cultural importante.

Vários bósnios se destacaram no Império Otomano, especialmente os grãos-vizires Mehmed Pasha Sokolovic e Damad Ibrahim Pasha.

Depois de uma série de revoltas contra a dominação turca, um levante de camponeses sérvios de 1875-78, primeiro na Herzegóvina, depois na Bósnia, beneficiou-se da Guerra Russo-Turca de 1877-78.

DOMÍNIO AUSTRO-HÚNGARO
No Tratado de Berlim, de 1878, a Bulgária, Montenegro, a Romênia e a Sérvia se tornaram países independentes. A Bósnia-Herzegóvina ficou sob o controle do Império Austro-Húngaro.

Em 1881, a Alemanha e a Rússia aceitaram a dominação austríaca sobre o Bósnia. Mas a ascensão ao trono do novo czar Nicolau II em 1894 levou a Rússia, aliada da Sérvia, a questionar três anos depois a anexação da Bósnia-Herzegóvina ao Império Austro-Húngaro.

ANEXAÇÃO
Um golpe de Estado em 10 de junho de 1903 levou ao poder na Sérvia um grupo radical antiaustríaco em Belgrado. A anexação oficial da Bósnia-Herzegóvina ao Império Austro-Húngaro, em 6 de outubro de 1908, causou protestos.

Sem o apoio da França e do Reino Unido, a Rússia e a Sérvia tiveram de aceitar a realidade.

GUERRAS BALCÂNICAS
A tensão aumentou com a Primeira Guerra dos Bálcãs (1912-13), em que a Liga Balcânica (Bulgária, Grécia, Montenegro e Sérvia) expulsou as forças turcas do Kossovo, Novi Pazar e da Macedônia.

A insatisfação da Bulgária com o tratado de paz levou à Segunda Guerra dos Bálcãs, travada contra suas ex-aliadas na Liga Balcânica de 29 de junho a 10 de agosto de 1913.

Diante da agitação nacionalista sérvia, em maio de 1913, o governador militar da Bósnia-Herzegóvina declarou estado de emergência, dissolveu o Parlamento, fechou as associações culturais sérvias e os tribunais civis.

ASSASSINATO EM SARAJEVO
A tensão entre a Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália) e a Tríplice Entente (França, Gra-Bretanha e Rússia) explodiu em Sarajevo, em 28 de junho de 1914. O estudante nacionalista radical sérvio Gavrilo Princip matou a tiros o príncipe Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco.

Com o apoio da Alemanha, a Áustria-Hungria deu em 23 de julho um ultimato de 48 horas à Sérvia, que reivindicava soberania sobre a Bósnia-Herzegóvina, acusando-a pela conspiração que matara o herdeiro do trono.

ULTIMATO INACEITÁVEL
Os termos do ultimato eram inaceitáveis. Para o Primeiro Lorde do Almirantado do Império Britânico, Winston Churchill, foi “o documento deste tipo mais insolente já visto”.

A Sérvia deveria censurar toda publicação crítica ao Império Austro-Húngaro, banir associações nacionalistas sérvias e permitir a presença no país de autoridades austro-húngaras para “suprimir movimentos subversivos”.

PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Em 28 de julho de 1914, a Áustria-Hungria iniciou as hostilidades contra a Sérvia. A Alemanha invadiu a Bélgica e Luxemburgo, preparando um ataque à França. Isso levou o Reino Unido e a França a entrar em guerra com a Alemanha, enquanto a Rússia enfrentava a Áustria-Hungria na frente oriental em defesa da Sérvia.

Apesar do primeiro ter sido dado na Bósnia-Herzegóvina, o país foi pouco afetado pelos combates da guerra, mas os ativistas sérvios na Bósnia foram submetidos a medidas repressivas.

No fim da guerra, em 1918, acabam os impérios Austro-Húngaro e Otomano. Surge o Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos, o primeiro reino dos eslavos do sul (iugoslavos) transformado em 1929 no Reino da Iugoslávia, sob a ditadura do rei sérvio Alexandre I, assassinado em 9 de outubro de 1934 em Marselha, na França. Isso estimulou o nacionalismo croata, em duas vertentes: fascista e comunista.

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Em 25 de março de 1941, a Iugoslávia aderiu ao Pacto Tripartite, assinado em 27 de setembro de 1940 pela Alemanha nazista, a Itália fascista e o Império do Japão. Isso não evitou que o país fosse invadido pela Alemanha em 6 de abril de 1941.

Quando os nazistas assumiram o controle da Iugoslávia, entregaram o poder a um governo fantoche do movimento fascista croata ustache, que massacrou 14 mil judeus e mais de 320 mil sérvios.

A resistência foi feita pelo movimento monarquista sérvio chetnik, chefiado por Draza Mihailovic, e os partisans comunistas liderados por Josip Broz Tito. Por causa das diferenças ideológicas, eles entraram em conflito entre si várias vezes.

Estima-se que 164 mil sérvios, 75 mil bósnios e 64 mil croatas tenham sido mortos na Bósnia-Herzegóvina durante a Segunda Guerra Mundial.

REPÚBLICA POPULAR
Em 29 de novembro de 1943, o Conselho Nacional Antifascista para a Libertação da Iugoslávia formou um governo provisório sob a liderança de Tito. Em abril de 1945, os partisans libertaram Sarajevo e criaram um “governo popular comunista” na Bósnia-Herzegóvina.

Em 1946, a República Popular da Bósnia-Herzegóvina se tornou uma das seis repúblicas formadoras da República Federativa Popular da Iugoslávia. Uma das consequências foi a abolição das escolas primárias corânicas da Bósnia muçulmana.

NÃO ALINHADOS
Tito rompeu com a União Soviética de Josef Stalin em 1948. Foi um dos fundadores do Movimento dos Países Não Alinhados, em Belgrado, em 1961, ao lado dos presidentes do Egito, Gamal Abdel Nasser; de Gana, Kwame Nkrumah; da Indonésia, Ahmed Sukarno; e do primeiro-ministro da Índia, Jawaharlal Nehru.

Apesar de perder sentido com o fim da Guerra Fria, o movimento não alinhado conta hoje com 120 países-membros e 17 observadores. O Brasil é observador.

Em 1971, os muçulmanos se tornaram maioria na Bósnia, em parte devido a emigração de sérvios e croatas para suas repúblicas.

INDÚSTRIA BÉLICA
Por causa de sua posição estratégica no centro do território, a Bósnia-Herzegóvina foi escolhida como centro da indústria bélica da Iugoslávia. A concentração de armas e equipamentos na Bósnia teve um papel importante na guerra civil que se seguiu à independência.

Como os sérvios dominavam o Exército Federal da Iugoslávia, tiveram acesso a armas e munições, enquanto as repúblicas que proclamaram a independência, Croácia, Eslovênia, em 1991, e Bósnia-Herzegóvina, em 1992, estavam submetidas a um embargo internacional à venda de armas à Iugoslávia.

MULTINACIONAIS
Graças ao apoio do Banco Mundial e a uma mão de obra bem educada, a Bósnia recebeu nos anos 1970s fábricas de empresas transnacionais como a Volkswagen, a Coca-Cola e os cigarros Marlboro.

A Olimpíada de Inverno de 1984, em Sarajevo, os maiores Jogos de Inverno da História, deu impulso ao setor turístico. As rampas de saltos de esqui foram usadas para bombardear a cidade durante a guerra.

DESINTEGRAÇÃO
A dissolução da Iugoslávia era esperada desde a morte do marechal Tito, em 6 de maio de 1980. A desintegração foi acelerada por uma crise econômica e o lançamento das reformas democráticas da Mikhail Gorbachev na URSS, que acabaram com o comunismo na Europa Oriental, e pela liderança destrutiva de Slobodan Milosevic.

Ao ser enviado à província autônoma sérvia do Kossovo para apaziguar um conflito entre a maioria albanesa e muçulmana, de um lado, e as minorias sérvia e montenegrina, do outro, em 1987, Milosevic afirmou que “nunca mais os sérvios serão atacados na sua própria terra. Ninguém vai ousar bater em vocês de novo”.

NACIONALISMO SÉRVIO
Estava destampado o caldeirão dos nacionalistas contidos pelo internacionalismo comunista da Iugoslávia do marechal Tito. Os nacionalismos da Iugoslávia, especialmente o sérvio e o croata, são construções negativas em oposição um ao outro.

Em dezembro de 1987, Milosevic foi eleito presidente da Liga dos Comunistas da Sérvia, a maior das repúblicas iugoslavas, derrubando seu mentor, Ivan Stambolic. Ambicioso, com o declínio da ideologia comunista, Milosevic apelou para o nacionalismo sérvio para consolidar o poder.

Eleito indiretamente presidente da Sérvia em 8 de maio de 1989, Milosevic foi ao Kossovo em 28 de junho de 1989 para comemorar os 600 anos da derrota sérvia para o Império Otomano.

PARTIDO DIVIDIDO
No 10º Congresso da Liga dos Comunistas da Iugoslávia, em janeiro de 1990, Milosevic quis impor a regra de um voto por pessoa, que favorecia a Sérvia, que tinha a maior população entre todas as repúblicas do país. Derrotadas ao tentar aumentar o poder das repúblicas, a Croácia e a Eslovênia abandonaram a conferência. Era o fim do Partido Comunista da Iugoslávia.

Milosevic se tornaria o primeiro presidente eleito diretamente da história da Sérvia. Depois de tomar posse, em 11 de janeiro de 1991, enfrentou em março daquele ano uma onda de protestos contra fraude eleitoral e manipulação do noticiário pela mídia estatal.

Em março de 1991, os presidentes autoritários da Croácia, Franjo Tudman, e da Sérvia, Slobodan Milosevic, se encontraram em Karadordevo para discutir a divisão da Bósnia.

No fim do mês, começou a revolta dos sérvios na província croata da Krajina contra uma possível independência da Croácia.

A Constituição de 1974 da República Federal Socialista da Iugoslávia dava direito, em tese, à independência das repúblicas; na prática, a expectativa do regime comunista é que esse direito nunca seria exercido.

GUERRA DOS DEZ DIAS
Em 25 de junho de 1991, a Croácia e a Eslovênia declararam independência. No dia seguinte, o Conselho Executivo Federal mandou o Exército proteger as “fronteiras internacionalmente reconhecidas”. Era o início da Guerra dos Dez Dias.

De 27 de junho a 7 de julho de 1991, o Exército Federal da Iugoslávia atacou a frágil força de defesa territorial da Eslovênia. Pelo menos 44 soldados iugoslavos morreram e 146 saíram feridos.

Do lado esloveno, foram 18 mortos e 182 feridos. Além deles, morreram 12 estrangeiros, jornalistas e motoristas de caminhão búlgaros surpreendidos pelo fogo cruzado.

INDEPENDÊNCIA DA ESLOVÊNIA
O Acordo de Brione, mediado pela Comunidade Europeia, na prática reconheceu a independência da Eslovênia em 7 de julho de 1991.

Para Milosevic, era um precedente para mudar fronteiras e tocar à frente o projeto da Grande Sérvia, que pretendia unir à Sérvia as diferentes regiões com maioria sérvia de outras repúblicas iugoslavas. Afinal, não havia uma expressiva presença sérvia na Eslovênia.

GUERRA DA CROÁCIA
A Guerra da Independência da Croácia começou antes da declaração de independência. No início de 1991, a república não tinha Forças Armadas. Decidiu então dobrar sua força policial, a Guarda Nacional da Croácia, para 20 mil homens. Uma força especial de 3 mil homens foi organizada em 12 batalhões de estrutura militar.

Depois de ocupar a região dos Lagos de Plitvice em 25 de março de 1991, os sérvios da Croácia pediram que fossem anexados à província autônoma especial sérvia da Krajina. Em 1º de abril, proclamaram a independência da república sérvia da Krajina, uma região de maioria sérvia desde a Batalha do Kossovo de 1389.

Em 19 de maio de 1991, a independência da Croácia foi aprovada em referendo com 94% dos votos. Quando o país declarou independência, em 25 de junho, a Comunidade Europeia pediu uma moratória de três meses para aliviar a tensão.

EXÉRCITO POPULAR
O Exército Popular da Iugoslávia nasceu como um movimento guerrilheiro de resistência à invasão nazista organizado líder comunista Josip Tito durante a Segunda Guerra Mundial.

Em 1991, tinha 169 mil soldados, inclusive 70 mil oficiais. Embora os sérvios fossem 36% da população iugoslava, eram 57% dos oficiais. Era o principal instrumento para construir a Grande Sérvia.

Um mês depois da declaração de independência da Croácia, as forças federais e os rebeldes sérvios ocupavam um terço do território croata, especialmente as região de maioria sérvia, como a Krajina e a área de Vukovar e Vinkovci, na Eslavônia Oriental.

BATALHA DE VUKOVAR
A Batalha de Vukovar, iniciada em agosto de 1991, durou 2 meses, 3 semanas e 3 dias. Foi uma das mais ferozes da guerra.

Cerca de 1,8 mil homens com armas leves da Guarda Nacional da Croácia enfrentaram 36 mil soldados do Exército da Iugoslávia e paramilitares sérvios que se mostraram os piores criminosos do conflito, como Zeljko Raznatovic, mais conhecido como Arkan.

Quando os últimos croatas se renderam no centro de Vukovar, em 18 de novembro de 1991, 1.103 soldados iugoslavos e paramilitares sérvios, 879 guardas croatas e 1.131 civis haviam sido mortos e cerca de 500 haviam desaparecido. Cerca de 2,5 mil tropas federais e paramilitares saíram feridos, além de 777 croatas.

Na descrição do repórter Blaine Harden, do jornal americano The Washington Post, “Nenhum telhado, nenhum porta, nenhuma parede em toda a Vukovar parece ter escapado de ter furos ou rombos de balas, bombas, estilhaços e obuses de artilharia. Nenhum prédio parece habitável e nem ao menos recuperável.”

RECONHECIMENTO
Diante da violência da Batalha de Vukovar e do desequilíbrio das forças em combate, sob pressão da Alemanha, a reunião de cúpula da Comunidade Europeia realizada em Maastricht que criou a União Europeia, em dezembro de 1991, decidiu reconhecer as independências da Croácia e da Eslovênia.

Assim as guerras que destruíram a Iugoslávia deixaram de ser consideradas conflitos internos e passaram a ser tratadas pelas instituições internacionais como guerras entre países, sujeitas às normas do direito internacional.

HERZEG-BÓSNIA
No dia da queda de Vukovar, 18 de novembro de 1991, o diretório regional na Bósnia-Herzeogóvina da União Democrática da Croácia proclamou a existência da Comunidade Croata da Herzeg-Bósnia como uma entidade “política, cultural, econômica e territorialmente distinta”.

Em 9 de janeiro de 1992, os sérvios proclamaram a República Sérvia da Bósnia-Herzegóvina. A UE ainda tentou promover uma divisão da Bósnia em cantões. Sem sucesso.

INDEPENDÊNCIA DA BÓSNIA
Apesar do boicote dos sérvios, um referendo realizado em 29 de fevereiro e 1º de março teve 63% de participação e 99% dos eleitores votaram pela independência.

A Bósnia-Herzegóvina declarou independência em 3 de março de 1992. Foi reconhecida internacionalmente em 6 de abril. Em 22 de maio, foi admitida na ONU, mas o novo país não tinha Forças Armadas e sofria um embargo internacional à venda de armas à Antiga Iugoslávia.

CERCO DE SARAJEVO
O Cerco de Sarajevo foi o mais longo de uma capital na história da guerra moderna. O Exército Federal da Iugoslávia e a República Sérvia cercaram a capital da Bósnia-Herzegóvina de 6 de abril de 1992 a 29 de fevereiro de 1996. Durou três vezes mais do que o Cerco de Stalingrado, e um ano e mais do que o Cerco de Leningrado, na Segunda Guerra Mundial.

Os sérvios tomaram as montanhas ao redor de Sarajevo e instalaram peças de artilharia, morteiros, tanques, lançadores de foguetes, canhões antiaéreos e fuzis de precisão para atacar a capital bósnia.

ROMEU E JULIETA
Estima-se que cerca de 14 mil pessoas morreram no cerco de Sarajevo. O caso mais chocante foi de Admira Ismic, bósnia, de 25 anos e do sérvio Bosko Brkic, de 24 anos. O jovem casal ficou conhecido como Romeu e Julieta de Sarajevo.

Eles combinaram a fuga para 17h de 19 de maio de 1993. Quando chegaram à ponte, ouviu-se um tiro. Bosko morreu instantaneamente. Outro tiro foi disparado. Uma mulher gritou e caiu no chão ferida, mas não morreu.

Admira se arrastou até onde estava o corpo do namorado, abraçou e beijou-o. Ficou ali mais uns 15 minutos até morrer por seu amor impossível, como na tragédia de William Shakespeare.

Depois de oito dias, os corpos foram removidos por forças sérvias durante à noite. O casal foi enterrado junto com outras vítimas do Cerco de Sarajevo no Cemitério Lion. Há um monumento em homenagem perto do local da tragédia.

CRIMES DE GUERRA
Depois da guerra, dois comandantes sérvios foram condenados pelo Tribunal Penal Internacional para Crimes de Guerra na Antiga Iugoslávia, em Haia, na Holanda, pelo Cerco de Sarajevo, Stanislav Galic à prisão perpétua e Dragomir Milosevic a 27 anos de prisão.

Ao oferecer a denúncia, o procurador do TPI argumentou: “O Cerco de Sarajevo, como ficou popularmente conhecido, foi episódio de tanta notoriedade no conflito na Antiga Iugoslávia que é preciso voltar à Segunda Guerra Mundial para encontrar paralelo na História da Europa.

“Desde aquela época, um Exército profissional não havia conduzido uma campanha de violência incessante contra os habitantes de uma cidade europeia de modo a reduzi-la a um estado de privação medieval no qual eles estavam sob constante medo da morte.

“No período coberto por esta denúncia, não havia nenhum lugar em Sarajevo, nem casa, nem escola, nem hospital, a salvo de ataque.”

LIMPEZA ÉTNICA
Desde o início da guerra, as forças sérvias na Bósnia começaram uma política sistemática de purificação étnica, no sentido que os nazistas davam à expressão, no Leste da Bósnia.

Casas e apartamentos de bósnios foram saqueados e incendiados. Civis foram capturados, torturados e mortos. As forças de segurança sérvia estupravam sistematicamente as mulheres do inimigo, até mesmo meninas de 12 anos. Os homens em idade apta para lutar foram enviados a campos de concentração como o de Maerska – o que não se via na Europa desde 1945.

Ao todo, estima-se que 2,2 milhões de pessoas tenham fugido de suas casas para escapar do conflito interétnico na Bósnia-Herzegóvina, um país onde 25% dos casais eram mistos.

Em junho de 1992, o Conselho de Defesa da Croácia deu um ultimato, pedindo a extinção de todas as instituições multiétnicas da Bósnia e o reconhecimento da Comunidade Croata da Herzeg-Bósnia.

Quando estourou o conflito entre bósnios e croatas, em 1993, depois de vários incidentes, os sérvios dominavam 70% do território da Bósnia-Herzegóvina.

CRISE INTERNACIONAL
A Guerra da Bósnia-Herzegóvina foi o maior conflito na Europa pós-1945. Com o fim da Guerra Fria, não havendo interesses estratégicos americanos em jogo, os EUA alegaram que era um problema europeu, a ser resolvido pela UE.

George Bush sr. disputava a reeleição contra Bill Clinton em 1992. Não queria saber de conflitos na Europa atrapalhando sua reeleição e muito menos de mandar jovens americanos para morrer nas mãos de neofascistas sérvios.

TRAUMA NA SOMÁLIA
Eleito, Clinton herdou a intervenção humanitária na Somália. Tentou prender o senhor da guerra Mohamed Farah Aidid e sofreu a humilhação da Batalha de Mogadíscio, em 3 a 4 de outubro de 1993, quando 18 americanos foram mortos e alguns arrastados pelas ruas poeirentas da capital somaliana. Está no filme Falcão Negro em Perigo.

Sob o trauma do fracasso na Somália, até hoje um Estado em colapso, Clinton vetou uma intervenção da ONU em Ruanda para impedir o genocídio de 800 mil pessoas de abril a junho de 1994 naquele país centro-africano. Hoje, admite que foi o maior erro de política externa de seu governo. Mas um massacre genocida mudaria o curso da guerra na Bósnia-Herzegóvina.

MASSACRE DE SREBRENICA
A cidade bósnia de Srebrenica fica no vale do Rio Drina, perto da fronteira com a Sérvia. Chegou a ser tomada pelos sérvios, mas foi recuperada pelos bósnios. Em 16 de abril de 1993, Srebrenica foi declarada pela ONU zona de segurança. Acabou se tornando um dos últimos enclaves bósnios no Leste do país.

Quando os sérvios tomaram a cidade, em 11 de julho de 1995, havia um batalhão de holandeses em missão de paz da ONU. Não fizeram nada diante do massacre de pelo menos 8.373 homens.

Em duas semanas, praticamente toda a população masculina adulta de Srebrenica foi exterminada sob o comando do general Ratko Mladic, comandante militar da República Sérvia da Bósnia, e enterrada em cerca de 60 cemitérios clandestinos. O caso foi considerado genocídio pelo TPI para a Antiga Iugoslávia em 27 de fevereiro de 2007.

Até julho de 2012, 6.838 vítimas haviam sido identificadas e mais de 6 mil enterradas em sepulturas dignas com a devida identificação. Além dos soldados do Exército sérvio-bósnio, participaram paramilitares sérvios conhecidos como Escorpiões e centenas de voluntários gregos e russos.

Ao apresentar a denúncia ao TPI, o juiz de instrução Riad descreveu assim o maior crime de guerra cometido na Europa depois da Segunda Guerra Mundial: “Milhares de homens executados e enterrados em covas rasas, centenas de homens enterrados vivos, homens e mulheres mutilados e massacrados, crianças mortas diante das mães, um avô forçado a comer o fígado de seu próprio neto. Essas são verdadeiras cenas do inferno, escritas nas páginas mais escuras da história do homem.”

OTAN INTERVÉM
Diante do Massacre de Srebrenica, a OTAN interveio decidicamente bombardeando as forças sérvias em agosto de 1995 para romper o cerco de Sarajevo, enquanto uma ofensiva do Exército da Croácia, treinado e armado pelos EUA, retomava a província da Krajina e a Eslavônia Oriental, consolidando o domínio sobre todo o território nacional.

Uma investigação da CIA (Agência Central de Inteligência), o serviço de espionagem dos EUA, concluiu que os sérvios foram responsáveis por 90% das atrocidades cometidas durante a guerra.

Os presidentes da Bósnia-Herzegóvina, Alija Izetbegovic; da Croácia, Franjo Tudman; e da Sérvia, Slobodan Milosevic; foram levados para uma base militar em Ohio, nos EUA, onde, em 21 de novembro de 1995, fecharam os Acordos de Dayton. O acordo de paz definitivo foi assinado em Paris em 14 de dezembro de 1995.

A última guerra na antiga Iugoslávia seria o bombardeio de 78 dias da OTAN contra a Sérvia e Montenegro, em 1999, para acabar com a opressão sérvia à maioria albanesa da província do Kossovo, que hoje é na prática um país independente.

TRIBUNAL INTERNACIONAL
O Tribunal Penal Internacional para Crimes de Guerra na Antiga Iugoslávia foi criado pelo Conselho de Segurança da ONU em 25 de maio de 1993. Desde então, denunciou 161 pessoas, condenou 69 e ainda está julgando 25.

Em 2001, o general sérvio-bósnio Radislav Krstic foi condenado pelo Massacre de Srebrenica. Em 2002, a ex-presidente da República Sérvia na Bósnia, Biljana Plavsic, foi condenada a 11 anos de prisão.


Os casos mais graves ainda não foram julgados. Milosevic, presidente da Iugoslávia desde 23 de julho de 1997, foi denunciado em maio de 1999, durante a Guerra do Kossovo.

Deposto numa revolta popular em 5 de outubro de 2000 e entregue ao tribunal de Haia em 31 de março de 2001 para responder por crimes de guerra e o genocídio na Bósnia, Milosevic morreu de ataque cardíaco em 11 de março de 2006 na prisão do tribunal. Era acusado de:
• crimes contra a humanidade no Kossovo, inclusive pela deportação forçada de 800 mil albaneses;
• violar as leis da guerra e as Convenções de Genebra na Bósnia-Herzegóvina e na Croácia;
• e de genocídio na Bósnia-Herzegóvina.

PSIQUIATRA SINISTRO
Preso em Belgrado em 21 de julho de 2008, o presidente e líder político da República Sérvia na Bósnia-Herzegóvina durante a guerra, o psiquiatra Radovan Karadzic foi enviado para responder por seus crimes em Haia. Ele tinha sido denunciado em 24 de julho de 1995 por:
• 5 acusações de crimes contra a humanidade: homicídio, extermínio, perseguição por motivos políticos, raciais ou religiosos, e deportação forçada:
• 3 acusações de violar as leis da guerra: homicídio, terrorismo e sequestro;
• 1 violação grave das Convenções de Genebra: matança deliberada;
• e remoção forçada de civis com base em identidade nacional ou religiosa.

CARNICEIRO DA BÓSNIA
Sob pressão da UE, que só admitia iniciar negociações de adesão depois da entrega dos principais criminosos de guerra ao TPI para a Antiga Iugoslávia, o comandante militar sérvio-bósnio, general Ratko Mladic, apelidado de Carniceiro da Bósnia, foi preso em Lavarezo, na Sérvia, em 26 de maio de 2011.

Numa pesquisa feita em 2009 pela televisão sérvia B92, 65% dos entrevistados disseram que não dariam informações para ajudar na captura do general nem por 1 milhão de euros. Os EUA ofereciam 1,3 milhão de euros na época e a Sérvia, 5 milhões.

A mulher de Mladic chegou a obter um atestado de óbito em junho de 2010 para dar a impressão de que ele estava morto. Estava escondido numa casa da família.

Mladic foi denunciado em 24 de julho de 1995 na mesma peça acusatória contra seu chefe o líder político da República Sérvia. Em novembro do mesmo ano, foram acrescentadas acusações relativas ao Massacre de Srebrenica, comandado pessoalmente pelo general Mladic.

ÚLTIMO FUGITIVO
O último fugitivo do tribunal especial para a antiga Iugoslávia era Goran Hadzic, presidente da república sérvia da Krajina, um enclave sérvio em território croata, de 1992-94, preso em 20 de julho de 2011.

Hadzic foi denunciado por 14 acusações:
• deportação e remoção forçada de dezenas de milhares de civis croatas e de outros povos não sérvios da Croácia de junho de 1991 a dezembro de 1993, inclusive 20 mil pessoas em Vukovar;
• extermínio ou homicídio de centenas de civis croatas e de outros povos não sérvios em 10 cidades croatas;
• tortura, espancamento e execução sumária de presos, inclusive de 264 vítimas retiradas do Hospital de Vukovar;
• a submissão dos prisioneiros a trabalhos forçados;
• e a destruição de casas e prédios de importância cultural e religiosa em cinco cidades da Croácia.

O Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia espera concluir os julgamentos de Karadzic até julho de 2015, de Hadzic até o fim de 2015 e o do general Mladic até meados de 2016.

PÓS-GUERRA
Logo depois que a guerra acabou, 17 governos estrangeiros, 18 agências da ONU, 27 organizações intergovernamentais, cerca de 200 organizações não governamentais e 60 mil soldados em missões de paz participaram da reconstrução da Bósnia-Herzegóvina.

No início do século 21, com projetos do Banco Mundial e uma ajuda internacional de US$ 14 bilhões, a Bósnia-Herzegóvina reconstruiu boa parte da infraestrutura e promoveu algumas reformas políticas e econômicas.

Em 2010, o presidente da Croácia, Ivo Josipovic, pediu desculpas pelas ações de seu país na Guerra da Bósnia.

Mas a distância entre as posições da Federação Bósnio-Croata e a República Sérvia impede a integração efetiva e uma possível adesão à UE. É uma consequência dos Acordos de Dayton: o objetivo é criar um Estado multiétnico, mas suas instituições políticas apoiam a separação dos povos em todos os níveis.

RELAÇOES COM O BRASIL
O Brasil reconheceu a independência da Bósnia-Herzegóvina em 12 de junho de 1992, junto com a maioria da ONU. Os dois países estabeleceram relações diplomáticas em 6 de dezembro de 1995.

O comércio bilateral foi de apenas US$ 2,4 milhões em 2010. O Brasil vendeu US$ 1,4 milhão e comprou US$ 1 milhão.

Com base nos dados de 2008, o Brasil exportou carnes e derivados (69,4%), açúcares e doces (14,5%), tabaco e derivados (4,8%), madeira, carvão vegetal e produtos de madeira (4,7%) e caldeiras, máquinas e equipamentos mecânicos (1,8%).

A Bósnia-Herzegóvina exportou calçados, polainas e similares (55,1%), produtos químicos inorgânicos (26,3%), vestuário e acessórios (7,9%) e caldeiras, máquinas e instrumentos mecânicos (5,2%), máquinas e aparelhos elétricos (2,1%), ferro fundido, ferro e aço (2,1%), veículos e tratores (0,7%) e couro e artigos de couro (0,5%).

CULTURA
A cultura bósnia é resultado do entrechoque de civilizações na Península dos Bálcãs, esse entroncamento entre a Europa e a Ásia, com forte influência católica, europeia e alemã na parte croata, turca a muçulmana entre os bósnois, e cristã ortodoxa e eslava da parte sérvia.

ARQUITETURA
É marcada pelos quatro grandes períodos da História da Bósnia-Herzegóvina: romano, otomano, áustro-húngaro e iugoslavo. O país tem muitas mesquitas e só 20 igrejas católicas.

Sarajevo e outras cidades históricas foram muito destruídas pela guerra.

LITERATURA
A Ponte sobre o Rio Drina, de Ivo Andric, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1961, talvez seja o melhor livro para conhecer a alma da Bósnia.

Durante a guerra, muitos livros foram escritos, com destaque para o Diário de Zlata. Sua autora, a adolescente Zlata Filipovic, foi chamada de “Anne Frank de Sarajevo”. A diferença é que a jovem judia escondida numa casa de Amsterdã foi presa pelos nazistas e morreu num campo de concentração.

Zlata e sua família fugiram para Paris em 1993. Ela se bacherelou em ciências humanas na Universidade de Oxford, em 2001, e vive em Dublin, na Irlanda.

Sobre a História da região, uma obra de fôlego é Os Bálcãs: nacionalismo, guerra e grandes potências 1804-1999, do jornalista Misha Glenny, ex-correspondente internacional da BBC.

ARTES PLÁSTICAS
Destacam-se, entre outros, os pintores Mersad Berber, com obras no acervo permanente da Tate Modern, em Londres; Gabriel Jurkic, que tem uma ala dedicada a seu trabalho no Museu de Arte Contemporânea de Zagreb, a capital da Croácia; e Safet Zac, um dos artistas mais famosos da Iugoslávia no início dos anos 1990s, que fugiu para a Itália por causa da guerra, em 1992.

Zac já fez mais de 70 exposições individuais. É membro da Associação de Artistas Visuais da Bósnia-Herzegóvina.

MÚSICA
Mais liberal que a repressiva Belgrado, Sarajevo foi palco para uma cultura roqueira dissidente do regime comunista. Na época, a banda mais popular era Bijelo Dugme (Botão Branco)

A música tradicional da Bósnia inclui gêneros como a ganga e a rera, além de danças tradicionais eslavas como o kolo e turcas como a sevdalinka, caracterizada por melodias melancólicas com letras que falam de amor e de perda emocional. São muito populares as bandas de metais.

Dusan Sestic compôs o Hino Nacional. Sua filha Marija é uma cantora de sucesso.

Dino Zonic, que já se apresentou para o papa João Paulo II, para o Dalai Lama e para o presidente americano Bill Clinton e foi nomeado embaixador cultural do país, é um sucesso da música pop bósnia, ao lado de Goran Bregovic, que teve músicas gravadas pelo rock star americano Iggy Pop e pela portuguesa Cesária Évora.

CINEMA
Dusan Vukotic ganhou um Oscar em 1961 pelo desenho animado de curta-metragem Ersatz.

O roteirista e diretor Danis Tanovic ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2001 por Terra de Ninguém (No Man’s Land), um drama passado durante a Guerra da Bósnia.

O mais famoso cineasta iugoslavo – e também o mais controvertido – é o sérvio-bósnio Emir Kusturica, natural de Sarajevo, ganhador de duas Palmas de Ouro no Festival de Cannes com Quando Papai Viajou a Negócios e Underground.

Seu prestígio internacional foi abalado pelo apoio à República Sérvia durante a Guerra da Bósnia-Herzegóvina.

Nas eleições parlamentares de 2007, ele apoiou o Partido Democrático da Sérvia, liderado por Vojislav Kostunica, que presidiu à democratização da Sérvia depois da queda de Slobodan Milosevic, no ano 2000.

NACIONALISMO SÉRVIO
Kusturica também participa da campanha Solidariedade – Kossovo é Sérvia, que se opõem à independência do Kossovo, reconhecida hoje pela maioria dos países da ONU.

O filósofo e escritor francês Alain Finkielkraut criticou o Festival de Cannes: “Ao premiar Underground, o júri de Cannes pensou homenagear um criador com uma imaginação fértil. Na prática, estava premiando um ilustrador espalhafatoso e servil de clichês criminosos. O júri de Cannes recompensou uma versão da mais batida e enganosa propaganda sérvia. O próprio diabo não poderia conceber um ultraje tão cruel contra a Bósnia, nem um epílogo tão grotesco para a frivolidade e a incompetência ocidentais.”

Para o filósofo marxista esloveno Slavoj Zizek, “Underground é um dos filmes mais horríveis que eu já vi. Que tipo de sociedade iugoslava você vê no filme de Kusturica? Uma sociedade onde as pessoas fazem sexo, bebem e lutam numa espécie de orgia eterna.”

MÍDIA
As guerras que destruíram a Iugoslávia são o resultado do surgimento, no mundo pós-Guerra Fria, de democracias não liberais ou antiliberais.

Em vez da liberdade ser usada para promover a pluralidade e a democracia serviu para reforçar nacionalismos radicais, incitar ao ódio e à guerra, desumanizar o inimigo e justificar as atrocidades, como no genocídio em Ruanda.

Na prática, as máquinas estatais de propaganda ideológica do comunismo forem reorientadas para um nacionalismo fascista.

Uma das acusações do TPI para a Iugoslávia contra Slobodan Milosevic foi manipular as rádios e televisões estatais para criar uma atmosfera de medo e ódio ao “divulgar notícias exageradas ou falsas de ataques de motivação étnica contra sérvios cometidas por bósnios e croatas”.

Por exemplo, um dia antes do massacre de 264 pessoas retiradas do Hospital de Vukovar, na Croácia, a mídia sérvia noticiou que 40 bebês sérvios tinham sido massacrados na cidade.

Até o Vaticano foi acusado, por causa da ligação histórica da cultura croata com a Igreja Católica e o primeiro-ministro alemão, Helmut Kohl, de querer criar o Quarto Reich. As embaixadas da Alemanha e do Vaticano em Belgrado foram atacadas.

Depois do Massacre de Srebrenica, um apresentador da TV sérvia em Pale declarou que “Srebrenica foi libertada dos terroristas”.

Durante a Guerra do Kossovo, em 1999, a OTAN bombardeiou a sede central da Rádio e Televisão da Sérvia.

A revolta que explodiu contra Milosevic em março de 1991, logo após sua eleição direta para presidir a Sérvia, começou com protestos contra a manipulação da mídia durante a campanha eleitoral. No dia de sua queda, 5 de outubro de 2000, a multidão atacou o Parlamento e a sede da RTS a rádio e televisão estatal sérvia.

CULINÁRIA
Como uma encruzilhada entre Ásia e Europa, a cozinha da Bósnia-Herzegóvina recebeu influências variadas. É rica em temperos e condimentos e molhos naturais, feitos com suco de frutas e legumes. Mistura as tradições eslava, grega, turca e mediterrânea.

Entre os ingredientes típicos, incluem-se batata, cebola, tomate, alho, pimentões, abobrinha, pepino, cenoura, couve, feijões, páprica, leite e derivados. As carnes preferidas são de boi e cordeiro.

O café é uma paixão nacional. A Bósnia tem o 10º maior consumo per capita do mundo. Os cafés são um local favorito de socialização.

ESPORTE
O evento esportivo mais importante da História da Bósnia-Herzegóvina foi a Olimpíada de Inverno de Sarajevo, realizada de 7 a 19 de fevereiro de 1984.

Entre os heróis olímpicos da Bósnia, estão:
• Tomislav Knez e Velimir Somboloc, do time da Iugoslávia que ganhou o torneio de futebol na Olimpíada de Roma, em 1960;
• Mirsad Fazlagic, da seleção de futebol da Olimpíada de Tóquio, em 1964;
• Abaz Arslanagic, Milorad Karalic, Nebojsa Popovic, Drode Lavrinic e Dobrivoje Selec, da equipe de handball, medalha de ouro na Olimpíada de 1972, em Munique;
• Mirza Delibasic e Ratko Radovanovic, da equipe de basquete, medalha de ouro na Olimpíada de 1980, em Moscou;
• Zdravko Radenovic e Zlatan Arnautovic, no handball, e o boxeador Anton Josipovic, ganhadores de medalhas de ouro na Olimpíada de 1984, em Los Angeles.

Na seleção nacional de basquete da Iugoslávia, que ganhou medalhas em todos os campeonatos mundiais de 1963 até 1990, destacaram-se os bósnios Drazen Dalipagic e Mirza Delibasic. O clube Jedinstvo Aida, da cidade de Tuzla, ganhou o Campeonato Europeu de Basqueste Feminino em 1989.

A Bósnia foi campeã de vôlei nos Jogos Paralímpicos de Verão em 2004 e 2012. Vários jogadores eram mutilados da guerra.

O boxeador Elisha Obed ganhou o título mundial na categoria peso médio em 1978.

FUTEBOL
O futebol é uma paixão nacional. A classificação para a Copa do Mundo é uma reafirmação da identidade nacional depois da massacrante guerra da independência.

Eliminada na repescagem por Portugal na Copa de 2010 e na Euro 2010, a Bósnia vem ao Brasil como campeã do grupo que incluía Grécia, Eslováquia, Lituânia, Letônia e Liechtenstein com 25 pontos conquistados em 8 vitórias, 1 empate e 1 derrota, batendo a Grécia no saldo de gols por 24 a 8.

Um dos craques da seleção bósnia é Edin Dzeko, que joga no Manchester City, na Inglaterra. O Arsenal está interessado na sua contratação.


O Brasil jogou duas vezes contra a Bósnia-Herzegóvina e ganhou as duas. Em 18 de dezembro de 1996, Brasil 1-0, gol de Ronaldo. Em 28 de fevereiro de 2012, o Brasil ganhou por 2-1, com gols de Marcelo e Sasa Papac (contra) e Ibricic, em St. Gallen, na Suíça.

2 comentários:

Unknown disse...

Na verdade, a pronúncia correta seria "Miloshevitch" e não "Milossevitch", porque eu vi que esse nome se escreve com a letra s com caron = š na penúltima sílaba.

E eis o nome escrito originalmente: MILOŠEVIĆ

Nelson Franco Jobim disse...

Você está certo.