A Confederação Suíça é uma república federativa formada por
26 cantões, situada na Europa Central, cercada pela Alemanha ao norte, a
Áustria e Liechtenstein a leste, a Itália ao sul e a França a oeste.
A Suíça tem uma área de 41.285 quilômetros quadrados. É
pouco menor do que o estado do Rio de Janeiro. Cerca de 70% do território são
cobertos por montanhas nevadas das cordilheiras dos Alpes e de Jura, que atraem
milhões de turistas para suas estações de esqui.
Com contas protegidas por sigilo bancário desde 1934, a
Suíça é um paraíso fiscal e um dos maiores centros financeiros do mundo, acusado
de lavar dinheiro sujo e proteger os depósitos de corruptos poderosos, mafiosos
e terroristas. Mas isto está mudando.
O país é famoso por seus bancos, chocolates, queijos,
relógios e montanhas nevadas. O ponto mais alto é o Pico Dufour, de 4.634
metros.
Depois de quase 200 anos de neutralidade, respeitada em duas
guerras mundiais, a Suíça entrou em 2002 para a ONU.
A cidade de Genebra, na Suíça, onde ficava a Liga das
Nações, precursora da ONU, é a cidade que mais abriga instituições do Sistema
Nações Unidas depois de Nova York, inclusive a Comissão de Desarmamento, o
Conselho de Direitos Humanos e a Organização Mundial do Comércio (OMC). A Cruz
Vermelha Internacional também tem sede em Genebra.
Por causa de seu rigor e precisão, a Suíça tem fama de ser
um país que funciona como um relógio suíço, e da prontidão militar que faz de todo cidadão suíço um reservista do Exército dos 20 aos 45 anos, um de seus maiores
escritores, Friedrich Dürrenmatt, a descreveu como “uma prisão onde todos os
presos são também carcereiros”.
Tendo sobrevivido às piores guerras da História da
Humanidade, a Suíça enfrenta agora o desafio da globalização, que ameaça o
excepcionalismo suíço.
Se um dia o país entrar para a União Europeia, o que parece
inevitável, suas comunidades alemã, francesa e italiana podem querer se
reintegrar aos países de origem. Até hoje, os suíços resistem à adoção da complexa legislação da UE, o que os obrigaria a abrir mão do excepcionalismo.
POPULAÇÃO
A Suíça tem 8 milhões de habitantes, sendo 65% de origem
germânica, 20% franceses, 10% italianos e 1% romanches. A expectativa de vida é
de 82,28 anos, a oitava maior do mundo.
A taxa de crescimento populacional é de 0,85% ao ano. A taxa
de fertilidade é de 1,53 filho por mulher, a 187ª do mundo; 82% das mulheres
usam métodos anticoncepcionais. A mortalidade infantil é de 3,8 para cada mil
nascimentos.
A maior cidade é Zurique, com 1,143 milhão de habitantes,
seguida de Genebra (915 mil) e da capital, Berna (356 mil), incluindo as
regiões metropolitanas.
Os suíços têm fama de serem “alemães de sangue frio”,
pacifistas, perfeccionistas e implacáveis.
SAÚDE
Em 2011, os gastos com saúde representaram 10,9% do produto
interno bruto, 15º do mundo. Há 4 médicos e 5 leitos hospitalares para cada mil
habitantes.
A incidência de aids foi estimada em 0,4% em 2009.
Cerca de 17,5% dos adultos eram obesos em 2008.
EDUCAÇÃO
Em 2009, os gastos com saúde foram de 5,4% do PIB, 61º do
mundo. O índice de alfabetização é de 100%. Cada suíço estuda em média durante
16 anos.
A maioria das escolas é pública. O ensino privado é
submetido a um rigoroso controle de qualidade imposto pelo governo.
O país tem 12 universidades e outras 60 instituições de
ensino superior. As mais importantes do país são as universidades da Basileia
(1460), Berna (1528), Lausane (1537), Genebra (1559) e Zurique (1833), e os
Institutos Federais de Tecnologia da Basileia (1853) e de Zurique (1855).
PESTALOZZI
Um dos grandes educadores suíços foi o professor Johann
Heinrich Pestalozzi. Seus métodos são usados até hoje no ensino fundamental em
todo o mundo.
O Método Pestalozzi sustenta que a educação deve partir do
que é familiar para o estudante para daí chegar ao novo, ao desconhecido,
incorporando as artes e a resposta emocional dos alunos para permitir o
desenvolvimento gradual e integral da criança.
Influenciado pelas ideias do filósofo suíço Jean-Jacques
Rousseau, considerado o Pai da Democracia,
Pestalozzi abandou o estudo de teologia para “voltar à natureza” em 1769. Ele
trabalhou na agricultura e recebeu em casa crianças pobres para fiar e tecer
enquanto aprendiam a se tornar autossuficientes.
Seus empreendimentos fracassaram, mas Pestalozzi tinha aprendido muito. Ele aplicou seus
ensinamentos com sucesso ao dirigir escolas no início do século 19.
PIAGET
No século 20, a maior contribuição da Suíça à pedagogia e à
educação veio Jean Piaget. Ele foi pioneiro no estudo sistemático sobre como as
crianças adquirem conhecimentos. É considerado o maior nome da psicologia do
desenvolvimento do século.
Piaget começou pela zoologia e depois passou para a
psicologia. Em Zurique, estudou sob a orientação do psicanalista Carl Gustav
Jung. Em 1929, tornou-se professor de psicologia infantil na Universidade de
Genebra. Em 1955, criou o Centro de Epistemologia Genética de Genebra, onde
realizou experiências com psicologia experimental e sociologia.
Cada criança, acreditava Piaget, cria e recria
constantemente seu modelo da realidade, crescendo mentalmente quando incorpora
conceitos simples em elaborações mais complexas. Ele dividiu esse
desenvolvimento em quatro etapas.
DESENVOLVIMENTO
Até dois anos de idade, na fase sensório-motora, a criança
descobre os sentidos e tenta transformar suas ações em experiências prazerosas.
Aprende que é um ser separado do mundo que a cerca e que os objetos ao redor
têm existência permanente.
Na segunda fase, que Piaget chama de pré-operacional, de 2 a
6 ou 7 anos, a criança aprende a representar os objetos por palavras e a
manipular as palavras assim como aprendeu a manipular objetos. A criança
consegue internalizar elementos do meio ambiente e se relacionar com eles
através do pensamento e da linguagem.
LÓGICA
Na terceira fase, de 6 ou 7 a 11 ou 12 anos, a criança entra
na fase operacional, iniciando o período de educação formal. A criança começa a
desenvolver processos lógicos para classificar e distinguir seres e objetos por
suas similaridades e diferenças. Domina os conceitos aritméticos básicos e adquire
a noção de tempo.
De 12 anos até se tornar adulto, o jovem aprende a organizar
suas ideias em proposições mais complexas, a dominar o pensamento lógico,
permitindo a realização de experiências mentais mais flexíveis. Aprende a
trabalhar com ideias abstratas, a formular hipóteses e a avaliar as implicações
de seus pensamentos e dos outros.
IDIOMAS
A Suíça tem quatro línguas oficiais: alemão (74%), francês
(21%), italiano (8%) e romanche (1%), um idioma antigo semelhante ao latim. O
inglês é amplamente falado.
RELIGIÃO
Importante centro da Reforma Protestante, a Suíça divide-se
religiosamente hoje em 42% católicos, 35% protestantes, 4% muçulmanos e 1,8%
cristãos ortodoxos. Cerca de 15% declaram não ter religião.
Em novembro de 2009, um referendo proibiu com 57,7% de apoio
a construção no país de novos minaretes, as torres das mesquitas de onde os
clérigos muçulmanos chamam os fiéis para rezar. Os quatro já existentes foram
mantidos.
POLÍTICA
A Suíça é oficialmente uma confederação, mas, sob vários
aspectos, parece uma república federativa formada por 26 cantões, equivalentes
aos estados no Brasil.
O direito de voto é universal a partir dos 18 anos.
A Assembleia Federal é bicameral, formada por um Conselho de
Estado com 46 cadeiras, duas por cantão e uma para cada um dos seis cantões
menores; e um Conselho Nacional de 200 deputados eleitos pelo sistema
proporcional para mandatos de quatro anos.
Cabe ao parlamento eleger o Conselho Federal ou governo por
períodos de quatro anos. Entre os membros desse conselho de governo ou
ministério, a Assembleia Federal elege o presidente e o vice-presidente por
períodos de um ano sem direito à reeleição.
COALIZÃO
Desde a Segunda Guerra Mundial, a Suíça tem a tradição de
formar governos de união nacional de todos os grandes partidos.
Em 2007, o Partido Popular Suíço (SVP) tornou o primeiro
partido de oposição em mais de 50 anos. Voltou ao governo com a nomeação de
Ueli Maurer para o Conselho Federal.
Desde janeiro de 2014, o presidente é o liberal Didier
Bulkhalter e a vice-presidente, Simonetta Sommaruga, do Partido
Social-Democrata.
ECONOMIA
Com produto interno bruto de US$ 651 bilhões em 2012, de
acordo com o Banco Mundial, a Suíça é o 20º país mais rico do mundo. É uma
economia de mercado moderna e desenvolvida, com desemprego baixo (2,9%), uma
força de trabalho altamente qualificada e a 6ª maior renda média por habitante
do mundo, de US$ 81.375 mil por ano.
A taxa de pobreza é de 7,9%. Em 2009, os 10% mais ricos
consumiam 19% da renda nacional, em constraste com 7,5% para os 10% mais
pobres. A carga fiscal equivale a 33,6% do PIB. A dívida pública estava em 2011
em 52,4%.
Os serviços, com destaque para o setor financeiro, são responsáveis
por 70,6% do PIB, a indústria por 28% e a agricultura, fortemente subsidiada,
por 1,4%. A indústria se concentra em setores de alta tecnologia como relógios,
instrumentos de precisão, máquinas, produtos químicos e farmacêuticos.
COMÉRCIO EXTERIOR
As exportações foram de US$ 333,4 bilhões em 2012, com
destaque para maquinaria, produtos químicos, relógios e produtos agrícolas.
Seus maiores compradores foram Alemanha (19,8%), EUA (11,1%), Itália (7,2%),
França (7,1%) e Reino Unido (5,4%).
As importações atingiram US$ 287,7 bilhões em 2012, com
destaque para máquinas, veículos, produtos químicos, metais, têxteis e produtos
agrícolas. Os principais vendedores foram Alemanha (29,7%), Itália (10,2%),
França (8,4%), China (5,6%), EUA
(5,6%) e Áustria (4,2%).
O saldo comercial foi de US$ 66,5 bilhões.
ENERGIA
A Suíça importa 84% da eletricidade que consome. As usinas
movidas a combustíveis fósseis geram 2,5% da capacidade instaladas; a energia
nuclear, 16,6%; e hidrelétricas, 69,2%.
O país não produz petróleo nem gás natural. Em 2011,
importou em média 258,2 mil barris por dia.
TRANSPORTES
A Suíça tem 63 aeroportos, 40 com pistas asfaltadas, 71.454
km de rodovias, 4.876 km de ferrovias e 1.292 km de hidrovias em lagos e rios
navegáveis.
A Marinha Mercante tem 38 navios.
TELECOMUNICAÇÕES
A infraestrutura de telecomunicações é excepcional. Como
quase tudo na Suíça, tem um alto padrão de excelência.
Em 2011, a Suíça tinha 4,613 milhões de linhas de telefonia
fixa e 10,122 milhões de telefones celulares ativos.
A empresa estatal Swiss Broadcasting Corporation têm 18
estações de rádio e sete redes nacionais de televisão, três transmitindo em
alemão, duas em francês e duas em italiano.
Em 2009, a Suíça tinha 6,152 milhões de usuários de
Internet.
ESTABILIDADE
A economia suíça se beneficia de seu setor financeiro por
causa da longa estabilidade política e econômica, de uma infraestrutura
excepcional, de um sistema jurídico eficiente e de impostos baixos para
empresas.
Como é um país pequeno, o sucesso econômico depende dos
vizinhos da União Europeia, que compram mais da metade das exportações da
Suíça. A crise mundial agravada pela falência do banco Lehman Brothers, em
2008, causou uma recessão.
RECUPERAÇÃO
O franco suíço tornou-se um refúgio seguro em meio à crise,
mas sua valorização prejudicou a recuperação do país. A Suíça cresceu 3% em 2010, mas sofreu
com a crise das dívidas públicas dos países da periferia da Zona do Euro,
avançando apenas 1,9% em 2011 e 0,8% em 2012.
Também está sob pressão dos EUA, da Alemanha e da França
para afrouxar o sigilo bancário nos casos de suspeita de fraude fiscal. Já
admite fazer isso quando os países interessados apresentarem provas.
PRÉ-HISTÓRIA
A presença humana na região onde fica a Suíça tem mais de
250 mil anos, indica a existência de artefatos de pedra lascada. Há 70 mil
anos, durante a Era Glacial, o país estava coberto de neve.
Os primeiros assentamentos humanos, do Homem de Neanderthal,
tem pelo menos 50 mil anos. O Homo
sapiens chegou há 14 mil anos. Depois do degelo, por volta de 5000 antes de
Cristo, culturas neolíticas se estabeleceram na região.
Os helvécios, um povo de origem celta, a ocuparam por volta
de 800 AC. Pesquisas arqueológicas na área do Lago Neuchâtel revelaram que eles
eram avançados na produção de joias de ouro, uma das especializações da Suíça.
HISTÓRIA
Com a pressão migratória de tribos germânicas, os helvécios
foram para o Sul, sendo barrados pelos romanos. Sob o comando de Caio Júlio
César, um dos maiores generais de todos os tempos, os romanos venceram a
Batalha de Bibracte e tomam a região em 58 AC.
A atual Suíça foi anexada oficialmente ao Império Romano
pelo imperador Augusto em 15 AC. Esse domínio vai até o fim do século 4 depois
de Cristo.
As invasões bárbaras começam por volta de 260 DC. Em 400 DC,
a Suíça Romana tinha se desintegrado. Durante o período romano, foram fundadas
muitas cidades, inclusive Genebra, Lausane e Zurique.
Com a queda do Império Romano do Ocidente, o país foi
invadido por alamanos, burgúndios e francos. Os alamanos e burgúndios fizeram
no século 8 uma aliança com os francos liderados por Carlos Magno.
Depois de sua morte, o Tratado de Verdun dividiu o Sacro
Império Romano-Germânico entre seus três netos, em 843. A Suíça foi rachada
entre a Suábia e a Borgonha Transjurana. Em 1033, o país recuperou sua unidade
dentro do Sacro Império Romano-Germânico.
INDEPENDÊNCIA
Em 1º de agosto 1291, três cantões – Schuwyz, Unterwalden e
Uri – unem-se na Liga Perpétua, de defesa comum, mantendo cada um sua autonomia.
É a data nacional, que festeja a independência, mas essa comemoração só começou
em 1874. A Confederação Helvética ou Suíça tinha inicialmente cerca de 200
cidades.
Em 15 de novembro de 1315, um exército de camponeses de pés
descalços da Liga Perpétua derrotou a Áustria, com seus cavaleiros de armadura,
na Batalha de Morgarten. Um tratado de paz entre o Waldstätte (Cantões da Floresta) e
o império dos Habsburgo foi assinado três anos depois.
GULHERME TELL
O grande herói da independência da Suíça, Guilherme Tell, é
uma figura mitológica. Sua existência é colocada em dúvida. Tell foi personagem
de uma série dos primórdios da televisão brasileira. Lutava contra o
burgomestre Hermann Gessler, um governador tirânico nomeado pelo Império
Austríaco.
Conta a lenda que um chapéu com as cores da Áustria foi
pendurado num poste em Altdorf. Todo suíço, ao passar por lá, era obrigado a
fazer uma reverência. Como Guilherme Tell e o filho se negassem, foram presos.
Como punição, Tell deveria flechar com sua besta, uma espécie
de arco medieval, uma maçã colocada sobre a cabeça de seu filho. Em 18 de
novembro de 1307, o filho foi atado a uma árvore e teve a maçã colocada na
cabeça. Tell recuou 50 passos e atirou.
A flecha certeira atingiu a maçã sem ferir o menino. Ao
festejar o sucesso, Tell teria deixado cair uma segunda flecha. Gessler quis
saber por que ele tinha duas flechas? “Seria para atravessar o seu coração, se
a primeira flecha matasse meu filho.”
A lenda só começou a ser propagada por volta de 1470 em
baladas medievais. Outra versão indica que Tell teria sido um personagem menor
da guerra contra a Áustria. Em 1570, Aegidius Tschudi, um historiador católico conservador,
fundiu as duas histórias, criando o mito.
Cerca de 60% dos suíços acreditam que Guilherme Tell
realmente existiu, o que não é verdade. O compositor italiano Gioachino Rossini
criou uma ópera em sua homenagem.
EXPANSÃO
Em 1332, Lucerna foi o primeiro cantão a aderir à
confederação depois de criada. Zurique revoltou-se contra os Habsburgo da
Áustria em 1335, mas só entrou para a confederação em 1351, uma adesão
importante porque a cidade tinha 12 mil habitantes na época.
Foi um período conturbado pela primeira epidemia de peste
bubônica a atingir a Europa, a partir de 1348. A peste reduziu a população
suíça em 25%, afetando a produção agrícola.
O cantão de Berna, a capital, adere em 1353. Entre 1368 e
1388, com mais cinco cantões, a Liga Perpétua repele novo ataque austríaco. Nos
anos 1480s, entraram os cantões de Friburgo e Soleura. Um acordo como cantão de
Grisões amplia a confederação.
Em 22 de setembro de 1499, o Sacro Império Romano-Germânico
reconhece a independência do país. Depois da Guerra dos Suabos, em 1501, a Basileia e
Schaffhausen foram integradas e, em 1513, o Apenzell, ampliando a confederação
para 13 estados-membros.
A independência formal só viria no Tratado da Vestfália,
assinado no fim da Guerra dos Trinta Anos, em 24 de outubro de 1648.
CONCÍLIO DA BASILEIA
A segunda maior cidade suíça na época, Basileia, se tornou
um centro cultural por ser sede do Concílio da Basileia (1431-49).
Em 1460, fundou uma universidade que atraiu o grande
filósofo holandês Desidério Erasmo, o Erasmo de Roterdã, considerado o maior
intelectual do Renascimento no Norte da Europa. Seu humanismo cristão teria
grande influência na Suíça.
REFORMA DA IGREJA
Um dos principais discípulos de Erasmo foi Ulrich Zuinglio,
um importante teólogo e líder da Reforma Protestante na Suíça.
Em 1519, Ulrich Zuinglio, vigário da Catedral de Zurique,
revoltou-se contra a Igreja Católica e iniciou a Reforma Protestante na Suíça. Como
o monge alemão Martinho Lutero, que iniciou a Reforma ao pregar suas 95 teses
na porta da Catedral de Wittenberg, em 31 de outubro de 1517, Zuinglio
criticava os escândalos o Vaticano e sugeria a volta à Bíblia como única norma
da fé.
Enquanto Lutero defendia a separação entre política e
religião, Zuinglio entendia que tanto a Igreja quanto o Estado deveriam ser
submetidos à lei de Cristo. Em 1525, a Câmara de Zurique adotou suas mudanças:
• uma cerimônia simples de comunhão substituiu a missa
rezada em latim;
• a Bíblia foi traduzida para o alemão;
• o clero passou a poder se casar;
• as terras de propriedade da Igreja foram confiscadas e sua
jurisdição drasticamente limitada; e
• as imagens foram retiradas das igrejas e destruídas.
A Reforma da Igreja era um fenômeno urbano e burguês. Houve
resistência no campo, onde os anabatistas se recusavam a prestar serviço
militar e jurar lealdade ao país. Foram duramente reprimidos por causa disso
até o século 18.
O modelo de Zurique foi adotado por outras cidades e
cantões, mas alguns permaneceram católicos. Isso levou às duas Guerras de
Kappel, em 1529 e 1531, quando Zuinglio, capelão das forças da Zurique
protestante, foi morto, em 11 de outubro de 1531.
ZUINGLIANISMO
Para seus biógrafos, Zuinglio buscava a salvação de seu
povo, enquanto Lutero estava mais preocupado com a própria salvação.
Zuinglio acreditava que a bondade natural do homem permite
que cada um chegue sozinho a Deus, sem intermediários. O pecado original é uma
espécie de vício hereditário que não merece a condenação eterna nem diminui a
força do homem como um ser ético e moral.
CALVINO
Com a morte de Zuinglio, a Reforma estava ameaçada na Suíça
quando apareceu o intelectual e teólogo João Calvino, um huguenote francês refugiado
que introduz o protestantismo em Genebra, francófona e católica.
O calvinismo, termo rejeitado por Calvino, nascido na Suíça,
teve forte influência neste país, na Holanda, na Inglaterra, na África do Sul,
na Escócia e nos Estados Unidos.
Calvino queria reformar não só a Igreja, mas os seres
humanos. Ele tenta pregar suas ideias na França e na Itália, sem sucesso. Numa
carta, compara sua situação à dos judeus no Egito na Bíblia. Em 1536, ele foi
para Genebra, onde o reformador Guilherme Farel insistiu que ficasse.
MANUAL DA FÉ
No mesmo ano, foi publicado o livro A Instituição da Religião Cristã, a grande obra de Calvino, é uma
espécie de manual de instruções para cristãos. Foi apresentado como “um resumo
quase completo da piedade, abrangendo tudo o que é necessário conhecer quanto à
doutrina da salvação; obra seleta e à altura de todos os estudiosos da vida
piedosa”.
Nas Ordenações de 1541,
Calvino propôs a reorganizar a Igreja em quatro corpos: pastores, doutores, anciãos
(para chamar a atenção dos que erram) e diáconos, que se ocupam de pobres e
doentes. Era proibido mendigar.
Os nomes de batismo foram regulamentados. Precisavam ser
nomes da Bíblia, mas alguns são proibidos como Jesus, Salvador e Evangelista.
LINHA DURA
Com a linha dura imposta por Calvino, os hereges eram levados ao Consistório. Uma
mulher foi acusada de rezar o Pai Nosso em latim e dizer que a Virgem Maria era
sua defensora. Mulheres pegas dançando foram para a cadeia. Um homem que
colocou cartazes na rua contra Calvino, Jacques Gruet, foi preso, torturado e
executado em nome de Deus.
Em 1542, uma nova epidemia de peste bubônica atinge Genebra.
Na época, essas desgraças eram consideradas um castigo divino. Jacques, filho
de Calvino, morreu pouco depois de nascer.
Ao defender sua linha dura, que inspirou o adjetivo
calvinista, o teólogo comentou em 1553, depois da decapitação de Michel Servet:
“Quem sustenta que é errado punir hereges e blasfemos” entende que “nos
tornamos cúmplices de seus crimes (…). Não se trata aqui da autoridade do
homem, é Deus que fala (…). Portanto, se Ele exigir de nós algo de tão extrema
gravidade para que mostremos que lhe pagamos a honra devida, estabelecendo seu
serviço acima de toda consideração humana, que não poupamos parentes, nem de
qualquer sangue, e esquecemos toda a humanidade quando o assunto é o combate
pela Sua glória”. Ossama ben Laden assinaria embaixo.
CALVINISMO
A palavra pela primeira vez numa carta do pastor luterano
Joachim Westphail, de Hamburgo, em 1552. Sua doutrina foi uma das bases de A ética protestante e o espírito do
capitalismo, livro do sociólogo alemão Max Weber.
Os cinco pontos principais são:
1.
Depravação total do homem, corrupção total ou
incapacidade total: todo ser humano é contaminado pelo pecado original e tende
a levar uma vida pecaminosa. É incapaz de ser verdadeiramente bom. É escravo do
pecado, rebelde e hostil em relação a Deus, cego espiritualmente, incapaz de se
salvar sem a intervenção direta de Deus.
2.
Eleição incondicional: é a escolha feita por
Deus a quem será concedida a salvação, que não se baseia no simples mérito ou
fé dos escolhidos. É uma decisão divina incondicional, irrevogável e
insondável. Deus dá a fé a quem escolheu para a salvação.
3.
Expiação limitada: a “redenção particular”
significa que a obra redentora de Jesus Cristo se destina apenas àqueles que
receberam a graça divina da salvação. A expiação é limitada porque a salvação é
só para alguns.
4.
Graça irresistível: a influência salvadora do
Espírito Santo é irresistível. Quando Deus quer salvar alguém, o indivíduo não
tem como resistir. Terá de passar a vida eternal ao lado de Deus.
5.
Preservação dos santos: a “segurança interna”
garante que os escolhidos por Deus não podem cair em desgraça e perder a
salvação. Se uma pessoa cai em apostasia ou não mostra sinais de arrependimento
genuíno, não fazia parte dos eleitos.
NEUTRALIDADE
Os cantões ficaram neutros durante a Guerra dos Trinta Anos
(1618-48), que opôs católicos e protestantes. A Paz da Vestfália reconheceu a
neutralidade suíça.
Durante as guerras de Luís XIV, da França, a neutralidade
transformou-se num princípio básico da Confederação Suíça, um pequeno país da
Europa Central cercado de vizinhos poderosos.
Essa neutralidade contribuiu para a paz, a estabilidade e a
prosperidade. Atraiu para a Suíça refugiados como alguns dos huguenotes expulsos da
França em 1685.
Os franceses e italianos introduziram a fabricação de
relógios em Genebra no século 16. No fim do século 18, mil suíços tinham se
especializado nisso.
Como os vizinhos viviam em guerra e precisavam de um lugar
seguro para depositar seu dinheiro, os bancos suíços, inicialmente de Genebra,
se tornaram o centro de uma rede financeira europeia.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Essa entrada de dinheiro e a vantagem de não ter sustentar
um exército permanente levaram vários cantões a parar de cobrar impostos de
seus cidadãos. Assim, havia capital em abundância para financiar a
industrialização.
A topografia impedia a formação de grandes empresas
agrícolas. Como a agricultura era incapaz de sustentar a população, o país não
tinha colônias nem fazia expedições marítimas, também havia mão de obra
abundante para a indústria.
RELÓGIOS
Em 1785, cerca de 20 mil pessoas trabalhavam em fábricas de
Genebra que produziam 85 mil relógios por anos. Na região de Neuchâtel, eram
feitos mais 50 mil relógios. Os suíços também se especializaram em caixas de
som e brinquedos mecânicos que usavam mecanismos semelhantes.
No fim do século 18, 25% dos suíços trabalhavam na
indústria, principalmente na fabricação de produtos têxteis e relógios.
MÁQUINAS
A produção de máquinas na Suíça começou em 1801. Quando o
imperador Napoleão Bonaparte decretou o Bloqueio Continental em sua guerra
contra a Grã-Bretanha, em 1806, sem poder importar da Inglaterra, a Suíça
aumentou a produção nacional.
Em 1814, as máquinas haviam substituído completamente a
produção manual na indústria têxtil.
ALIMENTOS
Os suíços dizem que os lanches rápidos não foram uma
invenção do século 20. Em 1838, o alemão Carl Heirich Theodor Knorr criou a
empresa Knorr para vender caldo de carne em cubos e sopa em pacote. O suíço
Julius Maggi entrou no negócio em 1872.
Henri Nestlé inventou as fórmulas para bebês com leite em
pó, açúcar e farinha em 1866. Sua fábrica com Vevey se tornou uma grande
empresa multinacional a partir da fusão com a Anglo Swiss Condensed Milk Co.
Hoje a Nestlé é dona da Knorr e da Maggi, e é uma das
empresas transnacionais que se orgulha de vender seus produtos em quase todos
os países do mundo.
INDÚSTRIA QUÍMICA
A primeira fábrica de produtos químicos foi fundada por
Daniel Frey em Aarau em 1804, mas o desenvolvimento do setor toma força 50 anos
depois.
Em 1859, Alexandre Clavel, Louis Durand e Etienne Marnas se
mudaram da França para a Basileia para produzir tintas sintéticas. Em 1884, a
empresa passa a se chamar CIBA (Chesmiche Industrie in Basel).
Dois ex-empregados da CIBA, o químico Alfred Kern e o
gerente Edouard Sandoz, fundaram a Kern & Sandoz em 1886. A Ciba-Geigy e a
Sandoz se fundiram nos anos 1990s para criar a empresa Novartis. Fritz
Hoffmann-La Roche fundou outra indústria farmacêutica importante, em 1896.
ILUMINISMO
O século 18 também é chamado de Época das Luzes por causa do
desenvolvimento da filosofia política com base no racionalismo, que leva ao
liberalismo e à democracia.
Um dos grandes pensadores da época, ao lado de Jean-Baptiste
Voltaire e O Barão de Montesquieu, foi Jean-Jacques Rousseau, nascido em
Genebra em 1712. Rousseau é considerado o “pai da democracia” pelas ideias
expostas no livro O Contrato Social.
É de Rousseau o argumento de que “todo homem nasce livre,
mas vive acorrentado por toda parte”. Na sua visão, todo homem nasce bom, a
sociedade é que o corrompe.
Rousseau é
assim o pai do estruturalismo político. É preciso destruir a estrutura social
opressiva para libertar o homem de sua escravidão e construir uma nova
sociedade mais justa e igualitária.
REVOLUÇÃO FRANCESA
Apesar da prosperidade, a Confederação Suíça não estava
preparada para a instabilidade deflagrada pela Revolução Francesa inspirada por
Voltaire, Rousseau e Montesquieu.
Não havia governo central. Cada um dos 13 cantões tinha seu
próprio exército. Os cantões rurais suspeitavam das cidades. Os cantões menores
invejavam os maiores. Apelos à reforma do sistema oligárquico eram reprimidos.
GUERRAS NAPOLEÔNICAS
A Revolução Francesa de 1789 deflagra uma série de revoltas
camponesas.
Em 5 de março de 1798, em meio a uma guerra contra a
Áustria, o Exército de Napoleão invade e toma a Suíça. Em 12 de abril, foi proclamada
a República Helvética, “una e indivisível”, no modelo do Estado centralizado
imposto à França pelos revolucionários.
REPÚBLICA HELVÉTICA
A República Helvética durou apenas cinco anos (1798-1803) e
sobreviveu a quatro tentativas de golpe de Estado. Depois de um período crítico
de agitação e revolta, a França mandou reforços, mas Napoleão acabou cedendo.
Na Ata de Mediação, de 1803, aboliu o Estado centralizado
estabelecendo um equilíbrio entre a nova e a velha ordem.
RESTAURAÇÃO
Com a derrota final de Napoleão, em 1815, o Congresso de
Viena restaurou as monarquias, restabeleceu a ordem internacional na Europa
pós-napoleônica, reconheceu a neutralidade perpétua da Suíça, respeitada nas duas guerras mundiais do século 20.
Inicia-se na Europa um período dominado pelo
conservadorismo, uma ressaca das revoluções e guerras napoleônicas que levaria
a novas revoluções. Com mais seis cantões e um total de 22, a Suíça fica com as
fronteiras que tem hoje.
REGENERAÇÃO LIBERAL
Sob o impacto da Revolução Francesa de 1830, há uma
regeneração do movimento liberal na Suíça para exigir democracia e igualdade.
Dentro de um ano, 12 cantões aprovam reformas
constitucionais para acabar com o domínio da aristocracia sobre o governo e com
a censura à imprensa. O número de jornais e revistas políticas passa de 29 em
1830 para 54 em 1834. São fundadas as universidades de Zurique (1833) e Berna
(1834).
O papa Gregório XVI reagiu, não especificamente contra as reformas suíças, condenando em 1832 a cultura
moderna, o liberalismo, a democracia e a “ciência impudente”.
Em 1833, o médico liberal Paul Troxler propôs a criação de
uma federação nos moldes dos EUA. Como só dez cantões apoiaram, a sugestão foi
rejeitada. Mas a tensão entre conservadores e liberais se manteve.
GUERRA CIVIL
Quando liberais radicais fecharam os conventos em Aargau, em
1841, Lucerna virou conservadora e entregou suas escolas à Ordem dos Jesuítas,
criada pela Igreja Católica no movimento da Contrarreforma.
A polarização religiosa levou os cantões católicos a formar
uma liga de defesa separatista chamada Sonderbud. Em julho de 1847, a Dieta,
representando a maioria dos cantões liberais declarou Sonderbud incompatível
com o pacto federalista e exigiu sua dissolução imediata.
Numa guerra civil de 25 dias iniciada em 3 de novembro de
1847, a confederação prevaleceu. Como o comandante do Exército Federal, general
Guilherme Henrique Dufour, recomendou moderação às tropas, o conflito terminou
com 86 mortos e cerca de 500 feridos. Ele seria um dos fundadores da Cruz
Vermelha.
NOVA CONSTITUIÇÃO
Em 1848, uma nova Constituição Federal cuja estrutura básica
permanece intacta criou um parlamento bicameral no modelo americano, um governo
federal e um tribunal federal.
O novo Estado pôde então criar uma política externa comum,
um sistema alfandegário, moedas, pesos e medidas comuns, além de proteger os
direitos e liberdades civis. Berna foi escolhida como capital.
VÍTIMAS DE GUERRA
Quando chegou à cidade de Solferino, na Itália, em 24 de
junho de 1859, o empresário suíço Jean-Henri Dunant foi testemunha da Batalha
de Solferino, na Guerra Austro-Sardenha, em que o Segundo Império Francês
apoiou o Reino da Sardenha contra o Império Austro-Húngaro.
Naquela batalha decisiva da guerra pela unificação da
Itália, 40 mil soldados foram mortos ou feridos. Chocado pela falta de atendimento
médico, ele abandonou sua viagem, que visava a pedir à França melhores
condições para fazer negócios na Argélia, e resolveu atender os feridos.
Em 1862, Dunant publicou um livro chamado Uma Memória de Solferino e o enviou a
vários líderes políticos e militares da Europa, propondo a formação de
sociedades voluntárias de ajuda de emergência.
CRUZ VERMELHA
O advogado suíço Gustave Moynier, presidente da Sociedade de
Genebra para o Bem-Estar Público, recebeu o livro em 1863 e começou as
articulações. Numa conferência realizada de 26 a 29 de outubro do mesmo ano,
nasceu o Comitê Internacional para Socorro aos Feridos.
O símbolo adotado foi uma cruz vermelha, que marca
ambulâncias e outros veículos de socorro a feridos para evitar que sejam alvo
de ataques. A Cruz Vermelha Internacional, uma organização internacional
humanitária de caráter privado, ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1917, 1944 e
1963.
Como a cruz é um símbolo cristão repudiado pelos muçulmanos
desde as Cruzadas para libertar a Terra Santa na Idade Média, o Crescente
Vermelho passou a ser usado em países muçulmanos a partir de uma guerra entre o
Império Otomano e a Rússia, em 1877-78. Em 1929, foi adotado oficialmente.
CONVENÇÕES DE GENEBRA
Um ano depois da fundação da Cruz Vermelha, a Suíça convidou
todos os países europeus, os EUA, o Brasil e o México para uma conferência
internacional. Em 22 de agosto de 1864, representantes de 12 países assinaram a
Convenção de Genebra “para melhorar a condições dos feridos em campos de
batalha”.
Novas Convenções de Genebra foram aprovadas para proteger as
vítimas da guerra no mar (1907), os prisioneiros de guerra (1929) e os civis em
tempo de guerra (1949).
DEMOCRATIZAÇÃO
Uma reforma constitucional no cantão de Zurique introduziu, em
1865, as emendas de iniciativa popular, que precisavam ser apoiadas por pelo
menos 10 mil eleitores.
Em 1869, uma ampla revisão constitucional tornou obrigatória
em Zurique a realização de referendos todas as alterações da Constituição e de
todas as leis, a eleição direta dos membros do governo cantonal e criou um
imposto de renda progressivo, ou seja, quem ganhava mais pagava mais.
Outros cantões seguiram o exemplo de Zurique. Lucerna deu à
população o direito de pedir a realização de plebiscitos.
GUERRA CULTURAL
O liberalismo desafiava o poder e os privilégios do clero e
da nobreza, exigindo liberdade, igualdade e justiça social. O racionalismo
sustentava que a verdade só poderia ser comprovada através de pesquisa
científica, questionando os dogmas da Igreja. E o materialismo negava a teoria
de que o espírito sobrevive à morte do corpo.
Numa ofensiva contra o liberalismo, em 1854, o papa Pio IX
defendeu a “imaculada concepção de Maria”, sem impressionar muito os suíços. Na
Suíça, um movimento chamado Guerra Cultural queria limitar a influência da
Igreja Católica.
Quando o Concílio Vaticano I, em 1871, decretou a
“infalibilidade do papa”, mais de 400 mil católicos abandonaram a Igreja de
Roma na Alemanha, na Holanda e na Suíça. Como o bispo de Lachat começou a
afastar os padres que questionavam o dogma, os governos cantonais o demitiram o
bispo e 97 padres; 84 foram expulsos da Suíça.
CONSTITUIÇÃO DE 1874
Outra ampla revisão constitucional foi realizada em 1874, a
ponto de ser considerada uma nova Constituição:
• O governo federal ganhou supremacia sobre os cantões.
• Os referendos foram introduzidos a nível federal.
• Os cidadãos que se mudassem para outro cantão teriam
plenos direitos depois de 3 meses.
A revisão foi aprovada por 63% dos votos.
VOTO FEMININO
A primeira federação de mulheres foi criada em 1885 em
Aarau, seguida por Zurique em 1894. A primeira petição pelo direito de voto das
mulheres foi apresentada em 1886. O primeiro congresso suíço pelos interesses
da mulher foi realizada em 1897 em Genebra.
Mas o voto feminino teve de esperar. Em 1959, 67% dos homens
disseram não. Só 31% votaram a favor. Isso impediu a Suíça de entrar para o
Conselho da Europa e de assinar a Convenção Europeia dos Direitos Humanos, em
1962.
Em 1971, finalmente, por 66% a 34%, as mulheres conquistaram
o direito de votar e ser eleitas, ganhando 11% das cadeiras no parlamento
federal.
Só em 1985, um referendo constitucional deu direitos iguais
às mulheres por 60% a 40%. A reforma do Código Civil dando à mulher direitos
iguais ao homem dentro da família foi aprovada, também em 1985, por 54,7% a 45,3%.
PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
A Suíça ficou neutra, mas sofreu com a tensão entre suas
comunidades alemã, francesa e italiana, que simpatizavam com Alemanha, França ou Itália. Parte
do Exército, os trabalhadores foram convocados para defender as fronteiras,
muitos sem salário nem remuneração porque o país não tem um exército
permanente. Em tese, são todos milicianos.
A economia se beneficiou, com as indústrias metalúrgica,
química, de instrumentos de precisão e de madeira, e os produtores agrícolas vendendo
para ambos os lados em guerra.
LÊNIN EXILADO
Durante a guerra, Vladimir Ilich Uliánov, mais conhecido
como Lênin, se refugiou na Suíça em 5 de setembro de 1914, depois de ser
brevemente detido na Áustria. Na Conferência de Zimmerwald, em 1915, Lênin
defendeu a transformação de “uma guerra imperialista numa guerra de classes”.
Foi vencido pelos pacifistas.
Na primavera de 1916, em Zurique, Lênin escreveu seu livro
mais importante sobre relações internacionais, Imperialismo: o estágio mais alto do capitalismo, em que defende a
teoria do elo mais fraco.
Ao contrário do que previra o pai do comunismo, Karl Marx,
Lênin argumentou que o sistema capitalista não ia começar a se romper no
centro, nos países ricos e desenvolvidos, mas, sim, nos elos mais fracos. A
tese foi usada para justificar a revolução bolchevique na Rússia, um país
atrasado economicamente.
Em carta ao poeta romeno Valeriu Marcu, em 1917, Lênin
resumiu sua visão da guerra: “É um dono de escravos, a Alemanha, lutando contra
outro dono de escravos, a Inglaterra”.
GREVE GERAL
Mas alguns setores não se beneficiaram. A tensão social explodiu
no fim da guerra. Em novembro de 1918, o mês do armistício na Primeira Guerra Mundial, houve uma greve
nacional iniciada em Zurique. O governo federal, temendo uma revolução
comunista como a da Rússia, mobilizou o Exército, especialmente nas zonas
rurais.
Três dias depois, os líderes grevistas capitularam. Vários
foram presos. Como o conflito aconteceu no momento em que o surto de gripe espanhola virava uma pandemia, muitos soldados morreram da doença. Isso causou um
ressentimento de décadas dos agricultores em relação aos trabalhadores urbanos.
REFORMA TRABALHISTA
Algumas reivindicações dos grevistas foram atendidas. A
jornada de trabalho foi limitada a 48 horas por semana. Aumentou o auxílio aos
desempregados. O sistema eleitoral mudou para o voto proporcional em 1919.
Imediatamente, os liberais perderam o poder, que mantinham
desde 1848. Em 1929, foi eleito pela primeira vez um deputado de partido
camponês.
GRANDE DEPRESSÃO
A Grande Depressão (1929-39) abalou fortemente a economia da
Suíça, com a crise financeira a a forte queda nas exportações.
O pior ano da crise doméstica foi 1936, quando o desemprego
chegou ao pico e o governo desvalorizou o franco suíço em 30%. No ano seguinte,
trabalhadores e empresas metalúrgicas chegaram a um acordo em meio à crescente
ameaça do nazismo.
Quando Adolf Hitler chegou ao poder em 1933, como na
Alemanha, só os social-democratas foram contra, mas inicialmente esse repúdio
fora visto como uma retomada da luta de classes que marcara o pós-guerra. A
ameaça real uniu o país.
LIGA DAS NAÇÕES
Depois da Primeira Guerra Mundial, a Conferência de Paz de
Versalhes criou em 1919 a primeira organização internacional de caráter
universal dedicada à paz mundial, a Liga das Nações.
A Suíça entrou para a Liga, que foi instalada no Palácio das
Nações, em Genebra, hoje a principal sede da ONU na Europa. Como país neutro,
não participaria das ações militares conjuntas.
Quando a Liga das Nações censurou o Japão por invadir a
Mandchúria, em 1931, o governo imperial japonês abandonou a organização. Quando
a Itália fascista invadiu a Etiópia, em 1935, a Liga condenou-a, mas não tomou
nenhuma medida prática. A Suíça foi um dos primeiros países a reconhecer a
conquista africana de Benito Mussolini e a ditadura do generalíssimo Francisco
Franco na Espanha.
Sem conseguir evitar uma nova guerra mundial, a Liga das
Nações seria substituída pela ONU, a partir de 1945.
PARAÍSO FISCAL
O sigilo bancário é um princípio legal pelo qual os bancos
são proibidos de passar às autoridades informações sobre seus clientes, com a
exceção de casos especiais, por ordem judicial. Existe em “paraísos fiscais”
como a Suíça, Cingapura, Costa Rica, Líbano, Luxemburgo, Uruguai e várias
ilhas.
Na Suíça, o sigilo bancário foi instituído pela Lei Bancária
de 1934, quando o nazismo na vizinha Alemanha começava a assombar o mundo. Com
US$ 2,2 trilhões em ativos, o país é o maior paraíso fiscal.
LAVANDERIA
Durante décadas, a Suíça foi acusada de ser um instrumento
do crime organizado, da economia subterrânea e de ditadores da pior espécie,
como Joseph Mobutu, do Zaire, hoje República Democrática do Congo, inclusive
pelos próprios suíços.
O sociólogo, ex-deputado e ativista socialista Jean Ziegler
escreveu, em 1990, o livro A Suíça lava
mais branco, denunciando a lavagem de dinheiro sujo no país.
Como no submundo, o dinheiro de terroristas, ditadores,
corruptos e do crime organizado se mistura, depois dos atentados terroristas
de 11 de setembro de 2001, os EUA passaram a lutar contra o que o jornal The Wall Street
Journal, porta-voz informal do centro financeiro de Nova York, defendia antes como “privacidade financeira”.
PARAÍSOS FISCAIS
Depois da Grande Recessão de 2008-9, uma das medidas aprovadas
pelo Grupo dos Vinte (19 países mais ricos do mundo e a UE) foi o fim dos
paraísos fiscais.
Se não colaborassem com a Justiça dos EUA, os bancos suíços
não poderiam se instalar no país. Mais de dez bancos suíços são investigados
sob a acusação de ajudar contribuintes a fraudar o imposto de renda americano.
Aceitaram passar as informações desde que houvesse provas de fraude fiscal.
Sob pressão
internacional, especialmente dos EUA, a Suíça assinou a Convenção Multilateral
sobre Assistência Administrativa Mútua em Questões Fiscais, negociada no âmbito
da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que
entrou em vigor em 2010.
Em 2013, o Parlamento suíço aprovou a legislação que muitos
apontam como o fim do sigilo bancário.
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Quando a Alemanha anexou a Áustria, em 13 de março de 1938,
o cerco à Suíça começava a se fechar. O país reafirmou sua absoluta
neutralidade, temendo uma invasão nazista. A maior preocupação foi garantir a
sobrevivência nacional.
No início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, a Suíça
mobilizou 850 mil pessoas de uma população de 4 milhões na época para fazer a
defesa nacional, inclusive se refugiando nas montanhas para contra-atacar numa
guerra de guerrilhas.
Com a queda da França, em 22 de junho de 1940, o cerco se
fechou. A Suíça temia ser o próximo alvo da expansão nazista. Em 25 de junho de
1940, o chanceler federal suíço, Marcel Pilat-Golz, fez uma declaração
aceitando a nova ordem europeia dominada pela Alemanha nazista.
Uma fortaleza no centro dos Alpes, o Reduto, tinha munição,
equipamento médico, alimentos, água, usinas hidrelétricas e fábricas para
suprir o Exército da Suíça se as cidades do país fossem ocupadas, enquanto a
propaganda oficial preparava o país para a “defesa espiritual” da Suíça, de sua
independência e democracia, diante da ameaça de Adolf Hitler.
BANCOS
A Alemanha vendia à Suíça matérias-primas como carvão e aço
em troca de créditos, máquinas instrumentos, instrumentos de precisão e até
mesmo armas antiaéreas. As estradas de ferro através dos Alpes eram
fundamentais para o eixo Alemanha-Itália, mas foi o sistema bancário que
ofereceu vantagens aos nazistas por estar num país neutro.
Os bancos suíços compraram ou guardaram o ouro roubado pelos
nazistas dos bancos centrais dos países europeus tomados pela Alemanha na
Segunda Guerra Mundial e até mesmo das vítimas do Holocausto.
Em 1943, o Banco Nacional da Suíça sabia que a Alemanha
estava saqueando os bancos centrais dos países ocupados. Mesmo assim, aceitou
ouro fundido em grandes quantidades até 1944 e em menores quantidades até o fim
da guerra, em 1945, num total estimado em 1,2126 bilhão de francos suíços,
dinheiro que Hitler usou no esforço final de guerra.
Também comprou 2,2439 bilhões em ouro dos EUA, mas o ouro
dos nazistas tinha sido roubado dos bancos centrais de países ocupados,
especialmente da Bélgica, Holanda e Luxemburgo.
REFUGIADOS
Durante a guerra, a Suíça recebeu cerca de 300 mil
refugiados. Houve resistência da sociedade suíça, temerosa de mudanças
significativas na composição étnica de seu pequeno país.
Mais de 20 mil judeus foram barrados. Não se sabe quantos
morreram em campos de concentração.
Desde os anos 1990s, o Partido Popular da Suíça (SVP), de
extrema direita, intensificou a propaganda antieuropeia e contra estrangeiros.
CRÍTICAS
O papel da Suíça durante a guerra foi muito criticado por
causa da política de refugiados, por comprar ouro, obras de arte e outros
ativos roubados pelos nazistas em países ocupados, e até mesmo por contribuir
para prolongar a guerra ao fornecer bens, serviços e empréstimos à Alemanha
nazista até o fim.
Só em fevereiro de 2001 e janeiro de 2005 os bancos suíços
divulgaram listas das “contas dormentes”, a maioria de vítimas da guerra e do
nazismo que confiaram suas economias ao sistema financeiro da Suíça. Desde
então, organizações judaicas e de vítimas do Holocausto conseguiram
indenizações de 2 bilhões de francos suíços.
Por outro lado, a “defesa espiritual” da nacionalidade fez
da Suíça uma das poucas bases da resistência intelectual antinazista. A Rádio
Pública Nacional fez companha contra a propaganda nazista durante toda a
guerra.
SOCIEDADE ABERTA
Com a integração dos social-democratas ao governo dentro da
união nacional forjada durante a guerra, aumentaram a estabilidade política e a
seguridade social.
Depois das revoluções jovens de 1968, a sociedade suíça
ampliou a liberdade individual, abrindo mão da rígida moral religiosa que era
norma no mundo ocidental.
As mulheres conquistaram o direito de voto em 1971 e
direitos plenamente iguais em 1985. A primeira mulher a governar a Suíça foi
Ruth Dreifuss, em 1999.
Em 2004, os homens ganharam direito a licença-paternidade. Desde
2005, a Suíça reconhece a união civil de casais do mesmo sexo.
RELAÇÕES EXTERIORES
Em 1992, a Suíça pediu associação à União Europeia, mas
desistiu quando uma proposta de adesão ao Espaço Econômico Europeu, que inclui
a UE e outros países do continente, foi rejeitada em referendo, em dezembro de
1992.
Em 10 de setembro de 2002, contrariando a tendência
histórica de zelar pela independência relutando em participar de organizações
internacionais, a Suíça entrou para a ONU.
Com 55%, outro referendo aprovou em 2005 a adesão ao Tratado
de Schengen, que aboliu o controle interno de passaportes na maioria dos países
continentais da UE.
A Suíça também é membro e sede da Organização Mundial do
Comércio (OMC), em Genebra, da qual o brasileiro Roberto Azevedo é o atual
diretor-geral, e do Banco de Compensações Internacionais (BIS), considerado o
banco central dos bancos centrais, que fica na Basileia.
Seu desafio atual é como sobreviver e manter seu
excepcionalismo quando inevitavelmente o país for integrado à UE.
CULTURA
Este pequeno país relativamente isolado, encravado nos
Alpes, deu uma considerável contribuição à história da arte, da ciência, da
filosofia e da religião.
A Suíça ganhou mais prêmios Nobel por habitante e registrou
mais patentes por habitantes do que qualquer outro país. Ao todo, 113
ganhadores do Nobel tinham relação com a Suíça e organizações sediadas no país
ganharam 9 vezes.
Alguns talentos, como o pai da arquitetura moderna, Charles
Edouard Jeanneret-Gris, mais conhecido como Le Corbusier, que foi para a
França, e o pintor Paul Klee, que foi para a Alemanha, tiveram de sair do país
para crescer.
ARQUITETURA
Com uma história tão rica e sem guerras destruidoras, a
Suíça guarda belos exemplos da arquitetura românica nas catedrais da Basileia,
de Genebra, Lausane e Sion. O estilo gótico está nas catedrais de Zug e Zurique.
O barroco, nas igrejas de Einsiedein.
Durante o Renascimento, vários mestres suíços trabalharam na
Itália. Antonio del Ponte construiu prisões perto do Palácio dos Doges e a
Ponte Rialto, em Veneza; Antonio Contino fez a Ponte dos Suspiros; Domenico Fontana,
o Palácio Real, o Palácio de Latrão e a fachada da Igreja de São João de
Latrão, em Nápoles.
No século 20, além de Le Corbusier, Mario Botta projetou o
Museu de Arte Moderna de São Francisco da Califórnia. Jacques Herzog e Pierre
de Meuron transformaram uma antiga usina da era da máquina a vapor, em Londres,
na Tate Modern, o maior museu de arte moderna do mundo.
LITERATURA
Por causa da sua longa tradição de paz e neutralidade,
muitos intelectuais se refugiaram lá durante as inúmeras guerras europeias,
caso do poeta inglês George Byron, do filósofo francês Jean-Baptiste Voltaire, do
escritor irlandês James Joyce, talvez o maior escritor do século 20, dos
escritores alemães Hermann Hesse e Thomas Mann, do austríaco Stefan George e do
italiano Ignazio Silone.
A Montanha Mágica,
de Thomas Mann, fala da cidade suíça de Davos, onde se realiza o Fórum
Econômico Mundial e havia uma clínica para tuberculosos.
“Na Suíça, a literatura só é possível como produto de
exportação”, dizia Friedrich Dürrenmatt, o mais importante escritor do país no
século 20.
O livro suíço mais vendido até hoje é de longe Heidi: a menina dos Alpes, de Johanna
Spyri, publicado em 1879, com mais de 50 milhões de cópias em mais de 50
línguas. Já foi transformado em radioteatro e filmado mais de uma dúzia de
vezes.
ARTES PLÁSTICAS
Além de Paul Klee, o mais impressionante e original pintor
suíço, destaca-se o escultor e pintor expressionista Alberto Giacometti, influenciado pelo surrealismo, dadaísmo, o cubismo e pela arte etrusca.
O movimento de arte Dada, do início do século 20, nasceu no
Cabaret Voltaire, em Zurique.
MÚSICA
A música sacra era a mais importante na Suíça e foi duramente
controlada depois da Reforma Protestante. Da música tradicional, ficaram o
folclore, as danças camponesas, os instrumentos de sopro.
Na música clássica, destacam-se Nokter Balbulus, monge de
St. Gallen, que compôs por volta de 860; Heinrich Loris, no século 16; Arthur
Honegger e Frank Martin, no século 20.
O país tem nove escolas de jazz e realiza oito festivais do
gênero por ano. Um dos mais badalados é o Festival de Montreux, onde vários
artistas brasileiros se apresentaram.
CINEMA
A Suíça tem uma pequena indústria nacional de cinema
caracterizada pela alta qualidade dos atores e da fotografia. O mais famoso
cineasta suíço é o franco-suíço Jean-Luc Godard, que nasceu em Paris de pai
suíço.
Godard começou como crítico de cinema na revista francesa Cahiers du Cinema, a melhor do mundo no
gênero. Tornou-se o maior nome da Nouvelle Vague (Nova Onda, em francês), que
inspirou o Cinema Novo no Brasil. Era amigo de Glauber Rocha.
Entre seus melhores filmes estão Acossado (1960), com Jean-Paul Belmondo e Jean Seberg; Viver a Vida (1962); O Demônio das 11 Horas (1965); Duas ou Três Coisas que Sei Dela (1966);
A Chinesa (1967); e Week End à Francesa (1968).
Pravda (1969) trata
da invasão soviética à Tcheco-Eslováquia. Vento
do Oriente, com roteiro do líder da revolução de maio de 1968, Daniel
Cohn-Bendit, Dani o Vermelho,
desmistifica os filmes de faroeste. Até a
Vitória foca a guerrilha palestina. Prénom:
Carmen (1983) e Je Vous Salue Marie (1984) causaram
mais polêmica do que fizeram sucesso como filmes.
PSIQUIATRIA
O suíço Carl Gustav Jung foi o criador da psicologia analítica, uma dissidência da escola psicanalítica do austríaco Sigmund Freud. Ele criou os conceitos de personalidade extrovertida e introvertida, e do
inconsciente coletivo. Talvez seja o psicoterapeuta mais importante da História
depois de Freud.
Na busca para entender a alma humana, Jung recorreu à
filosofia oriental e ocidental, à alquimia, à astrologia, à sociologia, à
literatura e às artes. Seu interesse pelo ocultismo lhe deu a fama de místico.
O inconsciente coletivo seria uma camada mais profunda da
mente humana, onde estariam armazenados as imagens e símbolos, os arquétipos e
os mitos. Seria um repositório de toda a cultura e história da humanidade a que
se tem acesso parcial ao longo da vida, mas que permite compreender e explicar
fenômenos inusitados que estariam além do inconsciente pessoal, trabalhado por
Freud.
CULINÁRIA
O prato nacional é o fondue
neuchâteloise, conhecido no resto do mundo como fondue suíça, uma mistura
dos queijos suíços Gruyère e Emmentaler fundidos no vinho branco com um cálice
de Kirsch, aguardente de cereja e temperos como noz moscada e pimenta do reino
em pó. Come-se pescando o queijo fundido com cubos de pão dormido semitorrado.
Acompanha um bom vinho tinto.
A raclette é um
prato de queijo da região de Raclete, no cantão de Valais, levado ao forno ou
às brasas para derreter e comido acompanhado de batatas cozidas, picles e
carnes conservadas (embutidos) como presunto cru, lombo de porco defumado,
salame e copa.
O chocolate é fabricado na Suíça desde o século 18. Ganhou
reputação a partir do fim do século 19. Os suíços são os maiores consumidores
mundiais de chocolate.
RELAÇÕES COM O BRASIL
Os suíços foram os primeiros imigrantes europeus a se
estabelecer no Brasil, depois dos portugueses. O primeiro grupo chegou ao
Brasil em 1819 e se instalou na cidade de Nova Friburgo, no estado do Rio de
Janeiro.
Outro grupo foi para a Colônia Dona Francisca, hoje
Joinville, em Santa Catarina. Também houve migrações para São Paulo e para o
Espírito Santo. Como eles eram confundidos com alemães, não há números
confiáveis.
Claudia Andujar, Clóvis Bornay, Heloísa Perissé, Juliana
Knust e Ricardo Boechat têm origem suíça.
No comércio bilateral, o Brasil importava principalmente
fármacos (36%), máquinas (24%), outros produtos químicos (23%) e instrumentos
de precisão (9%), num total de US$ 915 milhões em 2005.
A Suíça importava principalmente produtos agrícolas (52%),
metáis (21%), produtos químicos (9%) e aviões (7%), num total de US$ 510
milhões em 2005, pelos dados do sítio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
ESPORTE
Com tantas montanhas com neves eternas, a Suíça faz dos
esportes de inverno e do alpinismo especialidades do país. A Associação
Olímpica Suíça reúne cerca de 3,5 milhões de pessoas e 25 mil organizações
voltadas para o esporte.
Em 1928 e 1948, a Suíça sediou as Olimpíadas de Inverno em
Saint Moritz. Além do hóquei sobre patins, do esqui e do alpinismo, os suíços
jogam golfe, tênis, basquete e praticam natação, voo a vela e parapente. A Suíça
foi vice-campeã mundial de hóquei em 2013, na Suécia.
Desde 1915, Lausane sedia o Comitê Olímpico Internacional.
A tenista suíça Martina Hingis ganhou cinco torneios do
Grand Slam (faltou só o Aberto da França) e foi número um do mundo. Roger Federer ganhou 17 títulos de
simples do Grand Slam, o que o torna o maior tenista da História.
Clay Regazzoni competiu na Fórmula 1 de 1970 a 1980 e ganhou
cinco grandes prêmios. Sua melhor classificação no campeonato foi vice em 1974,
três pontos à frente do campeão Emerson Fittipaldi. Ele entrou na corrida em
vantagem, bastando apenas chegar na frente do brasileiro para ser campeão.
FUTEBOL
O futebol é um dos esportes favoritos dos suíços. A seleção
nacional disputou sete Copas do Mundo. Chega ao Brasil pela primeira vez como
cabeça de chave depois de se classificar invicta, com 24 pontos, 7 vitórias e 3
empates, 17 gols a favor e 6 contra.
A Suíça organizou a Copa de 1954, vencida pela Alemanha
Ocidental, que derrotou a favorita Hungria por 3-2, e a Euro 2008, vencida pela
Espanha, que bateu a Alemanha na final por 1-0.
Na Olimpíada de Paris, em 1924, a Suíça chegou à final,
perdendo por 3-0 para o Uruguai.
Em 1934, 1938 e 1954, a Suíça chegou às quartas de finais da
Copa do Mundo, sendo eliminada respectivamente pela vice-campeã Tcheco-Eslováquia
(3-1), a vice-campeã Hungria (2-0) e a Áustria (7-5). Em 1950, 1962, 1966, 1994
e 2010, a Suíça foi eliminada na primeira fase.
Em 2010, foi a única seleção a vencer a campeã Espanha, uma
vitória de 1-0 na estreia. O gol sofrido na derrota de 1-0 para o Chile acabou
com um recorde de 559 minutos sem levar gol numa Copa do Mundo. Mas ao empatar
em 0-0 com Honduras, a Suíça mais uma vez caiu na primeira fase.
Brasil e Suíça jogaram 8 vezes, com 3 vitórias do Brasil, 3
empates e 2 vitórias da Suíça, a mais recente por 1-0 em 14 de agosto de 2013,
com gol contra de Daniel Alves.
A única partida oficial foi a primeira, disputada em 28 de
junho de 1950, no Pacaembu, na primeira Copa realizada no Brasil. Diante de 42
mil torcedores, houve empate em 2-2, com gols de Alfredo e Baltazar para o
Brasil e Jacques Fatton para os suíços.
11 comentários:
Nesta matéria faltou a característica principal do suíços: a formação militar desde os elogios de Maquiavel e o uso por parte do papado dos mercenários vindo das terras altas do meio da europa ao atual país super-armado com todos os cidadãos em prontidão de guerra.
Vou rever, mas acho que falei do militarismo e da prontidão para a guerra.
Gostei muito parabéns.
Muito bom, parabéns
Muito bom. Não faltou nada, penso. Parabéns pela pesquisa. Maria A. Roque
Pessoal olha o que a Suiça quer fazer: Suíça decide se todos os seus cidadãos receberão R$ 9 mil por mês sem fazer nadadeia é fortemente criticada por governo suíço; defensores alegam que proposta seria forma de 'desassociar trabalho e renda' e garantir 'segurança e liberdade' às pessoas
Imagine receber todos os meses cerca de R$ 9 mil (2500 francos) do governo sem ter que fazer absolutamente nada. Sem trabalho, sem esforço, sem precondições, apenas dinheiro. Essa é a proposta que está sendo levada a um plebiscito público neste domingo 95) na Suíça.
Os eleitores do país vão decidir se desejam mudar o sistema social http://www.adnetworkperformance.com/a/display.php?r=461150implementando uma renda mínima universal para todos os cidadãos, independentemente da riqueza de cada um. O valor substituiria outros subsídios e seria distribuído para todos os cidadãos e residentes no país. Para as crianças, o valor seria de R$ 2270 (625 francos).
BBC
Marina Wentzel
04/06/201613h23
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Reprodução/Condê Nast Traveler http://www.adnetworkperformance.com/a/display.php?r=461150/ http://www.adnetworkperformance.com/a/display.php?r=461150/
É um programa de garantia de renda mínima, o imposto de renda negativo proposto aqui no Brasil pelo então senador Eduardo Suplicy. Ele pediu uma audiência à presidente Dilma Rousseff para apresentar sua ideia. Dilma só o recebeu três anos depois, agora que virou carta fora do baralho.
A Suíça é a imagem da neutralidade em todo o mundo, e seus bancos são símbolos de honestidade e discrição para seus clientes, mas saibam que nem sempre foi assim. Durante a 2ª Guerra Mundial, os bancos da Suíça receberam uma fortuna em ouro roubado dos judeus. Estima-se que entre 1939 e 1945, os depósitos nazistas totalizaram 1,7 bilhão de francos suíços. Além de financiarem a indústria militar nazista com quantidades superiores a 60 BILHÕES de dólares. A Suíça agiu como intermediária nessas transações "lavando" o ouro roubado dos judeus (em muitos casos, arrancados dos dentes dos "pobres" judeus mortos, bem como as alianças dos dedos). Fora o ouro, foram roubados dos judeus jóias, obras de arte e muito, muito dinheiro, tudo depositado pelos nazistas em bancos suíços. A Alemanha não tinha a menor possibilidade de bancar uma guerra deste tamanho. Quem bancou tudo isso foram os bancos suíços comprando o ouro, jóias e obras de arte dos nazistas (roubadas dos judeus).
Esses bilhões ocultos em bancos da Suíça foram utilizados para financiar o "milagre" econômico do pós-guerra na Alemanha, que prosperou inimaginavelmente em poucos anos.
Outra coisa é que a Suíça, depois da guerra, se alçou como um dos países mais ricos do planeta, tendo triplicado seus depósitos bancários.
Leiam mais no livro: "A Suíça, o Ouro e os Mortos: como os Banqueiros Suíços Ajudaram a Financiar a Máquina de Guerra Nazista", do sociólogo, escritor e político SUÍÇO, Jean Ziegler: https://books.google.com.br/books/about/A_Sui%C3%A7a_o_ouro_e_os_mortos.html?id=0yCX9Yr7zzgC&hl=pt-BR
Os bancos suíços colaboraram com o regime nazista, "ajudaram a financiar", como diz o título, mas não são responsáveis pelo esforço de guerra da Alemanha.
Muito bom!
Parabens, bela reportagem .....
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