Com 2.381.741 km2, a República Democrática e Popular da
Argélia é o maior país da África depois da divisão do Sudão, em julho de 2011,
e o 10º maior do mundo. O futebol desempenhou um papel revolucionário na luta pela independência.
A Argélia fica na região do Magreb, no Norte da África, e é
banhado pelo Mar Mediterrâneo, ao norte. Faz fronteira com a Tunísia a
nordeste; a Líbia a leste; o Níger a sudeste; o Mali, a Mauritânia e o Saara
Ocidental a sudoeste; e o Marrocos a Leste.
A maioria dos seus 38,7 milhões de habitantes (estimativa
para 2014) vive perto da costa. O país se estende ao sul pelo inóspito Deserto
do Saara, onde foram registradas as temperaturas mais quentes da Terra. Cerca
de 80% da Argélia ficam no Saara.
ECONOMIA
Com produto interno bruto nominal estimado pelo Fundo
Monetário Internacional (FMI) em 2014 em US$ 219 bilhões, a Argélia é o 50º
país mais rico do mundo. A renda média é de US$ 5,672 mil por habitante por
ano.
O petróleo e o gás são a base da economia, responsáveis por
30% do PIB, 60% da arrecadação de impostos e 95% das exportações. A Argélia tem
a 10º maior reserva de gás natural. É o sexto maior país exportador mundial de
gás.
HISTÓRIA
Desde o século 12 antes de Cristo, o território atual da
Argélia foi dominado por fenícios, romanos, vândalos germânicos, árabes,
espanhóis, turcos e finalmente os franceses, em 1830. Com a exceção da França,
nenhum invasor dominou as tribos bérberes do interior.
Sua história, língua, costumes e religião são heranças da
expansão árabe a partir da criação do islamismo na Arábia, no século 7 depois
de Cristo. Dos séculos 8 a 16, a atual Argélia foi governada pelos árabes.
Depois, foi conquistada pelo Império Otomano.
Com o declínio otomano, o país teve um breve período de
independência até 1830, quando a França iniciou uma guerra de conquista.
DOMÍNIO FRANCÊS
A ocupação francesa foi brutal. Durante 15 anos, os
argelianos resistiram com uma “guerra santa islâmica”, sob a liderança de Abdel
Kadir.
Os franceses tomaram as terras férteis próximas ao
Mediterrâneo e as entregaram primeiro a colonos e depois a grandes empresas
agrícolas da França. O êxodo rural inchou as grandes cidades, como Argel e Orã,
com populações miseráveis.
Em 1881, a Argélia foi transformada numa província da
França. O ensino do francês passou a ser obrigatório em todas as escolas.
O nacionalismo nasce na Primeira Guerra Mundial e adota
várias formas de luta, da resistência pacífica a greves e a luta armada.
Quando a França saiu enfraquecida, a rebelião estourou. Na
festa da vitória sobre o nazismo, em maio de 1945, os colonos franceses foram atacados. A
Argélia entrava na onda de descolonização do pós-guerra. Numa repressão
violenta, o Império Francês matou 17 mil argelianos.
GUERRA DA INDEPENDÊNCIA
Em 1º de
novembro de 1954, a Frente de Libertação iniciou a guerra pela independência.
Foi o primeiro movimento de libertação nacional africano a usar técnicas de
guerrilha, atacando num primeiro momento mais de 70 alvos militares e
econômicos do do governo colonial francês.
Começava uma das guerras de libertação mais sangrentas do
continente, que matou 300 a 500 mil argelianos, e 27 mil militares e 5 a 6 mil
civis franceses. A Batalha de Argel,
um filme magnífico de Gillo Pontecorvo de 1966, conta parte dessa história. Denuncia a brutalidade e o terrorismo de Estado da contrainsurgência francesa.
Até na França, houve revolta. Em 1957, os pieds noirs, os colonos franceses,
tentaram derrubar o governo francês. Eles exigiram a volta ao poder do general
Charles de Gaulle.
O líder da resistência ao nazismo na Segunda Guerra Mundial foi
a Argel, deu plena cidadania aos muçulmanos da Argélia, prometeu saúde,
educação e empregos no serviço público. Mas percebeu que a vitória da FLN era
inevitável.
Em discurso diante da Assembleia Geral das Nações Unidas, em
setembro de 1959, De Gaulle reconheceu que os argelianos tinham direito à
autodeterminação. Os colonos lançaram nova rebelião, em janeiro de 1960,
frustrada em nove dias.
Nos acordos de Evian, em março de 1962, De Gaulle deu independência à Argélia. Depois da aprovação em referendo, o país nasceu em 5 de julho de 1962.
Nos acordos de Evian, em março de 1962, De Gaulle deu independência à Argélia. Depois da aprovação em referendo, o país nasceu em 5 de julho de 1962.
TRAGÉDIAS
A história da Argélia moderna é trágica. Depois de uma
Guerra da Independência brutal contra a França, o país adotou um regime
socialista linha-dura de partido único, Quando os preços do petróleo caíram, no
fim dos anos 1980s, o país ficou altamente endividado.
Uma breve tentativa de liberalização do regime terminou com
um golpe militar em janeiro de 1992, quando a Frente Islâmica de Salvação se
encaminhava para obter maioria absoluta no Parlamento. A frustração explodiu
numa violenta guerra civil em que 100 mil pessoas foram mortas.
FUTEBOL
O futebol foi um instrumento do nacionalismo argeliano muito
antes da Guerra da Independência da Argélia (1954-62). Em 1921, foi fundado o
Moloudia Club. Com seu nome árabe, as camisetas verdes em homenagem ao Islã e
sua sede na Casbá (Cidadela) de Argel, foi uma expressão da revolta latente
contra o colonialismo europeu.
Já nos anos 1920s, as autoridades franceses decidiram vigiar
de perto os clubes, que se tornaram focos de dissidência. A partir de 1928,
todo clube argeliano tinha por lei a obrigação de ter ao menos três jogadores
europeus. Em 1935, esse número foi elevado para cinco.
Os clubes franceses aproveitam os jogadores argelianos
talentosos. O primeiro presidente da Argélia Ahmed ben Bella, jogou pelo
Olympique de Marselha em 1939, quando prestava serviço militar na cidade. O
goleiro Abder Ibrir jogou seis vezes pela seleção da França em 1949 e 1950.
Quando estourou a Guerra da Independência, as eliminatórias
para a Copa de 1958 deram uma oportunidade para os argelianos reafirmarem o
sentimento nacionalista. Nove jogadores argelianos abandonaram seus clubes
franceses para dar uma mensagem clara: a Argélia não era parte da França. Eles
fugiram para a Tunísia e formaram a base da primeira seleção da Argélia.
Dois jogadores, Rachid Mekhloufi e Mustapha Zitouni, estavam
convocados para a seleção da França que seria derrotada pelo Brasil por 5-2 na
semifinal da Copa da Suécia.
Depois da independência, em 1962, os clubes do colonizador
foram extintos. A Argélia entrou para a FIFA e organizou seu próprio campeonato
nacional. A seleção nacional chegou à primeira Copa do Mundo em 1982.
SEGUNDA GERAÇÃO
As relações futebolísticas com a França se inverteram nos
anos 1980s e 1990s, quando uma nova geração de filhos de imigrantes
argelianos começou a se destacar no futebol francês.
O mais famoso foi Zinedine Zidane, nascido em 1972 em
Marselha, líder do time que venceu o Brasil por 3-0 na final da Copa de 1998 e autor dos dois primeiros gols da partida.
Uma seleção multiétnica deu o primeiro e único título mundial à França. Foi uma
resposta eloquente ao crescente neofascismo da Frente Nacional, partido de
extrema direita que venceu em 2014 as eleições para oParlamento Europeu.
Quando Zidane perdeu o controle e deu uma cabeçada no
italiano Marco Materazzi, na final da Copa de 2006, mais uma vez vozes
anti-imigrantes responsabilizaram o machismo árabe por sua atitude. O italiano
o provocara falando mal da irmã de Zidane.
Em 2013, o craque da atual seleção da França na Copa, Karim Benzema,
declarou que jamais cantou a Marselhesa, o hino nacional francês, para
indignação da ultradireita. Logo, ficou-se sabendo que Zidane também nunca
cantou a Marselhesa.
Outros, como Sofiane Feghouli, nascido em Levallois-Perret; Yacine Brahimi, de Paris; Faouzi Ghoulam, de Saint-Priest-en-Jarez; e Saphir Taïder, de Castro, na França; optaram por defender a Argélia.
Outros, como Sofiane Feghouli, nascido em Levallois-Perret; Yacine Brahimi, de Paris; Faouzi Ghoulam, de Saint-Priest-en-Jarez; e Saphir Taïder, de Castro, na França; optaram por defender a Argélia.
COPAS DO MUNDO
A Argélia se classificou para as Copas do Mundo de 1982,
1986, 2010 e 2014. Chega pela primeira vez à segunda fase.
Na estreia, em 1982, foi zebra. Venceu a poderosa Alemanha Ocidental, então campeã da Europa, por 2-1, com gols de Madjer, talvez o melhor jogador argeliano de todos os tempos, que foi campeão mundial de clubes pelo Porto, de Portugal, e Belloumi.
Depois, a Argélia perdeu por 2-0 para a Áustria e ganhou do Chile por 3-2, com dois gols de Assad e um de Bansoula. Para tirar a Argélia da segunda etapa do torneio, a Alemanha Ocidental e a Áustria fizeram um dos acordos mais vexaminosos da história das Copas.
Depois, a Argélia perdeu por 2-0 para a Áustria e ganhou do Chile por 3-2, com dois gols de Assad e um de Bansoula. Para tirar a Argélia da segunda etapa do torneio, a Alemanha Ocidental e a Áustria fizeram um dos acordos mais vexaminosos da história das Copas.
Como 1-0 para a Alemanha classificava os dois países, a
Alemanha atacou até fazer 1-0 aos 11 min. A partir daí, os times se arrastaram
em campo. Saíram vaiados. A Argélia foi eliminada.
Em 1986, enfrentou o Brasil na fase de grupos. Perdeu por
1-0, gol de Careca. Desde 1982, não vencia uma partida em Copas do Mundo.
Nesta Copa, a Argélia perdeu por 2-1 para a Bélgica, ganhou
da Coreia do Sul por 4-2 e empatou em 1-1 com a Rússia, classificando-se para
enfrentar a Alemanha nas oitavas de final.
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