Milhares de trabalhadores migrantes, a maioria do Camboja e de Mianmar, procuram emprego anualmente na vizinha Tailândia, às vezes pagando intermediários para conseguir passagens e trabalho. Capitães de navios-fantasmas compram essas pessoas por valores a partir de cerca de R$ 900 e os escravizam para que trabalhem de graça na cadeia de criação e exportação de camarões, denuncia uma investigação exclusiva do jornal inglês The Guardian.
"Se você compra camarões da Tailândia, está comprando um produto de trabalho escravo", acusa Aidan McQuade, diretor da organização internacional Anti-Slavery International (Antiescravidão Internacional).
Alguns desses escravos trabalham anos sem receber nada, sob pressão da extrema violência praticada por seus algozes. O produto da exploração é vendido em grandes redes de supermercados da Europa e dos Estados Unidos, acrescenta a reportagem investigativa.
A maior fazenda de camarões no mundo inteiro, a Charoen Pokphand, com sede na Tailândia, compra alimentos desses navios para sua criação. Um escravo que conseguiu se libertar descreveu as terríveis condições de trabalho, com turnos de 20 horas seguidas, espancamento, tortura e execuções sumárias.
Outra vítima contou ter assistido pessoalmente a pelo menos 20 execuções, inclusive de um homem que teve pernas e braços amarrados a quatro botes diferentes que arrancaram em alta velocidade, esquartejando-o.
A empresa CP Foods, que se apresenta como "a cozinha do mundo" tem um faturamento anual de US$ 20 bilhões. O diretor da empresa no Reino Unido, Bob Miller, alegou não ter "visibilidade" da origem das matérias-primas.
Maior exportador mundial de camarões, a Tailândia vende ao exterior 50 mil toneladas por ano. A Anti-Slavery estima que haja 500 mil escravos no país.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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2 comentários:
Notícia esquisita esta! se os países envolvidos são vizinhos, o quê são capitães de navios-fantasmas? afinal, é mais plausível caminhão-fantasma ou trem-fantasma.
definitivamente esquisito.
Simeon.
A ideia de navio-fantasma é de uma fábrica camuflada agindo clandestinamente, sem qualquer fiscalização. Não há envolvimento dos países vizinhos, mas exploração de migrantes econômicos vindos desses países. O Guardian afirmou ter feito uma investigação de seis meses.
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